Leitura: Tiago 1.1-15
Texto: Tiago 1.12-15
Amados irmãos e irmãs em Cristo,
Posso afirmar com certeza que em algum momento de sua vida você enfrentou
alguma tribulação. A luta contra os próprios pecados, um desemprego, enfermidade,
relacionamentos difíceis (pai injusto ou descrente, mãe, marido, esposa, patrão
severo, e até mesmo com o conselho da igreja se julgaram mal uma certa situação).
E, me arrisco a dizer que em algum momento você questionou a Deus o porquê
das coisas serem difíceis para você. Por que Deus, o Senhor Deus, está fazendo isso
comigo? (foram seus pensamentos.).
Parece que para os outros as coisas da vida fluem melhor do que para você.
Você sente que Deus está contra você. Você fica angustiado. Talvez com vontade de
desistir.
O texto que temos diante de nós é um aprofundamento daquilo que já ouvimos
nos vv.2-4. Tiago já nos mostrou que devemos passar pelas várias tribulações com
alegria. Sabendo que estas tribulações fazem parte do grande plano de Deus. Ele nos
ensinou a buscar sabedoria para passarmos pelos mares sombrios.
O nosso texto contém um encorajamento e uma advertência para você. Vamos
dar atenção a este texto.
Em primeiro lugar, Tiago encoraja seus ouvintes perseguidos com as
palavras do v.12:
“Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação;
porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor
prometeu aos que o amam”.
“Bem aventurado”. “Feliz”. Essa é a expressão mais repetida no famoso
Sermão do Monte proferido pelo Senhor Jesus (em Mateus 5).
Jesus proferiu estas palavras num contexto onde seu povo era como um bando
de ovelhas sem pastor. Eles eram mal cuidados. Estavam mal nutridos. Desgarrados.
Os pastores de Israel maltravam suas ovelhas de toda a forma.
Cristo os reúne e profere essas palavras de esperança.
Eles são felizes. Aos humildes, deles é o reino dos céus. Aos que choram,
serão consolados. Aos mansos, herdarão a terra. Aos que tem fome e sede de justiça,
serão fartos. Aos misericordiosos, alcançarão misericórdia. Aos limpos de coração,
verão a Deus. Aos pacificadores, serão chamados filhos de Deus. Aos perseguidos
por causa da justiça, herdarão o reino dos céus.
Aos injuriados, perseguidos, e caluniados por causa de Cristo, alegria por
que grande é o galardão que eles tem nos céus.
Essas últimas palavras de Cristo no final das bem aventuranças são quase as
mesmas aqui no versículo 12.
“O homem que suporta, com perseverança, a provação (*A mesma ideia está
contida no capítulo 5, versículo 11 que você pode ver depois)….receberá a coroa da
vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”.
Que “coroa da vida” é essa?
Irmãos, quando pensamos numa coroa pensamos nos reis. De fato, a palavra de
Deus em Apocalipse 3.21 diz que vamos nos assentar no trono com Cristo. “Ao
vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono”.
Ou seja, se Cristo é o Rei eterno que se assenta no seu trono, nós que nos
assentaremos no trono de Cristo também somos reis.
Isto não é uma coisa estranha. De fato somos reis, assim como o Dia do Senhor
12 que pergunta o porquê de sermos chamados de cristãos nos declara.
Mas somos uma espécie de reis e rainhas “já e ainda não”. Ainda não
assumimos definitivamente a posição de reis, quando na ocasião receberemos uma
coroa, a coroa da vida com Cristo.
Agora, irmãos, quando pensamos em coroa talvez não abrangemos mais esta
ideia.
As Escrituras vão além do associar a cora com o reinar.
A coroa também era um prêmio pelo esforço físico.
Várias vezes as Escrituras estão comparando a vida cristã com os esportes. Por
exemplo, Paulo fala em 1 Timóteo 4.7: “Exercita-te, pessoalmente, na piedade”.
