Dia do Senhor 42

Leitura: Êxodo 22.1-15, 2 Tessalonicenses 3.6 -15
Texto: Dia do Senhor 42

Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

O tema com o qual temos trabalhado ao longo dos Dez Mandamentos até agora é esta ideia de que Deus nos libertou para que possamos viver livres. Isso vem da introdução aos 10 Mandamentos, que começa com as palavras: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” E isso dá o tom para todos os Dez Mandamentos. Deus tirou Seu povo de uma terra de escravidão – tanto escravidão física quanto espiritual – a adoração de falsos deuses e vício em várias formas de pecado – e Deus separou Seu povo do mundo como um povo que será livre, ao contrário do resto do mundo que permanece na escravidão das trevas. Por isso a Lei é chamada da “Lei da Liberdade.”

Então, queremos que isso continue sendo a grande ideia para nós em todos estes mandamentos. Em cada mandamento, queremos aprender como o pecado é algemas e escravidão, e como Deus não está apenas nos chamando para a justiça, mas como Deus também está nos chamando para a liberdade do domínio do pecado.

Quando pensamos sobre o pecado do furto— e as questões subjacentes do coração — este tema deve ficar bem aparente. Espero que não seja difícil para nós ver como o amor ao dinheiro e o amor às posses são uma força poderosamente escravizadora. Vemos isso em nossa cultura: seja o desejo de dinheiro pra acumular, ou o desejo para o dinheiro para gastar, em ambos os casos, é óbvio como isso leva a uma vida de escravidão ao dinheiro. É um mestre cruel.

Vemos os sinais disso em toda a nossa cultura. É uma luta constante por uma renda maior, ou por uma casa maior, ou um carro melhor, uma TV maior, ou o iPhone mais recente. São os deuses com os quais nossa cultura está absolutamente extasiada, e não é difícil ver como isso se torna uma forma de escravidão. Quantas pessoas vivem cheio de dívidas no cartão de crédito? E será que isso traz felicidade? Claro que não. Correr atrás de riquezas e posses suga a nossa vida, rouba-nos os nossos anos, devasta inúmeras famílias, traz lutas, conflitos e rupturas aos casamentos, deixa os filhos ressentidos com os pais ou os pais ressentidos com os filhos. Mas muitos continuam a trocar sua vida por esta falsa promessa de que a riqueza ou os bens trazem felicidade. 

Diante disso, a verdade de Provérbios 17:1 é muito evidente:

Prov. 17:1: “Melhor é um bocado seco e tranquilidade do que a casa farta de carnes e contendas.”

O amor ao dinheiro é escravidão e miséria.

Então irmãos, ao tratar este mandamento, temos que reconhecer a liberdade para qual Deus está nos chamando.

Princípios Fundamentais

Devemos primeiramente definir alguns princípios bíblicos que são fundamentais para este mandamento.

Propriedade Privada

Em primeiro lugar, este mandamento, “não furtarás” reconhece e afirma o direito de propriedade privada. “Não furtarás”—em outras palavras: você não pode tomar o que Deus deu a outra pessoa sem sua permissão. É propriedade dele. Deus deu a ele, e não a você. A Bíblia ensina e honra o direito à propriedade privada. 

Agora, isso pode parecer óbvio, mas é algo que precisa ser defendido na igreja, já que não apenas o mundo, mas muitos cristãos professos tem questionado ou negado completamente o direito básico à propriedade privada. O século 19 viu o surgimento de sistemas de governo comunistas, que negam esse direito mais básico, e dizem que toda propriedade pertence ao Estado.

Da mesma forma, o socialismo, embora conceda propriedade privada aos indivíduos, sustenta que os meios de produção – o local de trabalho – bem como os meios de distribuição e troca (os mercados) pertencem ao Estado. Vemos sistemas como este na Venezuela e em outros lugares, e vemos a miséria que estas ideias causam. E às vezes vemos pessoas que se chama cristãos apoiando estas ideias.

Agora, talvez alguns pensarão que estas são questões “políticas” e portanto são opinião pessoal e não devem ser pregado na igreja, mas é uma questão bíblica. A Escritura afirma claramente o direito à propriedade privada, o que significa que o que lhe pertence, não pertence ao seu próximo; e o que pertence ao seu próximo, não pertence a você. Da mesma forma, os meios de produção— o local de trabalho, os mercados, são considerados nas Escrituras como empresas privadas e livres. O campo do meu próximo não é o meu campo. O boi ou jumento do meu próximo não é meu, e estou proibido de cobiçá-lo.

