Apocalipse 02.01-07

Leitura: Apocalipse 01.09-20
Texto: Apocalipse 02.01-07

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo

O Senhor Jesus sempre mostrou o seu amor por sua igreja. Por seu grande amor, ele veio a este mundo e derramou o seu sangue na cruz para salvar a sua igreja. Hoje ele está glorificado no céu à direita do Pai. E de lá ele continua a manifestar o seu amor por sua igreja. Por sua Palavra e Espírito ele governa a sua igreja peregrina e a protege de todo mal. Cristo não morreu por suas ovelhas para depois deixá-las sozinhas. Ele cuida das suas ovelhas. Da glória no céu, ele pastoreia seu grande rebanho na terra por meio de Sua Palavra e Espírito. Ele dá pastores e presbíteros para guiar o seu rebanho; ele dá a palavra para animar, repreender e consolar todas as suas igrejas na terra.

Aqui no início do livro de Apocalipse, vemos o Cristo glorificado manifestando um cuidado especial por suas igrejas. Ele manda o apóstolo João escrever um livro e enviá-lo às sete igrejas da Ásia Menor (Ap.1.11). Neste livro ele manda escrever sete cartas específicas para cada uma destas igrejas. Nestas cartas, Cristo dá instruções às igrejas de acordo com a necessidade de cada uma delas. Ele conhece a situação de cada igreja e dá elogios, repreensões e promessas a cada uma delas. Essas cartas, embora específicas, descrevem condições que ocorrem com freqüência nas igrejas em todos os lugares e épocas. À exemplo dos membros daquelas igrejas, somos pecadores sujeitos aos mesmos pecados e problemas que eles tiveram e, ao mesmo tempo, somos também herdeiros das mesmas promessas que eles receberam. Cristo também quer nos governar e pastorear com as palavras que ele mandou escrever às sete igrejas da Ásia.

Neste sermão vamos atentar para as palavras que Cristo mandou João escrever à igreja de Éfeso. “Ao anjo da igreja em Éfeso escreve:”. Esta igreja de Éfeso é a mesma igreja que foi fundada pelo apóstolo Paulo e que recebeu dele uma carta. Quarenta anos depois esta igreja recebe mais uma carta de Cristo por meio do apóstolo João. O anjo da igreja refere-se ao pastor da igreja de Éfeso que vai receber a carta do apóstolo João e tem a tarefa de transmitir sua mensagem para a igreja. Esta carta de Cristo já está escrita na Bíblia e a tarefa dos pastores fiéis de hoje é proclamar a sua mensagem para a igreja de Cristo que eles servem. Nesta carta de Cristo à igreja de Éfeso nós encontramos, além da auto – apresentação de Cristo, alguns elogios que ele faz à igreja, uma repreensão e advertência firme, e uma promessa maravilhosa. Atentemos para cada uma destas partes da carta.

Cristo se apresenta à igreja de Éfeso (v.1)

Na sua auto – apresentação, Cristo assegura à igreja que, em sua glória, ele conserva as sete estrelas e anda no meio dos sete candeeiros. De acordo com Apocalipse 1.20, as “sete estrelas” aqui são os sete ministros de cada igreja que tem a tarefa de proclamar o evangelho de Cristo e os “sete candeeiros” são as sete igrejas com a função de transmitir a luz de Cristo ao mundo. Tanto os pastores quanto as igrejas de Cristo são chamados a refletir a luz de Cristo com sua pregação e estilo de vida.

O que Jesus quer dizer quando afirma que é “Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas (ministros)”? Aqui nós temos palavras de consolo para os pastores fiéis de Cristo (Ap.1.17). Cristo está afirmando que governa e protege os seus ministros fiéis. Ele os guarda das heresias e dos falsos mestres. Os ministros que servem fielmente ao Senhor, mesmo no meio de perseguição e sofrimento, podem contar com sua proteção e amparo. Da sua glória, ele governa seus ministros fiéis aqui na terra. Estes são alvos do amor de Cristo. Por outro lado, ministros infiéis que usam o evangelho não para glorificar Cristo, mas em interesse próprio e para enganar as pessoas, estes hão de ser desmascarados e castigados pelo próprio Senhor (Mt. 7.22,23).

