Sermão preparado pelo pastor Jim Witteveen
Leitura: Marcos 05.01-20
Texto: Marcos 05.01-20
Amada Congregação do Nosso Senhor Jesus Cristo:
Ao longo da história do mundo, a idéia do “bode expiatório” tem sido central para quase todas as culturas e suas mitologias. A expressão “bode expiatório” em si vem da Bíblia, da história do Dia da Expiação em Levítico 16. O bode expiatório era o bode que foi enviado para o deserto, simbolicamente levando os pecados e a culpa do povo de Deus e removendo-os do arraial. Mas a idéia do bode expiatório, como termo mais geral, foi encontrada ao longo da história, em todo o mundo. O bode expiatório é alguém que leva a culpa por outra pessoa – a pessoa que é forçada a assumir a responsabilidade quando coisas ruins acontecem, entre indivíduos, ou numa comunidade, ou mesmo numa nação.
Se você estuda a mitologia grega antiga, por exemplo, há muitos exemplos de bodes expiatórios – coisas ruins acontecem e descobre-se que alguém está culpado – alguém diferente, alguém que pode ser deficiente físico ou pária, alguém que foi excluído da comunidade. O que acontece é que essa pessoa é morta ou banida da comunidade e, nos mitos, os problemas da comunidade são resolvidos.
Mas o bode expiatório não é apenas uma idéia da mitologia; há histórias de bodes expiatórios em larga escala, mesmo nos últimos séculos. Existem muitos exemplos, mas o mais próximo de nós na história, e provavelmente o mais conhecido, é a história dos judeus na Alemanha nazista. Os judeus nos dias de Hitler eram o bode expiatório clássico. Eles eram diferentes, distintos do resto da sociedade, e foram culpados por todos os problemas da Alemanha. Para que esses problemas fossem resolvidos, o bode expiatório tinha que ser removido da sociedade. A sociedade precisava ser purificada, conforme a ideologia do regime nazista. Uma vez que o bode expiatório fosse removido, acreditavam eles, a sociedade alemã prosperaria mais uma vez.
E a história nos mostra o que aconteceu no Holocausto, quando seis milhões de judeus foram exterminadas.
Nossa leitura das Escrituras é a história de um bode expiatório. Podemos não pensar na história nesses termos, mas é. Esta história não é apenas uma história de mais um exorcismo. Nós já vimos Jesus expulsando demônios, espíritos malignos, no evangelho de Marco. Vimos seus inimigos atacando-o, acusando-o de estar em aliança com o príncipe dos demônios. Mas esta história de exorcismo, de expulsão de espíritos impuros, é única, e há um ponto muito importante sendo feito aqui sobre a novidade que o Senhor Jesus estava trazendo – a natureza do seu ministério, que mudou o mundo.
Já mencionei que a idéia do bode expiatório é central em grande parte da mitologia antiga. Mas uma das coisas que torna óbvio que a Escritura é única é a maneira pela qual a Bíblia derruba a idéia do bode expiatório. Na mitologia, o bode expiatório é sempre o culpado. Descobriu-se que o forasteiro da comunidade fez algo para trazer a ira dos deuses à comunidade, e quando ele é morto, ou banido, os problemas são resolvidos. Na Bíblia, porém, a história do bode expiatório é invertida. Podemos ver isso nos primeiros capítulos das Escrituras, da história do primeiro assassinato, quando Caim matou seu irmão Abel. Caim matou Abel, culpando-o por seus problemas, pelo fato de que seu sacrifício foi rejeitado pelo Senhor. Mas Abel não era o culpado – ele era justo e inocente. Ele morreu erroneamente, e Caim apenas piorou seus problemas matando seu irmão.
Podemos ver isso também na história de Jó. Jó enfrentou a calamidade na sua vida; tudo o que ele tinha foi tirado dele. Seus supostos amigos e conselheiros o culparam por sua desgraça e o culparam por trazer angústia à comunidade. Mas a história de Jó mostra que Jó não era culpado; ele era completamente inocente. A história do bode expiatório virou de cabeça para baixo e, no final, Jó acaba fazendo intercessão por seus acusadores.