A palavra “exercitar” é a mesma palavra que traduzimos por “ginásio”. Paulo
compara a vida cristã com esportes olímpicos.
Ele fala dele mesmo como não tendo “corrido” em vão (atletismo). Ele fala da
luta da carne contra o espirito. “Luta” é um esporte. Ele fala do prêmio da salvação.
“Prêmio” é o resultado da vitória.
Abra em 1 Coríntios 9.25 (ler).
A “coroa da vida” é o galardão da vida cristã perseverante.
Essa coroa também é chamada de coroa de glória ou de justiça. Veja:
1Ped 5.4. Essa coroa é prometida aos atletas presbíteros.
2Tm 4.8. Essa coroa é prometida aos atletas cristãos fieis.
Esse mesmo encorajamento vai para você, meu irmão ou irmã. Cristo quer te
encorajar por esta pregação. Não se sinta inferiorizado como um Cristão porque você
sofre.
Você é um bem aventurado. Um feliz. A felicidade é algo que Deus define, não
o mundo. O mundo está falando de felicidade em termos de dinheiro, luxo, respeito,
posição.
Mas, a Palavra de Deus fala em termos daquilo que se conquista através dos
sofrimentos.
“Ser aprovado”. A palavra da a ideia de algo que foi “testado” como original.
Como uma moeda que no passado precisava ser verificada para se saber se era
original.
Quando alguém sofre por causa de Cristo, e é aprovado após o teste, então tal
pessoa é feliz.
Amado irmão e irmã, você é amado por Cristo, se tem buscado viver em
fidelidade, ainda que com muitas falhas. E é Ele (o vencedor) quem promete a coroa
da vida para aqueles que sofrem por seu nome. Veja Apocalipse 2.10.
Observe quem é o autor da promessa. Aquele que teve uma cora em sua
cabeça. Uma coroa de espinhos. Uma coroa de sofrimentos. Que foi trocada por uma
coroa de glória.
Essa é a promessa. A coroa das dificuldades de agora será trocada por uma
coroa gloriosa, a coroa da vida.
A segunda coisa desta pregação é a advertência.
v.13: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.”
Eis aqui alguém que não passou no teste dado por Deus.
Se Tiago menciona a palavra “ninguém” para proibir pessoas de acusar a Deus,
subentende-se que existiam pessoas acusando a Deus de ser o autor de seus próprios
fracassos.
“Sou tentado por Deus”. Não há nada nas Escrituras que mostram Deus como
um tentador.
Na verdade Satanás é o tentador. Nós vemos ele tentando o próprio Jesus em
Mateus 4.
Este texto é interessante. Vamos nele. Leiamos o versículo 1 de Mateus 4.
O Espírito permite Jesus ser tentado. Mas quem é que o tenta? O Diabo!
Assim também foi com Jó. Jó passou por vários sofrimentos na vida. E quem
estava tentando a Jó? Foi o Diabo! Ele foi pedir permissão a Deus para tocar nas
coisas de Jó.
Deus não pode ser tentado, pois ele é santo e perfeito, e nem Ele mesmo é o
tentador.
Agora, Deus pode nos permitir que sejamos tentados? Sim! Isso pode
acontecer como simplesmente um teste para nos desenvolvermos na fé (essa é a
situação aqui), como pode ser um castigo por causa de nossa negligência.
Pedro e Davi não vigiaram e caíram, sucumbiram diante das tentações.
Suas quedas são mencionadas nos Cânones de Dort, cap v, que trata da
perseverança dos santos.
ARTIGO 4 — Os santos estão sujeitos a cair em pecados graves
Embora o poder de Deus, pelo qual ele confirma e preserva os verdadeiros crentes na graça, seja tão
grande que não pode ser vencido pela carne,os convertidos, contudo, nem sempre são guiados e diri
gidos por Deus, de sorte que não possam, em certas circunstâncias particulares e pela própria
culpa deles, se desviar da direção da graça e serem seduzidos pela carne e se rendam à sua concupis
cência. Por isso, eles devem orar e vigiar constantemente para que não caiam em tentação.
