Leitura: Êxodo 31.12-17, Colossenses 2.6-19, Hebreus 4.1-3
Texto: Dia do Senhor 38
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
Continuamos nosso estudo dos Dez Mandamentos e esta semana nos deparamos com o Quarto Mandamento.
Deveríamos reconhecer, desde o início, que o Quarto Mandamento é o mais amplamente debatido e discordado de todos os mandamentos. E as questões não são fáceis de resolver. Comecemos por ouvir o comando, já que não nos é repetido no catecismo:
Êx 20:8–11: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.”
Então o comando é, o sétimo dia da semana – no caso, Sábado – o dia em que Deus descansou – deve ser guardado como um dia santo e, portanto, nenhum trabalho deve ser feito naquele dia.
A grande questão que queremos responder hoje é: este mandamento ainda está em vigor, e se for, como se aplica para nós hoje?
Agora, vamos reconhecer logo o “elefante na sala”, e esse é o fato de que hoje é Domingo, e que a maioria dos cristãos ao redor do mundo (e ao longo da história) adora a Deus no domingo, e não no sábado. Obviamente, temos que perguntar por que?, e será que isso é justificado? O mandamento diz claramente o sétimo dia, e isso é apoiado pela referência a criação, sendo o dia em que Deus descansou, que foi o sétimo dia, o último dia da semana da criação.
Mas antes de lidarmos com essa questão, vamos primeiro ter certeza de que entendemos como este mandamento foi levado a sério no Antigo Testamento. É por isso que lemos Êxodo 31. Isso se encontra perto do final de Êxodo, depois de uma longa lista de leis e regulamentos, e Deus diz a Moisés no versículo 13:
“Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica.”
Há uma série de termos-chave nessa frase aos quais voltaremos, mas primeiro, considere a seriedade deste comando. Deus diz “certamente” guardarás os meus sábados. O hebraico também pode ser traduzido “acima de tudo, guardarás os meus sábados.” Claramente, Deus considerava a guarda do sábado de extrema importância.
Na verdade, foi tão importante que Deus deu a pena de morte para os violadores do sábado. Então, queremos perguntar, por que Deus considerou este mandamento tão sério que aqueles que o quebraram mereciam a morte?
Para responder a isso, primeiro precisamos entender o que está em vista aqui quando a lei de Moisés fala em “quebrar” o sábado. Quando Deus deu a pena de morte para os transgressores do sábado, não deveríamos pensar em pessoas que sem pensar, pegaram um pedaço demais de lenha. Não devemos confundir a lei de Moisés com a tradição rabínica que surgiu muito mais tarde. Os fariseus criaram um conjunto elaborado de regras que definiram exatamente o que era permitido e o que não era permitido no sábado – até o número de passos que você podia dar. Ironicamente, o que isto acabou por fazer foi transformar o sábado – que deveria ser um dia de descanso – num grande dia de fardo e trabalho. Essa não é a “violação do sábado” que a Lei de Moisés tem em vista aqui.
Deus está falando de pessoas que violam abertamente o sábado de uma forma que deixa claro que elas não têm nem intenção de mantê-lo sagrado, que eles não se importam sobre a santidade do sábado. E a razão pela qual isso recebeu a pena de morte é porque isso foi uma rejeição do próprio Deus. Se alguém ignorasse o sábado e continuasse com seu trabalho diário, estaria fazendo uma declaração sobre seu relacionamento com Deus. E visto que Israel era uma nação especial que foi separada como uma nação que pertencia distintamente a Deus depois que Deus os tirou do Egito, essa rejeição de Deus ficou ali mesmo entre a idolatria e a blasfêmia como um crime digno de morte, porque todos estes mandamentos somavam à mesma coisa: uma rejeição de Deus.
Então, queremos reconhecer que Deus levou o quarto mandamento muito a sério.
Vamos então lidar com o elefante na sala. Se o quarto mandamento diz claramente “o sétimo dia” – sábado – por que os cristãos descansam e adoram a Deus no primeiro dia da semana – domingo? Existem grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, que continuam a acreditar que isto é errado, e que deveríamos estar fazendo o que o quarto mandamento diz e adorando no sábado. Então, por que não fazemos isso?
Existem algumas abordagens diferentes para esta questão.
Uma abordagem, que é mais comum entre os evangélicos hoje, é dizer que o quarto mandamento faz parte da lei cerimonial, e não da lei moral, e assim o mandamento inteiro se cumpriu junto com o resto dos sacrifícios e a adoração no templo; portanto, podemos adorar a Deus quando quisermos e podemos trabalhar sempre que quisermos.
