Dia do Senhor 46

Leitura: Eclesiastes 5:1-7, Oséias 11:1-4; 1:1-11, Mateus 6:5-13; 7:7-11
Texto: Dia do Senhor 46

Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Na semana passada, nós vimos a importância da oração na vida cristã. Pensamos sobre esta afirmação que o catecismo faz, de que a oração é a parte “mais importante” da gratidão que Deus requer de nós. Vimos que a razão para isso é porque Deus nos fez e nos salvou para viver em relacionamento com Ele, e a oração – a comunicação – é a parte mais básica e essencial deste relacionamento (como de qualquer relacionamento genuíno). Antes de nós servirmos a Deus, e antes de cumprirmos quaisquer outras responsabilidades diante de Deus, a primeira coisa que Deus deseja de nós como Seus filhos é que falemos com Ele.

Também vimos na semana passada algumas coisas que acontecem quando oramos a Deus. Consideramos o exemplo de Neemias e vimos que quando oramos, por um lado nós levamos as nossas preocupações diante de Deus, e Deus nos consola e fortalece e encoraja; e, ao mesmo tempo, quando oramos com seriedade e consciência, e sempre com a Bíblia aberta (por assim dizer: lendo a Palavra) Deus também usa estas orações para impressionar em nossos corações os interesses e “preocupações” dele, para que se tornem nossos.

Então espero, meus irmãos, que estamos todos convencidos da importância da oração na vida cristã. Realmente é na oração que a vida Cristã começa a ser praticada.

Se entendermos isso, então queremos fazer hoje duas perguntas simples: #1. Como devem ser as nossas orações (falando sobre nossa atitude e postura)? E #2: quais coisas nós devemos pedir ou levar diante de Deus em oração?

A oração do Pai Nosso, que Cristo ensinou aos seus discípulos, é um modelo de oração que Cristo deu para responder a essas duas questões. Nas próximas seis semanas, vamos analisar a segunda pergunta: quais coisas nós devemos pedir? Mas hoje queremos primeiro responder à primeiro pergunta, que é como Deus deseja que nos acheguemos a Ele – como é e qual deve ser a nossa atitude.

É uma pergunta muito importante a ser feita, porque é muito fácil errar, e muitos cristãos de fato erram nisso. Sua atitude, sua postura, às vezes suas palavras estão inapropriados e não de acordo com o que Cristo nos ensinou.

Em nosso texto em Mateus 6, vemos dois grupos que Jesus nos alerta a não nos assemelhar quando oramos. Ele os chama hipócritas por um lado, e Gentios do outro lado.

O que os hipócritas fazem? 

Mateus 6:5: “E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.”

O que os hipócritas fazem? Eles oram para serem vistos orando. Eles fazem um show de sua religião. São uma pessoa em público, outra pessoa em particular. Eles querem impressionar os outros, querem que o mundo veja como eles oram. Eles só oram com seriedade quando tem alguém vendo. Neste caso, seu relacionamento com Deus é uma farsa. Não é sincera. Suas orações não são expressões de um relacionamento espiritual verdadeiro, mas apenas um espetáculo que existe para impressionar as pessoas. Cristo nosso Senhor diz: não seja como eles. Não faça isso. Nunca mostre sua fé em Deus em público se ela não existir em particular. Não poste sua religião no Instagram se não existe em particular. Não se apresente na igreja como alguém que você não é perante Deus quando ninguém está o vendo. Não faça com sua vida de oração o que algumas pessoas fazem com seu treinamento do corpo, que parece que só existe para postar no Instagram e impressionar os outros. Na faça isso. Deus merece sua atenção sincera, e sua alma mesmo precisa de Deus. Ore sinceramente.

O pregador em Eclesiastes também fala sobre este tipo de hipocrisia. No contexto, o pregador está falando sobre como as pessoas fazem tudo para impressionar o próximo: no adquirir dos bens, na realização de grandes projetos, e sim, também na religião. E ele mostra como esta religião não é somente vazia, mas é ofensiva a Deus. Pessoas vieram ao templo e fizeram grandes promessas para impressionar as outras pessoas, e depois não cumpriram suas promessas. O pregador nos adverte: “Deus não se agrada de tolos”. Melhor não prometer de que prometer e não cumprir. 

