Hebreus 5.11-6.12

Leitura: Hebreus 10.25-31
Texto: Hebreus 5.11 a 6.12

Amados irmãos no Senhor,

Eu creio que vocês devem estar lembrados do último sermão sobre a Carta aos Hebreus. Naquele dia, eu falei sobre o trabalho sacerdotal de Jesus Cristo. Eu disse que o Senhor Jesus é o Grande Sumo Sacerdote da igreja. A igreja do Antigo Testamento aprendeu sobre isso quando ela olhava para os sumos sacerdotes, para o templo e para os sacrifícios de animais da velha aliança. Tudo aquilo apontava para o sacrifício de Jesus Cristo. O autor de Hebreus falou sobre isso nos capítulos quatro e cinco da sua carta.

Entretanto, ele ainda tinha mais coisas para falar sobre o sacerdócio de Cristo. Mas, antes de continuar, ele deu uma parada. Não é que o assunto do trabalho sacerdotal de Jesus Cristo já tenha acabado. Não é isso, pois ele vai voltar a falar sobre esse assunto lá no capítulo sete. A questão é que, antes de continuar a escrever sobre o trabalho sacerdotal do Senhor Jesus, ele se lembrou mais uma vez da condição espiritual daquela igreja. Aqueles irmãos estavam sendo importunados pelos judeus, e eles não estavam preparados para isso. Os seus compatriotas judeus estavam colocando caraminholas na cabeça deles, e alguns membros da igreja já tinham abandonado a fé.

Desta forma, antes de prosseguir viagem, o escritor de Hebreus acendeu um sinal vermelho diante deles, assim como já tinha feito no capítulo 3 e 4. Ou seja, ele deu uma breve parada no assunto do sacerdócio de Cristo com o intuito de exortá-los a buscarem um maior crescimento na fé e no amor fraternal, de alertá-los a terem cuidado para não tropeçarem nos mesmos erros cometidos por aqueles que já tinham abandonado completamente os caminhos do Senhor, e, finalmente, de fazê-los compreender que não há mais volta para muitos que um dia desprezaram completamente o Filho de Deus.

Portanto, consideremos neste momento as palavras de Hebreus 5.11 a 6.12:

Irmãos, ao lermos o versículo 10 do capítulo 6 de Hebreus, nós observamos que aquele escritor bíblico deixou claro que os primeiros leitores da sua carta eram pessoas que faziam realmente boas obras. Eles amavam o nome de Deus de tal modo que estavam sempre dispostos a ajudar os seus outros irmãos. Quando alguém tinha uma determinada necessidade, eles não mediam esforços para ajudar aquela pessoa. Ao fazerem isso, eles estavam demonstrando o amor que eles tinham por Deus, pois foi o próprio Senhor Jesus Cristo quem disse assim (Mateus 25.40): “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste”.

Então, ao ver aquele tipo de conduta, o escritor de Hebreus ficou bastante confiante em relação àqueles irmãos. De fato, era possível enxergar as bênçãos da salvação na vida deles. E, certamente, Deus não iria se esquecer das boas obras que eles tinham feito e que ainda estavam fazendo em favor do seu próximo. Entretanto, apesar das coisas boas que ele viu no meio daqueles irmãos, o autor de Hebreus queria que eles deixassem de ser crianças na fé. Eles deveriam crescer espiritualmente.

O fato de ainda serem crianças na fé fez com que o escritor de Hebreus sentisse certas dificuldades para continuar expondo os assuntos que ele vinha tratando. O escritor disse que eles se tornaram tardios para entender as doutrinas mais avançadas do cristianismo (literalmente: “que eles tinham se tornado preguiçosos quanto aos ouvidos”). Eles deveriam ser mestres devido ao tempo que já possuíam no conhecimento do evangelho. 

Por exemplo: Aqueles irmãos já deveriam saber aquelas coisas que ele estava ensinando até aquele momento em sua carta, isto é, sobre as doutrinas da superioridade da nova aliança em relação à antiga, e sobre a supremacia de Jesus Cristo acima de todos os anjos e de todos os homens que Deus levantou para o bem da sua igreja. Na verdade, o conhecimento deles era tão deficiente que era preciso que alguém voltasse a ensinar novamente os elementos básicos da revelação de Deus. Eles ainda precisavam voltar para a classe de alfabetização da fé.

