Leitura: Apocalipse 01
Texto: Apocalipse 01.12-16
Introdução
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,
Recentemente foi realizado mais um concílio das Igrejas Reformadas do Brasil. A nossa confederação é formada por poucas igrejas. E, ao longo dos anos, ela tem enfrentado muitas dificuldades. De um modo geral, por exemplo, vemos que há poucos recursos financeiros; está faltando trabalhadores para o campo missionário; a distância entre as igrejas dificulta a nossa comunhão fraternal; o crescimento do verdadeiro evangelho parece que está lento, enquanto as seitas proliferam rapidamente; nós também somos considerados apenas como mais um grupo religioso em nosso país.
Além dessas coisas mais gerais, ainda existem as nossas dificuldades pessoais. Quando olhamos para nós mesmos, percebemos fraquezas e limitações. Muitas vezes não temos demonstrado sabedoria no trato com as coisas desta vida. Falhamos como pais e mães; falhamos como donos de casa; falhamos como marido e mulher; falhamos em nosso trabalho diário; falhamos em nossos deveres como pastores, presbíteros e diáconos.
E acontece que todas essas coisas (gerais e individuais) terminam contribuindo para que haja tristeza e desânimo em nosso meio. Diante dos insucessos de nossos projetos gerais e individuais, diante das nossas frustrações pessoais, a tendência é de ficarmos pessimistas quanto aos resultados futuros.
Porém, meus irmãos, nós não somos os únicos cristãos a passarem por dificuldades nesta vida. Nossos irmãos do passado também enfrentaram dificuldades ao longo do caminho. Basta pensarmos nos primeiros leitores do livro de Apocalipse. O livro de Apocalipse foi escrito numa época de grande tribulação. De um lado, havia a perseguição por parte do imperador Domiciano. Do outro lado, havia o engano dos falsos mestres. E somado a esses dois, havia a sedução por parte do mundo em derredor.
Então, quando as coisas estavam bem difíceis, o Senhor Jesus Cristo apareceu para o apóstolo João e lhe transmitiu palavras de conforto. Ele mandou que João escrevesse aquilo que iria acontecer tanto com a igreja quanto com o mundo. A primeira visão dada ao apóstolo João já mostra a certeza das palavras de Cristo.
Portanto, tomando como base o texto de Apocalipse 1.12-16, eu vos proclamo o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo por meio do seguinte tema:
Tema: O Cristo glorificado tem cuidado dos seus candeeiros e das suas estrelas.
Assim, a partir deste tema, nós veremos três coisas:
- A visão do Cristo glorificado;
- O cuidado de Cristo com os seus candeeiros;
- O cuidado de Cristo com as suas estrelas;
1 – A visão do Cristo glorificado.
Irmãos, o apóstolo João estava preso na ilha de Patmos. Ele estava naquela prisão por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo. Assim como os demais irmãos, ele também estava sofrendo as dores da perseguição. Ele estava distante das igrejas. E as notícias que vinham lá de fora não eram nada boas. Sua situação na ilha de Patmos era muito precária. Fome, sede, sujeira e trabalhos forçados eram os companheiros do apóstolo João. Aos olhos humanos, parecia que João estava derrotado. Ele estava preso e sofrendo. E a mensagem do evangelho estava confinada naquela ilha.
Mas, num dia de domingo, Jesus Cristo apareceu diante dele para confortá-lo, assegurando que tudo estava no seu controle soberano. A forma como Cristo se revelou a João já é bastante confortadora. Ele não apareceu como aquele servo sofredor que João viu há alguns anos. Jesus apareceu como o Cristo exaltado e glorificado. O imperador romano não era tão poderoso assim. Jesus Cristo sim é o Todo-Poderoso. Ele estava vestido de grande majestade. Ele estava usando uma longa túnica sacerdotal. Cingido com um cinto de ouro. Seus cabelos eram brancos e anunciavam a sua dignidade e a sua sabedoria. Ele é aquele que está junto do Pai celestial. Ele é aquele que está sentado no trono celestial, o qual é o centro de todas as coisas.
A espada de Roma não era nada, quando comparada com a poderosa e afiada espada de Jesus Cristo. Os soldados romanos não podiam ser comparados com as miríades e miríades de anjos que estavam sob o comando do Senhor Jesus Cristo. Seus olhos de fogo e seus pés reluzentes como bronze dentro de uma fornalha ardente demonstravam o poder infindável do Senhor Jesus Cristo. Nenhum adversário poderia resistir à sua voz poderosa como de muitas águas.
