2 Reis 14

Leitura: 2 Reis 14
Texto: 2 Reis 14


Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Este capítulo é uma leitura difícil e pesada (ainda pior para o pastor que tem que meditar nela ao longo da semana para pregar nela!). Talvez alguns de vocês estejam pensando a mesma coisa. O que tudo isso significa?

Quando você lê o capítulo, parece muito com o caos “aleatório” da história. Aleatoriedade. Tem um rei bom, Amazias, que é derrotado em batalha por um rei mal que é mais forte e mais poderoso; e depois ele morre em uma conspiração. E você tem dois reis maus no norte de Israel – Jeoás e Jeroboão II – que parecem prosperar. O livro de Reis não entra em muitos detalhes sobre o reinado de Jeroboão II, mas se você olhar para o número de anos que ele reinou (41 anos, o tempo mais longo que qualquer rei já reinou no reino do Norte) e as fronteiras que são mencionados (desde Lebo-Hamate até o Mar da Arabá – as mesmas fronteiras que existiam nos dias de Salomão!) foi claramente um reinado rico e próspero.

O que devemos aprender com isso? Que os reis bons fracassam e que os reis maus prosperam? Ou que a história é apenas caótica e imprevisível? Devemos aprender que não há nada a ser aprendida? Quase parece que sim.

E a realidade é que muitos cristãos que confessam a soberania de Deus – que Deus governa sobre todas as coisas, direta e propositalmente – ainda pensam sobre a história desta forma. É caótica e aleatória, e não há nada a ser aprendida. Que a sua obediência à vontade de Deus não tem nenhuma consequência no seu sucesso ou fracasso terreno, porque a história é aleatória e imprevisível.

Não acredito que essa seja a lição que devemos aprender aqui. Não acredito que esse tenha sido o propósito do autor ao escrever esta história para nós.

Em vez disso, se vamos aprender as lições que os profetas que escreveram isto querem que aprendamos, precisamos ver este capítulo na perspectiva maior da história de Israel e Judá. Por um lado, precisamos lembrar que ainda estamos esperando pela vinda de um rei segundo o coração de Deus – um rei que seja devotado a Deus como Davi foi. Esse rei ainda não veio, e os versículos introdutórios deste capítulo deixam claro que Amazias não é esse tipo de rei. Isto é importante. Isso deve moldar a forma como pensamos sobre isso. Os altos ainda não foram tirados de Judá. Isto também importa. Os profetas ainda estavam ativos – lemos sobre alguns deles. Isto também importa. E assim, por mais difícil que possa parecer inicialmente, somos chamados a parar,  a refletir, a ponderar, a meditar, e assim a reconhecer a mão de Deus na história, mesmo em um capítulo tão caótico como este.

É justamente nisso que a lição deve ser aprendida. Ao discernir a mão de Deus. Que o coração que está orientado para Deus, e é devotado a Ele – como Davi foi, apesar de todas as suas faltas – o coração que é sintonizado à vontade de Deus, reconhecerá a mão e os propósitos de Deus em sua própria vida; e o coração que não é sintonizado com Deus, não verá a vida como caótico, e tropeçará no escuro, como fez Amazias, caindo em uma armadilha após outra. Sintonize seu coração com Deus e você começará a ver a mão de Deus e a vontade de Deus em sua vida; deixe de fazer isso, e você pode fazer muitas coisas certo, mas você irá tropeçar constantemente, a vida será caótica e sem sentido, e você será enredado por loucuras por todos os lados. Esta é a minha tese ao considerarmos os reinados de Amazias e Jeroboão II.

Vamos começar expondo os fatos básicos.

Os versículos 1-7 nos dão a introdução.

2 Kings 14:1–7: “No segundo ano de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel, começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de Judá. Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e vinte e nove reinou em Jerusalém. Era o nome de sua mãe Jeoadã, de Jerusalém. Fez ele o que era reto perante o Senhor, ainda que não como Davi, seu pai; fez, porém, segundo tudo o que fizera Joás, seu pai. Tão somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.

Agora, se você se lembra, seu pai Joás foi assassinado no final. Então isso teria precipitado uma crise de poder em Judá. Portanto, diz em versículo 5: “Uma vez confirmado o reino em sua mão, matou os seus servos que tinham assassinado o rei, seu pai.” Então ele provavelmente não esteve envolvido de forma alguma no assassinato, caso contrário, é difícil imaginar que ele teria matado os assassinos. (A não ser que ele fez isto justamente para parecer inocente, mas neste caso é difícil conciliar isso com o que o texto diz que ele fez o que era reto aos olhos do Senhor.) Então vamos presumir que ele não foi cúmplice do assassinato.

