Dia do Senhor 07

Leitura: Lucas 08:04-15
Texto: Dia do Senhor 07 (pergunta 20)

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo

O Senhor Deus, por seu grande amor, prometeu e enviou o Seu Filho ao mundo para salvar pecadores (Jo. 3.16). Jesus veio e derramou seu sangue na cruz para perdoar até mesmo o mais perverso pecador (I Tm. 1.15). Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens e somente Nele há salvação (I Tm. 2.5; At.4.12). Mas quem pode ser salvo por Jesus Cristo? Quem se apropria da salvação que Cristo ganhou na cruz? “Todos os homens tornam-se salvos por Cristo assim como pereceram em Adão?

Essa é a pergunta que o catecismo faz aqui no Domingo 7 (perg.20). Conforme essa pergunta, já fica claro para nós que em Adão todos pecaram. Essa é uma verdade bíblica que não podemos negar. Em Adão todos os homens tornaram-se corrompidos, culpados e dignos da condenação eterna (Rm.3.23; 6.23 a). Ninguém merece ser salvo, mas perecer no inferno. Porém, Deus enviou Seu Filho para salvar pecadores dessa terrível condição. Mas a quem Jesus veio salvar? Todos os homens? A resposta 20 nos diz: “Não. Somente aqueles que pela verdadeira fé são unidos a Cristo e aceitam todos os seus benefícios”. Essa resposta nos ensina algumas verdades importantes sobre a apropriação da salvação por parte do homem:

A primeira verdade é que nem todos os homens vão tomar posse da salvação oferecida por Cristo. Essa é uma verdade dura, mas bíblica. Conforme a Escritura, Deus em sua vontade soberana, resolveu salvar, da humanidade caída, um grande número de pecadores. Ele enviou seu Filho ao mundo para entregar sua vida não por todos os homens, mas em resgate por muitos (Mc. 10.45). Isso não quer dizer que o sacrifício de Cristo é insuficiente para salvar todos e nem que Deus escolheu salvar aqueles que são melhores que os outros. Nada disso! Todos os pecadores merecem o castigo eterno, mas Deus em sua graça soberana decidiu salvar um grande número deles. Não cabe a nós questionar a Deus, pois Ele é soberano e tem misericórdia de quem deseja ter misericórdia (Rm. 9.14-18, 20,21). Cabe a nós glorificar o Senhor por nossa salvação e confirmar nossa eleição por uma vida dedicada a Ele (Rm. 11.33-36; II Pe.110). Além disso, temos de pregar o evangelho para salvação dos escolhidos de Deus que não sabemos quem são. O que sabemos é que suas ovelhas ouvirão sua voz e o seguirão.

Porém, nem todos que ouvem a voz de Cristo crêem e serão salvos. Esse é um assunto difícil de aceitar e por isso muitos o rejeitam. Por causa disso, muitos aceitam o ensino de que no final toda humanidade será salva. Até apresentam alguns textos bíblicos para defenderem essa idéia, como por exemplo, I Tm. 2.4; 4.10 e II Pe.3.9 (ler os textos). Esses textos parecem ensinar, mas não ensinam que Deus vai salvar todos os homens. O texto de II Pe.3.9 é uma advertência dirigida à igreja e não aos ímpios. Pedro lembra aos crentes em seu meio, especialmente aqueles que estavam dando ouvidos aos falsos mestres e se desviando da verdade, que Deus é longânimo para com eles e retarda seu julgamento para que eles não pereçam, mas se voltem arrependidos para Deus.

Em I Tm.2.4 o contexto não mostra que Deus vai salvar todos os homens, mas que Ele deseja salvar pecadores das mais diversas classes sociais (ricos ou pobres, simples ou importantes, servos ou autoridades). Em I Tm. 4.10, a palavra “Salvador” tem o sentido de “Preservador” e aponta Deus como aquele que protege e sustenta todos os homens com sua providencia na criação. Ele faz chover e brilhar o sol sobre justos e injustos.