E também vemos o mesmo tema em jogo aqui na história do demoníaco geraseno. Gerasa era uma área do outro lado do Mar da Galiléia, fora da terra prometida, um território pagão e gentio. A presença de um rebanho de porcos na área deixa claro que não é território judeu – porcos eram os animais mais imundos, e os judeus nunca teriam permitido que criadores de porcos se instalassem em suas terras. Em Gerasa, um homem vivia entre os túmulos. Ele era um pária da sociedade. Ele era o ser humano mais impuro que se possa imaginar, vivendo no lugar mais impuro – no cemitério.
Ele era um homem selvagem – um lunático, um louco. As pessoas da cidade tinham tentado amarrá-lo, mesmo com correntes ao redor de seus braços e algemas ao redor de seus tornozelos, mas os demônios que o possuíam lhe davam força sobre-humana. Ele não podia estar preso, não podia ser subjugado. Ele não podia ser domado. Mas por mais estranho que fosse, por mais assustador que fosse, veremos que esse homem era importante para sua comunidade. Eles não o mataram, mesmo sendo perigoso. Ele morava à margem da comunidade; ele era totalmente excluído. Mas ainda assim, sua presença era necessária.
Este homem passou suas noites e dias nas montanhas e entre os túmulos. Precisamos lembrar que as montanhas do mundo antigo foram vistas de um modo muito diferente do que vemos nas montanhas hoje em dia. Hoje em dia, pessoas gostam de fazer caminhadas nas montanhas. Nós olhamos para as montanhas como lugares lindos, majestosos e gloriosos. As montanhas, especialmente para nós como povo de Deus, são manifestações marcantes do poder de Deus, de sua majestade. As montanhas são um lugar onde pessoas podem fugir das pressões da vida diária e aproveitar a solidão. Mas nos dias de Jesus, as montanhas eram um lugar de medo. Eram lugares de perigo, lugares a serem evitados sempre que possível. Coisas ruins viviam nas montanhas. Se você precisasse, você viajaria pelas montanhas – mas ninguém em sã consciência escolheria morar lá.
Então ele passou a vida vagando pelas montanhas e vivendo entre os mortos no cemitério. E os demônios que o possuíram o levaram a clamar e, segundo nosso texto, “ferir-se com pedras.” Literalmente, o homem estava se apedrejando. O apedrejamento era a forma ritual de execução de bodes expiatórios; párias, pessoas que eram suspeitas de cometer crimes ou lançar maldições teriam sido executadas por apedrejamento. Este homem nunca foi executado, mas sua vida, que era realmente uma morte viva, infligia essa punição a si mesmo.
E quando Jesus sai do barco com seus discípulos, esse homem corre até Ele para confrontá-lo. É irônico – o próprio povo de Deus não reconhece quem é Jesus, mas esse homem endemoninhado sabe quem Ele é imediatamente. É os demônios dentro dele tentam ganhar a vantagem, nomeando Jesus, tentando ganhar controle sobre Ele pelo uso de seu nome. Os demônios usam o nome de Deus que foi usado pelos gentios – “o Deus Altíssimo.” E ele conjura Jesus – é como um exorcismo reverso, uma tentativa de fazer com que Jesus jure que Ele não o atormentará. Porque Jesus já estava dizendo para o espírito impuro sair.
O demônio tentou assumir o controle nomeando Jesus, mas Jesus ganha controle sobre a situação forçando o demônio a se identificar. E, como se constata, não é apenas um demônio que faz da vida desse homem um inferno – é uma legião de demônios. Uma legião do exército romano era composta de 6.000 soldados, 120 homens a cavalo, juntamente com outro pessoal de apoio. Havia uma multidão de espíritos malignos operando neste homem. E agora os demônios haviam sido identificados, eles sabiam que haviam sido derrotados. Eles agora sabiam que as palavras de João Batista em Marcos 1.7 foram verdadeiras:
“Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.”
Ele era mais poderoso. Ele tinha o poder do Deus todo-poderoso. Mesmo uma horda de demônios não poderia ficar contra o seu poder. E assim como os demônios o reconheceram quando Ele saiu do barco, eles agora reconhecem que estão condenados.