Agora há uma nota interessante e esperançosa sobre este Rei Amazias, porque diz que ele não matou os filhos dos assassinos, justamente por causa da lei de Moisés que dizia que só o culpado deveria morrer, e não seus filhos. Na antiguidade, esta era a prática; e vamos que Amazias agiu contra-culturalmente em obediência à lei de Deus. Então isso nos dá alguma esperança.

Agora, a realização mais significativa no reinado de Amazias é a sua conquista sobre Edom (Edom era o país vizinho a leste de Judá, do outro lado do rio Jordão). Isso está no versículo 7:

2 Reis 14:7: “Ele feriu dez mil edomitas no vale do Sal e tomou a Sela na guerra; e chamou o seu nome Jocteel, até ao dia de hoje.”

Se você ler o relato em 2 Crônicas 25, aquele relato é um pouco mais sangrento. Além dos 10.000 edomitas que matou em batalha, ele também levou cativos outros 10.000, levou-os a um precipício e os jogou abaixo e matou.

Mas é aí que as coisas começam a dar errado. Evidentemente, a vitória de Amazias sobre Edom engrandeceu à sua cabeça, e ele decidiu provocar Israel à guerra também. Versículo 8:

“Então, Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, meçamos armas.”

—Literalmente ele diz, “Vem, vejamo-nos face a face.”

Agora, estes dois reis tem um histórico que não é contado aqui, mas se encontra em 2 Crônicas 25. O que aconteceu é que Judá tinha um exército de 300 mil soldados quando foram atacar Edom, e Amazias contratou outros 100 mil mercenários israelitas. Mas na última hora, um profeta veio até ele e disse-lhe para enviar aqueles mercenários para casa, porque Deus não iria dar a vitória a eles. Evidentemente, os mercenários não gostaram disso (mesmo que já haviam sido pagos), e eles resolveram assaltar as aldeias de Judá em caminho para casa, e mataram 3.000 pessoas (provavelmente mulheres e crianças) e levou, segundo Crônicas, “muitos despojos”. Então Amazias volta de Edom para casa e encontra seu próprio país saqueado por mercenários israelitas.

Então foi isso que provocou a briga. Amazias tinha que fazer alguma coisa diante de uma ofensa dessa. 

Mas o problema é o seguinte: foi uma tolice. Justa causa ou não, era uma luta que ele não poderia vencer. Uma coisa é vencer Edom, outra bem diferente é vencer Israel, que era muito maior e mais poderoso na época.

E foi isso que o Rei de Israel, Jeoás, comunicou com sua pequena fábula. Ele diz, versículo 9:

“O cardo que está no Líbano mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo. Na verdade, feriste os edomitas, e o teu coração se ensoberbeceu; gloria-te disso e fica em casa; por que provocarias o mal para caíres tu, e Judá, contigo?”

Em outras palavras, “você é um cardo, eu sou um cedro… fique em casa. Você teve uma pequena vitória lá com Edom, aproveite, dê uma festa lá em Judá, mas não deixe isso subir à sua cabeça. Não vai acabar bem para você. Não vou começar a guerra, mas se você começa, vou terminá-la.”Dá para ver, não foram exatamente palavras pacificadoras, mas deixaram claro que Israel não queria a guerra.

O problema é que Amazías não teve a sabedoria para reconhecer que – justa causa ou não – ele não poderia vencer Israel, e deveria guardar sua ira para outro momento.

Assim, o versículo 11 nos diz que Amazias não quis ouvir, e ele e Jeoás se encontraram em batalha em Bete-Semes (uma das cidades guardiãs que protegiam Jerusalém), e Judá foi totalmente derrotado. Jeoás percorreu todo o caminho até Jerusalém, derrubou uma grande parte do muro, e então invadiu o templo e o palácio do rei, e levou Amazias cativo junto com vários outros, provavelmente da casa real.

E isso é tudo que lemos sobre o reinado de Amazias. Em algum momento, ele foi permitido a voltar para casa, mas ele já perdeu toda a sua credibilidade em Judá, e os homens dele conspiraram contra ele em Jerusalém para que ele tivesse que fugir para Laquis, e lá o alcançaram e o assassinaram.

E assim termina a historia dele.

Há alguns detalhes interessantes, lidos nas entrelinhas. Uma delas é o fato de que, se você analisar os números, o filho de Amazias, Azarias (também conhecido como Uzias em 2 Crônicas), começou a reinar praticamente desde o momento em que seu pai foi para o exílio. Portanto, Amazias foi essencialmente deposto como Rei. E podemos notar que diferente de Amazias, Uzías não matou os conspiradores. Ou seja, provavelmente ele foi envolvido na conspiração.

