Leitura: Filipenses 02.12-26; 03.17-21
Texto: Dia do Senhor 22
Amada congregação de nosso Senhor Jesus Cristo,
No domingo 21 podemos aprender sobre dos grandes tesouros e dos muitos dons que o espírito santo dispensou para nós nesta vida. Estas bênçãos são a comunhão dos santos e do perdão dos pecados.
Agora no domingo 22, o catecismo continua com os dons do espírito santo, porém estes somente serão recebidos “após esta vida”. Você encontra esta expressão duas vezes neste domingo. Nós confessamos que nossa alma “após esta vida” imediatamente será levada para Cristo, e que eu “após esta vida” possuirei a perfeita salvação.
Estes dons de Deus em Cristo através do espírito santo não estão restritos a esta vida. Há um dom que nunca será interrompido pela morte.
Note que a palavra “morte” não é mencionada neste domingo. Porque este domingo é sobre a vida, a vida que temos em Cristo por meio do espírito santo! Somos lembrados aqui do que o apostolo Paulo escreveu aos romanos: o salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna.
Há uma inerrante conexão entre pecado e morte. Mas onde o pecado tem sido removido pela satisfação de Cristo, também a morte tem perdido seu poder! A morte não mais nos segurará. Nós confessamos a ressurreição e a vida eterna.
Assim como o espírito santo nos assegura dons de Cristo aqui nesta vida ele assegura os dons apos esta vida. Como somos estabelecidos na comunhão com Deus nesta vida, continuamos nesta comunhão após esta vida, pois Deus garante que esta vida nunca termina. Eu proclamo o evangelho de Cristo para vocês sob o seguinte tema:
Tema: Cristo garante a vida que nunca termina
- A imediata preservação de nossa vida (quando morremos)
- A glorificação final de nossa vida (na ressurreição)
- A felicidade eterna de nossa vida (na nova terra)
- A imediata preservação de nossa vida (quando morremos)
O catecismo pergunta “que consolo traz para você a ressurreição do corpo?” Porém você notará que o catecismo não trata imediatamente com a ressurreição, mas o que chamamos de estado intermediário. O catecismo trata com o que acontece entre minha morte e minha ressurreição!
O catecismo diz: “… minha alma será imediatamente levada para Cristo seu cabeça”. Quando morremos teremos que perder muitas coisas. Teremos que desistir de muitas coisas, e deixar muitas coisas que são preciosas e queridas para nós. Mas uma coisa nós não perderemos, e isto é nossa vida. Uma coisa jamais será quebrada e esta coisa é nossa comunhão com Cristo. Pois esta vida é eterna, e esta comunhão é inquebravel.
Note quão forte o catecismo fala aqui. Minha alma imediatamente será levada para Cristo. Imediatamente. Rapidamente, no momento da minha morte. Catecismo aqui é claro, se opõe a teoria romanista a respeito do purgatório, que ensina que a alma deve primeiro passar um tempo em purificação pelo fogo antes de ir ao céu. Como se Cristo não tivesse pago totalmente por todos os nossos pecados e garantido para nós a imediata entrada nos céus.
O catecismo também se opõe a teoria de que as almas dos justos não compartilham imediatamente da glória de Cristo, mas que ficam em um certo estado de coma, ou sono da alma. Todas estas coisas têm sido ensinadas, e juntamente elas ensinam que o sacrifício perfeito e na cruz não garantiu nossa entrada imediata nos céus quando morremos.
Nós em conseqüência disto dizemos que estas teorias são uma redução do poder e eficácia da cruz do golgota. Não disse o Senhor ao ladrão que estava morrendo ao seu ao seu lado: “hoje- o dia da morte- estarás comigo no paraíso.” (Lucas 22).
Por sua morte o Senhor nos deu a vida. Esta vida começa agora. Nesta conexão isto é importante para determinar o que a palavra vida significa ou implica. Somente a vida pode comunicar, falar, ver, ouvir. Somente a vida tem consciência. Não é sem razão que a bíblia fala que no sheol ( o lugar dos mortos) não há entendimento e que a morte não conhece nada(sl. 88:11; sl. 115:17; ecl. 9:5). A morte é o fim da vida uma quebra da comunhão!