Uma segunda abordagem é encontrada nas igrejas reformadas durante o século XVI. Esta é a visão que João Calvino ensinou, e que o Catecismo de Heidelberg também ensina. Esta visão argumenta que o dia específico faz parte da lei cerimonial que se cumpriu, mas que o princípio permanece de descanso regular (um dia em sete), assim como o dever de se reunir semanalmente para o culto público. Então o dia de domingo não é mais santo do que qualquer outro dia, mas mesmo assim somos chamados a descansar um dia em cada sete e a usar esse dia para o culto público.
A terceira abordagem é encontrada nos puritanos da Inglaterra e veio a ser expressa na Confissão de Westminster. Esta visão ensina que o dia de sábado mudou de sábado para domingo, quando Jesus ressuscitou dos mortos; e, portanto, todo o mandamento ainda se aplica exatamente como estava no Antigo Testamento, exceto que o “sétimo dia” agora se tornou o “primeiro dia”.
É claro que o catecismo segue a segunda visão. Embora ele não explica todos os detalhes no espaço de uma breve pergunta e resposta, você pode ler o comentário no catecismo feito pelo próprio autor, Zacharias Ursinus, e é muito claro que ele defende a segunda visão.
Agora, queremos ser bíblicos sobre isso. Somos um povo da Palavra. A Bíblia precisa ser nossa autoridade nesta questão.
A terceira abordagem – que o sábado simplesmente mudou do sábado para o domingo – é a mais difícil de defender das Escrituras. O fato é que simplesmente não existe tal ordem nas Escrituras para mudar o dia de sábado para domingo. Agora, com certeza, está muito claro que os apóstolos e a igreja primitiva fizeram do domingo o dia de adoração. Podemos ver isso em vários lugares em Atos onde diz que eles estavam reunidos no primeiro dia da semana. Paulo escreve aos Coríntios sobre fazer uma coleta no primeiro dia da semana, quando eles se encontravam. E o Apóstolo João até escreve no Apocalipse sobre como recebeu a revelação no primeiro dia da semana, que ele chama de “Dia do Senhor”. É tão claro que, desde o início, os cristãos viram algo especial no domingo e fizeram dele o seu dia de adoração, e a óbvia razão pois isso é porque esse é o dia em que Cristo ressuscitou dos mortos.
Mas isso não significa que os apóstolos e os primeiros cristãos consideravam o domingo como o Sábado, com todas as mesmas implicações do sábado do quarto mandamento. Eles se reuniram e adoraram naquele dia, mas isso não significa que eles o considerassem como igual ao sábado e, portanto, como um dia no qual não podemos trabalhar. Muitos deles eram judeus e ainda guardavam o sábado no sábado, e trabalharam no domingo normalmente. Outros foram escravos, e eram obrigados a trabalhar no domingo. Não há nenhuma evidência de que os primeiros cristãos considerassem o domingo como um sábado da mesma forma como no Antigo Testamento.
Na verdade, os escritos dos Pais da Igreja são unânimes sobre o fato que domingo não é um tipo “Sábado Cristão”. Eles insistem que nós não guardamos um dia de sábado. Em vez disso, eles falam do domingo como um dia de alegria, por causa da ressurreição de Cristo, quando eles se reúnem.
É por isso que também lemos Colossenses 2:6-19. O Novo Testamento é bastante claro nesta questão. Paulo diz no versículo 16: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados…” É claro que Paulo considera o sábado como parte da lei cerimonial, juntamente com questões sobre comida e bebida, festivais, luas novas, etc. Há também outro texto em Romanos 14, onde Paulo está encorajando os cristãos a tolerarem as diferenças de comportamento uns dos outros. opinião, e ele escreve: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem-definida em sua própria mente.” A maioria dos comentaristas concorda que Paulo está se referindo ao sábado.
Assim, Paulo ensinou claramente que o sábado fazia parte da lei cerimonial do Antigo Testamento e não precisava ser guardado pelos cristãos. Isso explica por que não há nenhuma ordem nas Escrituras para mudar o dia de sábado para domingo, porque não era isso que os primeiros cristãos faziam. Eles escolheram adorar a Deus no domingo, mas não o consideraram como um sábado, porque acreditavam que o sábado havia passado junto com o resto das festas e cerimônias que nós, cristãos, não guardamos.
