Leitura: João 03.01-07
Texto: Dia do Senhor 03
Amados irmãos no Senhor,
No domingo passado, nós aprendemos que o coração do ser humano é cheio de maldade. Pois é do coração que vem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura e etc. Isto significa que o mal faz parte da natureza do homem, faz parte da sua estrutura interior, e não há nada que ele possa fazer para mudar isso.
O ser humano não pode abrir cirurgicamente o seu peito e consertar o seu coração. Nenhum medicamento fitoterápico, nenhum tratamento psicológico, nenhuma quimioterapia, nenhuma radioterapia, nenhum ritual místico, nenhum retiro espiritual e nenhum auto-sacrifício podem arrancar o mal que há no coração do homem. A única solução que existe é aquilo que Jesus disse para aquele homem chamado Nicodemos. E é com base nas palavras de Jesus Cristo ditas a Nicodemos que eu vos proclamo o evangelho por meio do seguinte tema:
JESUS CRISTO MOSTRA A NECESSIDADE DO NOVO NASCIMENTO
No capítulo 3 do evangelho de João, nós encontramos o Senhor Jesus Cristo recebendo a visita de um importante mestre de Israel. Seu nome era Nicodemos. Ele era um professor que ensinava as Sagradas Escrituras aos membros do seu povo. Porém, apesar disso, ele não tinha a resposta certa para uma pergunta muito importante: “Como é que um ser humano pecador pode entrar no reino de Deus?”. Está pergunta era fundamental na busca do homem por sua salvação. Nicodemos tinha aprendido muitas coisas com os seus antigos professores sobre este assunto, mas, na verdade, o ensino deles não satisfazia o seu coração.
Aquela história de que homem pode dar o melhor de si, de que o homem deve se esforçar para cumprir a lei de Deus, e que no final vai dar tudo certo, não tranquilizava a consciência de Nicodemos. Ele sabia que todo o esforço que ele vinha fazendo não adiantava de nada. Seus pensamentos continuavam maus. Seus desejos continuavam sendo vergonhosos. Suas atitudes ruins ainda permaneciam as mesmas. Não existiam paz e segurança em seu coração. Nada mudava dentro dele, apesar de tanto esforço religioso da sua parte. Com toda certeza, a religião de Nicodemos não tinha a resposta certa para a perfeita reconciliação com Deus e para a salvação da sua alma.
Nós podemos entender isso pelas palavras de Jesus Cristo. Jesus sabia o que Nicodemos realmente queria ao procurá-lo naquela noite. É por este motivo que, após o elogio de Nicodemos, Jesus vai direto ao assunto. É como se Jesus Cristo quisesse dizer o seguinte: “Nicodemos, eu já sei o que você quer saber. Você quer saber como é que um ser humano pecador pode entrar no reino de Deus. E a resposta é esta: Se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus!”.
A resposta de Jesus para Nicodemos traz uma solução bastante radical: Nascer de novo. A expressão “nascer de novo” também pode ser traduzida como “nascer do alto”. Nascer do alto é nascer de Deus, é ser gerado novamente pelo Senhor. E quando isso acontece, o pecador ganha uma nova natureza. Ele recebe das mãos de Deus uma profunda mudança no seu coração, na sua vontade e no seu caráter. Ele passa da morte para a vida. E com isso surgem dentro dele novos hábitos, novos interesses, novos desejos, novos apetites, novos discernimentos e novos pensamentos.
Portanto, o único modo de um ser humano pecador entrar no reino de Deus é por meio de um milagre. E tem que ser assim mesmo, pois somente um milagre pode transformar o coração dos homens. Se o problema está na natureza do homem, e se homem não poder fazer nada para mudar a sua inclinação para o mal, então apenas o Criador é quem pode consertar a sua estrutura interior.
Para um problema radical só existe uma solução radical. Sem esta solução radical, os seres humanos continuarão corruptos e incapazes de fazerem o bem. O homem precisa nascer novamente. Ele precisa ser regenerado espiritualmente pelo Espírito de Deus. Sem isso não tem jeito de ele VER ou de ele ENTRAR no reino de Deus (João 3.3,5). Ou seja, sem novo nascimento não existe salvação.
Jesus Cristo falou da necessidade de regeneração porque ele conhece bem a estrutura do ser humano. Ele é Deus. Foi ele quem, juntamente com o Pai e com o Espírito Santo, criou o ser humano. O Senhor Jesus também disse “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Isto é, façamos o homem bom, justo e santo.
O homem foi criado sem pecado. Ele podia conhecer corretamente a Deus. Ele podia amar a Deus de todo coração. Ele podia viver com Deus em eterna felicidade para louvá-lo e glorificá-lo. No dia em que foi criado, o ser humano era semelhante ao Senhor Jesus Cristo no sentido de que ele não tinha nenhum pecado. Adão e Eva foram criados perfeitos. Antes da queda, os seus olhos estavam fechados para o mal. Eles não enxergavam nenhuma possibilidade maligna.