Se todos fossem salvos, Jesus não teria ensinado tanto sobre a realidade do inferno e nem feito uma separação entre os ímpios e os filhos de Deus. Jesus falou daqueles que entram pela porta larga para a perdição e daqueles que seguem pela porta estreita que conduz para a vida eterna (Mt.7.13,14). Ele ensinou várias parábolas que expressam a separação entre aqueles que serão salvos e aqueles que vão perecer em seus pecados (o joio e o trigo, as dez virgens, os talentos, a rede que recolhe peixes bons e ruins, as ovelhas e os bodes, a semente que não cresce e dá fruto em todo canto).

Na parábola do semeador, Jesus nos ensina sobre a reação das pessoas à pregação da palavra de Deus. A semente do evangelho é semeada em todos os corações, mas não cresce e dá frutos em todos eles. Jesus começa falando da semente que caiu à beira do caminho e as aves dos céus a comeram (Lc. 8.5). Jesus indica com isso que há pessoas que são chamadas à fé e ao arrependimento pela pregação, mas não se arrependem nem crêem em Cristo. Pelo contrário, permanecem com seus corações endurecidos. Elas não dão a mínima para o evangelho, mas dão lugar ao diabo que arrebata a Palavra de Deus dos seus corações. Por sua rebeldia e indiferença ao evangelho, elas não crêem e não são salvas, mostrando assim que nem todos serão salvos (Lc. 8.12).

A segunda verdade é que o homem depende da graça de Deus para tomar posse da salvação. A resposta da pergunta 20 afirma que serão salvos somente aqueles que são unidos a Cristo e aceitam todos os seus benefícios. Notem a expressão: “são unidos a Cristo”. Isso mostra que não somos nós quem nos unimos a Cristo por nós mesmos, mas é Deus quem nos une a Cristo. Nenhum homem caído e morto em seus delitos e pecados tem condições próprias de crer em Cristo e aceitar seus benefícios. Somente Deus por seu poder e graça pode nos unir a Cristo e nos tornar proprietários da sua salvação. O Senhor Jesus disse: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim” (Jo. 6.37). E Paulo afirmou que a nós foi concedida a graça de crer em Cristo (Fp. 1.29; 2.13; Ef. 2.1,8).

A terceira verdade é que o homem precisa crer em Cristo para receber a salvação. A resposta 20 afirma que somos unidos a Cristo por verdadeira fé. Isso mostra que a fé é necessária para a salvação (Mc. 16.16; Jo. 3.16; At.10.43; Rm. 10.9). Embora Deus conceda a fé por pura graça, Ele não exclui a responsabilidade humana de crer. Ele não nos trata como robôs e sim como seres responsáveis. Ele exige que creiamos em Cristo para sermos salvos. E se alguém não crer, será condenado por sua própria incredulidade e rebeldia. No entanto, sabemos que sem o poder e a graça do Espírito ninguém poderá crer e ser salvo. É bom lembrar disso pra não pensarmos que somos salvos graças ao valor da nossa fé. Somos salvos pela graça mediante a fé que é dom de Deus (Ef. 2.8). Quem deseja ser salvo, precisa crer. É somente pela fé que abraçamos a Cristo e todos os seus benefícios. A fé, pela qual somos salvos, é como uma mão vazia que se estende para receber a salvação que Deus nos oferece em Cristo. Mas se não estendermos a mão, se não confiarmos em Cristo e recebê-lo como único e suficiente Salvador, não poderemos ser salvos. Crê em Jesus e serás salvo tu e a tua casa (At.16.30,31).