Certamente, as palavras do escritor de Hebreus deixaram aqueles irmãos envergonhados. Ele disse que aqueles irmãos eram tão infantis na fé que ainda precisavam tomar leite como os bebezinhos. Eles ainda não estavam preparados para comerem “um pirão” ou “uma batata doce com carne de charque”, pois comida pesada é para gente adulta. E eles ainda eram crianças na fé. Eles precisam aprender mais da Palavra de Deus para que se tornassem maduros no entendimento do evangelho. Somente os adultos são capazes de distinguir melhor entre o bem e o mal. E era essa capacidade de distinguir o bem do mal que estava faltando na vida deles.

Então, eles precisavam avançar no conhecimento do evangelho. Não deveria ser mais necessário que eles ficassem voltando para as coisas básicas da Palavra de Deus, tais como: O ensino sobre o arrependimento e sobre a fé; o ensino sobre os batismos da antiga e da nova aliança; o ensino sobre a imposição de mãos que é feita, por exemplo, na cerimônia de ordenação de oficiais; o ensino sobre como será a ressurreição dos mortos; o ensino sobre como será o juízo final… Estas coisas são muito básicas. Ficar voltando para esses ensinos é o mesmo que ficar construindo e reconstruindo o alicerce de uma casa, e nunca levantar as paredes.

Por causa da infantilidade daqueles irmãos, os judeus estavam se aproveitando para jogar caraminholas na cabeça deles. Na verdade, muitos irmãos estavam cheios de dúvidas sobre as verdades da nova aliança. É por isso que o autor de Hebreus escreveu a sua carta, fazendo uma comparação detalhada entre a antiga e a nova aliança. Ele queria que aqueles irmãos demonstrassem o mesmo zelo que tinham demonstrado no cuidado uns dos outros para crescerem ainda mais na fé. Eles deviam imitar os heróis da fé do passado, na sua firmeza diante de Deus.

Infelizmente, as dificuldades que aqueles irmãos tinham, ao não crescerem espiritualmente, são coisas que estão presentes em nossos dias. Muitos estão em igrejas fiéis, mas ainda continuam crianças espirituais. Não saem do básico da catequese. Não avançam no conhecimento, e ficam vulneráveis diante dos ventos de doutrina que sopram contra a igreja. Vejamos o que o apóstolo Paulo escreveu sobre isto em Efésios 4.11-16. Portanto, Deus nos tem dado pastores e mestres para nos guiar na verdade. Foi assim que o Senhor nos guiou em direção ao verdadeiro evangelho, e tem sido assim que ele continua nos firmando no verdadeiro caminho da salvação.

Agora, como vocês devem estar bem lembrados, nós já fomos condenados por pessoas de outras igrejas por causa da decisão que tomamos em seguir o verdadeiro evangelho. E ainda hoje muitos na nossa cidade não nos vêem com bons olhos. Eles condenam a mensagem do evangelho que é pregada nesta igreja. Portanto, é importante que vocês cresçam na fé e no conhecimento da Palavra de Deus a fim de não deixarem que alguém ainda fique colocando dúvidas na cabeça de vocês. Saibam que, mesmo que hoje em dia não existam judeus perturbando a nossa igreja, ainda assim devemos ter cuidado com aqueles que se dizem cristãos ao nosso redor.

Por exemplo, hoje em dia, existem muitos formadores de conteúdo na internet. A internet está cheia de pastores e mestres querendo nos ensinar palavras reveladoras, querendo formar a nossa consciência cristã, e almejando mudar nossos padrões de fé e de comportamento. Tenham cuidado com essas pessoas. Suas palavras até parecem lógicas e com um bom respaldo bíblico. Porém, seus argumentos possuem armadilhas terríveis que distorcem o verdadeiro evangelho. E o pior é quando parece que eles estão bastante corretos em certas opiniões e em determinadas perspectivas. No entanto, é aí que mora o perigo, pois, acreditando que eles possuem bons conhecimentos em tais e tais assuntos, a gente termina aceitando outras coisas que distorcem a verdade da Palavra de Deus.

A verdade é que vocês não precisam desses tais mestres. Vocês já estão numa verdadeira igreja. Vocês já possuem o suficiente em termos de sã doutrina. Portanto, guardem a Palavra, tal como ela tem sido pregada nesta igreja. Procurem meditar mais naquilo que têm aprendido. Ouçam atentamente os sermões e os estudos desta igreja. Anotem textos e façam perguntas quando for conveniente. Orem a Deus pedindo entendimento, discernimento e crescimento espiritual. Estudem com afinco a Palavra de Deus. Gastem tempo com as Escrituras. Peçam ajuda dos oficiais da igreja na compra de bons livros. E não permitam que o diabo coloque dúvidas e mentiras nas cabeças de vocês.