Então eles pedem a Jesus para mandá-los para a manada de porcos que estava se alimentando na encosta do lago. É uma imagem incrível – 2000 porcos destruindo-se, correndo para o mar, onde se afogaram. Se alguma vez houve uma história dramática nos evangelho, é essa. Há essa batalha entre as hostes espirituais da maldade e o Filho de Deus, e acaba sendo uma derrota. Os demônios, que há tanto tempo oprimem esse homem de maneira tão horrível, não conseguem fazer nada diante da simples palavra do Senhor Jesus.
Os criadores de porcos ficaram chocados. Em segundos, o seu sustento desapareceu diante de seus olhos. Eles correm para a cidade e contam às pessoas o que acabou de acontecer. E o povo saiu para ver o que havia acontecido. O que eles vêem os choca. Eles vêm a Jesus, e eles vêem com Ele o homem que eles só conheciam como o lunático da aldeia. Ele não está reclamando e delirando, ele não está gritando. Ele não está se apedrejando. Ele senta em silêncio. Ele não está nu, se apedrejando e abusando de seu corpo. Ele está vestido. E ele não é louco nao mais – ele está em seu juízo perfeito!
E o que eles fazem? Eles correm até Jesus e caem a seus pés, para agradecer a Ele pelo que Ele fez? Eles agradecem pelo modo como seu amigo, seu irmão, foi libertado de seu tormento? Não! O oposto é o caso. Ele vêem o homem e ficam com medo. Não ficam muito felizes não – eles estão cheios de medo. As testemunhas descrevem os eventos surpreendentes que acabaram de acontecer, para o homem e para os porcos. E as pessoas não fazem nenhuma acusação sobre Jesus ter destruído seus porcos. Muitas vezes supõe-se que eles querem que Jesus vá embora porque Ele acabou de destruir a economia agrícola local em segundos – mas parece que o medo deles é muito mais profundo do que isso – que o problema que eles têm com Jesus é muito maior do que uma preocupação que Ele vai matar mais de seus porcos. Eles têm medo do que Ele fez, porque Ele acabou de tirar o homem que realmente, eles acreditavam, os estava protegendo.
Lembre-se, eles eram pagãos. Sua visão do mundo era distorcida. Eles tinham uma visão falsa do modo como as coisas funcionam, e sua cosmovisão era baseada em mentiras. Mas eles sabiam algo que pessoas modernas, supostamente “iluminadas,” esquecem. Eles sabiam que o mundo é mais do que apenas físico. Eles sabiam que existe um mundo espiritual que é tão real quanto o mundo físico que podemos ver e tocar, ouvir e cheirar. Eles sabiam que havia espíritos malignos operando no mundo. E porque eles não conheciam o Deus vivo, eles viviam com medo desses espíritos malignos. Eles fariam o que pudessem para aplacar, controlar, esses espíritos do mal, ou melhor, o que eles acreditassem que funcionaria.
E em sociedades onde as pessoas vivem com medo de espíritos malignos, tudo o que acontece de negativo seria atribuído a esses espíritos. Algo deu errado no seu rebanho – deve ser um espírito maligno. Deve ser uma maldição. Uma mulher teve um aborto ou uma criança morreu na infância – deve ser um espírito maligno operando – magia negra. Alguêm tem um acidente – uma queda ou um acidente no trabalho – deve ser a culpa desses espíritos.
E aqui em Gerasa, eles tinham um bode expiatório pronto – o homem que estava possúido pela Legião. Ele teria sido o culpado. Sua existência, sua presença, era necessária para a comunidade. Ele era o ponto focal da atividade demoníaca, da atividade dos espíritos malévolos. Ele era como o deposito de lixo espiritual da comunidade. Enquanto ele estivesse por perto, enquanto os espíritos malignos estivessem focados nele, a comunidade poderia manter um equilibrio com as forças espirituais em ação entre eles. Pode não ter sido agradável ter um louco possuído por demônios correndo nos arredores da cidade – mas sua presença era importante para manter o equilíbrio entre o bem e o mal. Ele era um mal necessário.
Então quando viram este homem, vestido, sentado, em sã consciência, eles ficaram com medo. Eles estavam com medo do poder que Jesus havia mostrado. Eles estavam com medo porque o modo de vida com o qual se sentiam confortáveis havia, em segundos, desmoronado. Eles ficavam com medo porque o bode expiatório fora tirado deles.