Isto faz sentido se considerarmos novamente o que Deus disse a Moisés em Êxodo 31. Ele diz no versículo 13: “Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica.” Portanto, o sábado é um sinal. Ele diz isso novamente no versículo 17: “Entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou alento.” Agora, é verdade que ele diz “para sempre”, mas isso está no contexto da dispensação com Israel: por outras palavras, duraria tanto quanto aquela dispensação duraria, da mesma forma como a circuncisão era um sinal “para sempre,” e a páscoa, ou a lâmpada que deveria arder no tabernáculo—mesmo que todas estas coisas cessaram no Novo Testamento.
Mas é importante que é Sábado aqui é chamado um sinal, porque isso claramente o coloca na mesma categoria, junto com a circuncisão e o resto da lei cerimonial, de sinais que apontavam para uma realidade a se cumprir. Assim é claramente como Paulo entendia o sábado, e os primeiros cristãos deixaram claro que era assim que eles entenderam o sábado também.
Então, se seguirmos o que as Escrituras nos ensinam, a visão puritana do sábado não é sustentável. Não existe nenhum mandamento no Novo Testamento para mudar o sábado para o domingo e, em vez disso, as Escrituras falam do sábado como parte da lei cerimonial e, portanto, uma sombra que se passou à luz da realidade.
Contudo, antes de decidirmos pela primeira posição—que diz que o quarto mandamento inteiro não se aplica mais—devemos considerar algumas coisas.
1. Primeiro, o Quarto Mandamento fundamenta a lei do sábado na criação. A razão pela qual os judeus foram ordenados a descansar é porque o próprio Deus descansou naquele dia. Então a ideia do sábado não foi instituído no Monte Sinai com Moisés, mas na própria criação. E isso significa que há aqui um princípio aqui que não se aplica apenas a Israel, mas a toda a criação.
A razão pela qual Deus “descansou” não é porque Deus estava cansado. Obviamente, Deus não se cansa. Isaías diz isso especificamente, de fato, em Is 40:28: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.”
A razão pela qual Deus “descansou” é porque a obra foi completada. Aí, ele diz, por isso Deus separou aquele dia como “santo.” Tendo completado sua obra, Ele descansou e fez que aquele dia será designada como dia de descanso e adoração. Deus fez o céu e a terra, como se fosse um enorme templo, e quando toda a obra foi concluída, Ele inaugurou o templo com um dia de adoração.
Isto nos ensina um principio muito important sobre as nossas vidas. Nós existimos para o propósito de adorar a Deus. Toda a nossa obra deve servir para a cultivação deste grande templo, para o fim de adoração. Na hora em que deixamos a adoração ao lado, nós pervertemos o objetivo de nosso trabalho. Para quê todo este trabalho no templo da criação, se não vamos adorar a Deus no final de tudo?
Assim, o quarto mandamento fez do dia de Sábado um lembrete semanal que todo o nosso trabalho se dirige para o fim de adoração.
Esse é o ponto enfatizado em Hebreus 4:1-13. Se o sábado é uma sombra, então temos que fazer a pergunta, qual é a realidade? Sempre que chamamos algo no Antigo Testamento de sombra, estamos insinuando que ele tem uma realidade. O sacrifícios eram sombras que apontavam para o sacrifício de Cristo. O sacerdócio era uma sombra que apontava para a realidade do Sumo Sacerdócio de Cristo. O que é o sábado uma sombrade? Hebreus diz que é uma sombra do descanso da vida eterna.
É por isso que o catecismo se concentra principalmente em descanso eterno e no objetivo de adoração por toda a vida. Não diz muito sobre o padrão semanal de descanso porque os autores reconheceram que o quarto mandamento, em última análise, não é sobre isso, mas sobre o nosso descanso eterno e como adoramos a Deus todos os dias das nossas vidas. É isso que o quarto mandamento visa. Se você quiser aprofundar isso, alguns dos escritos de Justino Mártir (um cristão que viveu por volta do ano 150) são muito reveladores. Ele mostra como o pecado é a verdadeira fonte da inquietação, e Cristo é a fonte do verdadeiro descanso e, portanto, o cumprimento daquilo que o sábado apontava.
Mas isso não significa que não deva haver um padrão semanal de descanso.
Novamente, o princípio que Deus ordenou na criação foi que deveríamos imitá-Lo em Seu descanso, descansando por um dia de cada semana. E isso está embutido na natureza humana; nós precisamos desse descanso. Somos muito facilmente escravizados pelo nosso trabalho, e seduzidos pelo ganho material. Precisamos do lembrete semanal de que estamos trabalhando na construção de um templo, para o propósito de adoração. Então, como ainda não entramos em nosso descanso eterno, o que fazemos para garantir que nossa vida continue orientada para esse objetivo e não nos tornemos escravizados ao nosso trabalho?
