1 Reis 6.24-7, 1 Reis 20

Leitura: Deuteronômio 28.15-19, 52-57, 1 Reis 6.24-7, 1 Reis 20
Texto: 1 Reis 6.24-7, 1 Reis 20


Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Que capítulo terrível! Os eventos que são relatados aqui são tão terríveis que temos vontade de apenas fechar as nossas bíblias ou procurar outro texto que seja mais edificante. 

Mas esta é a Palavra de Deus. E sabemos que não é por nada que nosso Deus registra estes eventos tão terríveis para todas as gerações futuras. E temos que levar isso a sério.

Lembramos que toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça, como Paulo escreve a Timóteo.

Olhando ao capítulo como um todo, vejo três lições profundas aqui neste texto, que realmente são interligadas.

1. A infalível Palavra de Deus

Em primeiro lugar, a lição que se destaca acima de tudo neste texto é que a Palavra de Deus é infalível e confiável. Quando Deus fala, ele deve ser levado a sério. Quando Deus declara que algo acontecerá, então acontecerá. 

Veja aqui quantas vezes esta lição é destacada neste texto.

Primeiro, o cerco de Samaria.

Versículo 24 diz, 2 Kings 6:24: “Depois disto, ajuntou Ben-Hadade, rei da Síria, todo o seu exército, subiu e sitiou a Samaria.”

Vemos o desespero do povo de Israel nos preços de comida. A cabeça de um jumento era obviamente a parte menos desejável para comer – sem mencionar o fato de que era impura pela lei de Moisés. Um siclo era o salário de um mês em tempos normais. Então, a pessoa iria gastar a poupança de vários anos para comprar a cabeça de um jumento, porque não havia mais nada para comer. Um quarto de litro de esterco de pomba era vendido por cinco meses de salário. Esses preços mostram que a cidade estava à beira da fome. E isto era exatamente o objetivo de um cerco: cortar o acesso a comida e água e matar um povo de fome até que ele se rendesse.

No meio daquela fome, lemos o horrível relato das duas mulheres, que fizeram um acordo para cozinhar e comer os próprios filhos. É uma história horrível, mas essas coisas aconteceram em cidades sitiadas. Temos registros do império assírio que descrevem as mesmas coisas. O historiador Josefo, da época de Cristo, descreve como a mesma coisa aconteceu em Jerusalém quando foi sitiada pelos romanos em 70 DC.

Mas aqui está o ponto que não queremos perder: se você conhece bem a sua Bíblia, essas coisas horríveis não devem ser uma surpresa. Deus declarou em Deuteronômio que essas coisas aconteceriam se Israel O abandonasse.

Deuteronômio 28:52–53: ““[Se abandonares o SENHOR, teu Deus, o teu inimigo] sitiar-te-á em todas as tuas cidades, até que venham a cair, em toda a tua terra, os altos e fortes muros em que confiavas; e te sitiará em todas as tuas cidades, em toda a terra que o Senhor, teu Deus, te deu. Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor, teu Deus, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.”

Agora, isso pode nos parecer cruel da parte de Deus, que Deus os puniria tão severamente. Mas, precisamos reconhecer que não é Deus quem fez essa abominação, mas as próprias pessoas. Isto apenas revela a perversidade do pecador que vive por si mesmo, que, dado a necessidade, fará até isso com seus filhos para preservar sua própria vida. Então Deus entregou o povo ao seu próprio mal. Aqui vemos a pecaminosidade do coração humano em toda a sua feiura. Quando um povo se afasta de Deus e abandona Sua lei moral, não há limite para a depravação de que são capazes.

Mas precisamos ver por trás disso a infalível Palavra de Deus. Por mais desconfortável que seja para nós, Deus disse que se Israel se afastasse Dele, então Ele os entregaria ao seu próprio pecado, e esse tipo de coisa aconteceria. E agora aqui estamos. A Palavra de Deus não falha.

Somos confrontados com a Palavra infalível de Deus pela segunda vez no capítulo 7, versículo 1. Jeorão envia um mensageiro para matar Eliseu, mas Eliseu estava com a porta trancada e, quando o mensageiro chegou à porta, Eliseu declarou a ele, na presença dos anciãos e líderes de Israel: “Assim diz o Senhor: Amanhã, a estas horas mais ou menos, dar-se-á um alqueire de flor de farinha (ou seja, uns 7 litros) por um siclo, e dois de cevada, por um siclo, à porta de Samaria.” O capitão da guarda, que estava na sala com Eliseu, ouvindo esta profecia, disse que nem Deus mesmo poderia fazer isso acontecer, mesmo que Ele abrisse as janelas do céu e despejasse aquele tipo de comida na cidade.