Ao mesmo tempo, nós precisamos entender que esse crescimento espiritual em termos de assuntos avançados da fé cristã, que esse crescimento espiritual no que diz respeito à nossa maturidade doutrinária, não é algo somente para aumentar o nosso intelecto doutrinário. Ou seja, tudo que aprendemos na Bíblia deve influenciar profundamente a nossa vida prática, deve afetar consideravelmente a nossa conduta diante de Deus e dos homens.

Lembrem-se de que o autor de Hebreus já reconheceu que aqueles irmãos eram frutíferos no amor fraternal (Hebreus 6.10). Porém, ele espera que, junto com a maturidade doutrinária daqueles irmãos, aqueles irmãos também crescessem ainda mais nessa área do amor fraternal, pois logo depois de ter falado sobre do amor deles pelos demais cristãos, o escritor disse assim nos versículos 11 e 12: “Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas”.

Sim, é verdade que aqueles irmãos já demonstravam amor fraternal ao cuidar dos seus irmãos na fé. Porém, eles deveriam crescer também nessa parte da vida cristã a fim de não estagnarem na prática desse amor. O autor de Hebreus disse que eles deveriam continuar sendo zelosos para que não se tornassem indolentes (literalmente: preguiçosos).

Portanto, eles não deveriam ser preguiçosos em aprender doutrinas avançadas e também não deveriam ser preguiçosos no crescimento do amor fraternal. Pelo contrário, eles deveriam observar os bons exemplos de firmeza doutrinária e de amor fraternal encontrados no AT e também nos demais cristãos de outras igrejas.

Irmãos, essas verdades concernentes ao crescimento do nosso amor fraternal também devem tocar a nossa consciência e o nosso coração. Ou seja, nós também devemos ser adultos na fé em termos de amor fraternal. Em outras palavras, devemos não somente estar dispostos a ajudar os necessitados, por meio de uma ajuda direta ou por intermédio da diaconia, mas também aumentar nossos esforços em termos de comunhão entre irmãos.

Por exemplo: É nosso dever crescer em nossa unidade aqui dentro da nossa igreja. Cada um de vocês (adultos, jovens e crianças) deve procurar se interessar mais um pelo outro. Em nossa igreja deve haver uma verdadeira unidade, uma verdadeira amizade. Ninguém aqui deve formar pequenos grupos dentro da igreja a fim de excluir a presença de outros irmãos. Um homem não deve desprezar outro homem; uma senhora não deve se afastar de outra senhora; um jovem não deve excluir outro jovem do seu grupo de conversas; uma criança deve aprender com seus pais a buscar comunhão com outras crianças da igreja.

Ninguém aqui em nossa igreja deve se sentir isolado ou desprezado pelos demais. Desta forma, cada um de vocês deve analisar se não está fazendo isso com outros irmãos aqui dentro da igreja. E se perceber que está fazendo isso, conserte a sua conduta. Mas, lembrem-se: Isso que estou falando é apenas um exemplo de como devemos crescer mais em nosso amor fraternal. Procurem, portanto, ampliar o interesse que vocês têm uns pelos outros. Não deixem simplesmente que alguém aqui fique isolado e solitário. Busque o seu irmão e a sua irmã para estar mais perto de você.

Agora, encerrado esse assunto, consideremos o que o autor de Hebreus tem a nos ensinar sobre os desvios na fé. Sobre esse assunto, ele deu um aviso muito sério: “Existem pessoas que caem na fé e nunca mais vão se levantar”. Ele está falando de pessoas que estão na igreja, mas que depois elas caem de tal maneira que nunca mais vão se arrepender dos seus pecados.

Por exemplo, na Bíblia nós encontramos dois apóstolos que pecaram contra o Senhor Jesus. São eles: Pedro e Judas Iscariotes. O primeiro deles, o apóstolo Pedro, negou Jesus três vezes, mas depois ele se arrependeu e voltou para o Senhor. Já o apóstolo Judas Iscariotes traiu Jesus, mas nunca se arrependeu verdadeiramente daquilo que tinha feito. É verdade que Judas sentiu muito remorso e até tirou a própria vida, mas, definitivamente, ele não se arrependeu de verdade.