Desde os dias da igreja primitiva, a mesma coisa vem acontecendo. Quando o evangelho é pregado e aceito, quando as sociedades são libertas da escravidão do paganismo, a mudança que aconteceu foi radical. As estruturas sociais precisam mudar. Estruturas de liderança precisam mudar. Os antigos bodes expiatórios têm que desaparecer. Tudo fica de cabeça para baixo. Os feiticeiros, os xamãs, que costumavam ter tanta influência e poder em suas comunidades, tornam-se irrelevantes. Os líderes, que baseiam seu domínio no medo e controle com base nesse medo, têm que enfrentar uma nova realidade. Tudo muda. As coisas desmoronam e precisam ser reconstruídas.
Jesus estava fazendo todas as coisas novas – renovando tudo. Isso era verdade para os judeus, e era assustador para os homens que tinham poder e influência sob o velho modo, sob a Antiga Aliança. E isso era, e permanece, ainda mais verdadeiro, mais óbvio, para as culturas pagãs, as sociedades pagãs. Porque as sociedades que são construídas em mentiras devem mudar quando o evangelho é proclamado em sua verdade, quando vidas são mudadas por Jesus Cristo e por seu Espírito.
Para aqueles que estão dispostos a aceitá-lo, para aqueles que estão dispostos a se submeter a Ele, humilhar-se, desistir de sua independência, a notícia do reino de Deus, do Senhorio de Jesus Cristo, é uma boa notícia – evangelho. Mas para aqueles que estão ligados ao sistema mundial sem Deus, para aqueles que estão confortáveis com o mal que eles conhecem, o evangelho é uma ameaça. E isso era uma ameaça para o povo de Gerasa.
Eles tinham visto e experimentado o poder de Jesus. Eles tinham visto como sua força, seu senhorio, seu controle sobre o mundo espiritual, poderia virar sua sociedade de cabeça para baixo. E então eles estavam com medo. Eles imploraram a Jesus para sair. O que acontece é o seguinte: eles não queriam nada a ver com Jesus porque não estavam dispostos a ver a sua sociedade, seu sistema, seu modo de vida, desmoronar, mesmo que esse sistema fosse baseado em mentiras, em engano satânico, e não na verdade de Deus e na sua sabedoria.
E Jesus sai. Sua missão era em primeiro lugar para o povo da aliança, para os judeus, não para esses gentios. E o homem que foi libertado, que recebeu a nova vida, implora a Jesus, assim como os outros imploraram – mas ele implora a Jesus para deixá-lo ir com Ele. Mas Jesus não permitiria isso. Ele tinha outra coisa em mente para esse homem.
Podemos ver esse homem, este ex-demoníaco, como o primeiro apóstolo dos gentios. Jesus comissionou ele. Ele tinha um chamado especial para esse homem. Ele deveria ir à sua família e amigos e contar as boas novas – quanto o Senhor tinha feito por ele – para pregar o evangelho, as boas novas do vindouro reino de Deus.
E esse homem fez exatamente isso e muito mais. Ele falou sobre o que o Senhor tinha feito por ele, como Ele tinha tido misericórdia dele, não apenas com seus velhos conhecidos, mas na região da Decápolis, dez cidades gentias do outro lado do mar da Galiléia. O reino estava chegando. A mudança estava começando. Era o fim do mundo, como essas pessoas sabiam, e elas tinham que estar prontos para aceitar e abraçar esse novo conhecimento, essa nova compreensão. Suas antigas mitologias teriam que ser abandonadas. Elas teriam que reconhecer que a fonte de seus problemas, suas lutas, suas provações, sua dificuldades, não estava simplesmente no mundo dos maus espíritos.
Elas teriam que entender que a fonte de seus problemas estava em si mesmos – em seu pecado, em sua natureza pecaminosa, que os levou a fazer escolhas pecaminosas. Elas não poderiam continuar culpando os bodes expiatórios convenientes entre elas por seus problemas – elas teriam que reconhecer sua própria pecaminosidade, e o fato de que somente sendo libertos do pecado poderiam ser corrigidos, suas vidas poderiam ser corrigidas. Elas tiveram que se arrepender. Elas tiveram que se afastar de seus pecados. E elas tinham que crer, confiar em Jesus Cristo, que levaria seus pecados nele e libertá-las da escravidão.