Mas foi exatamente o que aconteceu. Mais uma vez, a palavra de Deus se mostra infalível e confiável. Durante as últimas horas do dia, Deus fez os sírios ouvirem o som de um grande exército de anjos, e eles fugiram aterrorizados. Eles imaginaram que os israelitas haviam enviado secretamente um mensageiro para contratar os reis do Egito e os hititas – uma conclusão até razoável, já que essas nações estavam sempre em guerra umas com as outras, e nem o Egito nem os hititas teriam gostado da ideia de Síria controlando Israel.

A propósito, os arqueólogos por muitos anos desacreditaram na existência do povo hitita. Foi considerado um mito judaico. A civilização hitita nunca foi encontrada, e não é mencionada fora da bíblia. Então o argumento é que se fosse realmente uma civilização tão grande e poderoso que Síria teria medo deles, então certamente nós teríamos evidencia arqueológica deles.

Então, no final do século 19, os arqueólogos começaram a descobrir várias cidades com nomes notavelmente semelhantes aos que encontramos na Bíblia. Em fim, depois que milhares de tábuas foram descobertas, eles concluíram que não apenas era um império verdadeiro, mas era muito mais poderoso que Judá e Síria juntos; era um reino comparável ao Egito em poder e domínio. Até hoje, a Palavra de Deus se mostra verdadeira e confiável.

E esse é o ponto aqui. O exército sírio ouviu o som de um poderoso exército e concluiu que os egípcios e os hititas estavam vindo atrás deles, e eles correram para salvar suas vidas. E mais uma vez, a Palavra de Deus se mostrou verdadeira e confiável.

E há uma terceira instância também, na palavra de Eliseu a este capitão que desacreditou a palavra de Eliseu. Eliseu disse a ele no versículo 2: “Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás.” 

E no final do capítulo o autor aqui conta como isso também sucedeu exatamente como Eliseu disse. O capitão estava no portão da cidade quando o povo saiu correndo para saquear o acampamento dos sírios, e ele foi pisoteado pelo povo e morreu.

O ponto de tudo isso é de nos mostrar que a Palavra de Deus é verdadeira e confiável. Quando Deus fala, Ele fala sério, e sua palavra é digna de ser confiada. A igreja de hoje também precisa saber disso. A apostasia de Israel começou na desconfiança na Palavra do Senhor. É a mesma estratégia que Satanás usou com Eva, fazendo que ela desconfiasse na palavra do Senhor. E é mesma coisa que faz a igreja apostatar: a desconfiança na palavra de Deus. Que a Palavra de Deus não é adequado para nós hoje, seja para nossa ética ou a nossa ciência ou as nossas estratégias de crescimento. 

Eliseu e a igreja nesta época não se manterem fieis por causa da abundância de evidências (as promessas de Deus pareciam improváveis ou até impossíveis nesta época), mas eles se manterem fieis porque eles acreditaram na Palavra de Deus, achando-a confiável; e com tempo, eles foram vindicados nesta confiança.

Nós também precisamos saber disso em nossos dias. Ao seguir a Palavra de Cristo e esperar pelo retorno de Cristo; ao trabalhar para construir Seu Reino em uma nação e cultura que parece estar rejeitado a Palavra dEle. Precisamos saber que a Palavra de Deus é verdadeira quando a “ciência” afirma ter refutado a Palavra de Deus. A questão pra a igreja de hoje é a mesma questão de sempre: em que você confia? Precisamos confiar na Palavra de Deus quando muitos ao nosso redor a chamam de primitiva, antiquada, fanática ou intolerante. Se vamos ser fiel em nossos dias, precisamos saber que a Palavra de Deus é verdadeira e confiável.

2. O verdadeiro significado da fé

A segunda coisa que precisamos reconhecer neste capítulo é a diferencia da verdadeira e falsa adoração.

No versículo 33, depois que Jeorão ouviu sobre as duas mulheres que estavam comendo seus filhos, Jeorão disse: “Eis que este mal vem do SENHOR; que mais, pois, esperaria eu do SENHOR?”

Devemos pensar sobre isso que Jeorão pergunta. O que que sua pergunta revela sobre seu próprio coração?

