Dia do Senhor 40

Leitura: Mateus 05.21-26; 1ª João 04.07-21
Texto: Dia do Senhor 40

Queridos irmãos em Jesus Cristo,

Não matarás. Deus nos avisa contra isso no sexto mandamento. Não matarás! Este mandamento parece ser escrito para criminosos, e não para membros da igreja… Não matarás! Isso é uma coisa bem pesada.

Sabemos bem sobre o que a bíblia está falando. Todos os dias ouvimos noticias sobre isso: Na segunda-feira passada uma avó, de 71 anos, foi assassinada com dezessete golpes de faca pelo neto; Na terça feira o matador de Olival foi julgado e pegou 19 anos de prisão; Na quarta feira foi encontrado o cadáver dum homem em Boca da Mata. A vitima foi executada. Três pessoas em três dias. Todos os dias ouvimos outras notícias.

E pense nos filmes que estão cheios de violência, assassinatos. Todos os dias a televisão mostra outros filmes em que as pessoas são assassinadas. Observando isso eu não preciso explicar o que é MATAR. Para muitas pessoas um assassinato é uma coisa normal. Para muitas crianças isso é uma brincadeira: eles jogam com soldados de plástico; ou eles jogam no videogame para matar os ‘seus inimigos’. E muitos adultos gostam de alugar um filme para assistir os assassinos mais horríveis. Eles gostam. Quanto mais sangue tanto mais eles gostam. E eles não se preocupam, pois é um filme. Não é verdade, eles dizem. A realidade em que as pessoas são assassinadas está longe deles.

Parece que a nossa situação é assim se ouvirmos o sexto mandamento. Não matarás, isso é uma palavra para os criminosos naquela penitenciária Baldomero Cavalcante perto do aeroporto, mas não para as pessoas simples na igreja de Village Campestre. Será, irmãos? Será que Deus nos deu este sexto mandamento só para pregar aos criminosos na prisão?

Não, irmãos! Não é assim. O nosso Catecismo quer NOS ensinar que o sexto mandamento também é dado a nós. De propósito o catecismo pergunta: Esse mandamento trata somente de matar? A resposta certa é: NÃO! Proibindo o homicídio, Deus nos ensina que ele detesta A RAIZ do homicídio, a saber: A INVEJA, O ODIO, A IRA E O DESEJO DE VINGANÇA. Ele considera TUDO ISSO homicídio.

Muitas pessoas acham isso exagerado. Pois devemos ser honestos: não faz uma grande diferença se vivo com inveja com alguma pessoa ou que eu pego uma faca e o mato? não faz uma grande diferença se eu estou com raiva e dou uma tapa em uma pessoa, do que se assassino ele. O Juiz não faz diferença? Se estou diante do Juiz por causa dum tapa, ou por causa dum assassinato, isso faz uma grande diferença. Isso é verdade, irmãos. Na justiça deste país estas coisas são tratadas diferentemente. Mas DEUS não age assim. Deus considera estas duas coisas ligadas um com o outro. Uma tapa e um assassinato são tratados rigorosamente.

Pense nas palavras de Jesus (Mateus 5,21-26). Eles disse aos seus alunos: Ouvistes…que foi dito aos antigos….Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento; Eu, porém, vos digo…. que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar ‘tolo’ estará sujeito ao inferno de fogo.

Já pensou sobre estas palavras de Jesus, irmãos? Já descobriu que as palavras de Jesus são muito esquisitas? O que Jesus disse é o mundo inverso. Quanto mais leve o crime, tanto mais pesado o castigo. Jesus dá o seu comentário ao sexto mandamento e Ele mostra claramente, que o sexto mandamento não somente fala sobre homicídio. Dessa maneira pensaram os judeus. O sexto mandamento? Só trata sobre homicídio. Se eu não assassinar ninguém, estarei inocente. Mas Jesus não concorda com isso. Ele os ensina que esta idéia é errada. Jesus mostra que este mandamento é muito rigoroso. Quem diz um palavrão, será castigado com o inferno. E isso não é uma brincadeira de Jesus. Jesus diz isso e devemos contar com o seu julgamento, pois ele será o Juiz que virá para julgar os vivos e os mortos. Ele voltará para julgar cada palavra frívola, que foi proferido pelos homens (Mateus 12,36). Jesus fala sério, o sexto mandamento é muito mais rigoroso do que as pessoas pensam.

João, o aluno de Jesus entendeu isso. Ele disse (1 João 4, 15): Todo aquele que ODEIA a seu irmão é assassino. Jesus e João, os dois nos ensinam que o sexto mandamento proíbe muito mais do que só homicídio. Quem assassina o seu irmão, não entrará no céu; mas aquele quem odeia o seu irmão, também não entrará; e aqueles que têm um velho rancor também não; cada pessoa que está envolvido em inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas, fica fora. Paulo diz claramente (Gal. 5,21): eu declaro que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

Então, irmãos, já ouvimos três pessoas nos ensinar, que o sexto mandamento do Senhor é muito mais rigoroso do que as pessoas pensam. O sexto mandamento não fala somente sobre o homicídio, mas sobre todos os sentimentos que levam uma pessoa ao homicídio. E pode ser que nós não matamos ninguém, mas com certeza conhecemos estes sentimentos. O catecismo fala sobre isso.