Cristo também afirma na sua apresentação que ele “anda no meio dos sete candeeiros”. O que isso quer dizer? Quer dizer que Cristo não abandona as suas igrejas, mas cuida delas e as preserva contra as investidas de Satanás e seus agentes. Além disso, Cristo sabe o que acontece em cada uma de suas igrejas locais. Ele anda em nosso meio; ele conhece as nossas obras. Seus olhos são como chama de fogo e penetra até nos nossos corações (Ap.1.14). Ele está presente para cuidar de suas igrejas. Saber disso consola o nosso coração. Além disso, saber que Cristo conhece as nossas obras, deve nos fazer lembrar que ele se alegra com a nossa obediência e, ao mesmo tempo, se entristece e se ira com a nossa desobediência à sua palavra. Cristo anda no meio da igreja de Éfeso. Ele vê tudo que acontece lá. Coisas boas e coisas ruins. Ele faz um elogio por ver coisas boas na igreja de Éfeso.

Cristo elogia a igreja de Éfeso (vss. 2, 3 e 6)

Cristo elogia a igreja de Éfeso por sua perseverança e firmeza na fé. Aquela igreja estava firme na doutrina de Cristo que receberam dos apóstolos. Mesmo no meio de tantas heresias e falsos ensinos que surgiram naquela época, os membros daquela igreja não abandonaram a doutrina de Cristo, mas perseveraram nela. Eles não suportavam homens maus, quer dizer, eles rejeitavam os falsos apóstolos e não toleravam suas heresias. A igreja de Éfeso tinha um bom conhecimento da doutrina cristã e permaneceu firme nela, não se deixando levar por qualquer vento de doutrina. Cristo elogia a sua igreja por sua lealdade à doutrina. Ele se alegra em ver que seus discípulos aqui na terra andam na verdade. Por isso, devemos perseverar na doutrina dos apóstolos que temos aprendido aqui na igreja e dizer não a todo tipo de ensino que é contrário à palavra de Deus. Algumas pessoas dizem que a doutrina não é importante na igreja, pois ela divide as pessoas. O que importa são as experiências e emoções no Espírito. Mas Cristo não tem esse pensamento. Ele valoriza a doutrina. Ele se alegra em ver a sua igreja perseverando na fé bíblica. Por isso, devemos valorizar a doutrina e nos manter firmados na verdade da palavra de Deus sem vacilar.

Um outro elogio que Cristo faz à igreja de Éfeso é o ódio daquela igreja pela obra dos nicolaítas (6). Não sabemos sobre a origem desse nome “nicolaítas”. O que podemos dizer é que estes nicolaítas eram indivíduos que viviam na igreja, mas também amavam o mundo. Eram pessoas que não recusavam abster-se dos banquetes imorais e idólatras e ainda tentavam justificar suas práticas pecaminosas. A igreja de Éfeso manteve-se firme na doutrina e distante das coisas do mundo. Cristo elogia essa atitude de sua igreja. O amor ao mundo é contra a sua vontade. Jesus odeia qualquer comprometimento com o mundo. A Bíblia é clara neste ponto: “Não vos conformeis com este século” (Rm. 12.2). “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo” (I Jo. 2.15). Quando a igreja se parece com o mundo e passa a assumir sua postura, ela deixa de refletir a luz de Cristo e o entristece com isso. Por outro lado, quando a igreja, mediante a conduta dos seus membros, reprova a postura do mundo, o Senhor se alegra. Ele se alegra quando odiamos o mundo e ficamos distante das coisas pecaminosas que nele há para seguir e experimentar a sua boa vontade (Rm. 12.2).

Cristo repreende a igreja de Éfeso (v.4):

Cristo sabe o que acontece nas suas igrejas. Ele enxerga as coisas boas, mas também as coisas ruins; ele enxerga nossa obediência, mas também o nosso pecado. Quando pecamos, ele nos repreende, pois ele nos ama. Cristo repreendeu a igreja de Éfeso por causa da sua decadência no amor: “Tenho, porém, contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor” (v.4). O que estava acontecendo de errado com os nossos irmãos da igreja de Éfeso? Eles não eram irmãos firmes na doutrina? Eles não odiavam as coisas do mundo? Qual o problema com eles que leva Cristo a repreendê-los? Eles abandonaram o primeiro amor. Aquele entusiasmo intenso de servir ao Senhor no início se perdeu. Aquela dedicação alegre de servir a Cristo que tinham no começo deixou de existir com o passar do tempo. É verdade que eles não abandonaram a igreja, continuaram leais à doutrina e não se misturavam com o mundo. Porém, o fervor de servir a Cristo esfriou; a alegria de ser um membro vivo da igreja de Cristo já não havia mais.

