Leitura: Gênesis 01.26-31; 03.01-24
Texto: Dia do Senhor 03
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo prezados ouvintes!
No domingo passado nós vimos que o homem é incapaz de cumprir a lei de Deus. Porque ele não busca a Deus. Não quer glorificá-lo como seu Criador. O homem foi achado em falta naquilo que a lei de Deus exige de todos os homens. A lei exige o perfeito amor a Deus e a seu próximo. Deus não quer que cumpra somente a metade da lei, mas toda a lei deve ser cumprida. Todavia, o homem quando vai tentar cumprir a lei, descobre que não é capaz de cumprir as exigências estipuladas na lei. Porque o homem é inclinado para odiar a Deus e ao seu próximo. Ele não consegue amar por causa da sua natureza pecaminosa.
Mas, será que não é exagero dizer que o homem é inclinado para todo mal? Também em dizer que o homem é inclinado a odiar a Deus e a seu próximo? Não vemos tanta solidariedade no mundo? Como podemos dizer que o homem é mal? Isso não é estranho? Se o homem não consegue cumprir a lei como Deus exige, mas será que no homem não existe bem algum? E se não existe, de onde veio esse mal? Eu vos proclamo a Palavra de Deus no seguinte tema:
Tema: A Natureza Humana Está Envenenada
- Esse Envenenamento Não Ocorreu na Criação do Homem
- Esse Envenenamento Ocorreu da Desobediência do Homem
- Esse Envenenamento Será Desfeito Pelo Espírito de Deus
- Esse Envenenamento Não Ocorreu na Criação do Homem
Amados irmãos e prezados ouvintes, o homem não foi criado perverso. Deus quando fez o universo e tudo o que está nele, o fez bom. Quer dizer: não existia o pecado e nem a morte no mundo. Tudo foi feito conforme a vontade dele. Ele após criar todas as coisas, olha para sua criação e declara: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Isto inclui não apenas os animais e o plantas. Mas também inclui o homem. O homem foi criado num estado de inocência que não sabia o que era o mal, no sentido de experiência; de praticar o pecado. O seu estado era de perfeita bondade. Não existia nada nele que o inclinasse para o mal. A sua vontade era unicamente direcionada para Deus. Não existia uma tendência para o pecado. Existia sim, uma tendência para fazer a vontade de Deus. O homem criado no início não é como nós hoje. Não existia mal naquele homem antes da queda. Não existia negação da vontade de Deus em sua vida. Porque o homem natural conforme a criação é de um estado de perfeita obediência.
O catecismo refletindo o ensino das Escrituras declara que o homem foi criado bom e a imagem de Deus. Esse é o ensino que encontramos em Gênesis 1.26-27: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.
Homem e mulher criados segundo a imagem e semelhança de Deus. O homem foi feito para refletir a perfeição de Deus em seus atributos. Porque o homem foi criado em verdadeira justiça e santidade. Isso quer dizer que ele foi feito para governar a terra em nome de Deus. O homem é o vice-regente de toda a criação. Em todo o seu trabalho de governar, guardar e cultivar, deveria refletir o governo reto de Deus, Seu Criador. Ele tinha que mostrar o governo justo para com tudo o que ele estava governando. Do modo como Deus é um Rei que governa com justiça e retidão, assim deveria ser o homem governando em nome de Deus. Ele foi posto no jardim para governá-lo conforme o governo de Deus, que é um governo justo.
Também criado segundo a imagem de Deus significa também, criado em perfeita santidade. Não havia pecado nem mal. Não havia malicia no homem criado segundo a imagem de Deus. Nesse estado ele era perfeito para fazer a vontade de Deus. Ele era capaz de cumprir sem nenhuma dificuldade aquilo que Deus exige de nós: sede santos, porque eu sou santo. Para o homem antes da queda já era uma realidade em sua natureza. Nós não somos assim. Nossa natureza está corrompida. Diferente do homem criado conforme o propósito de Deus.