Irmãos, essa visão, por sim mesma, já é suficiente para trazer consolo ao apóstolo João, às igrejas e aos pastores das congregações espalhadas pelo império. No entanto, Jesus conhece as nossas fraquezas; ele sabe que precisamos de palavras de consolo. E, por isso, ele concede revelações sobre o seu cuidado para com o seu povo. Além dessa visão majestosa, Jesus mostra fatos futuros sobre a igreja e o mundo. Ele escreve diretamente a algumas igrejas da Ásia Menor.
Jesus não diz que vai livrar o apóstolo João e os demais irmãos que estão sofrendo. O que ele faz é esclarecer o que está acontecendo por trás das circunstâncias que envolvem as igrejas. Jesus fala daquilo que não está visível aos olhos humanos. Ele fala daquilo que está por trás dos bastidores. Ele deixa claro em todo o livro do Apocalipse, que ele é quem é o grande governante, o grande maestro. Não é o diabo e os seus aliados que estão vencendo. É ele, Jesus Cristo, o grande vencedor.
Não há o que temer. Cada coisa que está acontecendo, mesmo que seja dolorosa, está escrita e deve ser cumprida rigorosamente. Os selos serão abertos. Os cavaleiros serão enviados. As trombetas serão tocadas. Os cálices serão derramados. O dragão e os seus aliados continuarão agindo com crueldade. Mas, no final dos tempos, todas as coisas serão renovadas. E haverá novos céus e nova terra. Portanto, a esperança dos cristãos não está nesta vida. A esperança dos cristãos está no mundo vindouro. Enquanto isso, os irmãos devem ter a plena certeza do cuidado de Cristo para com os seus candeeiros, assim como teve o apóstolo João. Isso nos leva ao segundo ponto.
2 – O cuidado de Cristo com os seus candeeiros.
Irmãos, como nós vimos no capítulo um, Jesus está no meio de sete candeeiros. Aqueles candeeiros simbolizam sete igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Na visão do apóstolo João, Jesus está no meio destas igrejas. Isto significa que aquelas igrejas não estão soltas, nem desordenadas e nem sozinhas.
Cristo está no meio delas, cuidando de cada uma em particular. Isso fica claro quando lemos as sete cartas que se encontram logo a seguir. Ele fala com suas igrejas e lhes mostra que as conhece. Seus olhos penetrantes estão cientes de suas virtudes e defeitos. Ele as chama ao arrependimento e promete bênçãos espirituais para aquelas que se mantiverem firmes até o fim.
Irmãos, quando Cristo apareceu no meio das sete igrejas, ele não estava pensando somente naquelas igrejas em particular. Aquelas sete igrejas apontam para a totalidade da igreja de Cristo. O que serve para elas, também serve para todas. Até os pontos específicos de cada uma delas tem uma lição para todas. Isso significa que a visão de Cristo no meio dos candeeiros é também um consolo para as Igrejas de Cristo de todos os tempos e de todos os lugares.
Ele ama cada congregação que leva o seu nome. Elas não estão vivendo em trevas. Elas manifestam a luz que vem de Cristo. Foi ele mesmo quem as acendeu. Jesus disse no Sermão do Monte: “Vós sóis a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa” (Mateus 5.14-15).
Por causa disso, os candeeiros de Cristo não podem passar despercebidos neste mundo. É impossível não enxergar os seus candeeiros. A luz de Cristo está nelas. E assim como o mundo odeia aquele que é a luz do mundo, assim também o mundo odeia todos aqueles que manifestam a luz de Cristo em suas vidas.
Esta é a razão para a perseguição das igrejas. Mas, mesmo assim, as igrejas de Cristo não devem ficar com medo diante das circunstâncias ao seu redor. Cristo está com elas. Cristo esta cuidando de cada uma delas. Sua espada de dois gumes as protegerá. Seus pés de bronze incandescentes esmagarão seus inimigos no tempo oportuno.
Os seus candeeiros não devem esquecer de que eles estão reunidos diante do Rei dos reis, e que estão sustentados pelo Senhor dos senhores. Cristo nunca abandonou e nem abandonará sua igreja. Ele sempre esteve com ela. O apóstolo Paulo disse que uma pedra espiritual seguia a Igreja do AT. E essa pedra era Cristo. Ele está com o seu povo. O Sumo Pastor não abandona suas ovelhas.
Mesmo que elas tenham que passar pelo vale da sombra da morte; mesmo que elas tenham que enfrentar a pobreza, o escárnio, a prisão, o confisco de bens, a tortura e a morte; mesmo assim, elas não devem esquecer de que Jesus Cristo as ama. Elas precisam ser fiéis até a morte. Jesus Cristo cuida dos seus candeeiros. Mas não é só isso; a visão do Cristo glorificado também mostra que ele cuida das suas estrelas. Isso nos leva ao terceiro ponto.