O outro detalhe interessante é que, desde o momento em que Jeoás, o rei de Israel, saqueou Jerusalém, parece que Israel governou os dois países por um tempo. O versículo 28 fala sobre como Jeroboão II de Israel “devolveu” Damasco e Hamate a Judá em Israel; então pode ser que Judá tenha sido realmente considerado um território dentro do reino de Israel por um tempo.

Então esse é o reinado de Amazias. Começa aparentemente bem, termina em desastre.

O que podemos aprender disso?

——

Antes de respondermos, também queremos pensar sobre Jeroboão II, o rei de Israel. Este foi o reinado mais longo na história de Israel: 41 anos. E na verdade foi um dos mais prósperos. Pela primeira vez, a fronteira foi expandida até ao ponto onde se encontrou nos dias de Salomão. E foi uma época próspera. De uma perspectiva geopolítica, você pode atribuir isso ao fato de que a Assíria estava em ascensão, e isso significa que a Síria teve que concentrar sua atenção na autodefesa em vez de atacar Israel, e isso significou que Israel teve um momento de relativa paz. e liberdade.

Mas que injustiça, né? Como é que Amazias, um rei que fez o que era reto, foi derrotado na batalha e depois assassinado; e Jeroboão II, que fez o que era mau, desfrutou de um longo reinado de paz e prosperidade?

Agora, obviamente não podemos partir da suposição de que Deus sempre recompensa a fidelidade com vida longa na terra, ou que Deus sempre pune o mal com desastre nesta vida. Nem sempre. Mas devemos lembrar que, em geral, esta foi a promessa de Deus por meio de Moisés. Se fossem fiéis, a nação seria abençoada. Se fossem infiéis, a nação seria punida. Então o que aconteceu?

Existem alguns detalhes que devemos notar ao responder a isso.

  • Primeiro, veja em versículo 3. Nosso texto deixa claro que Amazias não serviu a Deus de todo o coração. Ele não era como Davi. Na verdade, ainda falta muitas coisas aqui que Crônicas nos conta.
    • Por exemplo, depois de derrotar Edom, ele levou os deuses de Edom, para estabelecê-los como seus próprios deuses, e fez sacrifícios a eles. Essa era a prática da época: os reis pegaram os deuses de seus inimigos, e isso supostamente aumentava seu poder.
    • Na verdade, um profeta de Deus até o confrontou sobre isso e ele ordenou que o homem calasse a boca ou seria morto.
  • Mas o livro de Reis não nos conta esses detalhes, e acredito que a razão para isso é que o autor de Reis quer chamar a nossa atenção na indiferência de Amazias para com Deus. Ele não foi um idólatra fervoroso, mas também não serviu a Deus com muito ânimo. Foi indiferente. O livro de Reis apenas chama a nossa atenção ao fato que Amazías não tirou os altos, o que já testifica suficiente sobre seu coração.

Temos que notar o que versículo 3 diz, “ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, mas não como David, seu pai.”

Então, o que havia de diferente em Davi? Todos nós sabemos que Davi também não foi exatamente um rei perfeito. Ele cometeu adultério com Bate-Seba e depois mandou assassinar o marido dela para encobrir o crime.

No entanto, Davi se arrependeu de coração. Ao longo de 1 e 2 Samuel, é sempre repetido que Davi era um “homem segundo o coração de Deus”. Apesar de todos os seus pecados, Davi amou o Senhor e tinha um coração (depois de seu arrependimento) fundamentalmente orientado a Deus. Ele viveu, para usar a expressão latina, coram Deo—“diante da face de Deus”. Embora ele pecou gravemente, ele se arrependeu profundamente, porque a graça de Deus para ele foi melhor do que a própria vida. 

Hoje em dia, falamos muito sobre a “orientação” da pessoa, falando sobre sua orientação sexual. E existe a ideia de que a orientação sexual da pessoa é algo essencial e imutável, faz parte de quem a pessoa é. Mas há uma orientação muito mais profunda e essencial, que realmente define quem a pessoa é, que é sua orientação espiritual. A orientação do seu coração a Deus.

Nesse aspecto, Amazias é fundamentalmente diferente de Davi. Embora ele fez algumas coisas que eram retos, ele não tinha um coração devoto a Deus. É possível alguém fazer algumas “coisas certas,” sem ter um coração certo diante de Deus. Então o que aconteceu com Amazías? Ele não buscou primeiro o reino de Deus e sua justiça, mas seguiu aquilo que foi pragmático. O próprio coração era dividido e caótico—uma bagunça de interesses em conflito. E a sua vida, historia, e legado foi o fruto natural de um coração caótico e sem sentido. Não tinha direção. 

