Leitura: Tiago 5.12-20
Texto: Tiago 5.12-20
Amados irmãos, chegamos ao fim da carta de Tiago e o que temos aqui? Aqui temos as admoestações finais.
E grande parte dela se refere a oração.
A conclusão que Tiago nos dá com este final é que nossa peregrinação deve ser marcada com oração.
Para que não somente nós, mas nossos irmãos perseveremos todos debaixo das multiplas dificuldades.
Esta é a jornada do Cristão. Passamos por lutas, e precisamos de orar por sabedoria. Precisa ouvir mais e falar menos, nos irarmos menos.
Não termos uma atitude de preferir um irmão ao outro (ascepção de pessoas). Mas, orar uns pelos outros, por alívio e perdão, confessando os nossos pecados.
Eis o final de Tiago que nos dá este princípio.
Vamos então ao texto propriamente dito:
12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo.
Não parece haver nenhuma conexão deste versículo com o anterior e nem mesmo com o restante do capítulo.
O máximo que poderíamos tentar imaginar, é que este assunto foi necessário mencionar por causa das relações entre aqueles agricultores e seus patrões ricos. Talvez esses juramentos que não valiam de nada aumentava a pressão sobre os pobres.
Ou poderíamos pensar em como a questão pode ter afetado as relações entre os irmãos, criando contendas e exigindo muita paciência.
Seja lá que tipo de conexão possa haver, Tiago aqui quer tratar de algo que achou grave entre aqueles irmãos: A questão dos juramentos falsos.
“não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, ”.
para não cairdes em juízo”.
Este mesmo assunto foi tratado pelo Senhor Jesus. O Senhor Jesus em Mateus 5.33-37!:
33 Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. 34 Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; 35 nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; 36 nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.
Observe que – contrário àqueles que dizem que um crente nunca pode jurar – Jesus de forma nenhuma proíbe o juramento, pois isto é um preceito da lei:
“O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás”. (Dt 6.13).
Aqui está o ponto: “pelo seu nome, jurarás”.
Mas, os judeus querendo se livrar de um compromisso quebrado e de pecar, faziam então juramentos tendo por base não Deus, mas outras coisas como céu, terra, Jerusalém, os cabelos da própria cabeça.
Assim, qualquer um poderia ficar sem as consequências divinas, caso não cumprisse com o combinado, pensavam eles.
Porém, agora Tiago reforça o que Jesus falou. Este tipo de malícia não deve fazer parte do povo de Deus. Dos que são considerados peregrinos neste mundo.
Qualquer juramento é uma invocação a Deus (diz o nosso catecismo). É a quebra do terceiro mandamento se tomado incorretamente.
O Cristão deve ser sincero e honesto em suas afirmações. A palavra dele deve ser digna de crédito. Que ele diga sim, ou não, pois o nome e a verdade de Deus estão em jogo.
“antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não”.
E este pecado não fica sem consequências: para não cairdes em juízo. “Deus não terá por inocente o que tomar o seu Nome em vão”
Agora, meu irmão e irmã, uma vez que a Palavra de Deus é também para peregrinos neste século. A pergunta vem para você:
Você tem considerado em sua peregrinação ser sincero aos seus votos?
Fazemos muitos juramentos: casamento, batismo, diplomação, ofício eclesiástico, profissão de fé. Também damos a nossa palavra sincera e nossa assinatura em muitos contratos.
Como tem sido a sua fidelidade a esses compromissos? Seu “sim sim ou não não”!?
Irmãos, a quebra de juramentos, votos ou palavra é a razão porque há muitos conflitos na vida.
A esposa reclama do esposo sobre suas juras de amor no ato do casamento. Mas, na verdade, o marido é alguém totalmente negligente para com sua esposa. Não trabalha, é preguiçoso, é negligente com ela, e o pior, se envolve em traição.
Certamente isso estoura dentro da casa e também dentro da igreja.
O “sim sim” do batismo. A consequência de trazer uma criança à frente da igreja para receber um pouco de água, deve ser investir tempo educando esta criança nos caminhos de Cristo. Ensino e disciplina devem marcar a infância.