Então Cristo diz, não faça isso com suas orações. Em vez disso, Jesus diz: entre no seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai que está em secreto. 

Agora, será que Cristo está dizendo que nunca podemos orar a Deus em público? Certamente que não. Ainda existe um lugar para a oração pública, e há muitos exemplos disso nas Escrituras. O próprio Senhor Jesus às vezes orava publicamente. Por exemplo, quando ele multiplicou os pães, diz que ele primeiro deu graças. Ou quando ressuscitou Lázaro dentre os mortos, ele primeiro fez uma oração pública. O profeta Daniel famosamente orou cinco vezes por dia na Babilônia, e deixou sua janela aberta, em desobediência à lei de Nabucodonosor. E ele é elogiado por isso. Então Cristo não está dizendo que nunca devemos orar em público, mas que aquilo que é visível em público também seja realidade no particular, quando só tem Deus para ver e para examinar os nossos corações.

Então esse é o primeiro grupo sobre o qual Jesus nos alerta: os hipócritas.

O segundo grupo são os gentios. (Com isso, Cristo se refere aos incrédulos ou pagãos. Não se refere a gentios como questão de etnia—nós mesmos somos gentios neste sentido—para pessoas fora da aliança que não conhecem o Deus verdadeiro. Pagãos.) 

O que os gentios fazem? Cristo diz que eles “amontoam frases vazias”.  O que isso significa? Literalmente nos grego é “battalogesete” que significa algo como “balbuciar”. Se refere a encantamentos mágicos, frases místicas, coisas que os pagãos murmuravam em voz baixa, supondo que tem algum poder nas próprias palavras. 

Então se os hipócritas querem impressionar as pessoas, os gentios querem impressionar os seus deuses. Então eles repetem seus encantamentos, vezes após vezes, praticando uma religião mística, pensando que suas muitas palavras impressionarão a Deus e assim eles conseguirão o que querem.

Nós também devemos pensar seriamente sobre isso, porque isso acontece ainda hoje. A igreja católica romana pratica a repetição de muitos “Pai Nossos” ou “Ave Marias”. E muitas igrejas “evangélicas” oram assim, repetindo frases vazias (às vezes supondo que estão “falando em línguas” quando não tem nada a ver com o fenômeno que vemos no livro de Atos), multiplicando frases que literalmente não significam nada, pensando que tal oração “fervorosa” vai impressionar a Deus. 

E todos nós somos suscetíveis a este tipo de coisa. Quantas vezes acontece que você ora a mesma coisa, nas mesmas palavras, e já não está nem pensando conscientemente sobre o que está falando? Às vezes acontece na hora de comer que a gente abre a refeição com oração, e passa um minuto e alguém pergunta: “a gente orou?” É claro então que não estávamos pensando muito conscientemente sobre a nossa oração.

Isto não significa que não haja lugar para orações “fixas” ou escritas, que são repetidas de vez em quando. Estas orações podem servir para treinar as nossas mentes, para nos lembrar das prioridades de Deus. Por isso às vezes ainda oramos o “Pai Nosso” palavra por palavra. Mas não devemos fazer isso com tanto frequência que se torne apenas uma repetição das palavras. Neste caso, é melhor mudar as palavras, e orar extemporaneamente. 

Às vezes nós pregadores preparamos uma oração escrita. Às vezes temos apenas uma lista de coisas que queremos lembrar na oração. Às vezes é uma oração totalmente extemporânea. Tem um lugar para todos estes. Temos algumas orações escritas, adotadas pelo concílio para usar nos cultos de vez em quando. Isso é bom. Às vezes estas orações antigas usam certas frases, ou fazem menção de certas coisas, que hoje em dia no século XVI são geralmente esquecidas. Então estas orações nos ajudam a orar melhor, e devemos usá-las nos cultos de vez em quando. 

Mas em geral, nossas orações devem ser livres. Devem fluir dos nossos corações, com o engajamento das nossas mentes. Vão refletir as nossas circunstâncias e preocupações. Devemos lançar nossas ansiedades no Senhor (1Pe 5:7). Devemos tornar nossas preocupações conhecidas a Ele (Fp 4:6). Devemos dar graças em todos circunstâncias (1 Tessalonicenses 5:18). Para fazer isso, precisamos mencionar nossas ansiedades, preocupações e circunstâncias específicas. E este é o modelo que vemos em toda a Escritura. Formulários têm um lugar muito importante em nossas orações, com certeza: nos ensinam ter estrutura e disciplina. Mas devemos também orar livremente, do coração, em relacionamento genuíno com Deus.