Então, irmãos, existe sim um desvio na fé que é sem volta. Alguém pode cair e nunca mais se levantar. Existem sim pessoas que fazem parte da igreja, e que vão cair em pecado, e que nunca mais voltarão para os caminhos do Senhor. Por quê? Por que é assim? A resposta do escritor de Hebreus é esta: Porque isso é impossível!

Como assim, impossível? O autor explica isso. Ele disse que tem gente na igreja que foi iluminada pela pregação do evangelho, que experimentou o presente dos céus quando participou da Santa Ceia, que compartilhou das bênçãos do Espírito Santo desfrutadas na comunhão dos santos, que provou o quanto a Palavra de Deus é boa, e que até chegou a ver o poder de Deus agindo diante dos seus olhos, mas mesmo assim essas pessoas vão pecar e nunca mais elas vão voltar para a igreja. Depois de tudo que elas experimentaram, essas pessoas deixarão a Cristo, abandonarão a igreja e desprezarão o santo evangelho.

Estas pessoas se parecem com um terreno onde os agricultores plantaram feijão, batata, macaxeira e milho. Um terreno que recebeu chuva no tempo certo, mas que na época da colheita ele não produziu nada. Na verdade, a única coisa que nasceu neste terreno foi mato e espinho. Este terreno se tornou inútil, e o que resta fazer agora é queimar o mato e o espinho que ele produziu.

Do mesmo jeito acontece com aqueles que caem e não se levantam mais. Sobre eles, Deus derramou chuvas de bênçãos celestiais. Eles foram encharcados (ensopados) com a Palavra de Deus. Eles foram batizados. Eles comeram do pão e beberam do vinho. Eles ouviram vários e vários sermões. Eles desfrutaram dos dons que o Espírito concedeu aos seus irmãos na igreja.

Eles foram pastoreados. Foram ensinados. Mas depois de tudo isso eles ficaram enjoados com a vida na igreja. Eles começaram a ver defeito em tudo. Então eles “chutaram o balde”, foram embora, e nem olharam para trás. Porém, irmãos, quando eles fizeram isso, eles pisaram em Jesus Cristo, profanaram o sangue da aliança e insultaram o Espírito Santo (Hb 10.25-31). Eles pecaram de um modo tão grave, que não tem mais jeito pra eles. Acabou. Não há jeito. Eles enjoaram de Deus, enjoaram da igreja e enjoaram das Sagradas Escrituras. Por isso a queda deles não é uma queda qualquer, não é uma queda momentânea. A queda deles é uma queda fatal.

Vamos voltar mais uma vez para o caso do apóstolo Judas Iscariotes. Ele é um exemplo claro daquilo que estamos falando. Antes de trair Jesus Cristo, Judas Iscariotes foi alguém que recebeu chuvas celestiais sobre ele. Ele foi escolhido para ser um apóstolo. Ele andou com o próprio Deus. Ele aprendeu coisas maravilhosas com Jesus. Jesus deu a ele autoridade para expulsar demônios e para curar todo tipo de enfermidade. Ele aparentemente era igual a todos os outros discípulos de Jesus. Ele era tão igual aos outros apóstolos que ninguém desconfiou dele quando o Senhor Jesus disse que alguém ia traí-lo.

Judas se parecia com um crente de verdade, mas ele era um filho da perdição. Ele era como um daqueles terrenos ruins que Jesus contou na parábola do semeador. Jesus disse que existem pessoas que ouvem e permanecem por um determinado tempo, mas depois elas abandonam o santo evangelho. Judas era um destes. Ele enjoou de Jesus. Ele enjoou da comida espiritual que ele comeu ao lado de Cristo e dos seus apóstolos. Ele abandonou a Cristo definitivamente. Na verdade, ele nunca nasceu de novo.

E o ponto em questão aqui é que existem pessoas como Judas Iscariotes nas igrejas dos nossos dias. Elas entram numa igreja fiel – onde é ensinado o verdadeiro evangelho; onde é celebrado os sacramentos conforme Cristo nos ensinou; onde os pecadores são disciplinados de acordo com a Palavra de Deus – mas depois elas ficam enjoadas de tudo. Eles começam a reclamar de tudo. Reclamam da igreja, do culto, dos presbíteros, dos diáconos, do pastor, das mulheres, das crianças ou de qualquer outra coisa.

Alguns deles enjoaram tanto que não querem saber mais de nenhuma igreja. Igreja para eles é uma perda de tempo, é um lugar cheio de gente hipócrita. E por isso é melhor ficar do lado de fora.

