1 Reis 11

Leitura: 1 Reis 11
Texto: 1 Reis 11


Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Quando você lê o capítulo que estamos examinando esta manhã, a pergunta que você faz é: COMO ?? Como é possível que um homem tão sábio pudesse acabar assim? Este é o homem que, como vimos algumas semanas atrás, pediu sabedoria de Deus como a coisa mais valiosa; este é o homem que escreveu Provérbios e Cânticos de Salomão e provavelmente Eclesiastes, e aqueles livros são tão cheios de sabedoria e lembretes amar e temer ao Senhor, o único Deus verdadeiro. Como é possível que um homem como ele acaba, no final da vida, tão longe de Deus, construindo altos para Quemos e Moloque, e termina com a avaliação que o livro dos Reis lhe dá, de que ele “fez mal aos olhos do Senhor. ” Como é possível?

É importante fazer essa pergunta, e essa é realmente a grande questão sobre a qual o capítulo nos chama a pensar. Então, esta manhã, vamos começar com essa pergunta. Depois, vamos considerar as consequências de sua apostasia e o triste final de sua história. E, finalmente, queremos passar alguns minutos pensando sobre o final do capítulo, o que nos dá esperança, nos lembrando da promessa duradoura de Deus.

1. Um coração distraído

Uma coisa é certa: o que aconteceu com Salomão começou em seu coração. Quatro vezes nos primeiros nove versículos, o autor usa a frase “desviando o coração.” No versículo dois: Deus tinha ordenado ao povo por meio de Moisés: “Não te casarás com eles, pois certamente eles desviarão o teu coração depois de seus deuses. ” Versículo 3, “As esposas de Salomão lhe desviaram o coração”. Versículo 4, novamente, “quando Salomão era velho, suas esposas lhe desviaram o coração – ou você pode ler isso também como um passado perfeito, “quando Salomão era velho, suas esposas já haviam desviado seu coração.” E finalmente, novamente no versículo 9, para o caso de ainda não percebermos, “o Senhor se irou contra Salomão, porque o seu coração se afastou do Senhor”. O autor usa essa frase repetidamente porque é precisamente sobre isso que Moisés advertiu o povo antes mesmo de entrarem na terra de Canaã. Você pode ler sobre isso em Deuteronômio 7. Essa também é a mesma linguagem que Salomão usou no capítulo 8 na dedicação do templo, que vimos na semana passada: “Que o Senhor nosso Deus volte nossos corações a ele”.

Portanto, a linguagem nesta passagem nos lembra do aviso de Moisés em Deuteronômio. Da mesma forma, a linguagem sobre “apego.” O versículo 2 diz que Salomão “se apegou a essas mulheres em amor”, e isso também deve nos lembrar da frase que Moisés e Josué costumavam usar, ordenando ao povo que “se apegasse ao Senhor”.

Também o versículo 4 diz que o coração de Salomão não era “totalmente fiel” ao Senhor seu Deus, que nos lembra do que Salomão mesmo tinha dito para o povo na hora da dedicação do templo: “Portanto, o vosso coração seja totalmente fiel ao Senhor nosso Deus, andando em seus estatutos e guardando seus mandamentos. ”

Menciono essas conexões porque o autor está fazendo o possível para deixar claro um ponto que precisamos ver. O que aconteceu para Salomão começou no seu coração. Não foi uma deficiência em sua sabedoria, nem foi uma falta de conhecimento ou inteligência. Não é que ele se tornou senil ou ingênuo. O problema não era falta de informação. Se você estivesse lá na época, não teria sido capaz de afastá-lo de sua idolatria por meio de argumentos. Ele sabia a coisa certa a fazer. Mas seu coração estava longe de Deus. O que aconteceu a Salomão começou em seu coração – em suas afeições, nas coisas que ele amava e desejava. É possível que alguém tenha grande sabedoria (perspicácia, perspectiva) mas afeições erradas, e isso faz toda a diferença.

O que Salomão amava (versículo 1) e “se apegava” (versículo 2) eram as mulheres estrangeiras. O versículo 1 nos diz,

1 Kings 11:1–2: “Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias, mulheres das nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor.”

Agora, é bom apenas notar que o casamento misto com a maioria dessas nações não era explicitamente proibido. Em dois lugares, Deus proibiu o casamento com estrangeiros: Êxodo 34 e Deuteronômio 7; e em ambos os lugares, a proibição é de casar especificamente com as nações que viviam em Canaã, as que Israel iria expulsar. Em ambos os casos, uma lista específica de nações é mencionada, e a única mencionada aqui no versículo 1 são os hititas – e, na verdade, até neste caso, os estudiosos afirmam que “hititas” se referia a um grupo diferente de pessoas na época de Salomão do que no tempo de Moisés. Então Salomão poderia ter raciocinado que ele não estava quebrando os mandamentos de Deus ao se casar com essas mulheres.