Então esses são os dois grupos com os quais Jesus nos adverte para não igualarmos: não sejamos como os hipócritas, que só oram para serem vistos pelos homens; e não sejamos como os gentios, que repetem palavras vãs.

Em vez disso, Jesus nos diz, ore assim: e assim segue a Oração do Pai Nosso. 

Hoje, no tempo que nos resta, queremos pensar apenas sobre as primeiras palavras: “Nosso Pai que estás no Céu”. 

Começamos orando a Deus como nosso Pai. 

Pensem sobre isso.

A atitude que Deus quer de nós é a atitude de uma criança vindo a seu Pai. Com toda humildade, reverência, e confiança. É muito diferente destas orações dos hipócritas e gentios que acabamos de ver. 

Oramos a Deus como nosso Pai. Agora, para algumas pessoas, a palavra “Pai” é complicada. Aprendemos o que um “pai” geralmente do exemplo que nós mesmos tivemos de um pai—e nem sempre foi um exemplo bom. Então acabamos transferindo estas ideias para Deus. 

  • Algumas pessoas tiveram pais que os abandonaram. Foram se embora. E muitas vezes, crescendo, eles transferem esta ideia para Deus. Ele nos criou, mas Ele não se relaciona conosco. Vive muito distante. Então temos que aprender de Deus o que é um verdadeiro Pai, porque não era pra ser assim. Deus não está longe, e sim muito perto dos que o invocam. Psa. 103:13–14: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.” Psa. 145:18: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade.”
  • Outros tiveram pais que talvez estavam presentes, mas não cuidaram de seus filhos. Abnegaram sua responsabilidade por seus filhos. Não se aproximaram a seus filhos, não os instruíram, não deram atenção, não amavam. Não queriam ouví-los. Não seguraram seus filhos pela mão nem os guiaram com amor. Então mesmo fisicamente presentes, eram espiritualmente e emocionalmente distantes. E assim, entendemos que Deus é assim. Ele existe, mas não se interesse por mim. Não se importa comigo. Não sou digno de sua atenção. Então é muito difícil abordar a Deus como nosso “Pai”. Novamente, temos que aprender com Deus o que é ser Pai.
  • Outros ainda tinham pais violentos. Abusaram ou exploraram ou agrediram seus filhos. Humilharam seus filhos. Desgastaram sua raiva nos seus filhos. Ou usaram seus filhos para seus próprios fins egotistas. Quanto mais difícil conhecer a Deus como nosso Pai depois desta terrível distorção! 

O que precisamos entender, irmãos, é que Deus é o verdadeiro Pai, de qual todos os pais na terra derivaram seu Nome de Pai. E a infidelidade de nossos pais na terra não tira a fidelidade de nosso Pai no céu. Até mesmo os pais que nos amavam e cuidavam ainda eram pecadores, e são reflexos muito imperfeitos do nosso Pai no Céu. Cristo mesmo disse isso: Mateus. 7:11: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”

O que Jesus está dizendo é que nós temos um Pai no céu que ultrapassa em muito o melhor dos nossos pais terrenos. Se você teve um pai amoroso, atencioso, carinhoso, que deu atenção e liderança, que foi um refúgio em perigo e um conforto em tristeza: este pai anda foi um reflexo muito imperfeito do nosso Pai Celestial. E aqueles pais que violaram seu ofício de pais: abandonando, ignorando, ou até violentando seus filhos, Deus certamente julgará que extremo rigor, porque eles blasfemaram o próprio nome dEle no coração de seus filhos! Salmo 34:16: “O rosto do Senhor está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória.”

Cristo advertiu seus discípulos: Mateus 18:6: “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.”

Então, quando Jesus nos ensinar a orar a Deus como nosso Pai, temos que reaprender o significado desta palavra Pai. Não podemos definir a Deus pelos nossos pais, mas pelo contrário, temos que aprender de Deus o que é a Paternidade. Existe em nosso Pai Celestial um amor, uma compaixão e uma dedicação a seus filhos que ultrapassa por muito até o melhor de nossos Pais na terra.