Quando não vigiam nem oram, eles não somente
podem ser levados — pela carne, pelo mundo e por Satanás
— a cometer sérios e atrozes pecados, mas, algumas vezes, podem ser levados a isso pela justa per
missão de Deus. É o que demonstram as lamentáveis quedas de Davi, de Pedro e de outros santos, descritas na Escritura
Por isso, Cristo nos ensinou a orar: Não nos deixes cair em tentação, mas livra-
nos do mau.
Então, irmãos, quando estamos passando por alguma situação difícil, e não
buscamos a Deus nem através de Sua Palavra, nem através das orações, é certo que
não vamos passar no teste.
E no fim diremos: Deus me tentou e eu caí.
Por isso, Tiago responde: 14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria
cobiça, quando esta o atrai e seduz. 15 Então, a cobiça, depois de haver concebido,
dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
Eis aqui a origem da derrota e um prêmio para a derrota. A origem não está em
Deus!
Assim, como obedecer tem origem na coroa espinhosa de Cristo. O pecado tem
origem na cobiça, no coração, no velho homem.
Assim, como a perseverança nos leva a coroa da vida. A cobiça nos leva ao
pecado e a sermos coroados com a morte no final.
Meus irmãos, eis um adversário difícil nestes jogos olímpicos da fé: o nosso
próprio coração.
Jeremias 17 disse que ele é desesperadamente corrupto. Provérbios 4 diz que
ele é a fonte da vida.
A cobiça pecaminosa, que é o pecado contra o décimo mandamento tem
origem no coração. E todos os pecados da lei tem origem na cobiça.
Eis um mal que somente Cristo pode derrotar. E de fato, Ele derrotou a força
do pecado em nossos corações.
Mas, nosso coração ainda exige a nossa própria luta dentro da esfera de nossa
responsabilidade sob a qual fomos colocados para mortificarmos a nossa velha
natureza com suas paixões.
Então, se você vive caindo no mesmo pecado, isso não tem em Deus a sua
origem, mas em seu próprio coração. Talvez seja o fato dele ainda não ter sido
mudado.
Se você sucumbe às várias tentações, isso não tem origem em Deus que dá
com os testes também o escape, mas o sucumbir (ser derrotado) está em você. Você
não estava preparado e você caiu. Aquele que está de pé vigie para que não caia.
Fraquezas, isto está em você e é a sua própria responsabilidade.
Interessante como Tiago usa mais uma ilustração para não nos deixar sem
entendimento. Ele já falou no versículo 6 sobre o que duvida ser “semelhante à onda
do mar, impelida e agitada pelo vento”. Também nos versículos 9-11 falando sobre o
fim dos ricos em termos de serem queimados pelos calor.
Agora Tiago fala de uma mãe que gera uma criança no seu ventre.
Veja o processo. Para uma criança nascer, é necessário que uma mulher
encontre um homem.
Depois de concebido, a criança vai passar meses na barriga se desenvolvendo.
No final da gestação, chega o momento da criança sair do ventre materno.
Eis o pecado, meus irmãos, ele é concebido no coração. Ele é gerado neste
coração. O processo é lento, mas constante. Se o pecado não for interrompido, ele
nasce. Ele aparece exteriormente. E no final seu rosto não é de um lindo bebê, mas
um rosto de morte.
Portanto, que possamos ser consolados com essa palavra. Ao mesmo tempo
sejamos alertados. O homem da coroa de espinhos nos deixou maravilhosas
promessas de uma coroa eterna. Ao mesmo tempo, o vencedor da coroa de espinhos
nos pede para que sejamos firmes nos duros exercícios da fé. Precisamos estar
exercitados para isso.
É assim que somos santificados. E é desta forma que seremos apresentados
como uma noiva perfeita, sem mancha e sem defeito no reino celestial. Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.