As opções de pensamentos, sentimentos e ações eram somente boas. Todas as escolhas que eles faziam eram corretas e justas. Em outras palavras, Adão e Eva eram cegos para o mal. O relato do livro de Gênesis mostra essa espécie de “cegueira” que havia no primeiro casal. Vejamos o texto de Gênesis 3.6-7:
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.
Esse texto mostra claramente que Adão e Eva não enxergavam certas coisas. Antes da queda, eles olhavam um para o outro e não conseguiam perceber que estavam nus. Observem que o texto diz que os olhos deles foram abertos. Com a queda, outras coisas passaram a ser vistas e conhecidas pelo homem. As possibilidades de pecado agora estavam presentes na sua mente, no seu coração e nos seus atos. Na cabeça de Adão e Eva surgiram novas ideias, novos desejos, novos impulsos e novas ações. Porém, esta infinidade de coisas era manchada pelo pecado.
E foi assim que a fonte transbordante da maldade brotou no coração do homem. O homem que antes conseguia enxergar apenas o bem, agora estava vendo e praticando o mal de um modo incontrolável. O primeiro pecado despertou uma verdadeira reação em cadeia dentro do ser humano.
O primeiro pecado casou um “efeito dominó”. Isto é, o primeiro pecado funcionou como aquela primeira pedra de dominó que serve para derrubar uma sequência de outras pedras que estão enfileiradas uma em frente das outras. E de lá para cá essa queda no pecado continua perturbando a raça humana. Por causa da transgressão de Adão e Eva todos os homens são concebidos e nascidos em pecado.
Irmãos, infelizmente, o pecado não é algo tão inocente quanto uma brincadeira de derrubar dominós. O pecado é algo terrível que ofende a Deus e traz desgraças para os seres humanos. Ele é um mal entranhado (enraizado) dentro de nós que só pode ser resolvido por meio de um processo de transformação espiritual chamado de novo nascimento.
Em Cristo, o ser humano tem a bênção do novo nascimento. Porém, o novo nascimento é apenas o começo de um futuro de paz, de alegria e de completa restauração do pecado. Mas enquanto isso não acontece, nós ainda teremos que conviver com os resquícios do pecado.
O novo homem continua morando ao lado do velho homem. No entanto, o pecado já não tem o pleno domínio sobre aquele que é nascido de novo. Ele ainda nos perturba, mas o seu poder já não é mais o mesmo. O velho homem vai perdendo a sua força a cada dia que passa. E um dia, no mundo vindouro, a perfeição será completa. O homem será mais uma vez plenamente bom, justo e santo.
Nicodemos precisava entender isso. Nenhuma prática religiosa poderia salvá-lo do seu próprio coração. Seu zelo religioso era inútil sem o novo nascimento. As tradições religiosas dos antigos mestres de Israel não serviam de nada para fazê-lo enxergar o reino de Deus que estava à sua frente. Sem o tocar milagroso do Espírito Santo em sua vida, Nicodemos não podia entender as coisas espirituais que Jesus estava lhe dizendo. Sem o soprar do Espírito de Deus, Nicodemos não podia ver a pérola de grande valor, nem o tesouro escondido no campo que estava bem ali diante dele.
Contudo, o Santo Espírito de Deus tocou naquele homem. Mais à frente, nós podemos ver Nicodemos agindo corajosamente ao lado de José de Arimatéia no momento em que o corpo de Jesus precisou ser sepultado. Nicodemos não teve mais medo dos seus compatriotas judeus. Ele também não teve medo do poderio romano que estava representado na autoridade de Pilatos.
Nicodemos nasceu de novo. Ele viu o reino de Deus e entrou na posse daquilo que ele tanto almejava. Isto é uma prova de como o novo nascimento é poderoso. O novo nascimento é um instrumento nas mãos de Deus que dá força aos cristãos na sua luta contra o pecado, que dá coragem aos filhos de Deus para enfrentarem a tudo e a todos, a fim de eles serem fiéis ao seu Bom Mestre.
E assim como aconteceu com Nicodemos, assim também aconteceu com vocês, meus queridos irmãos. Vocês foram tocados pelo Santo Espírito de Deus. Saibam que uma nova natureza se instalou dentro de vocês. E nada poderá mudar isso. O novo nascimento é um milagre irreversível. Vocês agora são novas criaturas. Vocês agora são servos do Deus Altíssimo, e foram capacitados para vencer a guerra contra o pecado.
Isto significa que, mesmo que vocês fracassem algumas vezes diante das tentações, ainda assim vocês continuarão firmes na presença do Senhor. Não existe “marcha ré” no processo iniciado por Deus. Vocês receberam o dom da vida eterna e isso não pode ser mudado.
Portanto, irmãos, sejamos gratos em nossas orações a Deus pelo dom da nova vida. Lembrem-se de que Cristo nos deu este grande milagre para crermos nele e para demonstramos a nossa gratidão a Deus pela nova vida. O pecado é terrivelmente poderoso para destruir um ser humano. Mas, muito mais poderosa é a nova vida que foi despertada dentro de nós pelo soprar do Santo Espírito de Deus.
Que o SENHOR vos abençoe.
Amém.
Laylton Coelho
É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE).
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.