Mas o princípio por trás do mandamento era claro: Os israelitas não deveriam se casar com eles, porque Deus avisou que essas esposas estrangeiras afastariam o coração do povo de Deus. E então, no final das contas, a etnia dessas mulheres não importava. O que importava era que elas adoravam deuses pagãos, e Salomão, com toda a sua sabedoria, deveria ter sido capaz de ver que eles desviariam seu coração. Mas Salomão ainda casou com elas porque, no final das contas, seu desejo por elas era maior do que seu desejo por Deus. E em fim, nossos desejos sempre vencem. O que mais desejamos nos governará.

Agora devemos parar por um momento para reconhecer que a proibição de casar com mulheres  estrangeiras não tinha nada a ver com raça ou etnia. Isso é muito importante entender. Às vezes estas proibições são citadas pra dizer que a Bíblia proíbe o casamento inter-racial. Não tem nada a ver. O problema era sua religião, não sua raça. Isso é muito explícito na próprio proibição, que nos dois casos continuam: “pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses” O problema não era raça, mas religião.

E podemos pensar em muitos exemplos de mulheres piedosas que eram estrangeiras por raça, mas foram incluídas entre o povo de Deus.

  • Raabe, a ex-prostituta que se tornou crente e se casou com Caleb, um dos espiões … e até se tornou uma tataranavó (etc) do Senhor Jesus.
  • Rute, a moabita, que se casou com Boaz e também foi uma ancestral de Jesus.

O problema não era o casamento inter-racial como tal, mas o casamento com descrentes.

E o mesmo vale para os cristãos hoje. O Novo Testamento é muito claro sobre isso. Paulo diz em 1 Coríntios que devemos nos casar “no Senhor” e que não devemos permitir que fiquemos “em jugo desigual” com os incrédulos. Casar-se com um descrente é trair a Cristo. É dizer a Cristo: “Eu te amo, mas eu quero como companheiro de vida alguém que não te ama.” Esse é o problema, e sempre foi o problema tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

A própria essência do casamento é um companheirismo onde o homem e a mulher estão unidos no amor para servir a Deus juntos como uma família. Mas se ela está indo em uma direção e você estão indo em outra, como vocês podem caminhar juntos?

No final, é uma auto-ilusão. Talvez você diga a si mesmo que será uma influência cristã positiva sobre seu cônjuge. Mas você está se enganando. Que testemunho cristão você acha que está dando, quando está traindo a Cristo desde o início? Por que você espera que Cristo abençoe isso?

No final das contas, mesmo que possamos nos enganar a nós mesmos, Deus conhece nossos corações.

O mesmo, é claro, vale para o namoro, desde que o único motivo bíblico para o namoro é para se preparar para casamento.

Em fim, então, as esposas de Salomão fizeram desviar seu coração. Ele tinha toda a sabedoria do mundo, mas as afeições erradas, e essa foi a razão de sua queda.

2. Um fim decepcionante.

É um final muito decepcionante para Salomão. Nunca teríamos esperado isso do homem que escreveu Provérbios. Mas este é o homem que Salomão se tornou. Não aconteceu instantaneamente, mas com o tempo. Foi o acúmulo de pequenos compromissos e decisões. Aqui há uma lição para os idosos entre nós: é possível começar bem e ainda assim terminar mal. É possível que a primeira metade de sua vida demonstre fidelidade e a segunda metade demonstre comprometimento. As tentações não vêm apenas em nossa juventude. Eles podem nos alcançar também no meio de nossas vidas, e também no final de nossas vidas.

Nós não sabemos se Salomão em fim se arrependeu. Alguns dizem que o livro de Eclesiastes sugere que sim – poder ser, mas não é um caso claro. O livro dos Reis não fala nada sobre o final da sua vida. Mas uma coisa que nos mostra é, como diz Eccl. 7:8: “Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio.” Como a pessoa termina sua vida importa mais de que como ele começa a vida.

É fácil no começo de uma coisa sentir as mesmas emoções que Salomão sentiu, e desejar  sabedoria como ele desejou. Você pode até ver a mesma humildade em Saul. Experimentamos isso quando casamos, quando nos tornamos pais, ou quando entramos em algum ofício. É bom se este sentimento nos leva a orar por sabedoria, como Salomão orou.

