Dia do Senhor 50

Leitura: Êxodo 16.01-15; João 06.22-59
Texto: Dia do Senhor 50

Amados irmãos no Senhor e caros ouvintes

Os animais destinados ao abate são tratados com todo cuidado e boa alimentação, pois suas vidas destinam-se ao consumo das pessoas. É uma prática comum cevar animais pra servir de comida para os homens. Essa é a triste sina dos animais cevados: viver bem e comer bem para morrer logo. Infelizmente a grande maioria das pessoas vive como estes animais cevados: Alimentam-se muito bem e cuidam de sua saúde apenas para morrer! Não têm um propósito na vida! Vivem sem esperança de vida eterna, mas apenas para satisfazer seus desejos e prazeres aqui na terra antes da morte! O lema infeliz da vida dos ímpios é: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.

Meus irmãos! Não fomos criados por Deus apenas para comer, beber e logo depois morrer! Ele nos criou com um propósito mais elevado: Viver em comunhão com Ele agora e eternamente! É claro que podemos desfrutar da boa criação de Deus, comendo e bebendo de tudo de bom que ele criou para o nosso prazer! Mas devemos entender também que nossa existência não se limita a este mundo! Cristo está preparando um lar eterno para o seu povo! Podemos até morrer, mas o nosso destino é o céu! Afinal de contas, fomos criados por Deus corpo e alma e pertencemos a Cristo na vida e na morte!

E para viver bem e em comunhão com Deus agora e na eternidade, precisamos pedir ao Nosso Pai Celeste o pão de cada dia. Sem pão não dá para viver; sem alimento, ficamos fracos e morremos. Por isso precisamos pedir pão ao Senhor. Pão material para alimentar o nosso corpo não para a morte, mas para glorificar a Deus. Pão espiritual para fortalecer a nossa fé e nos preparar para a vida eterna. Essa é, portanto, uma petição necessária para todo crente:

DÁ-NOS, Ó PAI, O PÃO NOSSO DE CADA DIA

1) O Pão Material
2) O Pão Espiritual
1) O Pão Material

Uma figura comum que a Bíblia usa para falar do relacionamento de Deus com o seu povo é a figura do relacionamento familiar entre pai e filho. Essa é uma figura muito boa, pois, no geral, os pais humanos amam seus filhos e buscam o seu bem. Um pai bondoso, ainda com fraquezas, se compadece dos seus filhos, disciplina-os para que não se percam e cuida deles protegendo-os do mal e provendo-lhes o pão de cada dia. É bem verdade que há pais humanos perversos que maltratam seus filhos e os abandonam (Sl.27.10). Mas no geral, os pais, mesmo pecadores, procuram dar boas coisas aos seus filhos! Quanto mais o nosso Pai Celeste que é um Pai Perfeito e a fonte de todo bem dará boas coisas aos seus filhos (Mt.7.11)! Não devemos duvidar de que nosso Pai do céu não negará nada que for bom e útil para os seus filhos (Sl. 84.11).

Deus sempre foi um Pai bondoso para o povo de Israel. Como Pai, o Senhor criou Israel e o estabeleceu para si mesmo como seus filhos (Dt.32.6). Como Pai compassivo, Deus ouviu o clamor do seu povo e o livrou da escravidão do Egito. Faraó até tentou ir atrás de Israel com seu exército, mas Deus salvou o seu povo fazendo-o passar a pé enxuto pelo mar vermelho e afogando neste mesmo mar os seus inimigos (Ex.14). Israel se tornou o povo livre do Senhor, mas ainda tinha de enfrentar o desafio de 40 anos de peregrinação pelo deserto antes de entrar no descanso da terra prometida.

Deus poderia introduzir o seu povo diretamente na terra de Canaã, mas deixou que eles fossem peregrinos no deserto e enfrentassem provações para aprenderem a confiar no Senhor, depender dele para todas as coisas e guardar os seus mandamentos como forma de gratidão pela sua bondade (Dt. 8.2; Ex.16.4). Israel enfrentou dificuldades, mas em nenhum momento, Deus deixou o seu povo desamparado, mas proveu proteção e alimento para todos. Quando reclamaram da fome, Deus fez chover pão e carne do céu. Havia comida constante e necessária para todos, de modo que antes de entrar na terra prometida nada faltou para Israel (Ex.16.35). Depois da jornada difícil do deserto, eles puderam possuir e desfrutar, pela graça de Deus, do descanso e de todas as riquezas da terra de Canaã que manava leite e mel (Js. 24.13).