Algumas igrejas liberais, por causa desta dificuldade com o nome de “pai”, encorajam os seus membros a orar a Deus só como “Deus” ou “Criador” ou até mesmo como “mãe divina”. Eles se justificam porque o nome de Pai é carregado com muita trauma. Mas se fizermos isso, estamos dizendo que vamos render este território para Satanás. Vamos aceitar todas as mentiras sobre a paternidade que nossos pais terrenos nos ensinaram, e vamos só mudar nossa linguagem sobre Deus. É entregar o terreno de paternidade a Satanás. Mas é um terreno que pertence a Deus. O que Jesus nos ensina aqui é que, em vez de desistir de falar de Deus desta forma, é que nós precisamos reaprender o que significa ser “pai”. Porque há algo na forma como Deus se relaciona conosco que, de outra forma, perderíamos se desistíssemos de chamá-lo de Pai.

E é sobre isso que queremos pensar agora. Por que Jesus nos ensina a chamar Deus de nosso Pai? O que há em Seu relacionamento conosco que Ele deseja que aprendamos com isso?

Para responder a isso, primeiro queremos pensar sobre o que significa que Deus é o nosso “Pai”. 

Existe um sentido geral em que Deus é o “Pai” de todas as pessoas, por seu o Criador. A Bíblia chama Adão de “filho” de Deus no que diz respeito à criação, e Paulo diz até para gregos pagãos que nós somos todos os filhos de Deus. Pelo menos, fomos criados para ser isso.

Mas quando os homens caíram em pecado e se afastaram de Deus, eles perderam na prática qualquer relacionamento filial com Deus. São filhos alienados. Filhos que não conhecem mais o seu Pai e são afastados dele por causa de seus pecados. 

Mas quando Deus chamou a Abraão, ele prometeu a Abraão: “Serei o teu Deus e o Deus de tua descendência”. Deus recebeu os filhos de Abraão, os filhos da aliança, como seus próprios filhos. E ele os ensinou como viver em relacionamento com Ele. E este relacionamento fica ainda mais claro agora no tempo do Novo Testamento. Nós que somos unidos a Cristo, o único verdadeiro Filho de Deus, somos adotados pelo Pai e amados novamente como seus filhos. O Evangelho de João diz isso desta forma em João 1:11–12: “[Cristo] Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.” Todos aqueles que são unidos a Cristo pela fé, e são batizados em seu Nome, são assim adotados por Deus o Pai como seus filhos. Então irmãos, se você pertence a Cristo, então Deus te ama como seu verdadeiro filho, tanto quanto Ele ama o próprio Cristo. É por isso que o próprio Senhor Jesus ora em João 17:23: “para que o mundo saiba que tu me enviaste e os amaste assim como tu me amaste”. E versículo 26: “Eu lhes dei a conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo conhecido, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.”” Então esse é o que significa a “paternidade” de Deus: se você pertence a Cristo, então Deus, o Pai, o nosso Criador por quem e para quem fomos criados, agora nos recebem como seus filhos, e consequentemente, Ele está absolutamente comprometido com você para seu bem como Seu filho precioso. Ele jamais desistirá de protegê-lo, sustentá-lo, chamá-lo para relacionamento com Ele mesmo, amá-lo, nutri-lo, e para guiá-lo para a vida eterna.

Quando o Senhor Jesus nos ensina a chamar Deus de nosso Pai, ele está nos mostrando que há em Deus um amor por Seus filhos, através de Cristo e por causa de Cristo, que sempre busca o nosso bem e a nossa alegria, como todos os pais deveriam amar Seus filhos, mas perfeitamente, sem defeito, e com todo o seu poder infinito. Essa é a relação que Deus tem conosco que o Senhor Jesus nos ensina a reconhecer quando nos ensina a invocar Deus como Pai.

E porque Deus é assim, o Senhor Jesus está nos ensinando que temos total segurança para responder a esta paternidade perfeita, comprometida e amorosa de Deus. Podemos invocá-lo, chamá-lo, com total confiança que ele nos ouve e atende. Ele não é um Pai que nos trairá ou abandonará, mas está conosco e nos ama fielmente. 

Assim, quando O invocamos como Pai, como diz o catecismo, despertamos uma atitude filial de reverência e confiança, e isso é muito importante para as nossas orações. Respeitamos a Deus como devemos respeitar aos nossos pais, mas também confiamos nEle como um filho confia completamente em um pai que o ama e cuida.