No Antigo Testamento, a única propriedade que o Estado tinha obrigação de limitar a aquisição dela era a terra—no caso, a terra de Canaã que era a terra da Promessa. Esta terra foi distribuída de forma equitativa entre todas as famílias de Israel. Depois desta distribuição, era proibido vender as heranças de terra de forma permanente. Isto para não permitir que os poucos mais ricos e poderosos acabem acumulando toda a terra. A terra é um recurso verdadeiramente limitada. 

Mas quanto ao dinheiro ou outros bens, a Bíblia em nenhum lugar ensina que cabe ao governo civil distribuí-los. A propriedade privada deve ser respeitada. Embora todo o povo de Deus fosse chamado a ser generoso, isso era responsabilidade do indivíduo, entre ele e Deus somente. E embora o Rei foi chamado para ser defensor do órfão e da viúva, isto nunca significava meras doações ou bolsa família. Mais comumente, significa defendê-los contra opressão e exploração.. Deus ordenou que os fazendeiros deixassem os cantos de suas fazendas para o pobre, fazendo assim que ele ainda recebe seu sustento com a dignidade de trabalho honesto.

Vemos o respeito para a propriedade privada também no Novo Testamento, na história de Ananias e Saphira, em Atos capítulo 5. Naquela época, muitos cristãos estavam vendendo suas terras e doando o dinheiro para a igreja. E Ananias e Safira, querendo ser vistos como piedosos, decidiram fazer o mesmo, mas reter parte da renda e guardá-la para si mesmos, alegando que estavam doando toda renda para a igreja. E o apóstolo Pedro os repreendeu por isso; mas ele os repreendeu, não por guardarem parte do dinheiro para si mesmos, mas por mentirem sobre isso. Quanto ao dinheiro em si, ele lhes diz:

Atos 5:4: “Enquanto [a terra] não foi vendida, não permaneceu sua? E depois que foi vendido, não ficou à sua disposição? 

O pecado deles não foi de manter parte dos lucros. Esse era o direito deles de fazer, e essa era uma decisão a ser tomada entre eles e Deus. Seu pecado foi o pecado de mentir pra os apóstolos.

Assim, as Escrituras nos ensinam a respeitar o direito à propriedade privada, o que significa que nunca é permitido roubar. Algumas pessoas diriam: “bem, e se a pessoa for rica?” “E se for uma empresa que tem muito dinheiro? Eles não vão sentir a falta.” As Escrituras dizem: “não furtarás”. O que Deus deu aos outros, não é seu para tomar.

2. Nossa Riqueza é uma Dádiva

Um segundo princípio fundamental que queremos reconhecer aqui é que nossa riqueza e nossas posses — se forem obtidas legitimamente — são dádivas de Deus. É Deus quem dá, e Deus quem tira. Riqueza e a pobreza — quando não são resultado de injustiça ou preguiça — são resultado da distribuição soberana de Deus. 1 Sm 2:7: “O Senhor empobrece e enriquece”. Pv 22:2: “Ricos e pobres têm isso em comum: o Senhor é o Criador de todos eles”. Hoje em dia, com o surgimento de ideias Marxistas, toda desigualdade de renda é vista como resultado de injustiça. Certamente, em muitos casos, é verdade. Quando for, o governo civil deve punir e corrigir a injustiça. Deus condena o abuso dos pobres e o aproveitamento dos pobres. Mas não toda “desigualdade” é resultado de injustiça. O dinheiro não é um bem “limitado.” Quando uma pessoa enriquece, nem sempre significa que o outro empobrece, como o dinheiro fosse algo limitado. Riqueza e prosperidade—quando forem obtidos honestamente—são o resultado de trabalho bem feito e a benção de Deus.

O Marxismo cria uma distinção entre os ricos e os pobres, afirmando que os ricos são maus e os pobres são bons. Esta ideologia se baseia em inveja e cobiça, e não em realidade. Na Bíblia nós encontramos pessoas ricas que são justos, e outros que são ímpios; e por outro lado encontramos pessoas pobres que são justos, e outros que são ímpios. Considere o “preguiçoso” em Provérbios 24:

30 Passei pelo campo do preguiçoso 

e junto à vinha do homem falto de entendimento;

31 eis que tudo estava cheio de espinhos,

a sua superfície, coberta de urtigas,

e o seu muro de pedra, em ruínas.