Porém, há também outros apóstatas que saem e vão procurar uma igreja mais interessante, mais legal, mais divertida. Eles vão procurar pastores que falem aquilo que eles querem ouvir. O apóstolo Paulo conhecia este tipo de pessoa, pois ele disse assim em 2 Tm 4.1-5): “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”. 

Portanto, irmãos, tenham cuidado com isso. Tenham cuidado para não enjoarem da Palavra de Deus. Tenham cuidado para não serem pegos criticando tudo, achando tudo ruim, e namorando com igrejas infiéis. Saibam que esses sentimentos e esses pensamentos são os primeiros passos para a ruína de alguém. Pessoas que fazem isso não gostam da verdadeira doutrina, e não gostam que fiquem pegando no seu pé. Eles querem ser livres e não querem ninguém se metendo na sua vida. E com isso elas estão vagarosamente apostatando na fé. Elas estão progressivamente caminhando para uma queda fatal. Assim sendo, tomem cuidado para não trilharem por esse caminho. O final desse caminho não é nada bom.

O apóstolo João disse em sua primeira carta às igrejas que algumas dessas pessoas saem do nosso meio porque realmente elas nunca foram dos nossos. E assim não há mais jeito para elas. De fato, muitos já estiveram aqui em nossa igreja. Eles aprenderam a amar a Deus e ao próximo. Ouviram tantos e tantos sermões. Comeram conosco. Alegraram-se conosco. Participaram da Santa Ceia ao nosso lado. Mas, depois foram embora e não quiseram mais saber de nós. Eles não querem mais saber do verdadeiro evangelho anunciado nesta igreja. E com isso eles se tornaram apóstatas, pois negaram a fé de uma vez por todas. Eles até chegam a pensar que apenas mudaram de igreja. Mas o que realmente aconteceu foi que eles abandonaram a luz e foram para as trevas.

Portanto, o julgamento de Deus para eles é este: É impossível renová-los para arrependimento. Foi isso que o autor de Hebreus mostrou para os primeiros leitores da sua carta, mais especificamente no versículo 6: “… é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia”. Sim, era impossível que essas pessoas fossem renovadas por Deus para arrependimento, pois, em sua apostasia, em seu retorno ao judaísmo, eles estavam crucificando novamente o Senhor Jesus Cristo.

É claro que o autor de Hebreus está falando aqui de um modo simbólico, pois Cristo já tinha sido crucificado no passado. Porém, o que ele queria dizer era o seguinte: Ao voltarem para o velho judaísmo, os apóstatas daquele tempo em que esta carta foi escrita estavam se unindo aos judeus que crucificaram Cristo da primeira vez. Os judeus fizeram isso no passado, e agora, simbolicamente, era a vez desses tais apóstatas fazerem isso de novo.

Em outras palavras, eles voltaram a crer que Jesus Cristo era somente um criminoso pendurado numa cruz, e pensar dessa forma era como se eles estivessem crucificando novamente o Messias, expondo mais uma vez o Senhor Jesus ao desprezo público. Por isso, não havia mais arrependimento para eles. Sim, é claro que nem eu e nem o autor de Hebreus estamos falando de pessoas eleitas que perderam a sua salvação. Não. O que ele está falando é de pessoas que estavam dentro da aliança, dentro da comunidade da aliança, tal como Judas Iscariotes, mas que nunca nasceram de novo.

Portanto, irmãos, saibam que as pessoas que fazem isso em nossos dias estão andando de mãos dadas com aqueles mesmos apóstatas que viveram na época do autor de Hebreus. É por esse motivo que não há um caminho de volta para pessoas que desprezam o verdadeiro evangelho depois que eles conheceram a verdade sobre Cristo e o seu reino. Lembrem-se de que estou falando daqueles que desprezaram terrivelmente o verdadeiro evangelho do Senhor Jesus Cristo.

E não adianta nem mesmo você tentar convencê-los a voltar. Eles jogaram a verdade no lixo. Eles foram buscar alimento envenenado em igrejas infiéis. Infelizmente, eles foram procurar salvação em um verdadeiro barco furado. Então, se vocês forem conversar com essas pessoas, tomem cuidado com as suas palavras. Lembrem-se de Jesus Cristo, quando ele disse assim em Mateus 7.6: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem”.

Lembrem-se disso, e tenham cuidado com o bom andamento da vida de vocês diante do Senhor.

Amém.

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Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.