À exemplo de Israel, somos filhos de Deus peregrinando no deserto deste mundo. E nesta peregrinação enfrentamos muitas lutas e dificuldades (fome, desemprego, opressão, medo, solidão, doença, etc.). Mas o Nosso Pai Celeste está cuidando de nós cada dia com tudo que precisamos. Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos (Mt 5.45 ). O Senhor é bom para todos os seres viventes (Sl. 145.9,15,16). Ele criou o solo, a água, a luz , o ar, as plantas e os animais e estabeleceu as quatro estações do ano para providenciar o sustento necessário para todo ser vivente (Gn.8.22; At.14.17). Mas Ele tem um cuidado especial com todos os que são seus filhos em Cristo. Ele está perto e atende e guarda os que o invocam e o amam (Sl. 145.18-20). Ele não nega nenhum bem aos seus filhos que andam retamente (Sl. 84.11).

Por isso, como seus filhos, devemos pedir a cada dia: “Pai nosso que estás no céu, dá-nos o pão de cada dia”. Esse pedido envolve tudo que precisamos para o corpo. Não só o pão, mas a habitação, as vestes, um conjugue, boa saúde para trabalhar e tudo o mais que precisamos para nos manter vivos em nossa vida aqui na terra. Você tem rogado a Deus que cuide de você com tudo o que é necessário ao seu corpo? Você tem reconhecido que seu Pai do céu é única fonte de todo bem? Ou você tem vivido como os ímpios achando que tudo que você tem é fruto da força do seu braço? Meus irmãos! Sem a benção e o cuidado de Deus, nossa vida é vã e sem sentido! Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam (Sl. 127.1).

Dependemos totalmente de nosso Pai Celeste para se alimentar assim como o recém-nascido depende de sua mãe. Somos incapazes de viver sem o misericordioso amparo da mão paternal de Deus. “Dá-nos, ó Pai, o pão de cada dia”! Precisamos aprender a viver na total dependência de Deus, pois somente Nele vivemos, nos movemos e existimos (At.17.28).

Israel precisava passar pela prova do deserto para aprender a amar a Deus e depender dele para viver. Todo o povo foi testemunha do amor e do poder de Deus em libertá-los do Egito.

Mas o que aconteceu logo que chegaram ao deserto e encontraram as primeiras dificuldades? Eles começaram a murmurar contra o Senhor diante da falta de água e comida. Com três dias apenas no deserto, reclamaram pela falta de água e Deus providenciou água potável para todos (Ex.15.22-27). Poucos dias depois, a fome apertou e, ao invés de clamarem ao Senhor, como filhos rebeldes, todo Israel murmurou contra o Senhor (ver Ex.16.2,3). Logo eles se esqueceram do grande livramento que o Senhor tinha dado a eles e não confiaram que o Senhor podia alimentá-los no deserto. Ficaram ansiosos e desesperados! Deixaram de clamar e não pararam de reclamar! “O Senhor nos trouxe a este deserto para nos matar de fome”, eles disseram (Ex.16.3)!

Meus irmãos! É fácil para nós criticar a rebeldia e ingratidão de Israel! Mas não é verdade que nós mesmos muitas vezes agimos da mesma maneira? Quantas vezes não ficamos ansiosos diante de uma dificuldade? Quantas vezes não deixamos de clamar pela ajuda do Senhor na hora do aperto e não paramos de reclamar e murmurar? Quantas vezes não fomos ingratos e descontentes com as coisas que Deus nos dá? Vamos olhar para nós mesmos, irmãos, e aprender confiar no Senhor e a ser grato por suas boas dádivas!

Por que andar ansioso pelo sustento, se Aquele que cuida das aves é o Nosso Pai que conhece as nossas necessidades e é bondoso e poderoso para supri-las? (Mt.6.8; Sl.55.22). Por que reclamar contra o Senhor, se Ele não nos deixa faltar o necessário e nos chama a ser contentes e gratos por tudo que Ele nos dá? (I Ts. 5.18; I Tm. 6.8). Por que andar como os gentios que vivem apenas para os seus prazeres, comendo e bebendo para morrerem, se Deus deseja também nos alimentar espiritualmente para a vida eterna? Dá-nos, ó Pai, o pão de cada dia!