32 Tendo-o visto, considerei; 

vi e recebi a instrução.

33 Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar,

um pouco para encruzar os braços em repouso,

34 Assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão,

e a tua necessidade, como um homem armado.

O que é isto? Um pobre justo, ou injusto? Injusto. Ele é preguiçoso. Neste caso, ele é pobre porque não quer trabalhar. Outros em provérbios são pobres porque fazem trabalho mal-feito ou feito com mal-vontade. Por outro lado, a pessoa que trabalha fielmente e com zelo e excelência, vê o resultado disso na benção de Deus. 

Prov. 22:29: “Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe.”

Se você trabalha fazendo apenas o mínimo, você sempre trabalhará para os pobres, ou ficará desempregado ou fazendo bico. Se você trabalha com excelência, você trabalhará perante reis.

Então a desigualdade de riqueza não é o problema. A questão bíblica é de justiça.

Fomos Feitos para Trabalhar

O último princípio fundamental que é pressuposto neste mandamento é que existem meios legítimos e ilegítimos de adquirir riqueza. O principal meio que Deus ordenou para obter nosso alimento e nossas posses é por meio de trabalho honesto e gestão sábia.

O homem foi feito para trabalhar. O trabalho não é resultado da queda, mas parte da boa ordem criada por Deus. E é algo que, mesmo após a queda, Deus continua a nos chamar, e continua sendo o meio de Deus para nos abençoar e abençoar os outros.

  • Prov. 12:11: “O que lavra a sua terra será farto de pão, mas o que corre atrás de coisas vãs é falto de senso.”
  • Prov. 13:4: “O preguiçoso deseja e nada tem, mas a alma dos diligentes se farta.”
  • Prov. 14:23: “Em todo trabalho há proveito; meras palavras, porém, levam à penúria.”

Deus nos chama para trabalhar. O trabalho é uma bênção de Deus, algo dignificante e recompensador, e o meio pelo qual Deus nos chama para adquirir riqueza.

Em Provérbios, isso é contrastado com a preguiça e também com esquemas de enriquecimento rápido.

  • Prov. 13:11: “Os bens que facilmente se ganham, esses diminuem, mas o que ajunta à força do trabalho terá aumento.”
  • Há um contraste aqui entre o trabalho diário fiel, pelo qual ganhamos uma renda honesta e a economizamos com responsabilidade, e o tolo que tenta ganhá-la por outros meios que não envolvem trabalho: loteria, esquemas de enriquecimento rápido, e outros meios de evitar o trabalho duro. Estes esquemas geralmente são enganosas, tomando proveito dos pobres e desesperados para enriquecer os que já são ricos. E mesmo aqueles que ganham na loteria, muitas vezes acabam perdendo o dinheiro rapidamente, porque não tiveram que trabalhar pra este dinheiro, e não aprenderam como gerencia-lo sabiamente. 
  • Ainda mais, quem joga a loteria peca contra Deus e seu próximo, porque o meio que Deus ordenou para obter a renda é o trabalho honesto, que serve ao bem do seu próximo. Quem joga a loteria está declarando: eu quero ser servido sem servir. Quero ganhar o fruto do trabalho, sem o trabalho.

O caminho dado por Deus para aumentar nossa renda é através de trabalho honesto e uma vida responsável e sábia.

Veja como Deus é sábio, irmãos. Quando fazemos o nosso trabalho diário com alegria, zelo, e dedicação, acabamos servindo e abençoando o nosso próximo com nosso trabalho. Esta é a beleza do desígnio de Deus: meu trabalho se torna uma bênção para você, e seu trabalho se torna uma bênção para mim. 