Considere a forma como o quarto mandamento é dado em Deuteronômio 5. Os Dez Mandamentos foram dados duas vezes, em Êxodo 20 e Deuteronômio 5, e o texto é quase exatamente igual em ambos os casos, exceto no o Quarto Mandamento. A razão dada pela instituição do dia de Sábado é diferente em Deuteronômio 5. Ali, diz:
“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado.”
A questão é que não fomos feitos para ser escravos. Deus disse aos israelitas: eu resgatei vocês da escravidão, e eu não fiz isso para que vocês se tornassem novamente escravos de um outro mestre.
O ponto em Êxodo 24 e em Deuteronômio é o mesmo: não existimos para o nosso trabalho diário; existimos para adoração. E é por isso que nós precisamos de descanso semanal.
Sejamos honestos: existe para nós a mesma tentação que existiu para os israelitas, de sermos escravizados ao nosso trabalho. De esquecer que a vida é mais do que o nosso trabalho. Assim nosso trabalhar—ou as coisas que ganham por nosso trabalho—torna-se um ídolo. O sábado foi dado para impedir isso e para nos lembrar, todas as semanas, que existimos, antes de tudo, para adorar a Deus e viver em comunhão com Ele.
Portanto, o sábado como tal já passou, porque é apenas uma sombra que aponta para a realidade do descanso final que desfrutaremos por toda a eternidade; mas ainda permanece o princípio de um descanso regular para nos lembrarmos que a nossa vida é mais do que o nosso trabalho e a nossa renda, e existe, em última analise, para o fim de adoração.
Adoração Pública e Corporativa
Há outro aspecto do quarto mandamento que também é permanente, e é o chamado para nos reunirmos para adoração pública e corporativa. O sábado não era apenas para descanso físico, mas para renovação espiritual. Foi um dia de adoração. E este é claramente um princípio que permanece para a igreja hoje. Não existimos apenas como indivíduos redimidos, mas estamos juntos na igreja de Cristo, e todas as semanas deixamos as particularidades de nossos lares e nos unimos como corpo de Cristo. Isto está claramente implícito nos sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor, instituídos pelo próprio Cristo – bem como pela disciplina da igreja. O culto de adoração é uma assembléia solene e um encontro de aliança entre Deus e Seu povo, reunidos em nome de Cristo.
Assim, desde o início da existência da igreja, os cristãos reuniram-se aos domingos para adorar a Deus e comemorar a ressurreição de Cristo. Considere em Atos 2, quando Pedro prega às multidões e 3.000 pessoas são batizadas, qual é a primeira coisa que fazem depois? No versículo seguinte, diz: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” Os verdadeiros cristãos querem se reunir para adorar a Deus juntos. É um dos instintos cristãos mais fundamentais. Este desejo de nos unirmos é um desejo dado pelo Espírito. Então, se negligenciarmos isso, estaremos agindo contrariamente ao Espírito. Desde o início da igreja cristã, os cristãos reservaram um dia regular de culto no domingo.
E assim, quando consideramos o princípio do descanso que está estabelecido na criação e nas práticas da Igreja do Novo Testamento, e o apelo permanente ao culto coletivo e público e à pregação da Palavra de Deus, podemos ver que a posição Bíblica em relação ao sábado é aquela mantida pelos primeiros Pais da Igreja e restaurada pelos Reformadores. Embora não observamos um dia como mais santo que os outros—sendo um aspecto do mandamento do quarto mandamento que é cumprido em Cristo—mesmo assim, reconhecemos que o princípio de descanso semanal e da adoração corporativa ainda permanece.
Então, vamos pegar essas conclusões e torná-las práticas. O que o quarto mandamento significa para nós?
Em primeiro lugar significa que fazemos da adoração a maior prioridade na nossa vida. Esse é o foco que o catecismo também dá. O propósito do sábado era direcionar a nossa visão para o propósito para o qual fomos criados, que é adorar a Deus, e agora, como cristãos, fazemos disso a nossa prioridade. Cuidamos para que a pregação do Evangelho seja mantida, bem como as escolas e seminários necessários para isso. Por nossa parte, frequentamos diligentemente a igreja de Deus, porque é onde o povo de Deus está reunido. Então, se de fato compartilharmos o Espírito de Cristo, é onde nós também queremos estar. Em nossa adoração, fazemos exatamente o que aqueles primeiros cristãos fizeram em Atos 2:42: ouvimos a Palavra, participamos dos sacramentos, invocamos o Senhor em oração e damos nossas ofertas cristãs – todas as coisas que somos comandado a fazer no Novo Testamento.