Poderíamos falar do “sim sim” de um pastor, presbítero ou diácono; Poderíamos falar de como a quebra de suas palavras torna a relação entre oficiais e igreja algo muito complicado.
Sim, muitas vezes uma igreja pode exigir dos seus oficiais algo que não é necessariamente da responsabilidade deles, mas de cada membro da igreja. Mas, em termos do juramento de um oficial, não é saudável que ele não cumpra com aqueles juramentos.
Sobre os membros da igreja. A falta do “sim sim e não não” que cada irmão assumiu por ser discípulo pode causar muitas tensões na igreja.
Ele Cristão jura ser um membro vivo e ativo na igreja de Cristo. Sendo fiel aos cultos e a comunhão, a doutrina e a vida santa, as ofertas na igreja e a submissão a disciplina.
Poderíamos falar sobre a relação contratual com os de fora, a pontualidade, a fidelidade, a honestidade…essas coisas são os votos que fazemos nos contratos de trabalho.
Você tem assumido o seu sim, sim ou não não? Ouça o que um dos salmos fala sobre este assunto:
Salmo 15: Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade;…o que jura com dano próprio e não se retrata”.
Um sim sim e não não terá suas consequências e você não pode voltar atrás!
Agora, continuando, Tiago fala agora das orações.
13 “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores”.
Em primeiro lugar. O crente peregrino sofre. Sobre perseguições por causa da verdade. Dores. Angústias. Ansiedades.
Irmãos, nós facilmente podemos nos tornar indiferentes a um irmão ou irmã que está passando por um prova difícil na vida.
Podemos ser prontos a dizer:
“O irmão está sofrendo por causa das suas más decisões!”.
“O irmão está desempregado porque não corre atrás!”.
“O irmão só vive doente….rapaz será que é algum pecado?!”
Tiago aqui não especifica que tipo de sofrimento ele quer falar, mas exige que, seja lá qual for o sofrimento, os irmãos devem orar pelo seu próximo!
Você é indiferente ou vive a comunhão entre os santos??
Você ora pelo seu irmão e irmã em suas lutas? Ainda que ele(a) tenha tomado a pior decisão da sua vida, e portanto, está colhendo os maus frutos, você ora por ele(a)?
Irmão, ore pela graça de Deus em sua vida! Pela cura!
Se foi má decisão, ore para que Deus dê sabedoria a ele(a). Geralmente alguém que tomou uma má decisão está arrependido da mesma. Ore por ele. Ore pela confissão de seu pecado, se foi pecado!
Do outro lado, quando alguém está alegre, devemos também nos alegrar!
Nosso coração pecaminoso tem a tendência de invejar aqueles que obtêm algum favor do Senhor.
Se um casal tiver um filho, dê graças a Deus por isso! Muita gente tem a tendência em se afastar e demonizar a chegada de novos filhos.
Mas, veja que bençãos são os filhos nas Escrituras. Louve a Deus com aquele família!
Nosso texto traduz “cante louvores”, mas no original é “salmodiai”!
Imagine alguém cantando um salmo como o salmo 127 e 128 numa ocasião da gravidez de um membro da igreja? Que benção!
Paulo disse em Romanos 12.15: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.
Quantas vezes falhamos deliberadamente em orar e se envolver com os problemas dos outros, ou parabenizar uma família pelos seus filhos e pela fertilidade?
Falhamos deliberadamente nas manifestações de alegria como um chá de bebê ou de fraudas; se alguém faz aniversário, não damos os parabéns àquela pessoa; se um irmão é promovido no trabalho, não parabenizamos.
Essa indiferença é compatível com o que Tiago está falando aqui? É marca de uma igreja peregrina em que devemos estar mais ainda unidos?
Continuando….
v. 14. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
Vamos falar sobre oração pelos doentes, agora temos mais envolvimento aqui.
Eis um texto desafiador. “Ungir o doente com óleo pelos presbíteros”. O que é isso?
Meus irmãos, as palavras de Tiago não devem ser entendidas como uma ordem apostólica para ungir os enfermos com óleo. No tempo em que este texto foi escrito era costume usar as propriedades medicinais do azeite para curar feridas. Porém, nem toda enfermidade possibilita o uso do azeite. Muitas curas foram efetuadas por Cristo e os apóstolos não pelo uso do azeite, mas pela oração.