Esta pergunta é mais compreensível se lembrarmos que Jeorão tinha resolvido, desde o início, a seguir (pelo menos em nome) a religião de Javé. Ele seria conhecido como adorador de Javé (diferente de sua mãe Jezebel que adorou Baal). Já no início de capítulo 3, quando o rei Jeorão foi introduzido, o texto diz que ele “despojou os profetas de Baal.” Além disse, parece que ele deu a Eliseu uma posição de influência no seu reino (observe como aqui neste capítulo, encontramos Eliseu se reunindo com os anciãos de Israel, e ainda está dando ordens a eles, e eles estão obedecendo a ele). Então pense da perspectiva de Jeorão: a promessa de Deus é que se formos fieis, ele nos abençoará (não é isso que os profetas estavam sempre dizendo). Então veja como tenho sido fiel! Não removei os ídolos de meu pai? Não tratei com respeito o profeta Eliseu? E agora, Deus me recompensa assim? É assim que Deus me trata? Pra que eu tenho sido fiel? 

E até agora neste cerco, externamente Jeorão fez tudo certo: se vestiu com pano de saco e cinzas, o sinal bíblico de arrependimento e humildade e dependência de Deus. Então podemos compreender a queixa passando pela mente de Jeorão: quando Deus está satisfeito? Quando é o suficiente? Pra quê servir a um Deus que não faz nada por seus servos? 

Vemos a amargura de Jeorão contra Deus nas palavras dele para as mulheres no versículo 27: “Se o Senhor te não acode, donde te acudirei eu?” Se Deus não ajuda seus adoradores, o que que eu posso fazer?

Você já ouviu uma reclamação assim? Eu me lembro, conversando com um homem uma vez no parque onde nossos filhos estavam brincando, perguntei a ele se ele tinha alguma religião. Ele disse que foi criado dentro da igreja, e era bem fiel. Confiava muito em Deus. Mas aconteceu que a mãe dele pegou cancer, e ele orou e orou, pedindo que Deus curasse ela; mas no final, ela não sobreviveu. E ele disse, naquele dia, ele deixou de orar a Deus.

É exatamente este pensamento que vemos expresso aqui em versículo 33: “O que mais eu deveria esperar do Senhor?” A cidade está morrendo de fome, Eliseu não fez nada para nos salvar, estou em pano de saco e cinzas, e Deus não faz nada. Acabou-se. Vou esperar em Deus mais não. Era melhor ter seguido os Deuses de meu pai. Pelo menos naquela época, o nosso país prosperava. Se Deus não atende às orações dos seus servos, então não é digno de minha adoração.

E podemos ver que Jeorão não estava apenas falando em um momento de calor, mas estava apostatando mesmo, porque em versículo 31 ele jurou matar o profeta Eliseu naquele mesmo dia. 

Agora, por um certo lado, podemos entender este pensamento de Jeorão. Por natureza, é assim que o ser humano pensa mesmo. Adoramos a Deus pelos benefícios que pensamos que vamos ganhar. E quando Deus não nos dá a vida fácil que desejamos, começamos a questionar se realmente vale a pena obedecê-lo.

Mas esta forma de pensar, irmãos, é perversa.
(1) Em primeiro lugar, é perversa porque assim nós nos colocamos no trono de Deus, colocando Deus em julgamento. Como se tivéssemos o direito. É dizer, eu vou decidir se Deus merece a minha adoração ou não. Mas se Deus é Deus, não há, e nunca haverá, justificativa para fazer isso. Se Deus é Deus, então não há circunstância no mundo que justifica essa atitude. Deus faz o que Deus quer. Salmo 115: “Nosso Deus está nos céus; Ele faz o que Lhe agrada.” Como Paulo diz em Romanos 9: “Pode o barro dizer ao oleiro: por que me fizeste assim?” Se Deus é Deus, o Criador e sustentador de todas as coisas, então não temos nenhum direto a questionar se Ele merece a nossa adoração.

Então este pensamento presume que eu posso negociar com Deus pelo que eu já devo a Ele, a adoração e honra que Ele merece. Ele presume que Deus só merece a minha adoração na medida em que Ele atende aos meus desejos.E isto é perverso. Deus me criou para sua glória. Ele é Deus, e eu não.

Contraste a atitude de Jeorão com a de Jó, quando ele perdeu tudo o que tinha; sua propriedade, sua família e sua saúde: e ainda assim ele se curvou e disse: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” Ou, como ele disse no capítulo 13, “ainda que ele me mate, eu o louvarei”. Irmãos, esta é a verdadeira adoração. E assim podemos perceber que Jeorão de fato nunca adorou ao Senhor de verdade. Por toda a sua adoração externa, ele nunca compreendeu o que é adorar ao Senhor de verdade.

