Leitura: Tiago 1.1-4
Texto: Tiago 1.1-4
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo, a partir de hoje ouviremos uma série de pregações nesta carta escrita por Tiago. Mas quem era Tiago, e por qual motivo ele escreveu esta carta? No Novo Testamento, há vários Tiagos, porém apenas dois são os possíveis escritores desta carta: Tiago, apóstolo de Jesus, irmão de João e filho de Zebedeu, e Tiago, o meio-irmão do Senhor Jesus. Podemos descartar Tiago, o apóstolo, pois ele morreu cedo em seu ministério. Seu martírio, sob Herodes, é narrado em Atos 12:1-2.
Nesta época, a igreja fora de Jerusalém, ou seja, da Dispersão, conforme nosso versículo 1, era apenas uma pequena criança em formação. Atos 8.1b revela este desenvolvimento após a perseguição em Jerusalém, quando todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria. Em Atos 11, vemos a igreja chegando um pouco mais longe, a Fenícia, Chipre e Antioquia (Atos 11.19). Assim, ficamos com Tiago, meio-irmão de Jesus, que se tornou crente quando Jesus apareceu a ele após a ressurreição (1 Coríntios 15:7). Ele agora chama Jesus de Senhor, assim como Deus Pai (Tiago 1.1). Tiago assumiu a liderança da igreja de Jerusalém após a libertação de Pedro da prisão (Atos 12:17) e falou com autoridade durante a assembleia em Jerusalém (Atos 15:13).
Tiago escreve para os judeus dispersos, conforme o v.1. As 12 tribos da Diáspora referem-se aos judeus crentes que estão fora de seu domicílio. Eles estabeleceram seus cultos nas sinagogas, como vemos em Tiago 2:2, e chamavam Abraão de “nosso pai” (Tiago 2:21). Esses judeus eram, em sua maioria, pobres e fugitivos, como já vimos. Imagine o quanto eles deixaram para trás por causa do evangelho! Onde quer que estivessem, eram oprimidos por seus patrões ricos no Império Romano.
Como qualquer crente, eles tinham fraquezas. Não viviam com sabedoria (Tiago 1.5), muitas vezes retrucavam seus opressores e erravam por dar mais importância aos ricos que os oprimiam do que aos seus semelhantes pobres. Cobiçavam (Tiago 1.14), não usavam bem a língua (Tiago 1.19-25; Tiago 3), contendiam e falavam mal uns dos outros (Tiago 4.11). Tiago escreveu para consolar esses crentes em meio à opressão e aconselhá-los a viver com sabedoria.
Irmãos, precisamos também da carta de Tiago.
Não somos muito diferentes desses crentes do passado. Sob pressões ou provações, muitas vezes agimos mal. Recebemos provações injustas do patrão (ou patroa), ou elas vêm de casa (pai, mãe, marido ou esposa). A pressão financeira, do cartão de crédito usado por necessidade, nos torna como esses crentes pobres de Tiago. Como agir?
Hoje somos chamados a uma atitude correta diante dessas pressões. A primeira coisa a destacar é que devemos enfrentar essas provações com alegria. Veja o v.2: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”. Tiago escreve para judeus cristãos que haviam perdido suas casas e bens; eles estavam sendo explorados pelos ricos. A psicologia pode ensinar a manter calma, mas só o cristianismo ensina a ser alegre em meio às provações.
Ser alegre vai além de estar calmo. Alegria é uma resposta extraordinária, contrária à tristeza e ao desespero. Paulo, mesmo preso, escreveu: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4.4). A alegria é consciente do propósito da provação. Ela não nos quebra, mas nos faz crescer. A Palavra de Deus diz que o crente passará por várias provações. Que provação você está enfrentando? Seu patrão, a opressão do Estado, ou a pressão da família?
Talvez você já tenha retrucado, se vingado, ou até desistido. Saiba que 1 Coríntios 10.13 nos lembra: “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar”. Todas as provações são suportáveis, pois é o próprio Deus quem permite, para o nosso bem.
Jó, José, os israelitas no deserto são exemplos de confiança em Deus. O Senhor Jesus, nosso guia, também enfrentou as provações com alegria, pois sabia do bom propósito final. Veja Hebreus 12.1-5: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz”. Assim, Deus tem um propósito em nossas provações, e não devemos reclamar, mas nos alegrar.
A segunda coisa a destacar é o lucro que as provações nos trazem. O v.3 diz: “sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. As provações são testes da nossa fé. Desprezar as provações é como fugir da sala de aula. Desde Adão, Deus tem testado o homem. As provações de Jó, por exemplo, testificaram sua confiança no Senhor. E o que esses testes produzem? Perseverança!
Perseverar é manter-se firme em meio às provações, por causa da confiança em Deus. Paulo também fala da perseverança em Romanos 5.3-4: “nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança”. A perseverança é marca dos filhos de Deus. No Apocalipse, vemos igrejas que perseveraram, mas fraquejaram em outras áreas. Por isso, essa perseverança deve ser completa.
O v.4 nos ensina: “Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes”. Se Jó, homem íntegro e reto, passou por provações, será que nós ficaremos de fora? Não. Deus nos levará por caminhos difíceis, e devemos enfrentá-los com paciência e alegria. A perseverança deve ter ação completa.
Perseverar é como o processo de recuperação de alguém em fisioterapia: é necessário paciência para que o trabalho seja concluído. Do mesmo modo, devemos suportar tudo o que Deus nos envia com alegria, até que estejamos sólidos na fé, perfeitos e íntegros. A perfeição mencionada aqui é um trabalho de vida inteira, que só será completa na nova vida com Cristo.
Paulo experimentou isso. Ele pediu ao Senhor que removesse o espinho em sua carne, mas Deus respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:8–9). Portanto, irmãos, calma diante das provações. Deus sabe o que está fazendo e completará Sua obra em nós. Vamos orar a Deus.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.