Quando reaprendemos o significado da paternidade conhecendo o nosso Deus, aprendemos também o que significa ser filhinhos de novo. Espero que nenhum homem aqui entre nós se incomoda com esta linguagem infantil. É claro que também somos chamados a ser homens, fortes e maduros. 1 Coríntios 16:13 diz: “Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos.” Existe uma masculinidade e uma feminilidade madura à qual também somos chamados e que não é infantil. Mas ao mesmo tempo, ainda existe uma certa atitude filial que nós temos com Deus que é semelhante à atitude de uma pequena criança diante de seu Pai. Reconhecemos—ou devemos reconhecer—que por mais fortes que sejamos entre os homens, na verdade somos muito pequenos e frágeis e dependentes em Deus. Como crianças, nem sempre sabemos o que é melhor para nós. Precisamos constantemente da liderança e instrução de Deus. Não devemos ter vergonha em admitir isso. Até o poderoso guerreiro Davi não sentiu vergonha em dizer, “o Senhor é meu pastor, ele me guia por águas tranquilas” — ou Salmo 131:2: “Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.” Na verdade, é justamente esta profunda reverência e amor por Deus que nos deixa destemidos e corajosos entre os homens. Sabemos de quem nós somos filhos.

É impressionante como uma criança confia tão totalmente no seu pai e na sua mãe. Segura pela mão, se aquieta nos seus braços, é corajoso e confortável debaixo de sua proteção. O pai pode segurar seu filho na agua, e ele não tem medo de afogar; pode jogar no alto, e não tem medo de cair. Nunca questionam se o pai e a mãe se interesse em seu bem, porque já sabem instintivamente que é o caso.

É isto que Cristo também enfatizou. Pedi, e dar-se-vos-a. Buscai e achareis. Batei, e abrir-se-vos-a. Você que teve um pai amoroso, você sabe disso. Se precisava de alguma coisa, basta pedir. Se seu pai não estava por perto, basta procurar. Se estava ocupado, basta bater na porta, e ele abrirá por você. Os filhos tem um acesso ao pai que ninguém outro tem. (Às vezes abusam este poder.) Mas é pra ser assim. E Cristo nos ensina que é assim com nosso Pai nos Céus. Ele atenderá a seus filhos. Não deixará a porta fechada.

Cristo nos ensinou isso, falando da sua própria experiencia e conhecimento de seu Pai. É assim que ele mesmo orou. A atitude que deveria caracterizar todas as nossas orações deveria ser a dos filhos que sabem que o seu Pai os ama e os ouve e nunca os ignora ou lhes fecha a porta. 

——

Cristo também nos ensina a nos dirigirmos a Deus como nosso Pai “nos céus”. A frase “no céu” não está ali para sugerir alguma distância entre nós e nosso Pai. É verdade que Ele está no céu e nós estamos na terra. O pregador em Eclesiastes nos lembra disso, se estamos orando como os hipócritas e gentios. Lembre-se que você está diante de Deus que é Santo e Majestoso. Devemos adorá-lo com reverência.

Mas aqui quando Cristo nos ensina a invocar a Deus como Pai “no Céu”, a ênfase está no poder de Deus, que sabe tudo o que nós precisamos antes mesmo de pedir, e que é poderoso para nos atender e conceder tudo que nós precisamos. Ele não somente ouve o que Lhe pedimos em secreto, mas Ele também age no céu e move o céu e a terra em resposta às nossas orações. Ele não está apenas disposto, como nosso Pai, para nos fornecer o que pedimos a Ele; mas Ele também é capaz, como nosso Pai celestial. Nosso Pai é o Senhor dos Exércitos. Seu Pai tem dezenas de milhares de anjos poderosos que servem sob Seu comando. Nada, nada pode nos separar do Seu amor. 

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Nas próximas semanas, veremos as coisas que o Senhor Jesus nos ensinou a pedir em nossas orações. Mas esta semana, irmãos e irmãs, vamos passar um tempo pensando sobre como nós chegamos a Deus em oração—qual a nossa atitude? Como sua atitude mostra a Quem você está orando? E como nós podemos refletir em nossas orações a reverência infantil e a confiança que Deus deseja ver em nós como nosso Pai perfeito e fiel.

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.