Dia do Senhor 02

Leitura: Romanos 03.09-20
Texto: Dia do Senhor 02

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo!

O texto que nós lemos de Romanos, pinta um quadro tenebroso da raça humana. A única coisa que vemos no texto é morte. Separação entre Deus e o homem. O apóstolo Paulo faz um retrato da humanidade debaixo da maldição do pecado. Fugindo de Deus. Não buscando-o como seu Criador e Salvador. Porque não há justo, nem um sequer (Rm 3.10). Não existe em toda terra um homem que seja justo diante de Deus. Porque todos pecaram! E não há quem faça o bem para Deus e seu próximo. Só querem matar e odiar. Destruir e blasfemar. Não fazem o menor esforço para fazer o bem. “A boca do homem em pecado é cheia de maldição e de amargura; os seus pés são velozes para derramar sangue; nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconhecem o caminho da paz” (Rm 3.14-17).

Esse é o estado do homem segundo as Escrituras Sagradas. Mas, de onde homem conhece sua miséria?

Quem gosta de ser chamado de pecador? Quem gosta de ser chamado de culpado? De ser chamado de miserável? Eu creio que ninguém gosta disso. Porque isso fere o orgulho do homem pecaminoso. Essa declaração rebaixa o homem. E o homem pecador “nunca erra”. Os outros erram, mas ele não. A natureza humana é de negação. Ela não admite que errou. Sempre coloca a culpa em quem está mais próximo.

Quando o pecado entrou no mundo, a primeira coisa que o homem fez foi se esconder para não assumir a culpa de seu erro. Se esconderam do Deus vivo. Pensavam que conseguiriam fugir da culpa. Mas, quando Deus pergunta o que estava acontecendo, qual a atitude de Adão? Ele coloca a culpa em Deus! Ele não assume seu erro diante de Deus pelo seu pecado. Mas coloca a culpa em Deus. Ele disse: “a mulher que tu me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Em outras palavras ele estava dizendo: “A culpa é sua Deus. Se você não tivesse me dado aquela mulher por esposa, eu não teria pecado. Eu cai por sua culpa”. Era isso o que Adão estava dizendo a Deus com todas as palavras. E sua esposa, Eva, não foi diferente. Quando Deus perguntou porque ela deu do fruto proibido a seu marido, qual foi a resposta? Ela disse: “a serpente me enganou, e eu comi” (Gn 3.13). Ela não assume sua culpa. Mas coloca a culpa na serpente. Em momento algum após a queda nós vemos o casal admitindo sua culpa. Porque admitir sua culpa estar fora da natureza pecaminosa do homem caído no pecado. Mesmo que o mundo todo declare que o homem é pecador, ele não admitirá sua culpa. Ele não reconhece seu estado de miséria na face da terra e diante de Deus.

De onde o homem conhece sua miséria? Esta é a primeira pergunta do domingo 2, tratando sobre a miséria. E qual é a resposta? A resposta é simples e pequena: “pela lei de Deus”. Esta é a declaração sublime que o catecismo faz, refletindo o ensino sobre a depravação total do homem. Este ensino, ensina que o homem está totalmente inclinado para o mal. O homem já nasce destinado a morrer por causa do pecado. É um estado de total miséria do homem. Porque o homem natural é carnal. Ele não busca a Deus. Desviaram-se do caminho da verdade. É por isso que o catecismo no domingo 2 pergunta de onde o homem conhece sua miséria. Ele conhece sua miséria da lei de Deus. A lei é perfeita e santa. Ela reflete a santidade de nosso bom Deus. Ela é justa para com todos os homens. Ela não faz diferença entre cor ou nacionalidade; riqueza ou pobreza. Ela olha para suas ações diante de Deus e dos homens. A lei de Deus quer levar o seu povo ao cumprimento da vontade dEle. Porque o propósito da lei é para a vida do povo e não para a morte.

