Dia do Senhor 36

Leitura: Dia do Senhor 36
Texto: Êxodo 20.7

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

Como vocês sabem, nosso catecismo, está divido em três partes que falam do conhecimento necessário para desfrutarmos do consolo de pertencer a Cristo.

Em primeiro é preciso reconhecer nossos pecados e miséria. A Lei de nos revela que não somos capazes de amar a Deus e a nosso próximo como Deus requer de nós. Diante de Deus, somos todos culpados, endividados e dignos da ira eterna.

Mas este conhecimento sobre o qual estamos falando não para na nossa própria miséria. Para desfrutarmos do consolo de pertencer a Cristo, nós também precismos reconhecer que nossa salvação, do começo ao fim, se fundamenta em Cristo Jesus.

É pela morte dEle que obtivemos perdão de todos os nossos pecados. É por causa dEle ter vivido em perfeita obediência à Lei de Deus, que nós somos declarados justos pela fé. De modo que na nossa salvação não há nenhuma contribuição nossa. A salvação vem do Senhor. Cristo, e somente Cristo é a razão de nossa salvação. Não há nada que possamos acrescentar ao que Ele fez por nós.

Mas, este conhecimento, necessário para o desfrute do consolo de pertencer a Cristo, envolve também o reconhecimento de que uma vez salvos, alcançados pelas riquezas da misericórdia de Deus, tendo sido regenerados pelo Espírito Santo, nós haveremos de responder a esta tão grande salvação, com gratidão.

A vida de gratidão é uma vida de boas obras, feitas não de acordo com as invenções dos homens, mas de acordo com a Lei de Deus. Dizendo de outra forma, quando somos alcançados pela graça de Deus, o Espírito Santo passa a agir em nós a fim de conformar o nosso viver à Lei de Deus.

E uma vez que o resumo da lei é o amor. Isso quer dizer que a vida de gratidão, se manifesta por meio de uma mudança em nosso relacionamento com Deus. A obra da graça faz com que nós amemos a Deus. Mas não se trata de um amor sentimentalista. Mas de um amor concreto.

Deus sabendo de nossas fraquezas e limitações, nos diz em Sua lei, como nós devemos amá-lo. É exatamente isso, o que os quatro primeiros mandamentos nos ensinam. Já temos visto que nossa gratidão a Deus, nosso amor a Ele, se manifesta em dar-lhe a primazia, e em cultuá-lo da forma como Ele ordena.

Hoje chegamos a mais um desses mandamentos que nos ensinam sobre o nosso amor a Deus. Chegamos ao Terceiro Mandamento. Lemos em Êxodo 20.7:

“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”

Observe que nos dois primeiros mandamentos Deus nos fala na primeira: “Diante de mim”, “Eu Sou o SENHOR teu Deus”.

Mas aqui no Terceiro Mandamento, Ele nos fala na terceira pessoa. Ele não diz, como se poderia esperar: “Não tomarás o meu nome em vão”, mas “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”

Deus faz isso para chamar a nossa atenção para o Seu nome. O termo “SENHOR” com todas as letras maiúsculas, que aparece duas vezes neste mandamento, é no hebraico uma referência o nome de Deus “Yahweh” ou “Javé”. É um nome que no hebraico não tem vogais, tendo quatro consoantes, por isso, chamado de tetragrama.

Este nome significa “Eu sou quem eu sou” ou “Eu serei o que eu serei”. Esse nome coloca diante de nós a Autoexistência, a Autosuficiência e o poder Soberano de Deus. Ele existe por Si mesmo, Ele não depende de ninguém, Ele governa sobre todas as coisas.

Uma prova de Sua Autoexistência está no fato de que em contraste a todos nós que recebemos um nome que nos foi por nossos pais, Ele não é nomeado por ninguém, mas faz conhecido seu nome aos homens.

E ao olhar para as Escrituras podemos notar que Deus fez seu nome conhecido, através de suas obras. Ele fez seu nome conhecido ao criar todas as coisas, ao sustentar todas as coisas em Sua Providência e ao redimir seu povo.

Na própria história de Israel isso se evidencia. Podemos notar isso quando Deus falou com Moisés do meio da sarça ardente. Lemos sobre isso em Êxodo 3.13-15:

Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.

Deus faz conhecido seu nome por meio da salvação de Seu povo. Mas Yahweh é mais do que um nome. Isso quer dizer que ao fazer conhecido Seu nome, Deus se dá a conhecer.

O nome de uma pessoa representa a própria pessoa. Por exemplo, se o nome de alguém está numa lista de pessoas mortas, isso quer dizer que aquela pessoa representada pelo nome, está morta.

Portanto, quando o Terceiro Mandamento, se refere ao nome de Deus, não está apenas falando do nome Yahweh. O Terceiro Mandamento utiliza “nome” para referir-se a tudo aquilo que Deus revelou a respeito de si mesmo. Isto se refere a Seu nome, a Seus atributos, a Seus títulos, e à Sua revelação por meio de Palavras e obras. E isto não se refere somente a Pessoa do Pai, mas igualmente à Pessoa do Filho e à Pessoa do Espírito Santo.