Mas essas orações continuam quando as emoções vão embora? Quando a novidade da situação passa? Ainda estamos orando por sabedoria, com o mesmo senso de urgência e dependência? Pois certamente, as oportunidades para o fracasso e o pecado ainda existem. Ainda reconhecemos a possibilidade real de falhar? Ou já temos confiado em nós mesmos e a nos tornamos complacentes?

Não foi por nada que que Paulo nos ensinou: “Ore sem cessar!” Porque as oportunidades para o fracasso desastroso ainda estão ao nosso redor.

Infelizmente, os próximos capítulos mostram que a grande parte de Judá e Israel seguiram o exemplo de Salomão. “Conforme o Rei vai, assim vão as pessoas”. E isso pode ter sido pior ainda porque as pessoas já confiaram em Salomão por causa de sua sabedoria.

Isso deve servir como um aviso para nós também: Cuidado em quem, e também como você confia. Naturalmente, temos certas pessoas em cuja opinião tendemos a confiar. Pessoas cujas opiniões nós tendemos a adotar como nossas, às vezes até sem pensar criticamente sobre elas, simplesmente porque confiamos na pessoa. Talvez sejam nossos pais. Talvez sejam certos políticos que acreditamos ter uma compreensão do mundo muito melhor do que nós. Talvez certas pessoas no rádio. Ou certos pastores ou teólogos. E até certo ponto, isso é inevitável. Precisamos de pessoas em cujas opiniões podemos confiar. Mas uma das coisas que a história de Salomão nos ensina é que nunca podemos deixar de ter cuidado e avaliar todas as coisas pela palavra de Deus. Até as pessoas mais sábias podem errar e desviar dos caminhos de Deus. Salomão era o homem mais sábio que já viveu. Mas ainda assim seu coração foi capaz de ser enganado. Nossa única esperança é nos apegarmos de todo o coração a Deus, que é digno de nossa confiança, e nos devotarmos à Sua Palavra como a única fonte suprema da verdade. Deixe a Palavra de Deus ser seu guia infalível.

E rodeie-se de uma abundância de conselheiros sábios que amam o Senhor e Sua Palavra. Nós não sabemos se Salomão teve pessoas de confiança, conselheiros piedosos, que o admoestaram e avisaram sobre o perigo das mulheres estrangeiras e sobre a advertência de Moises de que o Rei não deve multiplicar esposas. Talvez ele teve, e não escutou o bom conselho deles. Talvez eles foram silenciados.

Mas podemos afirmar o que Salomão mesmo disse em Prov 11:14: ““Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.” Não confie em sua própria capacidade de entender o bem e o mal. Jer. 17: 9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Apegue-se à Palavra de Deus, na companhia de outros crentes, e esteja aberto à correção e admoestação deles—especialmente, dos presbíteros que Deus mesmo ordenou para pastorear as nossas almas.

Salomão confiou em sua própria sabedoria, mas seu coração o enganou. Como resultado, embora ele tivesse subido às maiores alturas de sabedoria, ele caiu nas profundezas da tolice. E então, quando encontramos Salomão nos versículos 5 e 6, ele está “seguindo” esses outros deuses e até mesmo construindo lugares altos e santuários para eles. O versículo 7 diz que ele construiu um alto para Moloque, a abominação dos amonitas, “no monte a leste de Jerusalém”—que, no caso, seria à vista do templo. Diante da face de Deus. O homem que construiu o templo e fez aquele lindo discurso de dedicação que vimos na semana passada, acaba muito longe de Deus. Moloque era o deus a quem os cananeus ofereciam sacrifícios de crianças, queimando seus bebês vivos como oferenda. É possível que as essas esposas de Salomão fizeram exatamente isso com os próprios filhos de Salomão.

3. O julgamento inevitável.

Então versículo 9 nos diz, não surpreendentemente, que Deus se irou com Salomão. Deus cumpre sua palavra. Ele já havia avisado Salomão no capítulo 9:

1 Reis 9: 6–7: “Porém, se vós e vossos filhos, de qualquer maneira, vos apartardes de mim e não guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos prescrevi, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, eliminarei Israel da terra que lhe dei, e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença; e Israel virá a ser provérbio e motejo entre todos os povos.”

E foi isso que o Senhor começou a fazer, conforme lemos no restante do capítulo. Ele levantou adversários contra Salomão, para começar a desfazer o reino magnífico que Ele havia construído por meio de Salomão.