Mas podemos confessar que Deus por meio de Cristo nos garante uma vida que nunca termina uma comunhão que não pode ser interrompida. Em conseqüência disto, minha alma, a vida que eu tenho recebido de Deus, a qual me faz ser um ser vivo, esta alma é imediatamente levada para Cristo, seu cabeça. Minha alma, não é propriamente minha, ela pertence a Cristo. Ele é o cabeça dela e, em conseqüência minha vida pertence a ele! Como vivo em comunhão com ele nesta vida, assim viverei em comunhão com ele após esta vida. Não importa o que aconteça, esta união com Cristo jamais será quebrada. Desta forma, nossa morte não pode nos tornar ansioso para voltar, mas ao contrario nos empurra para adiante. Resultado desta morte é que eu imediatamente vou para Cristo, meu cabeça celestial.
Não há- como alguns ensinam- um momento em que eu possa estar sem Cristo. Não há nenhuma interrupção temporária entre morte e ressurreição. Ensinar isto seria desconsiderar o claro testemunho das escrituras. Pois quando morremos, o Senhor preserva nossa vida e imediatamente levar nossa vida para si mesmo.
Nós não podemos provar isto por experiência. Podemos ouvir a respeito de crônicas sobre estórias de pessoas que tiveram experiências, estas pessoas que estiveram em coma, ou com traumatismo craniano. Estas pessoas têm todo o tipo de contos para contar sobre a vida após a morte. Não precisamos acreditar em tais estórias. Alguém que esteja realmente morto, não retorna para esta vida aqui na terra. Tais estórias não são decisivas. Deixe-me dar a vocês algumas provas desta verdade das escrituras, pois somente podemos confessar isto por meio das escrituras.
Nós lemos que o apostolo Paulo estava em uma prisão. Ele sabia que iria morrer. Ele disse para mim o morrer é ganho e o viver é Cristo (fp. 1;21). Por causa das igrejas Paulo gostaria de ficar nesta vida. Mas ele diz: “meu desejo é partir e estar com Cristo que é ainda melhor”. (verso 23). Se Paulo permanecesse nesta vida ele viveria com Cristo. Se ele morresse ele experimentaria maior comunhão com Cristo. Pois a comunhão é ininterrupta e a vida nunca termina.
Paulo conscientemente sabia que ele experimentaria uma comunhão maior com Cristo nos céus. D’outra forma a morte não significaria um lucro. Estar com alguém significa ter comunhão com este alguém. Em nossa morte nós estamos entrando nas moradas de Deus. Paulo escreve o mesmo aos corintios: (II cor. 5:1). O ensino inteiro das escrituras, no velho testamento e no novo testamento, é que a vida dos crentes retorna a Deus que a deu. Nós por causa disto cremos que quando um justo morre, a alma deles é levada para Cristo (ver hebreus 12:22). Nos salmos, profetas e evangelhos e as cartas, a verdade se torna clara: Deus em sua gloria me receberá.
Cristo nos garante a vida que nunca termina. Em conseqüência ele preserva nossa vida na nossa hora da morte e imediatamente nos leva para si mesmo. “Para que onde eu esteja, estejais também”. Disse ele.
Aqui podemos confessar já a grande riqueza que temos, mesmo diante da morte de alguém que amamos ou diante da nossa própria morte. Pertencemos a Cristo e iremos para ele. Isto acontecerá imediatamente, no momento que morrermos, esperando pelo dia glorioso de nossa ressurreição. Passemos ao segundo ponto.
- A glorificação final de nossa vida (na ressurreição)
Não deveríamos pensar que a vitória da vida sobre a morte é completa quando nós somos levados para Cristo. A glorificação final de nossa vida não está realizada. Ainda há o dia da ressurreição!
O catecismo fala em termos de “ainda não” e “mas também”. O consolo para o crente não é somente que sua alma vai para Cristo (pois isto seria metade da questão) mas também este meu corpo, ressuscitado pelo poder de Cristo, será unido novamente a minha alma e se tornará semelhante ao corpo glorioso de Cristo.
Aqueles que criticam este domingo por falarem que a alma imediatamente vai para Cristo quando morremos, diz que o catecismo aqui faz uma separação entre o corpo e a alma. O catecismo aqui tem sido acusado de fazer uma dicotomia, uma separação ilegal, entre o corpo e a alma, uma idéia baseada não na bíblia, mas na filosofia grega. A bíblia ensina a absoluta união entre o corpo e a alma. Alma e corpo vivem juntos. Quando a bíblia fala em o homem sendo uma alma vivente isto significa simplesmente um ser vivo (Gn 2:7) então não devemos separar corpo e alma como duas coisas separadas, pois eles são inseparáveis.