Isto também significa que damos os nossos dízimos e ofertas para garantir que o ministério da Palavra e o culto público de adoração, bem como o trabalho de evangelismo, possam continuar. No Antigo Testamento, os israelitas eram obrigados a dar uma décima parte dos seus rendimentos para o ministério dos sacerdotes. Durante todas as guerras, fomes, secas e dificuldades que foram enfrentadas pelos israelitas, aqueles que foram fiéis continuaram a dar sacrificialmente em obediência a Deus e por amor a Ele. No Novo Testamento não nos é dada nenhuma outra regra. Irmãos e irmãs, posso perguntar-lhes: vocês têm sido fiéis nesse aspecto? Você faz disso parte do seu orçamento mensal? Ou você dá a Deus apenas as sobras? Devemos olhar ao nosso orçamento e nos perguntar: como eu posso fazer o Reino de Deus a minha prioridade financeira?
Cristo nos ensinou a buscar primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas outras coisas nos serão acrescentadas. Ele também nos ensina a dar alegremente, porque Deus ama quem dá com alegria.
Paulo diz em 2 Cor. 9:6: “aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.” Quando fazemos do Reino de Deus a nossa primeira prioridade, descobrimos que Deus abençoa todos os nossos outros empreendimentos e, ainda mais, nos dá contentamento e satisfação. Quando deixamos de lado a nossa primeira prioridade, descobriremos, todas as vezes, que até mesmo os nossos tesouros terrenos serão desperdiçados. Irmãos, vejam suas finanças e perguntem-se: o Reino de Deus é minha primeira prioridade? Estou sendo fiel nisso?
Segundo, o quarto mandamento significa que nos esforçamos para fazer do dia inteiro um dia de descanso e adoração. Aqui precisamos entender que o sábado, no Antigo Testamento, foi dado como um presente. Aqueles de nós que têm muito trabalho e muitas responsabilidades durante a semana, entendem isso bem. Podemos trabalhar duro a semana toda, sabendo que já reservamos o domingo como dia de descanso. Então, quando reservamos um dia inteiro para descansar, recebemos esta oportunidade como um presente de Deus. Não queremos nos tornar escravos do nosso trabalho. Deus nos fez para vivermos livres.
Terceiro, se Deus nos deu esta oportunidade de descansar no domingo, devemos recebê-la com alegria e gratidão. Isaías diz em Is 58:13-14:
“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse.”
Se estivermos apenas parando porque estamos obrigados a parar, não vamos aproveitar o descanso como deveríamos. Para aquele que não se interessa em adoração, o dia acaba sendo um tédio. O descanso não é proveitoso. O dia de descanso deve ser, como chamavam os primeiros cristãos, um dia de alegria.
Em quarto lugar, se Deus nos deu a oportunidade de fazer do domingo o dia de descanso, devemos aproveitar este dia para participar com Cristo no trabalho que Ele faz. Quando Cristo foi confrontado pelos fariseus por ter curado alguém no Sábado, ele disse (João 5:17) “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Cristo está trabalhando hoje, e tem certos trabalhos que nós devemos fazer também.
Ao longo da semana, podemos talvez dizer que temos tanta coisa para fazer que não temos tempo suficiente para ler e meditar na Palavra de Deus. Graças a Deus que Ele nos deu o domingo! Então vamos aproveitar, porque isto dará descanso às nossas almas.
Ao longo da semana, podemos talvez dizer que não temos tempo para visitar os doentes ou os solitários, para aconselhar uns aos outros, para exortar, para ajudar, para ensinar, para orientar uns aos outros. Bem, isso pode ou não ser verdade, e provavelmente se trata de prioridades erradas, mas graças a Deus que temos o domingo, um dia em que cada um de nós tem esse tempo! Se vamos reservar este dia como um dia de adoração, vamos também usar o dia bem: não apenas indo para os cultos, mas trabalhando para o Reino de Cristo naquelas atividades que não temos o tempo suficiente no restante da semana. Veja como Cristo fez questão de curar no Sábado. Nós também podemos sarar as feridas espirituais dos nossos irmãos neste dia, visitando, encorajando, orando, aconselhando uns aos outros. Assim, ajudamos o nosso próximo a desfrutar de verdadeira descanso, não somente hoje, mas por toda sua vida.
Então irmãos, desta forma, podemos honrar o propósito do quarto mandamento, que é colocar diante dos nossos olhos o descanso final que temos em Cristo, o descanso que durará pela eternidade; o quarto mandamento nos ensina a fazer com que esta realidade futura irrompa no presente, já agora, e a começar já agora, o trabalho que faremos pelo resto da eternidade.

Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.