E essa é a derradeira derrota dos mitos, das histórias do bode expiatório, da culpabilização de outros pelos problemas, que caracteriza as sociedades não cristãs. É o anti-mito. Jesus não é como os bodes expiatórios míticos, porque esses bodes expiatórios míticos sempre foram culpados de alguma forma, e quando eles eram punidos, as pessoas acreditavam que eles mereciam, que eles eram culpados. Jesus levou o pecado do seu povo sobre si mesmo, mas Ele não era culpado. Ele foi punido e morto como o bode expiatório. Ele foi levado para fora do arraial. Ele foi ridicularizado, açoitado e morto numa cruz como um homem culpado. Mas Ele não era culpado. As pessoas que o mataram e as pessoas que olhavam enquanto Ele foi morto eram os verdadeiros culpados. O mito foi derrubado. A história foi reescrita. O inocente foi condenado por culpa dos culpados, e os culpados só puderam ser libertos unindo-se àquele que era verdadeiramente inocente.
Essa é a mensagem da salvação em Cristo. Essa é a história verdadeira, a história que deve substituir a mentira em que o mundo acredita, as mentiras que nós, por natureza, acreditamos, além da obra do Espírito Santo. Nossos problemas não são culpa de outra pessoa, seja um ser humano, seja uma força espiritual atuando fora de nós. Ninguém mais é culpado por meu sofrimento além de mim mesmo, e para viver de acordo com a verdade de Deus, eu preciso entender isso. Eu não preciso culpar outra pessoa, que é realmente culpada – eu preciso ter meus pecados levados pelo único que foi verdadeiramente inocente – o perfeito e puro Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Essa é a verdade. A verdade supera a mentira, destrói a mentira e destrói tudo baseado na mentira. E se aceitarmos essa verdade, precisamos aceitar os fatos concretos, as mudanças difíceis, as decisões que precisamos tomar que vão mudar o mundo e a vida. O povo de Gerasa ficou com medo de Jesus, e eles estavam certos em temer – porque eles estavam na presença do Deus vivo. Seu poder, sua capacidade de mudar radicalmente o mundo, foi, e é, assustador. É assustador encarar a verdade. É assustador confessar que comos culpados. É assustador assumir a responsabilidade. É assustador dizer: “Sou pecador. Preciso de um salvador. Meu caminho não está funcionando. Eu preciso mudar. Eu preciso fazer as coisas do jeito de Deus.”
Mas quando confiamos em Cristo, esse terror é tirado e é substituído pelo temor do Senhor. Nós trememos diante do Deus todo-poderoso, não porque tenhamos medo se sua ira tanto quanto porque estamos admirados com seu poder e sua glória. E no poder do Espírito Santo, podemos reagir, não como as pessoas de Gerasa, que estavam com medo, que imploraram a Jesus para deixá-las sozinhas, mas como as pessoas da Decápolis, que ouviram todas essas coisas e se maravilharam; como o homem outrora possesso por demônios, que implorou a Jesus permissão para seguir seus passos.
É uma mensagem de mudança. Para aqueles que ainda não abandonaram os velhos mitos, as velhas mentiras, os velhos modos, é uma mudança radical, uma mudança da morte para a vida, do medo para a confiança, do luto para a alegria. Para o povo de Deus, é o processo de mudança, crescimento em santidade, procurando os lugares em nossa vida onde as mentiras ainda têm sua influência sobre nós, e desistindo delas, abraçando a verdade.
Essa verdade, a mensagem do que o Senhor faz por seu povo, como Ele tem misericórdia deles, é a verdade do evangelho. E essa verdade, e somente essa verdade, nos libertará.
Amém.
Baixar Sermão Voltar ao topoJim Witteveen
Pr. Jim Witteveen é ministro da Palavra servindo como missionário da Igreja Reformada em Aldergrove (Canadá) em cooperação com as Igrejas Reformadas do Brasil. Atualmente é diretor e professor no Instituto João Calvino.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.