Aqui vale ressaltar que Deus não proíbe o uso do Seu nome, como concluíram muitos judeus ortodoxos e muitos que querem judaizar a igreja em nossos dias. Deus não proíbe o uso do Seu nome, prova disso, é que seu nome é usado por toda a Escritura. O que Deus proíbe no Terceiro Mandamento é o mau uso do Seu nome, o mau uso de tudo aquilo que Ele revelou a respeito de si mesmo.

O Terceiro Mandamento nos adverte para não tomar o nome do SENHOR em vão. “Tomar o nome” poderia ser traduzido pro “levantar, erguer”. Segundo os estudiosos este termo é basicamente um termo técnico usado em questões jurídicas, para falar sobre juramentos. Em um julgamento as testemunhas levantavam a mão e juravam pelo SENHOR.

Mas o termo era usado também, de forma mais ampla, para referir-se a alguém que tinha o nome de Deus em seus lábios, por exemplo na adoração ou em uma oração. Ou seja, sempre que se fala de Deus, seu nome é tomado, erguido, levantado.

Deus proíbe que seu nome seu tomado, isto é, seja usado de maneira vã. O termo traduzido por “vão” refere-se a algo vazio, nulo, e está ligado a vaidade, a inutilidade, e a mentira.

O que o Terceiro Mandamento proíbe é um uso indevido no nome de Deus, ou seja, de tudo aquilo que Ele revelou sobre si mesmo. Isso implica um falar descuidado, impensado, leviano e até mesmo falso do nome, dos atributos, dos títulos e da Palavra e das obras de Deus. É tratar Deus como se ele fosse leve, sem peso algum. Como se Ele não se importasse ou não existisse. É tratar Deus e tudo que Ele revelou a respeito de si mesmo como algo sem valor.

E uma vez que o nome de Deus tem um profundo significado espiritual, tratar seu nome santo como algo comum é profanar Seu nome. É um pecado contra o Ser de Deus. Usar o nome de Deus em vão, é como dizer: Deus não tem valor.

Isso quer dizer, que ao falar de Deus (nome, atributos, títulos, Palavras e obras), de forma descuidada, impensada, leviana ou falsa, tal pessoa desonra a Deus e denigre a Santidade do Seu Ser.

Mas o que isso abrange? O que exatamente este mandamento exige de nós?

O Catecismo de Heidelberg nos ajuda resumindo o ensino bíblico sobre este mandamento. Dizendo que este mandamento exige que: “Não blasfememos nem façamos mal uso do Nome de Deus”. Mas quando é que isso acontece?

O Catecismo nos diz que uma das formas que se blasfema e se faz mal uso do Nome de Deus é por meio de maldições. Uma maldição consiste em desejar que a calamidade ou a destruição sobrevenha ao amaldiçoado, amparando esse desejo num apelo a Deus. A maldição invoca o nome de Deus para ameaçar ou desejar o mal sobre uma pessoa. Proceder assim é uma violação do Terceiro Mandamento.

Outra forma de se blasfemar e fazer mal uso do Nome de Deus é por meio de perjúrio. O perjúrio é o pecado de declarar falsidade sob juramento, isto é, invocar a Deus como testemunha daquilo que juramos ser verdade, quando na realidade dizemos uma mentira. Quem assim procede tenta fazer de Deus um patrocinador de sua mentira.

Também se blasfema e se faz mal uso do Nome de Deus por meio de votos desnecessários. Os juramentos desnecessários são aqueles que não servem para nenhum objetivo bom. As circunstâncias não exigem, as autoridades não o requerem nem tão pouco Deus. Infelizmente isso é muito comum em nossos dias. Até mesmo crianças quando estão brincando juram por sua mãe ou por sua vó, este é um tipo de juramento desnecessário, bastaria dizer sim ou não. Mas se faz juramentos desnecessários por outros nomes e coisas, como se isso não fosse uma violação do Terceiro Mandamento. Devemos nos opor a todo abuso da ordenação divina de não jurar pelo nome de Deus.

Como veremos de maneira mais específica no Dia do Senhor 37, tais juramentos são pecados contra o Terceiro Mandamento.

Blasfemamos e fazemos mal uso do Nome de Deus usando-o de maneira supersticiosa. Muitos dizem temer a Deus, mas fazem uso supersticioso do nome de Deus, como se fosse uma palavra mágica.

Usam o nome do Senhor Jesus Cristo dessa forma: “O sangue de Jesus tem poder”, “Tá amarrado em nome de Jesus”, “Deus me livre”, “Me cobre com o teu sangue”, ou “Vai dar certo em nome de Jesus”, e outras expressões similares. Em Sua Palavra Deus condena a feitiçaria, porque esta era a tentativa invocar os deuses ou poderes secretos para efetivar o que se desejava. Deus rejeita tal tentativa de manipulação, Ele não se deixa manipular. Portanto, tal uso supersticioso do nome de Deus é uma violação do Terceiro Mandamento.

