Leitura: Tiago 2.1-26
Texto: Tiago 2.14-26
Amados irmãos e irmãs em Cristo,
Hoje a Palavra de Deus nos chama a avaliarmos o que é a verdadeira fé. Como crentes reformados, vindos de contextos teológicos complicados, nos enforçamos para aprender a doutrina verdadeira. Porque sabemos que sem a verdade é impossível ser salvo.
Porém, uma avaliação honesta e sincera deve ser feita. Temos uma tendência à acomodação. A salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo somente, independentemente das obras, mas essa fé não deve ser algo estático. Essa fé dever gerar um movimento.
É como um coração pulsando e liberando sangue pelas veias de todas as partes do corpo. Um coração nunca pode parar de bater, caso contrário morremos. Assim, a fé nunca pode ser algo estático, pois isso provocará a morte do corpo.
Antes de entramos neste assunto neste texto, vamos lembrar do que já ouvimos até aqui para que tenhamos.
1) Tiago foi escrito para crentes dispersos, peregrinos. Nós também somos crentes dispersos e peregrinos neste mundo.
2) Tiago mostra a perseguição a estes crentes pelos poderosos. Nós sofremos também a exploração dos poderosos neste mundo.
3) Tiago mostra crentes de carne e osso, inclinados ao pecado. Muitas vezes estavam pecando com a língua. Alguns estavam culpando a Deus pela sua situação. Também estavam tendo problemas um com os outros. Nós não somos diferentes. Muitas vezes temos uma atitude como se Deus fosse o culpado pela nossa situação. Reclamamos de outros crentes e reclamamos da igreja.
4) Tiago mostra como os crentes eram prontos para falar e agir errado, e lentos para ouvir, especialmente ao evangelho que os gerou. Eram prontos para afirmar-se como crentes, e lentos para agir conforme crentes, segundo a lei de Deus. Eram tendenciosos a uma religião vazia.
5) Tiago mostra as fraquezas no amor ao próximo: negligência e acepção de pessoas. Igualmente nós, não somos nem um pouco diferentes.
O assunto, em nosso texto, dos irmãos carecendo de roupas, é a conexão com a pregação anterior.
Também as duas confissões que são feitas aqui e lá mostram a unidade da exortação neste capítulo.
v.8: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo (v.8). Aparentemente estava tudo certo quanto a confissão, mas não quanto a prática.
v.19: crês que Deus é um só (v.19). Mais uma vez tudo certo quanto a confissão, mas não quanto a prática.
Agora, vamos avaliar dois assuntos importantíssimos para uma religião verdadeira: fé e obras.
v.14 – Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?
A primeira coisa que devemos dar atenção aqui é a palavra “se”.
“Se” alguém disser que tem fé. Tiago está citando aqueles que tem uma pretensa fé.
Porém, afirmar ter algo (fé) não é necessariamente possuir este algo. Afirmações todos fazem. Todo mundo diz ter Jesus no coração. Todo mundo diz acreditar em Deus.
Acho que as pessoas não falam isso da boca para fora.
E de certa forma elas têm algum tipo de fé mesmo. Foi isso que Jesus mostrou em Mateus 13.18 em diante (a explicação da parábola do semeador)
Entretanto, um testemunho concreto da fé em Deus não é uma mera declaração ou entusiasmo inicial. Mas, ação. A verdadeira fé é uma fé laboriosa.
Então, a pergunta de Tiago é: qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?
Tiago está perguntando: Qual é o benefício desta confissão se não há obras?
E a pergunta desafiadora de Tiago é: Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
Agora, Tiago não quer contradizer o ensino bíblico de que somos salvos pela fé em Cristo somente. Também nada temos a declarar contrário as profissões de fé que são feitas na igreja. É bom professar a sua fé! Ficamos felizes quando alguém chega a fazer sua profissão de fé.
Mas, essa fé aí, em Tiago, sem obras, não é a fé salvadora!
Leia novamente Tiago: Pode acaso, semelhante fé, ou seja, esta fé aí sem obras salvá-lo? E a resposta é não!
Por quê?
Porque, toda fé verdadeira é acompanhada de obras.
Jesus disse em João 15 que os ramos enxertado nele dão frutos (uma outra maneira de se referir às obras). É impossível estar realmente enxertado na videira e não dar frutos.
Assim também é impossível que uma nova árvore, uma árvore boa não produza bons frutos (sto foi falado por Jesus em Mateus 7).
Deus, em sua graça, nos deu tanto a fé quanto às obras.
Veja Efésios 8-10: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”.
Veja! Isso é algo soberano!
Mas, isso não quer dizer que vamos dar as costas para as nossas responsabilidades.
Tiago avalia a responsabilidades dos irmãos:
Veja agora a indagação de Tiago. Ler versículos v.15-16. Isto conecta com a pregação anterior, com o pobre andrajoso sem roupas.
Como aquela negligência aos pobres combina com a afirmação da fé a respeito do mandamento de amar ao próximo com a ti mesmo (v.8)? Ou com Crer que Deus é um só (v.19)? Esse Deus que é Pai dos órfãos e dos pobres e marido das viúvas. Ou, ainda, com se viver em ódio e ira contra seu irmão ou contra Deus (Tiago 1.19-27)
Ler novamente vv.15-16.
Imagine a situação, você tem o seu irmão na igreja, sabe da situação dele, sabe que ele está passando por alguma luta, mas você diz a ele:
_vai dar tudo certo! Confia no Senhor!
Imagine: O irmão está passando fome e você diz: Irmão, vai pra casa e ore mais. Confie no Senhor!