Bem, o catecismo aqui não faz realmente uma separação entre a alma e o corpo, mas usa uma distinção que o próprio Cristo faz. Por exemplo, Cristo disse: “não temam aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma, ao contrario temam aquele que pode destruir ambos alma e corpo no inferno”. (Mt. 10:28). Corpo e alma podem ser distinguido. Um pode ser morto enquanto o outro vive. Mas ambos não vivem sem o outro.
As almas nos céus, que de acordo com o livro de apocalipse, estão abaixo do altar do incenso, não estão completas. Estão aguardando pelo dia do julgamento, quando não somente os inimigos de Cristo serão lançados no inferno, mas também, mas também seus corpos serão ressuscitados e serão arruinados com suas almas.
As igrejas reformadas não ensinam em nenhum lugar que o corpo é de menos importância que a alma. Não dizemos que os pecados cometidos no corpo ou contra o corpo tem conseqüências inferiores aos pecados da alma. Ao contrario, o Senhor nos diz que nosso corpo é o templo do espírito santo! O espírito não vive somente na alma, mas habita nos corpos. E assim entendemos que a alma não pode viver sem a alma. Até a alma ser reunida ao corpo, não estamos completos, nem glorificados. Confessamos então que o corpo e a alma devem ser reunidos na ressurreição dentre os mortos.
Deus quer salvar-nos, corpo e alma, cabelo, pele e ossos. Assim ele já agora cuida de nossos corpos. Em conseqüência nossos corpos são templo do espírito santo; ao mesmo tempo nosso corpo está sujeito a queda. Ele é um corpo que por causa do pecado está sujeito a vergonha e a doenças. É um corpo de pecado, que está sujeito a morte também.
Nós experimentamos de muitas maneiras em nossa vida, especialmente quando ficamos idosos. É neste período onde mais manifestamos os traços da queda. Não funciona mais côo antes. Está perecendo. Mas Cristo pereceu no corpo para que ele nos salvasse corpo e alma.
O catecismo diz que nosso corpo será levantado pelo poder de Cristo. Isto significa que este corpo, que agora é fraco e sujeito à fraqueza, este corpo, que é agora pecaminoso e corrupto. Quantas vezes nosso corpo não já foi contra o espírito de Deus dentro de mim? Há uma constante batalha entre o espírito de Deus e meu corpo. Como eu estou neste corpo, eu não posso ver nem viver com Deus. Então devo deixar este corpo para trás na tumba.
Mas este mesmo corpo –ressuscitado pelo poder de Cristo- será reunido a minha alma. Este mesmo corpo, mas de uma forma glorificada. Como diz o catecismo, citando filipenses 3, seremos feitos a semelhança do corpo glorioso de Cristo. Isto significa que não mais estaremos sujeitos ao pecado, que estaremos livres de todos os desejos malignos, não mais sujeitos a queda, livre de toda a doença e morte. Meu corpo nunca mais estará lutando contra o espírito de Deus. Eu sempre viverei, em meu corpo e em minha alma, em perfeita harmonia com Cristo. Então eu experimentarei completa santidade, perfeita justiça, e glorificação final.
A ressurreição do corpo. É um grande milagre, até maior que o milagre do nascimento e da regeneração. Um dia todas as tumbas serão abertas. Até o mar dará os mortos. Todos os corpos serão ressuscitados, até os que foram queimados e pulverizados e destruídos. O mundo não acredita nisto e diz: morte é morte. Mas a palavra de Deus proclama: todos se levantarão, tanto para a vergonha quanto para a glória.
E confessamos nossa gloriosa ressurreição. Não sabemos como será nosso corpo ressuscitado. Agora o corpo é fraco, então será forte. Agora é corrompido, então será perfeito. Agora é um corpo de pecado e vergonha, então será um corpo de pureza e honra. Agora um corpo físico, então será um corpo espiritual. Agora um corpo terreno, então será um corpo celeste. Amados, não podemos imaginar como isto será. Mas confessamos que somente neste momento estaremos desfrutando da perfeição completa, ou seja, uma alma perfeita unida a um corpo restaurado. Assim estaremos hábeis a viver na nova terra, com Cristo, em perfeita benção. Passemos ao terceiro ponto.