2) O Pão Espiritual

Meus irmãos! Não somos como os animais cevados que se alimentam apenas para morrer! Fomos criados por Deus com corpo e alma. Temos necessidades físicas, mas também espirituais. Por isso que Jesus disse que não só de pão viverá o homem. Precisamos também de nutrição espiritual para a nossa alma. Temos de cuidar bem do nosso corpo, mas não devemos nos esquecer do cuidado espiritual da nossa alma.

Jesus mostrou interesse em cuidar das necessidades físicas das pessoas que vieram ao seu encontro. Ele se compadeceu de uma multidão faminta e providenciou para eles comida ao multiplicar os pães e os peixes (Jo. 6.1-13).

Mas ele se interessava mais ainda que seus ouvintes se preocupassem com alimento espiritual e a vida eterna. Aqueles que tiveram seus corpos alimentados por Jesus o buscaram de novo apenas para encher a barriga mais uma vez. Porém, Jesus chamou a atenção deles para as suas necessidades espirituais de crer no Senhor para receber a vida eterna que ele veio trazer (ver Jo. 6.24-29). Aqueles judeus, contudo, ao invés de reconhecer Jesus como Salvador, diante do milagre da multiplicação e do seu chamado à fé, queriam ver mais sinais como o do maná no deserto que Deus deu a Israel (Jo.6.30,31).

Jesus aproveitou essa citação deles do maná no deserto e lhes falou de um pão verdadeiro, vivo e espiritual em contraste com o pão material que os israelitas comeram no deserto e morreram: “O verdadeiro pão é meu Pai quem vos dá. Eu sou o pão da vida! O que vem a mim jamais terá fome e o que crê em mim jamais terá sede! Eu sou o pão vivo que desceu do céu! Quem dele comer não vai perecer, mas viverá eternamente. O pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… quem de mim se alimenta, por mim viverá” (Jo.6.32, 33, 50, 51, 54, 57).

O maná que Israel comeu no deserto apontava para Jesus, o pão da vida. Tanto o maná quanto Jesus desceram do céu enviados por Deus para suprir as necessidades do seu povo. O maná era temporário e todos que dele comeram, morreram no deserto. Mas Cristo é o pão vivo e eterno e todos que dele se alimentam viverão eternamente. Nosso sustento espiritual vem do Senhor, desceu do céu. O Pai enviou o seu Filho para trazer vida e salvação aos pecadores. Jesus não veio para alimentar multidões famintas. Ele veio nos salvar corpo e alma por meio do seu sacrifício na cruz. Ele veio nos dá vida.

Jesus está chamando os judeus e a todos nós a se alimentar dele para ter vida eterna. Sem estar unido a Cristo pela fé não há salvação. Somente os que comem a carne de Cristo e se alimentam do seu sangue têm a vida. Cristo não está defendendo um tipo de canibalismo, mas está falando da necessidade de estarmos unidos a Ele pela fé para desfrutar da sua salvação. Ele é o pão da vida, o alimento espiritual das nossas almas. Carecemos muito da sua Palavra e do seu Espírito para sermos fortalecidos em nossa fé e estarmos preparados para a vida eterna. Por isso, ele também nos deu a santa ceia. Na ceia somos alimentos espiritualmente por Cristo e de Cristo para a vida eterna.

Meus irmãos! Diante do ensino de Cristo e do seu chamado à salvação para os judeus, houve murmuração e incredulidade (Jo.6.61,64). Infelizmente até muitos dos discípulos de Cristo o abandonaram (Jo.6.66)! Rejeitaram o pão da vida e pereceram em seus pecados! Tem muita gente hoje fazendo a mesma coisa! Não querem vir a Cristo para terem vida, mas preferem viver na incredulidade ou se iludir com os prazeres passageiros desse mundo! Mas de que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? De que adianta ter um celeiro cheio comida e bens, se não tem fé em Cristo, o pão da vida?

Meu caro amigo! Se você ainda está fora de Cristo, atenda o seu chamado para a salvação! Não seja como os animais cevados que se alimentam bem apenas para morrer! Cristo tem um propósito glorioso pra você! Ele te chama hoje a se alimentar dele para vida eterna. Ele é o pão vivo que desceu do céu! Creia nele! Ele quer te salvar! Quer cuidar de você! Do seu corpo e da sua alma! Que seja essa a sua oração: “Dá-me, ó Pai, o pão da vida! Dá-me mais de Cristo, da sua Palavra, do Seu Espírito! Fortalece a minha fé, Senhor, e me prepara para a vida eterna”!

Amém!

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.