Se você tomar uma aula de Economia na faculdade, uma das primeiras lições que você vai aprender (se não for totalmente Marxista) é que a riqueza não é um jogo de soma zero – ou seja, se uma pessoa tem mais, isso significa que outra tem menos. Não, a riqueza é literalmente criada do nada através do trabalho honesto. Se você sair e cortar uma árvore pra fazer uma mesa, você criou um valor que não existia antes. E se alguém sai e extrai aço e alumínio e constrói um carro, eles criam algo valioso que não existiu antes. Assim, pelo trabalho honesto, servimos e abençoamos uns aos outros com nosso tempo e trabalho — e a longo prazo, sob a bênção de Deus, uma economia baseada em trabalho honesto cresce ao longo de muitas gerações à medida que a riqueza cresce.

O que isso significa para nós, então, como cristãos, é que devemos abraçar nosso trabalho diário como uma bênção de Deus e um forma que Deus nos deu para servir ao nosso próximo. Devemos trabalhar com alegria, querendo servir o nosso próximo. Você abençoe seu próximo construindo um muro por ele, ou cultivando comida por ele, ou limpando a casa dele, ou fazendo a contabilidade das contas dele—o que for. Qualquer trabalho honesto é uma forma de ajudar e abençoar seu próximo.

Exatamente por isso, devemos reprovar totalmente a atitude que prevalece em nossa cultura de tentar ganhar o máximo ao fazer o mínimo. Este é exatamente o contrário do que Cristo fez por nós. Cristo nos ensina, é mais abençoado dar de que receber. Claro, é justo e certo insistir em um salário justo—e senão receber, pode chegar a procurar outro emprego. Mas onde for que Deus o coloca, o cristão deseja servir ao seu próximo com a melhor capacidade que ele tem. Ele vê o trabalho como uma benção, e não somente a renda que o trabalho produz.

É uma vida triste e vazia, quem trabalha somente para a renda, vivendo para os fins de semana, e trabalhando somente por necessidade, sem a boa vontade. É uma atitude depravada quem aproveita as leis socialistas do nosso país pra gastar seu tempo recebendo do governo, comendo os esforços dos outros, e vivendo por seus próprios prazeres.

Até em relação a nossa aposentadoria—mesmo que eu possa dizer que eu “mereci” este sustento—eu não devo buscar uma vida de ficar relaxado enquanto os outros me servem. Devo procurar oportunidades para servir ao meu próximo. Não devemos ser enganados pela atitude da nossa cultura que promove o sonho de se aposentar cedo pra passar o resto dos seus anos vivendo por si só. Deus nos colocou aqui pra servir. Se você chegar numa certa idade onde realmente não tem força pra trabalhar mais, então é uma benção poder se aposentar e ser sustentando pelo fruto do seu trabalho. Mas mesmo assim, o cristão, mesmo na idade avançada, deve ter a atitude de querer servir. Deus nos colocou nesta terra para trabalhar, servindo nosso próximo

Ec 11:6 diz: “Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.” O que está dizendo é: não pare de trabalhar assim que atingir a idade da aposentadoria, mas mantenha-se ocupado, porque Deus o chamou para trabalhar e você não sabe qual parte de sua vida será a mais frutífera! Pode ser que a aposentadoria ofereça a oportunidade para servir de formas que antes você não podia.

Quando invertemos a ordem de Deus, buscando o fruto do trabalho e evitando o trabalho, tudo na vida será um fardo. Ficaremos frustrados porque as coisas ficam sempre interrompendo nosso “descanso.” Trabalhamos 5 ou 6 dias por semana só por obrigação. Depois chegamos em casa, e temos crianças para cuidar, e depois há uma lista de coisas a fazer, e reclamamos constantemente sobre todas as coisas que demandam a nossa atenção. Mas esta é a vida. O problema não está na vida, mas em nosso pensamento enganado que a vida deve ser um descanso contínuo. Quando vivemos para o tempo de inatividade, então a vida se torna um fardo, e nenhum tempo de inatividade é satisfatório. Mas quando abordamos nosso trabalho biblicamente, quando reconhecemos que Deus nos criou para o serviço, então qualquer momento de descanso e aproveitamento é recebido com gratidão, e descobrimos que há muitos momentos assim, pela graça de Deus, intercalados entre nossas tarefas diárias. Mas a nossa disposição “básica” é de trabalhar. Mesmo de férias, quando descansamos, devemos buscar oportunidades para abençoar o nosso próximo. Assim iremos receber com gratidão as pequenas oportunidades para parar e recuperar o fôlego. E pra o cristão, temos ainda mais um dia inteiro da semana em que podemos parar e descansar, adorar e recarregar as energias para a semana seguinte.