Isso fala muito sobre as prioridades de Deus. Mesmo depois de tudo que Ele fez para estabelecer o reino de Israel, ele não tem medo de destruir tudo em resposta à idolatria de Salomão e Israel. Deus não aceita ser adorado como “um entre muitos” deuses. O reino e o templo existiam para chamar todas as nações para longe de sua adoração de falsos deuses, para a adoração verdadeira e exclusiva de Deus, e Ele não tem medo de destruir tudo se for se tornar-se outra coisa.

Este capítulo menciona três adversários que Deus levantou contra Salomão: dois de fora e um de dentro de Israel. Hadade, o edomita, tem uma história muito interessante: Seu ódio por Israel era compreensível. Quando ele era um bebê, ele foi o único homem que escapou de uma campanha sangrenta e cruel de Davi e Joabe, onde eles tentaram matar todos os homens em todo o Edom. Ele só sobreviveu porque alguns dos servos reais conseguiram escapar e trazê-lo para o Egito. De certa forma, ele o lembra de Moisés – criado pela própria família do Faraó. Versículo 21 até nos conta como ele pediu a Faraó que o deixasse ir, e como Faraó primeiro não queria deixar, mas enfim deixou, que parece uma repetição em miniatura da história de Moisés. A história serve como um aviso: se Israel vai deixar de ser o povo de Deus, Deus pode começar de novo com outro povo.

Rezom era um rebelde na Síria, que se rebelou contra seu mestre Hadadezer. E assim como no caso de Hadad, é interessante que o autor aqui destaca as semelhanças com as histórias bíblicas. O versículo 24 diz que ele era “Ele ajuntou homens e se fez capitão de um bando,” que nos lembra da história de Davi durante o reino de Saul. Como Davi, ele foi perseguido por seu próprio rei e reuniu em torno de si um grupo de guerreiros poderosos e, por fim, tornou-se rei na Síria. Novamente, parece que essas histórias são um aviso a Israel – assim como Deus levantou Davi, ele pode levantar homens igualmente poderosos para se opor a ele, pelos mesmos meios e da mesma forma, se Israel não for fiel. Davi e seu filho Salomão, e na verdade toda a nação de Israel, não possuíam nada que não tivessem recebido das mãos de Deus.

Agora, Jeroboão, o terceiro adversário, não era um gentio, mas ainda assim, ele não era da linhagem de Davi, então, nesse sentido, ele também era um estrangeiro. Ele era um chefe dos trabalhadores e um líder forte, e Salomão já o havia promovido como chefe de todos os trabalhos forçados de Efraim e Manassés. Um dia, quando Jeroboão estava saindo de Jerusalém para tratar de negócios, o profeta Aías o encontrou na estrada e, por meio Dele, Deus anunciou que ele iria tirar dez tribos de Salomão e as entregar a Jeroboão.

E novamente Jerobaom aqui serve como um aviso para Salomão. Neste caso, nós vemos as semelhanças na promessa que ele recebeu, que é quase igual a promessa que Deus fez para Salomão:

Versículo 38, Deus diz a ele,

“Se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares nos meus caminhos, e fizeres o que é reto perante mim, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa estável, como edifiquei a Davi, e te darei Israel.”

Então Hadade, Rezom e Jeroboão servem como avisos sérios para o povo de Deus: tudo o que vocês tem, vocês receberam pela graça. E se recebestes pela graça, então temam ao Senhor, que pode tirar de vocês e dar pra outra nação se não forem fieis.

4. Uma promessa duradoura

Finalmente, devemos também notar que, apesar do julgamento de Deus contra Salomão, também vemos sua graça duradoura por causa das promessas que Ele fez a Davi. Nos versículos 11-13, Deus disse a Salomão:

“Visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reino e o darei a teu servo. Contudo, não o farei nos teus dias, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o tirarei. Todavia, não tirarei o reino todo; darei uma tribo a teu filho, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, que escolhi.”

Deus fez uma promessa a Davi e não deixaria de cumprir o que prometeu, embora os descendentes de Davi não mereceram nada. Este é um dos temas abrangentes do livro dos Reis. Deus é fiel às suas advertências, sim – vemos isso com o julgamento de Deus contra Salomão. Mas ele também é fiel às suas promessas. O próprio Salomão pode não ter se beneficiado dessas promessas, mas Deus ainda as cumprirá, porque Ele é fiel e cumpre sua Palavra.