Também se blasfema e faz mal uso do Nome de Deus pela menção ignorante, vã, irreverente e profana. Profanar o nome de Deus é usar Seu nome, atributos e títulos que são santos em coisas e conversas comuns. Por exemplo, alguns tem por costume violar este mandamento abusando dos atributos e títulos de Deus usando-os em exclamações tais como: “Santo Deus!”, “Ai Jesus!”, “Misericórdia”, “Oh glória!”, e outras expressões similares. Aliado a isso podemos mencionar toda falsa profecia. Na profecia alguém está dizendo (por mais que não use a expressão): Assim diz o SENHOR.

Quando Deus não o mandou falar, isso é um pecado contra o Terceiro Mandamento.

Além disso, muitos substituem palavras torpes, ou expressões profanas do mundo por outras expressões relacionadas a Deus, como por exemplo: “Minha nossa” em vez de “Nossa Senhora”, “Meu Pai” em vez de “Deus Pai”, “Virge”, “Vixe” em vez de “Santa Virgem”, “Ave” em vez de “Ave Maria”.

Substituir blasfêmias por tais expressões também é uma violação do Terceiro Mandamento”.

Mas precisamos falar de outro uso do santo Nome de Deus ainda mais indevido. Isto é blasfêmia do Seu Nome. Blasfemar é chamar ou usar qualquer linguagem ímpia diretamente contra Deus. Por exemplo, acusá-lo de injustiça, desafiar a bondade e o poder de Deus ou coisa parecida é blasfemar contra Deus. Nós sabemos que os homens ímpios fazem isso, eles desprezam o santo Nome do Senhor e se referem a Ele de maneira blasfema. Mas também, muitos que se dizem evangélicos, quando se fala da graça soberana do Senhor também blasfemam dizendo que se é assim Deus é injusto.

Ou quando acontece uma calamidade duvidam do poder e da bondade de Deus. Isto é blasfêmia.

Agora infelizmente todos esses abusos são tão comuns, que até mesmo, crentes cometem o mesmo erro. Por isso, nós devemos ter muito cuidado, para não seguir com a maré desse mundo e da falsa igreja.

O Terceiro Mandamento nos adverte que “… o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.” Há uma punição para aqueles que violam o Terceiro Mandamento. Essa punição não é especificada aqui, mas fica claro que aqueles que falam de Deus (nome, atributos, títulos, Palavras e obras), de forma descuidada, impensada, leviana ou falsa, tal serão responsabilizados. Deus os condenará. Serão culpados, por mais que julguem que não haja gravidade e fazer tal coisa.

Serão condenados no justo juízo de Deus porque usar seu nome em vão é um ataque contra Sua honra, majestade e glória.

Ao ouvir isso, devemos lembrar que por causa de nossos pecados contra o Terceiro Mandamento, por termos desonrado a Deus, por termos tratado Seu nome, atributos, títulos, Palavras e obras tantas vezes como algo comum, sem importância, leviana e com falsidade, nós merecíamos essa punição eterna. Se existe somente este Mandamento, o veredito a nosso respeito seria: culpados. Merecíamos a condenação eterna.

Mas Cristo Jesus tomou sobre si a nossa culpa, os nossos pecados contra o Terceiro Mandamento foram colocados sobre Ele. Cristo, o inocente, aquele em quem não se achou dolo algum em sua boca, foi considerado culpado por nossa causa. E agora, por causa dEle, nos diz a nosso respeito, inocente, justo.

Então como devemos responder a tão grande salvação? Com amor e gratidão, amor e gratidão que se revelam numa nova atitude, fruto da obra do Espírito Santo em nós, uma nova atitude para com o nome de Deus.

Uma atitude que não só evita tudo aquilo que o Terceiro Mandamento proíbe, mas que positivamente busca usar o santo nome de Deus somente com temor e reverência. Atitude que procura confessá-lo corretamente, que procura invocá-lo, glorificá-lo em todas as nossas palavras e obras.

Prezados irmãos, aqui está o caminho de gratidão. A salvação opera em nós uma mudança tal, que passamos a pensar e falar de Deus de uma maneira em que levamos em consideração quem Ele é. E assim quando levantamos o seu nome, seja no culto, ou em nossas conversas, seja nos votos que fazemos ou nos compromissos que assumimos, queremos que Ele a verdadeira Testemunha de todas as novas palavras, de todos os nossos atos e de todos os nossos pensamentos, seja glorificado.

Portanto, oremos para que pela graça de Deus sejamos capazes de honrar sempre o nome do SENHOR. Ensinemos este temor aos nossos filhos, pois nisto consiste a verdadeira sabedoria. Este é o caminho de gratidão. Essa é a nossa resposta ao amor de Deus.

Amém.

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elienai batistsa

Elienai Batista

O Pastor Elienai Batista está servido como ministro da Palavra desde dezembro de 1998. Até o momento, pela graça de Deus, ele tem contribuído para a plantação de três igrejas reformadas: Igreja Reformada em Cabo Frio-RJ (2001-2013); Igreja Reformada do IPSEP, Recife-PE (2013-2016); Igreja Reformada em Paulista-PE (2016-2019). Atualmente possue um trabalho missionário na cidade de Campinas-SP.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.