Aqueles que amam a Deus (como Davi) ainda passam por muitas aflições e sofrimentos nesta vida. Neste sentido, é nada diferente de Amazías. Davi também enfrentou isso. Mas a fé e a lealdade a Deus traça um caminho reto e visível no meio de circunstâncias caóticas. O temor de Deus dá uma direção em meio de caminhos tortuosos, e produz um legado claro e conhecível. 

Mas um coração dividido se perde no caos e bagunça desta vida; nas muitas tentações; nas decisões complicadas; nos interesses divididos. O coração desleal a Deus fica sem sentido, sem direção. Fica cego e exposto a loucuras e armadilhas. Foi isso que aconteceu com Salomão no final de sua vida. Foi isso que aconteceu com Roboão. E foi isso que aconteceu com tantos reis da linhagem de Judá… incluindo Amazias.

Podemos refletir na vida de Davi. Ele também teve que tomar decisões difíceis, com respostas não tão obvias no momento.

  • Quando Saul o estava caçando para matá-lo, Davi teve a oportunidade de matá-lo, mas ele não fez, porque disse que não deveria matar o ungido do Senhor. (Vê como sua fé o dirigiu.)
  • Em 2 Sam 1, um soldado veio até ele gabando-se de como ele havia matado Saul, e Davi executou o homem por ter matado o ungido do Senhor.
  • Em 2 Sam 3, Davi teve a sabedoria de reconhecer que o general do exército dele (Joabe) era um homem injusto, e o general do exército de Saul (Abner) era justo. E ele se recusou a comemorar a morte de Abner, mas em vez disso lamentou por ele, deixando todos ao seu lado chateados com ele. E ainda assim ele estava certo.
  • Em 2 Sam 16, Simei, um parente de Saul, amaldiçoou Davi quando ele deixou o palácio em desgraça depois que seu filho Absalão deu um golpe, e um de seus soldados quis ir e matar o homem, mas Davi disse: “Eis que meu próprio filho procura tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o Senhor lhe ordenou. Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia.”

Podemos ver nestas circunstâncias difíceis e em muitas outras como a fé e lealdade a Deus se tornou o norte para Davi. O temor de Deus o guiou. 

É isso que estava ausente em Amazias. Ele fez algumas coisas certas, especialmente sua obediência à lei de Moisés em não executar os filhos dos assassinos de seu pai. Mas o resto de sua vida não demonstrou uma comunhão com Deus e lealdade a Deus. Era mais um homem pragmático. 

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Sem o temor de Deus, a pessoa tropeça e cai em armadilhas. Pode acertar algumas coisas, mas sua vida é caótica, sem sentido, e sem legado.

Tem mais um detalhe que não podemos perder aqui. O livro de Reis sempre quer chamar a nossa atenção à soberania de Deus sobre o caos e bagunça desta vida, e como Deus sempre estava realizando seus planos e cumprindo seus propósitos. E veja, em versículo 8, como Jeoás, Rei de Israel, é chamado:

2 Kings 14:8: “Então, Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, meçamos armas.”

É estranho que o texto coloca ali a ascendência de Jeoás, no meio desta história. Pra quê? 

Bom, quem leu os capítulos anteriores vai lembrar o que Deus havia dito para Jeú, e vai lembrar que Deus havia prometido segurança para a descendência de Jeú até a quarta geração.

2 Kings 10:30: “Disse o Senhor a Jeú: Porquanto bem executaste o que é reto perante mim e fizeste à casa de Acabe segundo tudo quanto era do meu propósito, teus filhos até à quarta geração se assentarão no trono de Israel.”

Aqui, o texto nos lembra que estamos apenas na terceira geração de Jeú. Um detalhe pequeno, mas um detalhe relevante. Amazias deveria ter lembrado disso. Os reis de Judá conheciam bem os ministérios de Elias e Eliseu no norte, e dos outros profetas. Amazias deveria ter reconhecido que ele estava lidando aqui com o ungido do Senhor. Apesar de todos os pecados de Jeoás – e foram muitos— ele estava no trono sob a proteção de Deus. Então Amazías não podia derrotá-lo. 

Mas Amazías ou não lembrou disso, ou não achou importante. E sua decisão de sair em guerra contra o neto de Jeú, precipitou a sua queda. 