Porque o conhecimento que o homem tinha antes da queda era suficientemente perfeito para conhecer seu Criador perfeitamente. Tudo o que o homem recebeu era capaz de conhecer a Deus. Tudo na revelação, tanto natural – como a natureza e a manutenção do mundo – como também sua revelação especial – sua palavra revelada pessoalmente a ele. E através deste estado, ele podia amar ao Senhor perfeitamente. Ele podia cumprir perfeitamente as exigências da lei de Deus. O que a lei exige é perfeito amor. O homem no estado em que foi criado era capaz de satisfazer em tudo a exigência de Deus.
Ele foi criado para a vida e não para a morte. Ele foi criado para viver em eterna felicidade com seu Criador. Esse foi o propósito da criação do homem. Ele deveria louvá-lo para todo sempre. Porque se o homem permanecesse no estado em que foi criado, ele viveria eternamente com Seu Criador. Louvando-o e glorificando-o. É por isso que Paulo diz em Efésios 4.24: “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Deus quer restituir o homem em seu estado original. Transformá-lo segundo a sua vontade. Para ser conforme seu coração. É por isso que Deus quer restituir o homem a seu estado original antes da queda. Para andar em seus caminhos para todo sempre.
Mas, o homem caiu em pecado. Será que o homem foi afetado tanto assim por causa do pecado? Será que não existe nenhuma bondade no homem? O que diz a Bíblia? Isso nos leva ao segundo ponto.
- Esse Envenenamento Ocorreu da Desobediência do Homem
Irmãos, o catecismo começa o domingo 3 com a seguinte pergunta: “Mas Deus criou o homem tão mau e perverso?”. O catecismo já chega com a idéia de que o homem é pecador. Isso acontece porque no domingo 2 foi declarado que o homem não pode cumprir a lei de Deus perfeitamente. Mas a resposta do domingo 3 é clara: “Não, Deus criou o homem bom e à sua imagem…”. De onde vem, então, essa natureza corrompida do homem? Essa é segunda pergunta do domingo 3. Ele está interessado em saber de onde veio essa corrupção, já que não veio de Deus. Ele quer deixar bem claro que Deus não é culpado da corrupção do homem. O catecismo diz que essa corrupção veio “da queda e desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso”. Ele encontra a resposta de onde veio esse mal. Veio do pecado do homem contra Deus no jardim do Éden.
Nós encontramos o relato da queda em Gênesis 3. Lá é contado com detalhe a queda do primeiro casal, Adão e Eva. Eles eram os representantes de toda humanidade. A humanidade estava representada neles. E quando eles caíram, toda humanidade caiu junto com eles. Eles eram nossos pais. Nós herdamos a sua natureza pecaminosa. Por causa deles, nós também estamos sujeitos a morte. Estamos sujeitos ao inferno por causa do pecado. Nós somos pecadores, mas será que o pecado afetou tanto assim a nossa capacidade de fazer o bem? O catecismo no domingo 3, diz que somos sim! Somos tão corrupto que não conseguimos fazer nada de bom. Só fazemos o mal. Porque todo o nosso ser estar com maus desejos. Esse mal em nós não é algo simples. Mas, é algo que vai até o mais profundo do intimo do homem. Antes de Deus destruir a humanidade com o dilúvio ele disse em Gênesis 6.5: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”. Não existia ninguém que fizesse o bem. Todo o coração estava mergulhado em pecado. Todo o ser do homem estava posto nas trevas.
O homem é como uma árvore ruim que só coloca frutos podres ou como uma fonte de água poluída, que não se pode tirar nada de bom. Como diz Jó 14.4: “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!”. E Jó 15.14: “Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce de mulher para ser justo?” e o verso 16: “Quanto menos o homem, que é abominável e corrupto, que bebe a iniqüidade como a água”, também o verso 35: os homens “concebem a malicia e dão à luz a iniqüidade, pois o seu coração só prepara enganos”.
Esse é o estado do homem no pecado. Não se pode tirar nada de bom do homem. Ele só trama engano, malicia e muita maldade. O seu coração está totalmente corrompido. O homem é como uma fonte de água de um rio que foi envenenada. Como a fonte foi envenenada, todo o rio sofre envenenamento. Com isso, os peixes e outros animais que precisam daquela água morrem por envenenamento. O veneno mata tanto homens como animais e plantas. Porque o veneno é mortal. Assim é como descreve o catecismo a natureza humana. Ela tornou-se envenenada por causa do pecado.