3 – O cuidado de Cristo com as suas estrelas.
Irmãos, as estrelas que estão na mão de Cristo são os mensageiros das sete igrejas. Diante das tribulações daqueles dias, os pastores das igrejas ficavam na linha de frente do combate. Juntamente com os demais presbíteros, aqueles pastores lideravam as Igrejas de Cristo. Para os perseguidores da igreja, aqueles líderes eram pessoas subversivas que estavam induzindo pessoas a desobedecerem ao império. Eles eram os principais responsáveis por tudo aquilo que estava acontecendo. Eles precisavam ser calados. Quando suas cabeças rolassem, então, seus seguidores iriam desistir de seguir a religião cristã.
Além disso, aqueles pastores também eram responsáveis pelas cópias das Sagradas Escrituras que eram lidas, ensinadas e pregadas nas igrejas. A espada da boca de Cristo, que é a sua palavra, estava com aqueles mensageiros. Eles, de fato, eram os anjos do Senhor entre os homens. Por meio de suas pregações, Cristo estava cortando internamente as pessoas e dividindo juntas e medulas. As pessoas ficavam expostas diante do Senhor.
A história da igreja registra perseguição e morte de muitos líderes das igrejas. O próprio apóstolo João foi colocado naquela ilha para que a sua voz fosse silenciada. Porém, esses fatos não deveriam assustar os mensageiros de Cristo. Eles eram como estrelas nas mãos de Cristo. Atacá-los era o mesmo que atacar o próprio Senhor. Aqueles ministros da palavra estavam na mão direita do Filho de Deus! Que consolo para os pastores da Igreja de Cristo!
Eles foram enviados para anunciar todo o desígnio de Deus revelado aos homens. Eles foram comissionados pelo próprio Senhor Jesus Cristo para pastorearem a igreja de Deus com os demais presbíteros. Portanto, nada do que eles estavam passando era por acaso. Cada momento de trabalho e fadiga, de prisão, de açoites, de perigos de morte, de pedradas, de fome, de sede, de frio e nudez era necessário que assim acontecesse.
O apóstolo Paulo disse o seguinte: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2ª Coríntios 9b-10).
Portanto, a vida daqueles pastores podia estar bem difícil. Seus projetos pessoais poderiam até falhar. As frustrações diante dos insucessos poderiam até bater na porta de seus corações. Mas, antes de tudo, eles deveriam se lembrar de que eles eram como estrelas nas mãos de Jesus. E assim, diante das tribulações, aqueles pastores deviam entender que a graça do Senhor era mais do que suficiente na vida deles.
Conclusão
Meus irmãos, o Cristo glorificado tem cuidado dos seus candeeiros e das suas estrelas. Esta verdade também se aplica à nossa pequena confederação como um todo. Nossas igrejas não estão sozinhas aqui no Brasil. Elas estão fisicamente espalhadas e distantes umas das outras, e isso dificulta nossos contatos fraternais. Mas, mesmo assim, todas elas estão unidas a Cristo e formam um único corpo espiritual – o corpo de Cristo. Nós temos um só Espírito. Fomos chamados numa só esperança da nossa vocação. Possuímos um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.
O fato de que o Senhor Jesus Cristo tem cuidado dos seus candeeiros e das suas estrelas também se aplica à nossa igreja em particular. Consolo suficiente para afastar nossas tristezas, nossas frustrações e nossos pessimismos. Consolo para cada irmão que faz parte da nossa igreja. Pois ainda que vocês estejam rodeados pelos males desta época – perseguição, escárnio, indiferença, sedução e engano – lembrem-se de que Cristo está no meio de nós. Seus olhos como chama de fogo e seu rosto resplandecente como o sol em toda a sua força estará contemplando cada um de vocês. Ele está zelosamente protegendo e guiando vocês durante a caminhada até a cidade celestial.
E, como nós vimos na visão de João, na mão direita do Senhor Jesus Cristo também está cada um dos ministros da Palavra da nossa confederação. Eles são os anjos, os mensageiros de Cristo, em nosso meio. Em suas mãos está a Palavra de Deus. E quando eles estiverem pregando e ensinando, Cristo estará orientando, admoestando, exortando e consolando vocês.
Irmãos, também não se esqueçam de que vocês são candeeiros manifestando a luz de Cristo neste lugar. Foi Cristo quem acendeu vocês. Portanto, deixem brilhar a luz da glória, da santidade e da verdade de Cristo em suas vidas. Não desanimem. Mantenham-se firmes até o fim.
Que o SENHOR nos abençoe.
Amém.
Laylton Coelho
É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE).
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.