Quando tentamos cumprir a vontade de Deus, estipulada em sua lei, nós fracassamos. Nós percebemos que não conseguimos cumprir o que Deus exige de nós. Chegamos com nosso orgulho perante Deus e, a sua lei declara-nos culpados. Culpados porque somos injustos e estamos cheio do pecado em nossa natureza e por isso, não conseguimos fazer a vontade de Deus. Descobrimos pela lei de Deus que estamos mergulhados em nossa miséria. Declara-nos com todo o seu vigor que todos os homens são pecadores. Como diz Romanos 3. 19 e 20: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”.

Essa foi a conclusão do apóstolo Paulo depois das declarações de Romanos 3.9-18. Lá ele expôs todos os homens como sendo pecadores. Ele pintou um quadro negro da raça humana. Nesse quadro toda humanidade está em trevas. Toda humanidade está morta em total miséria. Ele não faz distinção entre judeus e gentios. Porque, por natureza, todo crente e descrente estão em estado de culpa.

Porque o que a Palavra de Deus declara em Romanos 3.19 é o seguinte: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus”. A figura é dramática, que inspira medo, inesquecível. Todos estão de pé diante de Deus, o Juiz. Os registros são lidos e, à medida que são lidos, a cada um dos acusados é dada a oportunidade de responder às acusações feitas contra eles. Entretanto, à medida que sua culpa vai sendo exposta, não têm o que responder. Suas bocas são silenciadas, fechadas.

Paulo conclui seu argumento com Romanos 3.20 dizendo: “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. O argumento de Paulo é irrefutável. Pelas obras da lei, ninguém pode jamais ser justificado à vista de Deus. Por que não? Considerem, por um instante o que a lei exige do homem. Já descobriram o que a lei exige de nós?

A lei exige de nós, nada menos que isto: que uma pessoa AME A DEUS “de todo”, “de todo” seu coração, alma, mente e força, e que ela AME a seu próximo COMO A SI PRÓPRIA (Mt 22.37-40). O apóstolo tem demonstrado que é exatamente esse amor que estava ausente no coração de todos os homens. Ele deixou bem claro que todas as pessoas estão condenadas diante de Deus (Rm 3.9).

A humanidade está condenada por seu pecado de rebeldia contra Deus. A humanidade desprezou o conhecimento de Deus. Os homens desprezaram o testemunho de Deus na natureza. Desprezaram com prazer a Deus. Não adoraram a Deus como deveria. Não deram a honra devida a Deus. Começaram a adorar as criaturas em vez do Criador. Também pecaram por omitir fazer o bem, como diz Mateus 25.42-43: “Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me”. A humanidade está condenada diante de Deus não só por causa do que dizem e fazem (Rm 3.13-17), mas ainda por causa do que elas são (Rm 3.9-10), ou seja, por causa de seu estado pecaminoso.

Portanto, só é possível uma única conclusão. O homem está condenado, condenado, condenado. Sua condição é aquela de total desesperança e desespero. E a lei, com sua exigência de nada menos que perfeição moral, “santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”, estado esse a que o homem, por seu próprio poder, jamais alcançará, cria nele um terrível e mortificante senso de pecado; daí, um pressentimento de ruína, total e eterna.

É por esse motivo que o catecismo nos diz que é pela lei que conhecemos o nosso estado de miséria. Nós não conseguimos cumprir a exigência da lei. Ela exige amor e nós fomos encontrados em falta. Porque por natureza somos inclinados a odiar a Deus e a nosso próximo. Carecemos que Deus intervenha para fazer com que amemos a Ele e a nosso próximo. Porque esse é o cumprimento da lei: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. E amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Amém.

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Alexandrino Moura

É formado pelo Centro de Estudos Teológicos das Igrejas Reformadas do Brasil. Serve à Igreja Reformada do Grande Recife (PE) como Ministro da Palavra e dos Sacramentos.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.