A resposta de Jeorão, agora na hora da adversidade, revela que é possível alguém ter um coração de incredulidade mesmo por trás de uma vida de adoração externa. É possível adorar a Deus, não por verdadeiro amor e gratidão a Ele como Deus, mas com base na suposição de que Ele me abençoará com as coisas que eu desejo: seja um cônjuge, filhos, livramento de doenças ou dores, um bom emprego — seja ele qual for. E na hora que eu perco estas coisas, ou percebo que nunca obterei, então não tenho interesse mais em adorar a Deus. Irmãos, isso não é verdadeira adoração. Na verdade, é adorar aquilo que eu desejo—e Deus é nada mais pra mim do que um meio pra obter aquilo.

Então, quando Jeorão finalmente desesperou das bênçãos terrenas que pensou que obteria por ser fiel a Deus, ele abandonou a Deus.

Uma tragédia repentina pode expor a impiedade por trás de uma vida inteira de adoração exteriormente correta. Já falei de Jó, mas considere a sua esposa, que, quando passou pelas mesmas provações, virou as costas para Deus e o amaldiçoou.

Jó nunca viu isso como uma opção, porque ele entendeu que Deus é Deus, e meu sofrimento não muda isso. Quando a falsa adoração é enfrentada com sofrimento, ela vira as costas para Deus; quando a verdadeira fé se depara com sofrimento, ela corre para Ele. 

Vemos esta realidade em Salmo 73 também. O salmista confessa que por um momento, ele lutou com essa mesma dificuldade, ao ver os ímpios prosperando. Ele confessa que quase chegou a negar o Senhor. Mas quando ele lembrou do fim que espera os ímpios, ele despertou da sua incredulidade e se entregou novamente ao Senhor. No final do salmo, ele reconhece que a recompensa por uma vida de fé não é nenhuma bênção terrena, mas é o próprio Senhor mesmo. “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.”

Irmãos, que nós não adoremos ao Senhor com um coração incrédulo, tratando-o como um meio para nossos ídolos, e não como o Deus que merece a nossa adoração em todas as circunstâncias. Que o obedeçamos porque Ele é digno de receber a nossa obediência, e não porque desejamos ganhar alguma coisa em troca. 

Agora, esta apostasia de Jeorão tem toda a ver com o primeiro ponto que consideramos neste texto: a veracidade e confiabilidade da Palavra de Deus. Jeorão deixou de seguir o Senhor porque ele viu que não iria ganhar as bênçãos terrenas que ele desejava; mas também ele apostatou porque ele deixou de acreditar que a Palavra pode ser confiada.

De fato, Deus havia prometido que se Israel fosse fiel, que Ele iria abençoá-los e protegê-los dos seus inimigos. Podemos ler estas promessas em Deuteronômio 27 e 28. Isto não quer dizer que Jeorão tinha o direito de abandonar o Senhor por causa do cerco; mas podemos observar que Jeorão abandonou o Senhor exatamente porque ele não acreditou mais que a Palavra de Deus era digna de confiança. E isso foi um erro fatal pra ele. 

A igreja de hoje precisa lembrar disso também, em meio de suas tribulações. No final, Deus vai mostrar-se fiel, e Sua Palavra vai se mostrar verdadeira. E que será daquelas pessoas que, nesse meio tempo, viraram as costas para Deus porque decidiram que Ele não era confiável? No último dia, todo joelho se dobrará diante de Jesus Cristo, e será manifesto que Jesus é o Filho de Deus e o Rei dos Reis. Apocalipse 21 nos diz que naquele dia Ele enxugará toda lágrima de nossos olhos, e não haverá mais choro nem dor. Mas naquele dia, haverá muitas pessoas como Jeorão que, durante esta vida, decidiram que Deus não era digno de sua confiança, ou que Deus não existe, porque Deus não fez o que elas queriam que fizesse. Naquele dia, eles perceberão como eram míopes e quão tola era sua incredulidade. Mas então será tarde demais. 

A fé confia quando não há visão. Paulo disse em Rom. 8:24–25: “Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.”

Deus registrou esta terrível história para nós para que reconheçamos que Sua Palavra e Suas promessas são confiáveis, mesmo quando não temos vista delas. A decisão que Jeorão tomou foi prematura, porque ele ainda não sabia o resultado final. Deus nos chama a confiar nEle, e isso inclui nos momentos em que não sabemos o resultado final.