Aos jovens que ainda irão escolher suas carreiras: não procurem apenas o emprego que paga o melhor. Ainda menos, não procure o emprego que seja mais fácil ou relaxado. Procure um emprego onde você possa usar os dons que Deus lhe deu para servir e abençoar os outros. Onde você possa fazer seu trabalho com alegria, e assim prosperar e glorificar a Deus. Não considere somente o salário, mas lembre-se que servir é mais importante de que ser servido.

Também, não tenha medo de uma vida de trabalho duro. Eccl. 5:12: “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.” 

E onde você for no momento—mesmo que não seja o trabalho que você quer pra sempre—aproveite o lugar onde Deus o colocou neste momento para servir ao seu próximo. Nenhum trabalho honesto é indigno. Não há nada de indigno em trabalhar em uma lanchonete ou em trabalho braçal. Pelo seu trabalho, você está abençoando aos outros. Faça isso com alegria, pois você está trabalhando, em última análise, para o Senhor.

O pecado do roubo

Com esses princípios fundamentais estabelecidos, agora podemos finalmente lidar com a questão do furto em si, e não precisamos gastar muito tempo com isso.

Furtar é o exemplo extremo de reverter a ordem de Deus. Quando furtamos, estamos pecando contra Deus e nosso próximo nos dois lados da questão. São dois pecados cometidos quando alguém furta: (1) Ele recusa de trabalhar em serviço do seu próximo; e (2) ele pega o fruto do trabalho que Deus deu aos outros. 

O pecado de furto se manifesta em muitas maneiras:

  • Obviamente, há roubo e furto direto:
    • Arrombamentos
    • Assaltos
    • Furto em loja
    • Furto por funcionários—roubando seu próprio empregador.
  • Mas também assume formas mais sutis:
    • O catecismo menciona pesos e medidas falsos. Prov. 20:23: “Dois pesos são coisa abominável ao Senhor, e balança enganosa não é boa.” O mercado que enche a coxa da galinha com água pra pesar mais, ou o mel que é misturado com água, ou as taxas escondidas que você só mostra depois que a pessoa não tem como voltar.
    • Ou Comercialização enganosa. Quantas pessoas hoje ainda acreditam que a propaganda até mesmo deve ser honesta? Já tomamos como certo que será desonesto.
    • Dinheiro falsificado.
    • Usura: são juros desordenadamente altos que tiram vantagem de uma situação desesperadora de alguém. 
  • Também pode mencionar a falsa declaração de renda para evitar impostos. Muitos se justificam dizendo que o governo não merece seu dinheiro. Provavelmente não merece mesmo. Mas o Senhor Jesus nos diz: “dai a César o que é de César”, e esse também não foi um governo justo.
  • Também se deve mencionar a questão de estragar o tempo no trabalho. Isso é roubar o tempo que pertence ao seu empregador ou ao seu cliente.
    • As pessoas se justificam dizendo que estão simplesmente recebendo o que merecem porque deveriam receber mais, então eles diminuem seu trabalho. Será que Deus aceita esta justificativa? Você não concordou em trabalhar um certo número de horas, ou realizar um certo serviço, por um salário determinado? Se você quer diminuir seu serviço, deve ser feito de forma transparente e honesto. Se não, é furto.
  • A Bíblia também fala sobre empregadores que roubam de seus empregados retendo os salários devidos. Tiago 5:1: “Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão… Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.”
  • Não pagar às pessoas o que você deve a elas, se você concordou de antemão em pagá-lo, também é furto.
  • Pegar algo emprestado e não devolver.
  • Quebrar algo e não dizer ao dono.
  • Na escola e no mundo acadêmico, deve-se mencionar o plágio, que é muito comum nas faculdades e universidades. Plágio é apresentar o trabalho de uma outra pessoa como o seu, sem dar o devido crédito. Isto rouba a outra pessoa do reconhecimento que ele merece por seu trabalho, e—quando alguém escape impune—isto ganha uma melhor nota do que a pessoa realmente merece pelo trabalho feito, roubando a dignidade da própria instituição académica.
  • Também podemos falar sobre o furto digital. Por tão comum que seja em nosso país, o cristão nas deve ter nada a ver com isso. Baixar uma música ou um filme sem pagar é furto. Se você tem músicas no seu computador ou celular que você não pagou, tire-os. Não é seu. É um pecado contra Deus e contra seu próximo. Talvez alguns de vocês tem uma coleção grande de musica roubada. Pode parecer muito difícil apagá-los. Mas como Thiago disse em Thiago 4:17: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” Não sejam enganados, irmãos. Viva uma vida honesta em Cristo.