A quarta verdade é que a fé pela qual somos salvos é uma fé verdadeira. O Senhor Jesus está semeando a sua palavra por meio dos seus servos. É pela palavra que o Espírito opera a verdadeira fé nos corações (Rm. 10.14-17). Em sua misericórdia, Cristo envia pregadores para proclamar seu evangelho a fim de salvar os que verdadeiramente crêem no seu nome. O catecismo fala de verdadeira fé, porque há também uma fé falsa. Existem aqueles que recebem a palavra de Deus com uma falsa fé. Há pessoas que chamam Jesus de Senhor e até realizam obras em seu nome, mas não possuem a verdadeira fé e nem serão salvas (Mt.7.21-23). Há aqueles que estão no meio da igreja, mas não são verdadeiros crentes, não estão unidos a Cristo por verdadeira fé (I Jo.2.19). A semente da palavra é lançada pra todos, mas não cresce e dá fruto em todos os corações.

Na parábola do semeador, o Senhor Jesus nos ensina sobre aqueles que manifestam uma fé superficial e infrutífera diante da pregação do evangelho. Ele fala da semente que caiu sobre o solo rochoso e até cresceu um pouco, mas por falta de umidade, não criou raízes e secou (Lc. 8.6). Aqui Jesus aponta para aqueles que recebem a palavra de Deus com uma fé temporária e superficial (Lc. 8.13). São aqueles que agem no calor do momento e, levados por suas emoções superficiais revelam uma fé sem profundidade. No começo até recebem a palavra com alegria. Mas não avaliam o custo de ser cristão. Crêem apenas por algum tempo. Pois o que fazem diante da provação? Desviam-se do caminho, voltam atrás, abandonam o Senhor e a igreja. Não perseveram em seguir o Senhor, pois não têm a verdadeira fé, uma fé que não se abala diante das provações, mas se mantém firme em Cristo em todos os momentos (Sl. 125.1).

Jesus também falou da semente que foi semeada entre os espinhos e que ao crescer junto com os espinhos foram sufocadas por ele (Lc. 8.7). A figura é de dois tipos de plantas ocupando o mesmo lugar e vai vencer aquela que assentou suas raízes antes e mais profundamente, no caso, os espinhos. A semente que foi lançada até chega a crescer, mas não dar frutos por ser sufocada pelos espinhos. Aqui Jesus aponta para aqueles que recebem a palavra com uma fé infrutífera (Lc. 8.14). São pessoas sufocadas pelos cuidados do mundo, por riquezas e prazeres e por isso não podem florescer e dar frutos. Não têm compromisso com Deus e nem prazer em obedecê-lo. A fé deles é infrutífera. Tentam levar uma vida dupla – religião no domingo e sem religião durante a semana. Tentam servir a dois senhores ao mesmo tempo. Mas isso é impossível, pois os espinhos do mundo sufocam. Quão triste e ilusório é pra uma pessoa receber a palavra de Deus e não produzir frutos, mas viver para si mesmo e seus pecados. Essa pessoa precisa se arrepender e reconhecer que o mundo e seus maus desejos passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo. 2.1).

Mas graças a Deus que grande parte da semente lançada caiu em boa terra, cresceu e produziu muitos frutos (Lc. 8.8). Aqui Jesus aponta para aqueles que receberam sua palavra com verdadeira fé (Lc. 8.15) São aqueles que ouvem, compreendem, crêem e retêm a palavra de Deus em seus corações a ponto de produzirem frutos de gratidão. A verdadeira fé que o Espírito opera em nossos corações nos une a Cristo e a todos os seus benefícios. Um dos benefícios da nossa união com Cristo é a graça de produzir frutos para a glória de Deus (Jo. 15.5,8). Você é um crente frutífero? Pelos frutos da fé e boas obras de gratidão a Deus, sabemos que nossa fé é verdadeira. Por que o Espírito Santo operou a fé em seu coração? Para que Deus te escolheu e te uniu a Cristo por verdadeira fé? O Senhor Jesus nos responde: “Não fostes vós que escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça…” (Jo. 15.16). Louvado seja Deus por nossa salvação e que ele nos ajude a produzir frutos para sua glória!

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.