A verdadeira adoração confia e obedece, não para ganhar algo neste mundo, e não porque já vê o resultado neste mundo, mas porque confia em Deus que fez as promessas. A verdadeira fé obedece mesmo quando a obediência parece loucura, e não faz sentido aos nossos olhos. Ela confia que a Palavra de Deus prevalecerá e será vindicada no final das coisas. 

É pra esta fé que Deus nos chama, e Ele é digno dessa confiança.

3. As consequências da incredulidade

E isso nos leva, muito brevemente, à última lição incluída neste texto, ou seja, que há consequências para a crença e a descrença.

Como o rei e o capitão do rei estavam indispostos e, portanto, incapazes de acreditar na infalível Palavra de Deus, vemos que eles não experimentaram o resultado da salvação de Deus; foi para outras pessoas; neste caso, pra estes quatro leprosos. Especialmente o capitão da guarda por causa de sua incredulidade nunca chegou a desfrutar das bênçãos que Deus havia prometido. Em vez disso, ele foi pisoteado no portão.

Podemos observar um padrão aqui que fica evidente em toda a historia da redenção. A geração dos Israelitas que não acreditaram na Palavra de Deus de que iria conquistar diante deles a terra de Canaã, por resultado perderam as promessas. O Senhor Jesus advertiu o povo de Israel, em sua geração, da mesma coisa: Se o povo da aliança não for capaz de responder à Palavra de Deus com fé, então as bênçãos foram desfrutadas pelos gentios.

Você pensa na parábola que o Senhor Jesus contou sobre a festa de casamento e os convidados que foram convidados, mas nenhum deles queria ir. E assim, no final, quem desfrutava da festa eram os estranhos a aliança. E quem é representado ali somos nós. Já que os judeus não acreditaram, nós—estranhos, perdidos, que estavam fora—nós fomos convidados para o Reino de Deus.

Paulo também fala sobre isso em Romanos 11. A grande maioria dos judeus foi cortada das promessas de Deus por causa de sua incredulidade. E assim, ele diz, vamos nós ficar firmes pela fé.

A crença e a descrença têm consequências. A obediência a Cristo, nesta vida, e a desobediência, tem consequências.

O livro de Hebreus fala a mesma coisa.

  • Heb. 3:12: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo.”
  • Heb. 4:1–2: “Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado. Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.”

Os leprosos, que naquele dia eram proscritos, acabaram recebendo a bênção, enquanto o capitão da guarda a perdeu por causa de sua incredulidade. Certamente isso é um aviso para nós.

Mas, irmãos, que isso também sirva de encorajamento para vocês. Considere a alegria desses leprosos. Depois de saquearem o acampamento, eles perceberam que a abundância que haviam recebido de repente era grande demais para eles guardarem para si mesmos. De repente, eles perceberam: “este é um dia de boas novas.”

Seus motivos para compartilhar essas boas novas talvez não fossem os melhores. Eles disseram a si mesmos: “Se ficarmos calados e esperarmos até a luz da manhã, o castigo nos alcançará”. E assim eles foram e contaram aos porteiros da cidade.

Mas era exatamente isso que eles precisavam fazer, porque as bênçãos que eles herdaram repentinamente eram para todo Israel, e eram grandes demais para guardar para si mesmos.

E certamente esta é uma lição para nós também.

Viemos a saber que a Palavra de Deus é verdadeira. Viemos a descobrir, pela graça de Deus, o que significa conhecê-lo e adorá-lo em verdade. Temos uma herança maravilhosa em Cristo, e temos esta herança porque Israel não quis acreditar.

E assim, este é um dia de boas novas. Esta é a vitória que o Senhor conquistou para nós. E nós devemos também chamar o mundo inteiro para compartilhar nestas boas novas, para conhecer o Deus que nos deu Sua graça inesperada. O oposto da incredulidade não é apenas crer e confiar Nele, mas também proclamar o Seu louvor para o mundo. Como diz Davi em Salmo 40, “Proclamei as boas-novas de justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu o sabes, Senhor. Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a tua verdade.” 

Cantem Seus louvores. Proclamem Sua glória para o mundo inteiro. E é nisso – ao adorá-lo e cantar os Seus louvores- – que encontramos a alegria de uma vida de fé em um Deus cuja Palavra é verdadeira e confiável, até o último dia, quando Cristo voltar e fizer novas todas as coisas.

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Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.