O catecismo menciona mais algumas coisas. Deus também proíbe toda ganância. Isso se aproxima do cerne deste mandamento. A ganância é o desejo insaciável de adquirir mais e mais para nós mesmos. É a inveja e cobiça que quer ter mais do que o nosso vizinho. E quanto mais você tem, mais você quer.

E é totalmente irracional. Is 5:8 diz: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!” A ganância é totalmente irracional. É egoísta, e é uma vida profundamente solitária e triste. A pessoa gananciosa acaba vivendo sozinho na terra. Ele vive dizendo “eu primeiro, eu primeiro, eu primeiro”, e acaba sozinho.

E é irracional também, porque sabemos que não podemos manter nossas posses de qualquer maneira. Sabemos que não podemos carregá-los para o céu. Por que estamos dispostos a passar nossas vidas lutando e invejando uns aos outros, para obter mais para nós mesmos, que nem podemos guardar?

O catecismo também menciona o abuso e o desperdício dos dons de Deus. 

  • Prov. 21:20: “Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato os desperdiça.”
  • Prov. 23:19–21: “Ouve, filho meu, e sê sábio; guia retamente no caminho o teu coração. Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem.”
  • Deus não nos chama a ser pirangueiros em relação ao nosso dinheiro, mas a gerenciá-lo com sabedoria. O dinheiro não existe só para ser guardado, mas a sabedoria aprende como economizar responsavelmente, e a sabedoria vê o dinheiro como um tesouro que pode ser usado para abençoar o meu próximo. Quando o desperdiçamos, nos privamos das bençãos saudáveis que o dinheiro pode comprar, e perdemos a oportunidade de abençoar o nosso próximo que está passando por necessidade. Também, quem não gerencia bem seu dinheiro, acaba roubando os outros ao seu redor: sua família, sua igreja, ou os outros em quem teremos que depender por causa da nossa imprudência.

Em todos estes casos, a questão é: como está seu coração?

Quando roubamos ou recusamos a trabalhar honestamente, estamos escolhendo não viver com Deus. Estamos escolhendo ignorar e violar seus mandamentos. E por trás disso, o que nos motiva a roubar é que estamos rejeitando a vida que Ele nos deu. Estamos declarando que a vida e o chamado que Deus nos deu não é suficiente. Que Ele não é suficiente. 

Roubar, ganância e vida extravagante – ou preguiça e falta de vontade de trabalhar – são realmente formas de rebelião contra Deus. Está dizendo: “Eu serei Deus para mim mesmo. A minha prioridade será servir a mim mesmo, em vez de servir a Deus e ao meu próximo.”

Irmãos e irmãs, é muito importante para nós entendermos que roubar é apenas o exemplo extremo desse pecado. A grande questão é: qual é a atitude do meu coração? Como vejo meus recursos e como vejo minha vocação diária: vou viver com Deus (servindo-o, usando os meios que Ele me dá, vivendo honestamente diante dele) ou sozinho, para eu mesmo?

Jesus disse: onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração.

Em outras palavras: como você gasta seu dinheiro mostra o que você realmente ama. É a prova inegável de onde nossos corações realmente estão.

Então… onde está o seu coração?

Se aprofundarmos ainda mais neste mandamento, vamos descobrir que na verdade, todo pecado é roubo. É roubar o fôlego que Deus nos dá para viver com Ele, e é roubar a Sua glória. Todo pecado é roubo. É por isso que o Senhor Jesus nos ordenou a orar: “perdoa-nos as nossas dívidas”. Porque somos devedores a Deus. Devemos a Ele, porque dEle roubamos.