E com isso, o autor de Reis nos lembra da esperança que o povo de Deus ainda seguraram. Em fim, Salomão não o Filho de Davi que o povo fiel de Deus esperava que ele fosse. E seu filho e os outros descendentes que vieram depois dele também foram decepcionantes. Mas o autor de Reis lembra seus leitores, em uma época sombria, de se apegar à promessa que Deus fez a Davi. A promessa que Deus fez a Davi também foi uma promessa ao povo de Deus. Embora que o reino até desmoronasse sob homens como Salomão e Jeroboão; embora que os tempos pareçam sombrias … contanto que Deus se lembre de sua promessa a Davi, então aqueles que O temem ainda têm razão para se agarrar à esperança. Deus não abandonará sua missão. Virá um rei que tirará Israel desta miséria e estabelecerá o trono em justiça, e não apenas por meia geração, mas para sempre. Enquanto Deus permanece fiel a essa promessa, então ainda vale a pena esperar por Ele e guardar esperança Nele. Essa é a luz que ainda brilhava nos corações dos autores que escreveram Reis – a fé que o Espírito Santo implantou neles.

E eles esperavam pelo que nós conhecemos. Eles estavam esperando pelo Filho de Davi que nós conhecemos pelo nome de Jesus Cristo. A verdadeira expressão da sabedoria de Deus, que não cairia na tolice. O filho fiel de Davi, cuja glória não duraria apenas meia geração, mas para sempre. O homem cujo coração não se extraviaria, cujas afeições não seriam deslocadas, que se apegaria a Deus de todo o coração e seria obediente do início ao fim de Sua vida, até a morte na cruz.

E este Filho de Davi agora está reinando nas alturas. Deus cumpriu Sua promessa a Davi. Por causa dEle, nós – o povo de Deus – somos perdoados e restaurados a Deus. Ele venceu o inimigo que Salomão não podia vencer – o pecado – e obteve para nós a justiça verdadeira e duradoura.

E ele pretende levar Seu reino adiante, até os confins da terra.

O Salmo 72 é um salmo que foi escrito originalmente para Salomão. Talvez até tenha sido escrito por David. Ele expressa todas as esperanças que o povo de Deus tinha por Salomão. 

Versículos 1–2: “Concede ao rei, ó Deus, os teus juízos e a tua justiça, ao filho do rei. Julgue ele com justiça o teu povo e os teus aflitos, com equidade.” … [7–8] “Floresça em seus dias o justo, e haja abundância de paz até que cesse de haver lua. Domine ele de mar a mar e desde o rio até aos confins da terra.”

Infelizmente, o povo de Deus nunca viram essas esperanças realizadas. O Reino de Deus pelo qual eles oraram nunca se concretizou – ou, pelo menos, não durou. Não durou porque Salomão falhou em ser o rei que precisava ser.

Mas irmãos e irmãs, é exatamente este reino que Cristo agora está realizando, agora reinando do céu. Tendo derrotado o maior inimigo – o pecado – e esmagado o poder do diabo, e então ressuscitado da morte, ele declarou a Seus discípulos: 

Mt. 28:18-20: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.”

Tudo o que o povo de Deus esperava para que Salomão realizasse, Cristo está finalmente realizando. Ele está reunindo Sua igreja e transformando nossos corações e vidas pelo Espirito Santo, e nós temos a alegria de ver com nossos próprios olhos o Reino de Deus crescendo em nosso meio – na verdade, em cada uma de nossas próprias vidas. À medida que ele nos transforma das trevas para a luz, do pecado para Ele, mais e mais nós vemos Sua justiça estabelecida em nós.

E Sua promessa é que esse domínio nunca cessará, até que se estenda “de mar a mar e até os confins da terra.”—como Salmo 72 fala. Até que a glória do Senhor cubra a terra como as águas cobrem o mar. Sob seu governo, os pobres são cuidados; os necessitados são protegidos; os justos florescem; os confins da terra passam a conhecer e temer a Deus; reis caem diante dEle, e as nações O servem. E Seu reino é um reino de paz. Ele traz paz entre Deus e o homem, e paz entre o homem e seu próximo.

Este é o rei a quem servimos.

Portanto, irmãos e irmãs, que nossos corações também sejam fiéis a ele. Guardemos nossos corações, para que também não sejamos enganados pela sedução do pecado, ou qualquer outra coisa: seja o temor dos homens, ou o desejo pelo respeito do mundo, ou a sedução dos bens materiais…que nada desvie nossos corações dEle . Que Deus nos mantenha fiéis, para que possamos participar com todos os santos de todos os séculos na herança do Reino de Cristo.

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.