Irmãos! Isso também não pode acontecer conosco? Pode ser que somos membros da igreja, que conhecemos e defendemos a doutrina bíblica reformada; pode ser que não participamos das festas do mundo, porém, ao mesmo tempo, somos cristãos desanimados; não temos mais a mesma alegria que tínhamos no início de usar os nossos dons para a edificação da igreja; não lutamos pela causa de Cristo como deveríamos lutar; não amamos a igreja de Cristo como deveríamos amar. Houve dias em que servíamos a Cristo com alegria e devoção, mas parece que o nosso amor esfriou. Parece que falta-nos prazer de ler a Bíblia e orar em nossos lares; os estudos bíblicos não têm mais tanta importância; ir aos cultos parece um peso, uma obrigação e não uma expressão de amor e gratidão por aquele que tanto nos ama. Não é assim? Não é verdade que às vezes o nosso amor pelo Senhor está frio? Que não sentimos alegria nas coisas da igreja, apesar de continuarmos sendo membros dela?

O que fazer para retornar ao primeiro amor? Como podemos voltar a servir a Cristo com a mesma alegria e fervor do passado? (ler verso 5). O caminho para voltar ao primeiro amor é o caminho do arrependimento. Precisamos refletir sobre o que nos fez cair em nossa caminhada e mudar nosso pensamento e atitude para que de novo possamos realizar as primeiras obras. Arrependimento significa mudança radical na mente e no comportamento. Arrepender-se não é apenas sentir remorso; mas é sentir uma profunda tristeza por ter ofendido a Deus (II Co. 7.10). Arrepender-se não é simplesmente dizer: Estou arrependido! Mas é evidenciar os frutos do arrependimento na vida. Nossa vida deve ser uma conversão constante.

Cada dia nós precisamos refletir sobre nossas fraquezas e pecados, abandoná-los e voltar-se para Deus, obedecendo alegremente aos seus mandamentos. Cristo nos chama ao arrependimento porque ele nos ama. Seu amor por nós continua o mesmo. Ele quer que o amemos também; ele quer viver em comunhão conosco; ele quer que sejamos gratos a ele por seu grande amor para conosco. Reflita no amor que Cristo tem por você e não deixe o seu amor esfriar por ele. Ele te amou quando deixou a sua glória para vir a este mundo sofrer e morrer por você. Hoje em glória, ele continua te amando, cuidando da sua vida e te chamando á comunhão com ele. Ame o Seu Salvador. Volte ao primeiro amor. Seja um membro vivo e alegre na igreja dele.

Aqueles que não dão ouvidos as palavras de Cristo; que não se arrependem nem voltam a servir a Cristo com amor e alegria, não terão lugar na comunhão com Cristo. Os que não amam a Cristo nem dedicam suas vidas a ele, não desfrutarão do seu perdão e da vida eterna, mas serão removidos da sua presença. A ameaça que Cristo fez à igreja de Éfeso foi cumprida. Tal igreja não existe mais. Em seu lugar há somente ruínas. Isso é um sinal de que também haverá ruína e destruição na vida daqueles que não amaram sinceramente a Cristo enquanto viveram nesta terra.

Cristo dá uma promessa à igreja de Éfeso (v.7):

A fim de conduzir a igreja de Éfeso ao primeiro amor, Cristo lhe dá uma promessa maravilhosa: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus” (v.7). Essa promessa não é para todos, mas para aquele que é vencedor. Mas quem é o vencedor? É todo aquele que luta com esforço e livre consciência contra o pecado e o diabo e que persevera até o fim não só na doutrina, mas também no seu amor por Cristo. O vencedor é aquele que se arrepende e volta-se para Cristo. Os membros fiéis que lutam contra suas fraquezas, que se esforçam para amar a Cristo são mais que vencedores em Cristo Jesus. O Senhor lhes faz uma promessa maravilhosa: Aos vencedores será dado comer da árvore da vida no paraíso, isto é, eles herdarão a vida eterna no paraíso celestial (Ap.22.2,14).

Essa promessa não é para todos, mas para aqueles que ouvem e obedecem às palavras de Cristo (quem tem ouvidos para ouvir, ouça). Portanto, irmãos, vamos ouvir e praticar as palavras que Cristo está dizendo às igrejas, inclusive a nós aqui da igreja de Cabo Frio. Ele nos ama e quer que também o amemos de todo o nosso coração. Vamos viver para a glória de Cristo. Vamos manifestar a sua luz ao mundo mediante a nossa conduta. Sejamos firmes e perseverantes na fé bíblica, odiemos o mundo e as coisas que nele há. E, além disso, abandonemos nossa frieza e desânimo e voltemos à prática do primeiro amor. Assim, Cristo se alegrará de nós e nele seremos mais do que vencedores e herdeiros da vida eterna.

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.