Você não disse: irmão vamos orar sobre isso agora! Estamos juntos! O que posso fazer para te ajudar? O que você está precisando agora?
Perceba! Que fé “soft”, acomodada, quando eu faço afirmações corretas, mas eu realmente não me envolvo com os problemas das pessoas! Não presto ajuda!
E qual é a conclusão sobre isso?
Uma fé dessa não é viva. Está moribunda! Ou já está morta. É um cadáver.
Tiago conclui no v.17: Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
Isto explica o exemplo citado. É claro! A fé morta não produz frutos.
Agora dos versículos 18 e 19 há uma interpelação, uma pequena discussão entre duas pessoas ou dois partidos.
De um lado, alguém afirma: eu tenho obras e você tem fé.
O que tem obras diz: Dou minhas esmolas. Sou um cara bom. Tudo bem.
O outro diz: Não tenho obras, mas creio no Deus único (v.19).
Tiago, se colocando como entre os dois partidos diz: “mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”.
Ele une as duas coisas. Fé e obras são como dois lados da mesma moeda!
A fé laboriosa joga por terra a fé de presunção!
Os demônios também tem sua crença na existência e obras de Deus, sabe quem é Cristo, o Espírito Santo. Eles vão além da presunção.
v. 19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.
E isso causa uma reação: eles tremem! No original, eles se agitam e arrepiam. Percebemos isso em vários momentos do ministério terreno de Jesus
Irmãos, um crente verdadeiro não pode ficar indiferente as obras. Caso contrário, isto revela insensatez. É como um membro do corpo que não funciona, inoperante.
Tiago diz isso numa pergunta: v.20 – Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?
Agora, Tiago mostra esta verdadeira fé por meio de dois exemplos.
O primeiro é o pai da fé e do povo judeu: Abraão. O segundo é uma mulher gentílica, Raabe, a prostituta cananita.
21 Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?
25 De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?
Abraão. A Palavra de Deus diz que o pai da fé, Abraão teve uma fé responsiva.
Deus chamou ele de Ur dos caldeus para uma terra que ele não conhecia. E ele foi.
Deus no monte Moriá pediu o seu único filho, Isaque, em sacrifício, e ele iria sacrificar seu filho Isaque. Isto está em Gênesis 22.
Hebreus 11.19: “porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos…”
Percebemos que a fé de Abraão gerou estas obras. E atestou: Ele cria verdadeiramente no poder de Deus
Raabe. Ela ouviu sobre o Deus de Israel e como ele havia decidido conquistar aquela cidade. Raabe então acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Antes ela os fez jurar que não matariam sua família. Hebreus fala da fé dela pelas suas obras. Hebreus 11. 31 – “Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias” (Josué 2).
Agora, uma parte mais difícil neste texto é a aparente contradição entre a justificação pelas obras e a justificação pela fé.
v.24 falando sobre Abraão (ler). “Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente.”
v.25 – De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe.
Vamos para a carta aos Romanos.
Romanos 4 está tratando da justificação pela fé de Abraão, contra o erro dos judeus de justificarem-se pela obras da lei. V.2 diz assim: Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus.
Se alguém pudesse ser considerado justo pelas obras, então não haveria méritos de Deus, mas dos homens.
Porém, Deus imputou (considerou) a fé para tornar Abraão justo. Essa justiça, ou justificação, é um ato de Deus. Deus justifica a todos que nEle creem.
Romanos 4. v.9: Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça.
Então, como entender o que Tiago falou sobre justificação pelas obras. Há alguma contradição? Não!
Há diferença nas “justificações”. Temos que levar os contextos em conta.
A justificação da qual Paulo fala tem a ver com os homens sendo sendo justificados diante de Deus. Não é por obras da Lei que Deus atribui justiça, mas pela fé.
Mas, o que Tiago fala tem a ver com nossa fé sendo justificada diante dos homens. Alguém pretensamente diz: Eu tenho fé. “mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé” (v.18)
Vemos as obras justificadoras do crente diante dos homens. Eles de fato creem em Deus! Não é mera afirmação vazia de que “eu tenho fé”.
Portanto, nossa fé é justificada diante dos homens pelas obras.
Jesus falando sobre como conhecer um justo disse: “pelos frutos os conhecereis”(Mt 7.20). Se alguém é filho de Deus ou não.
Irmãos, boas obras ornamento (embeleza) nossa fé diante de Deus e dos homens. Elas estão dizendo sobre alguém: justo, justo, justo.
Estão dizendo finalmente: “Você está vivo”
E é desta forma que Tiago termina comparando o corpo com a fé, mas as obras com o Espírito.
Da mesma forma que o vivo tem corpo e alma habitando no momento, a morte é a separação do corpo e da alma.
Logo, fé sem obras é fé morta.
Estentendo à igreja: Corpo é a igreja. Sem obras ela está sem o Espírito. Sem o Espírito ela está morta.
– Agora, chegou o seu próprio momento de avaliar isso em sua vida.
Pergunte-se: onde estão as boas obras em sua vida?
Avalie isso comparando cada mandamento (assunto da pregação anterior) com a sua vida. Avalie seu serviço a Deus. Avalie seu serviço a si e ao próximo.
Depois de ter feito isso, busque a graça de Cristo.
Diga: Senhor, tu disseste em João 15 que quem estivesse em ti produziria muitos frutos? Faça-me ser cheio de boas obras!
Senhor, não permita que eu tenha uma fé preciosa e uma religião vã. Torne-me um operoso praticante da Palavra.
Com uma fé laboriosa, disposta, responsiva.
E, irmão, Ele que é o Pai das luzes, a fonte de todo bem, que nenhum bem sonega, te dará.
Amém!
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.