A coisa mais importante em nosso texto não é colocar azeite sobre o doente, mas a oração sobre o doente pelos presbíteros, feita em nome de Jesus.
Ou seja, aqueles que são os pastores dessas frágeis ovelhas trarão o consolo de Cristo. Eles serão consolados em tempo oportuno.
v. 15: “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
Quer dizer que todas as orações feitas pelos presbíteros ou outros irmãos, em nome de Jesus, salvará o enfermo? Não é isso que Tiago está dizendo.
Mas, o princípio estabelecido é: Deus quer mostrar sua bondade por meio da unidade entre os irmãos. Quando estamos unidos nas alegrias e nas dores, e vivendo em fé, Deus pode conceder cura, a fim de que seu nome seja glorificado.
Deus pode ornar o ofício do presbítero com essa resposta vinda do céu. Deus pode aumentar seu respeito diante da igreja. O presbítero tem a sua autoridade na congregação.
Veja por exemplo a sua própria intercessão pelo pecado “ se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados (v.15)”.
Deus quer ser glorificado em tudo isso!
Mas, muitas vezes, os membros preferem se fechar para seus pastores. Não informam de suas doenças, pecados e demais dificuldades.
Talvez por verem neles limitações e dificuldades. Neste caso, quantas vezes os irmãos oram por eles e conversam respeitosamente sobre suas falhas e negligências?
Veja o versículo seguinte a relação que deve haver entre os irmãos:
v. 16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
A oração do justo é a oração do crente verdadeiro. Ela é eficaz, ou seja, Deus pode atender.
Mesmo que todos nós sejamos homens normais, pecadores que se arrependem. Deus quer usar nossas orações.
v. 17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. 18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
Tiago cita o exemplo do profeta Elias nos tempos das dificuldades sob o rei Acabe e sua esposa Jezabel. Especificamente você pode ler os capítulos 17 e 18 de 1 Reis para ler sobre esta história.
Um homem pecador. Tinha suas fraquezas. Se deprimiu. Mas, o Senhor prova que quer fazer a sua obra não exclusivamente por meio dos anjos, mas de cada um de nós!
Há inúmeros exemplos de como homens comuns oraram a Deus e coisas extraordinárias aconteceram:
Josué orou e o sol parou (Josué 10:12–13);
Eliseu orou e o filho da sunamita ressuscitou (2 Reis 4:32–35);
Ezequias orou e 185.000 soldados assírios foram mortos (Isaías 37:21, 36);
A igreja de Jerusalém orou e Pedro foi libertado da prisão (Atos 12:5–10).
Todos esses eram pessoas comuns.
Finalmente, mais serviço entre os irmãos:
vv.19-20: “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados”.
Falamos sobre manter votos. Falamos sobre orar pelos irmãos. Um irmão que se desvia da verdade está quebrando seus votos de aliança com Cristo.
Mas, então, vamos deixá-lo ou vamos orar por ele? Vamos deixá-lo ou nos relacionar com ele para que ele desista de seus pecados?
Veja que coisa linda quando irmãos estão agindo uns para com os outros em relação a prática de exortar uns aos outros: “aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados”.
Sabemos que quem converte é Deus, através do seu Espírito, mas observe o nosso papel entre aqueles que se dizem Cristãos, mas que estão se desviando da verdade. Podemos fazê-los voltar (converter)!
Fazendo isso, você estará salvando uma pessoa da morte eterna. Você vai estar cobrindo os seus pecados pela intercessão do sangue de Cristo.
Amados irmãos, Tiago, nos mostra como uma igreja imperfeita e com variados problemas – com crentes debaixo de várias pressões, ainda pode manter o serviço mútuo de um para com o outro. É possível sim exercer a fé em meios a vários problemas.
Que Deus possa nos ajudar a pensarmos em todas as instruções que recebemos nesta carta de Tiago. Que ele tenha misericórdia de nós, e nos faça mais aptos a viveremos para a glória do seu nome. Amém!
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.