Voltamos à nossa declaração da nossa tese: Sintonize seu coração com Deus e você verá a mão de Deus em sua vida; deixar de fazer isso, e você pode até fazer muitas coisas certas, mas você irá sempre ficar tropeçando. A vida será infinitamente confusa e caótica, e você será enredado por loucuras por todos os lados. 

Prov. 3:5–6: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.”

De outra forma, a vida é caótica. 

Prov. 4:18–19: “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam.”

——

E Jeroboão II, o filho de Jeoás, o biz-neto de Jeú? Sua história é brevemente contada aqui no final do capítulo. Parece ser o inverso de Amazías. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor (aparentemente) abençoou o seu reinado. Como entendemos isso?

Nosso texto deixa claro: seu sucesso não foi obra dele, mas obra do Senhor, de acordo com a palavra do Senhor, falado pelo profeta Jonas, filho de Amitai (sim, aquele mesmo Jonas). Por que? Porque Deus teve misericórdia do Seu povo, porque Ele viu quão amarga era a sua aflição.

Mas isto não fez bem para Jeroboam II. Embora ele foi preservado por causa da promessa de Deus para Jeú, ele se sentiu seguro nas bençãos e sucessos terrenos, enquanto de fato vivendo em desobediência ao Senhor. Ele não percebeu que sua segurança foi inteiramente a misericórdia do Senhor. E então ele nunca se arrependeu.

Lendo a história de Jeroboão II, a gente não percebe quão perto nós estamos ao final. Mas este capítulo conta os últimos bons tempos para Israel. Em apenas sessenta anos, Israel vai ser levado para o exílio. Está ao redor da esquina agora. E Jeroboão nunca percebeu isso. Ele imaginou que seu sucesso se devia à sua habilidade, seu poder, sua sabedoria. Ele nunca viu isso como a misericórdia de Deus e o cumprimento da promessa de Deus.

Lembramos Salmos 73:18–20: “Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror! Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem deles.”

Nunca confunda a paciência de Deus com o prazer de Deus. Nunca presuma que a bênção de Deus indica o favor de Deus sobre sua vida. Certifique-se de ouvir e obedecer à Palavra de Deus enquanto ainda estiver na terra, porque você pode estar vivendo enganado, vivendo um sonho momentâneo, uma ilusão. Se arrependa enquanto há tempo.

Resumindo, Amazias é outro rei decepcionante na linhagem de Judá. A fidelidade tímida combinada com uma tolice surpreendente parece ser como um defeito genético na linhagem de Davi.

E assim este capítulo também olha para o futuro e nos lembra novamente de quão desesperadamente precisamos do Filho prometido de Davi, cujo coração será inteiramente  orientado para Deus (até mesmo mais que Davi).

Assim, este capítulo nos direciona para Cristo. Não tem esperança para o povo de Deus enquanto estiver sob a liderança de homens cujos corações não estão submissos à Palavra e à vontade de Deus. Podemos imaginar a perceptiva daqueles fieis em Judá e Israel, pensando: como Deus vai cumprir sua promessa a Davi? As coisas estão indo de mal a pior!

E este livro de Reis foi escrito em grande parte para despertar esta sede em nós para justiça, para uma mudança real, para o filho de Davi que seja realmente devoto ao Senhor.

Esta sede vai permanecer ainda por séculos em Israel. Mais uns 600 anos. Mas em todo este tempo, houve homens e mulheres fieis, desejosos para o dia que Deus iria cumprir suas promessas e levantar este prometido filho de Davi e estabelecer o Reino de Deus e sua Justiça.

E nós como cristãos sabemos que esta promessa foi finalmente cumprida no filho de Davi, nascido da virgem, Jesus o Cristo. Ele demonstrou em toda sua vida a obediência a Deus, o temor de Deus, a fé em Deus o Pai. Foi obediente até a cruz, se humilhando em obediência até a morte. E depois exaltado em glória.

E ele nos chama também, seguindo a Ele, a negar a nós mesmos, e buscar primeiro seu reino e sua justiça. Ele nos chama a uma nova vida, dedicada a ele. E ele nos capacita para esta vida. 

Você quer ser um homem ou uma mulher segundo o coração de Deus? Comece colocando sua fé e confiança no Salvador que Deus enviou. 

O temor de Deus é o começo da sabedoria. Sempre. E o temor de Deus olha para a Palavra de Deus. E a Palavra de Deus chega até nós na pessoa de Jesus Cristo, o profeta dos profetas, e agora o Rei dos Reis. É aí que a sabedoria será encontrada, embora o mundo sempre ache isso absurdo. Sempre será assim, até o dia em que todo joelho se dobrará diante dele.

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.