Por causa do pecado nós somos corruptos. O pecado nos atingem até mesmo no ventre da mãe. Assim que o feto é formado no ventre da mãe, aquele feto não cometeu pecado algum, mas já trás o pecado em seus membros. Como diz o Salmo 51.5: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. As crianças são pecadoras já no ventre materno. Ela não nasce sem pecado, em um estado de inocência. Ela não é como as pessoas dizem: “essa criança é um anjinho”. Pelo contrário, também as crianças precisam do Senhor Jesus para serem salvas. Não existe nada de bom no homem após a queda. “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!” (Jó 14.4). Não se pode tirar alimento bom de um produto podre. Assim é o homem. Quem poderá tirar algo de bom do homem? Ninguém! Porque não existe nada de bom no homem. O pecado afetou o homem de tal maneira que ele perdeu tudo aquilo de bom que Deus tinha posto no homem. O homem não deixou de ser homem por causa do pecado, mas perdeu os atributos de santidade, retidão, justiça. Ele se tornou o oposto do homem criado a imagem e semelhança de Deus. Ele se tornou um ser maligno em vez de permanecer benigno.
Esse é o estado de total depravação do homem. Nós somos tão corrompidos que não conseguimos fazer bem algum e além do mais, somos inclinados para todo mal. Porque todo o designo do homem é mal. O homem precisa nascer de novo para assim fazer o que agrada a Deus. Isso nos leva ao terceiro ponto.
- Esse Envenenamento Será Desfeito Pelo Espírito de Deus
Irmãos, o homem é totalmente corrupto e não consegue fazer bem algum. Porque todo homem é inclinado para todo mal. Essa é a triste realidade de todos os homens. Não conseguem amar, mas apenas odiar. Não buscam a Deus, mas se afastam de Deus. Então, no homem não existe nada de bom que faça-o buscar fazer o bem. O único modo do homem buscar a Deus e voltar a amar é através de um novo nascimento. É exatamente isto que diz o nosso catecismo. “Se não nascermos de novo pelo Espírito de Deus”.
Essa é a única maneira do homem ser transformado. A única maneira de buscar a Deus. Porque o próprio Jesus disse em João 3.3 a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Essa é a condição imposta por Deus ao homem para servi-lo. Precisa ser quebrantado e deixar o pecado de vez. Mas, essa ação não ocorre por uma ação do próprio homem. Acontece com uma ação divina vinda dos céus. Através da pregação da Palavra o Espírito Santo de Deus, penetra até as parte mais escura do homem e o transforma em uma novo criatura. Assim o homem regenerado vem servir a Deus só pela ação do Espírito Santo. Porque Ele age no homem quebrando seu coração duro. Aonde não tinha amor e era morto. Deus coloca amor e dá vida. Como disse o apóstolo Paulo 1 Coríntios 12.3: “Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”. O apóstolo está dizendo que alguém que é crente, nova criatura, não chama Jesus de maldito. Porque aquele que despreza a Jesus é um ímpio. Porque só aquele que é convertido no Senhor pode chamá-lo de salvador. Isso ele fala porque é pelo Espírito Santo. Não é uma obra do homem, mas do Espírito Santo. É ele quem coloca palavras em nossas bocas para glorificar a Deus.
Estamos aqui hoje porque foi o Espírito de Deus que nos transformou em novas criaturas. Se não fosse o Espírito de Deus, estaríamos vivendo no pecado. Vivendo odiando a Deus e a nosso próximo. Mas graças ao Espírito Santo não vivemos segundo o curso deste mundo. Mas vivemos para Deus. O pecado não nos domina mais. Assim, o Espírito Santo nos inclinou para amar a Deus. Como diz Paulo em Efésios 4.24: “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. É isso que Deus requer de cada um de nós. Nos revestir do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. Devemos viver como Deus criou o homem original. Vivendo em justiça e retidão. Foi assim que Adão e Eva foram criados. E, é assim que Deus quer que vivamos de agora em diante.
Amém.
Alexandrino Moura
É formado pelo Centro de Estudos Teológicos das Igrejas Reformadas do Brasil. Serve à Igreja Reformada do Grande Recife (PE) como Ministro da Palavra e dos Sacramentos.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.