- A felicidade eterna de nossa vida (na nova terra)
Estamos falando da vida que nunca termina. O catecismo pergunta, “que consolo traz a voce o artigo sobre a vida eterna?” o bonita da resposta é que ela começa olhando para esta vida, aqui nesta terra. Vida eterna e a sua beleza começam aqui.
Por causa desta rica promessa que temos em Cristo, por causa desta vida eterna e desta comunhão com o Senhor esta vida tem alguma coisa especial. Já nesta vida nós temos que os incrédulos não tem e não podem entender. O catecismo chama isto de o começo da alegria eterna.
A vida nos céus com Cristo e na nova terra será diferente desta aqui na terra. Isto é bastante claro. Isto será profundamente diferente em vários aspectos. Mas em certo sentido haverá algumas semelhanças entre esta vida aqui e a vida por vir. Pois ambas são uma vida com Cristo. Esta vida será uma vida de alegria na comunhão.
Já agora nós temos esta alegria e esta comunhão. A diferença é que agora nós a temos em um pequeno começo, entretanto na nova terra será completa e abundante.
No decurso de nossa vida na terra descobrimos que muitas coisas são imperfeitas. E assim podemos ter muitas alegrias mas estas serão frágeis e facilmente terminarão. A vida aqui permanece nada mais nada menos que uma constante morte. Os relacionamentos terrenos não nos dão completa alegria.
Mas temos a vida pela fé em Cristo e a comunhão dos santos. Há a expectação da glória da nova terra- já agora. O catecismo diz: “… como já percebo em meu coração o inicio da alegria eterna”. Em meu coração, ou seja, pela fé. A alegria da fé começa aqui. Conhecer a Deus em seu filho Jesus Cristo, isto é ter a vida eterna. A vida não é somente estar vivo, mas ter comunhão com Deus e com seu povo! E esta comunhão traz consigo uma alegria imensa e profunda.
Aqui nós temos somente o começo. Mas então, “após esta vida terei a felicidade perfeita…” ou seja viveremos em um estado de perfeita benção e em conseqüência em uma perfeita alegria nesta nova terra.
Haverá somente alegria e benção em uma completa medida. Haverá somente alegria que não conhecerá limitação. O catecismo aqui adiciona uma pequena palavra da bíblia: “essa salvação, nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido ouviu e jamais surgiu no coração humano”. (II cor. 2:9). Não podemos imaginar hoje o que ou como será está vida. Não há comparação. Aqui tudo é pecaminoso e imperfeito, frágil e temporário. Então tudo será perfeito e eterno. Lá haverá novo e eterno relacionamento.
Nós possuiremos “uma alegria que me levará a louvar a Deus eternamente”, diz o catecismo. Ao contrario, do que pensamos, esta vida renovada não tem por objetivo nossa alegria, mas a glória de Deus. O Senhor Deus encontra seu perfeito louvor e glória na perfeita vida de seu povo nesta nova terra. Entretanto, nosso louvor que hoje entoamos não é perfeito, será transformado em um louvor perfeito. Serviremos a Deus com todo o nosso coração, sem divisão, em um puro e perfeito amor. Eu farei isto por meio de Cristo no poder do espírito santo. Voce não está ansioso para servir a Deus com esta perfeição e pureza que ele merece? Não deveria ser este todo o desejo de todo o filho de Deus? Não esta nossa maior alegria nesta vida?
Já agora nós podemos sentir o inicio desta alegria. Experimentar especialmente na comunhão dos santos, na reunião do povo de Deus, na sua casa. Podemos ainda passar pelos vales deste mundo, talvez tenhamos que experimentar muitas dores e tristezas. Aqui é somente o começo da alegria eterna. Mas com tudo isto sabemos: o cálice transbordará, e viverei para sempre na casa do Senhor, vivendo a vida que nunca termina, a perfeita vida.
Amém
Clarence Stam
O pastor Clarence Stam (1948-2016) foi um pregador renomado nas igrejas das Igrejas Reformadas do Canadá. Ele serviu como ministro em várias igrejas reformadas nos Países Baixos e no Canadá. Durante os últimos anos de sua vida, dedicou-se à escrita. Seus muitos livros tiveram um impacto significativo nas igrejas reformadas do Canadá e além.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.