Encontrando a liberdade em Cristo

É por isso que o único caminho fora da escravidão da preguiça, da ganância e do furto é pelo evangelho de Cristo. Cristo foi crucificado entre dois… ladrões. Ambos eram culpados e recebiam o que mereciam, e Jesus era o único que estava recebendo o que não merecia. E há apenas uma diferença entre esses dois ladrões: um deles se arrependeu, confessou Seu pecado e se voltou para Cristo para ser salvo. E Cristo lhe disse: “hoje estarás comigo no paraíso”. Cristo só podia dizer isso porque Cristo estava carregando a ira de Deus, em seu lugar, naquele momento.

Há perdão para ladrões como você e eu, e vem gratuitamente por meio de Cristo para todos os que se voltam para Ele em arrependimento.

Então talvez você pergunte: Realmente, eu sou ladrão. Não quero ser mais. Como Deus pode me livrar? 

Aqui está o que precisamos saber: Quem confessa seus pecados a Deus e confia em Cristo para o perdoar, não somente será perdoado de fato, mas também será renovado por Cristo. Ele nos perdoa para nos santificar e nos tornar as pessoas que fomos criados para ser. Ef 4:28 diz:“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” Qual é o oposto de roubar? Veja, não é só não roubar. É trabalhar, servir, e dar generosamente ao seu próximo. Trabalhar com alegria e diligência na vocação que Deus nos deu, para a glória de Deus e para o bem do próximo, e dar generosamente aos necessitados. 

Como é isso na prática?

  1. Primeiro: Abrace a vocação que Deus lhe deu e trabalhe nela diligentemente com integridade. Glorifique a Deus e sirva ao próximo através do seu trabalho, não apenas pelo dinheiro que você ganha, mas também pela maneira como você trabalha. Pergunte a si mesmo: será que eu trabalho alegremente? Será que eu vejo meu trabalho como uma bênção para os outros? Será que meus clientes, ou meu patrão, conforme o caso, percebe que é meu desejo abençoá -lo e fazer o bem por ele?
  2. Segundo: Viva de forma simples. O foco de nossas vidas é regozijar-se em Deus e amá-lo e aos outros… o dinheiro não compra isso. Não caia no engano do dinheiro e na atração de um estilo de vida glamoroso e luxuoso. Isto sempre decepciona. Viva para as maiores riquezas de todas: o amor e a proximidade de Deus – e as segundas maiores riquezas: a alegria e a comunhão de irmãos em Cristo. Você não precisa de um estilo de vida luxuoso para ter estas grandes riquezas que tem muito mais valor. Viva de forma simples.
  3. Terceiro: Use seu dinheiro, sua casa, e todos os seus bens para mostrar a bondade de Deus aos outros:
    1. Heb 13:2 diz: Heb. 13:2: “Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos.” Um dos principais meios que Deus nos dá para abençoar os outros é convidá-los a entrar em nossa casa e em nossa vida, e também estarmos dispostos a ser convidados a entrar na deles. Ame os outros através de sua casa. 
    2. Nosso dinheiro também pode ser usado como uma extensão do amor de Deus, quando usado corretamente. Dar aos pobres sempre deve ser feito com sabedoria e discrição (às vezes ajudar de forma imprudente acaba prejudicando mais de que ajudando), mas isso nunca deve ser uma desculpa para não dar. Em nossa igreja, temos a Diaconia exatamente por este motivo (entre outros), para poder ministrar a misericórdia de Cristo de forma prática aos necessitados. Então doa generosamente. Sirva também, se Deus o chamar por meio da igreja, na diaconia, com alegria. Pois é uma forma de mostrar a misericórdia de Deus ao seu próximo.
  4. E, finalmente, dê fielmente seus dízimos e ofertas para a manutenção do ministério da palavra e a expansão da missão cristã. Não há maior presente que possamos dar ao nosso próximo e ao mundo do que o Evangelho. Doa seu tempo também, não somente seu dinheiro. Cultive em si mesmo uma paixão pela glória de Deus que faça você querer que os outros O adorem, e deixe que seus recursos financeiros sejam usados para promover este fim.

Então, irmãos e irmãs, andem com Deus com todas as suas posses. Confiem nEle para tudo o que vocês precisam. Trabalhem nas responsabilidades que Ele lhes deu. E entreguem suas vidas a Ele e ao seu próximo em amor e serviço, regozijando-se!, porque em Cristo nós temos o dom gratuito da vida abundante e eterna, que nunca merecemos, mas que será nossa para sempre, e ninguém pode roubá-la de nós!

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Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.