Ele pergunta o que Deus exige no sexto mandamento. E a resposta mostra que o sexto mandamento está mais perto de mim, do que eu quero saber. A resposta começa assim e diz: EU. O sexto mandamento fala sobre a minha vida. Não sobre a vida das outras pessoas, mas sobre a minha vida; O sexto mandamento não é somente para aquele neto que assassinou a sua avó; o sexto mandamento não é somente para o matador de Olival; não o sexto mandamento fala para mim. E EU devo obedecer este mandamento. Eu não devo desonrar, odiar, ofender ou matar meu próximo. Isso não posso fazer nem por pensamentos, palavras ou gestos e muito menos por atos.

Cristo não fica longe com este mandamento. Ele observe o nosso coração. Ele sabe o que está no nosso coração. Os nossos pensamentos e os nossos sentimentos! E quem tem coragem de abrir os olhos para se dar oportunidade de olhar o que está no nosso coração. Que PENSAMENTOS HORRIVEIS as vezes estão na nossa cabeça! Às vezes podemos ver o fogo nos olhos do nosso inimigo. As vezes podemos ler os pensamentos olhando os olhos. Às vezes uma pessoa não deve dizer nada. Só uma olhada já é bastante. Uma olhada que diz: vai para inferno! Quantas pessoas já maldisseram os seus vizinhos em silêncio?

E pensa, irmãos, como nós mesmos podemos dizer coisas sem pensar. Podemos machucar os nossos próximos com as nossas palavras. A nossa língua pode se tornar num chicote, com que nós damos uma sova nos outros; PALAVRAS podem deixar marcas profundas na alma duma pessoa. As nossas palavras podem se tornar agulhas, que ferem uma outra pessoa. As nossas palavras são como pedras que nós jogamos em uma pessoa. A nossa aparência é boa enquanto ninguém nos ataca, mas se acontecer a nossa aparência pode mudar de uma pessoa amável para uma cobra que morde.

O Catecismo continua e fala sobre o raiz de todo homicídio: a saber: A INVEJA, O ODIO, A IRA E O DESEJO DE VINGANÇA. Deus odeia estes sentimentos. Deus julga estes sentimentos igual como homicídio. Devemos pensar nisso, irmãos. Não pense que estes sentimentos não entram no coração dum crente. Pois não é verdade. Já vi bastante neste ponto. Que raiva pode crescer no coração dum crente! Raiva entre pais e filhos; um ódio entre irmãos; um ódio entre famílias, que continua por muitos anos. Nada é pior do que um coração com orgulho! O orgulho pode destruir a vida das pessoas e pode deixar uma atmosfera amarga. Irmãos em Cristo que não dizem nada quando se encontram, nem olá nem tchau. Eles passam sem olhar ou virando a cabeça fingindo que eles não tinham visto o outro. È uma coisa muito triste se acontecer.

E se acontecer a vida na igreja estraga. Deus não aceita isso. Deus proíbe isso. Deus nos ensina a amar os nosso próximos. Deus nos ensina amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão. Ele nos chamou para sermos assim. Ele nos tirou do mundo que está cheio de violência, e ódio, vingança e homicídio. Ele nos tirou deste mundo e nos reuniu na igreja. E ele nos coloca lado ao lado na mesa do Senhor e ele nos lembra a cruz de Cristo.

Ele nos apresenta Jesus como o príncipe da paz; Cristo desceu do céu, aonde se encontra paz, para o mundo, que está cheio com violência. Cristo veio para cá para estabelecer a paz. Paz com Deus e paz entre os irmãos. Os anjos cantavam sobre isso na noite em que Cristo nasceu: Paz na terra, entre homens a quem ele quer bem. PAZ na terra.

Estes anjos já sabiam que este menino ia restaurar a PAZ com Deus. Deus prometeu isso já desde o inicio. Desde o momento que a paz foi quebrado pelo homem. O homem quebrou a paz, mas Deus quis restaurar. Ele prometeu e ele sempre cumpre as suas promessas. O menino ia crescer e terminar a sua vida no Calvário. Ele foi crucificado para nos reconciliar com Deus.

Cristo nos reconciliou com Deus, irmãos. Sabem o que isso quer dizer?

Deus não é mais um inimigo, mas o nosso Pai; Deus não castigará os nossos pecados, mas Ele nos aceita como os seus filhos e herdeiros; Deus não nega nos, mas Ele olha para nos e cuida de nós; Deus não vira a sua cabeça, Ele procura-nos para nos ajudar; Deus não fecha o céu para nós, mas ele abre a porta e nos convida; Deus não nos odeia, mas Ele nos ama.

Cristo nos mostra este amor. Regularmente nós nos lembramos do amor de Cristo, se celebramos a santa ceia. Podemos ver como Cristo restaurou a relação entre Deus e nós; como ele estabeleceu a Paz na terra. O filho veio nesta terra e sofreu por causa da inveja, da ciúme, do ódio e da vingança dos homens. Ele veio para estabelecer paz, mas as pessoas não queriam paz; eles odiavam a paz. Eles odiavam e desprezavam o príncipe da paz; eles queriam mata-lo; eles o colocaram na cruz porque ele queria paz. Paz no mundo e paz na igreja.

E nós irmãos? Queremos PAZ? Queremos obedecer o nosso Príncipe da Paz. Queremos obedecer o príncipe da paz que nos ensina: Ama o teu próximo. Queremos obedecer a ele? ou pensamos também? – cala boca, vai embora, crucifica-o, crucifica-o Não quero perdoar! Não quero esquecer. Não quero me humilhar para aquele irmão. PAZ com todos mas não com aquele. Não!, diz Cristo. Não pode. Ama o teu próximo. E ama o teu inimigo e ora para todos que te perseguem!

Amém.

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Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.