Mateus 18:21,22

Leitura: Levítico 19:17,18; Mateus 18:21-35
Texto: Mateus 18:21,22

Amada congregação do Senhor e demais ouvintes,

A pergunta do Apóstolo Pedro é uma consequência do ensino de Jesus nos vs. 15-20. O Senhor ensinou como devemos tratar as ofensas que são feitas contra nós. Ele declarou aos discípulos no v. 15: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão”.

Os outros versos (16-20) nos instruem sobre como tratar o irmão ofensor, que não se arrepende da ofensa praticada. As Escrituras nos ensinam o que acontece com o pecador impenitente que não atende o chamado de arrependimento do amável Salvador, Jesus Cristo.

Nós podemos notar que o contexto das palavras de Jesus é um contexto de amor, de perdão, de reconciliação e de salvação. Jesus ama seus discípulos. Esses discípulos eram pecadores. Então, Jesus buscava ofensores. Ele veio salvar o que estava perdido (v. 12). Jesus é o Bom Pastor. Ele veio buscar as suas ovelhas desgarradas e em perigo de morte. Jesus veio para cumprir a vontade do Pai. O nosso Pai celeste não deseja a morte de nenhum de Seus pequeninos (v.14).

O processo de disciplina ensinado por Jesus precisa ser entendido no contexto de amor, de perdão, de reconciliação e de salvação. Por isso, os discípulos de Jesus devem buscar quem lhes ofendeu (v. 15). Essa busca não tem o alvo de condenar, mas de ganhar o irmão pois diz o v. 15: “ganhaste a teu irmão”. Assim, quando ofendidos, o nosso desejo deve ser buscar nosso irmão ofensor. Nós precisamos levar o irmão ao arrependimento e a reconciliação. O nosso objetivo deve ser salvar o irmão ofensor. Esse é o desejo do nosso Senhor Jesus Cristo.

Meus irmãos, será que esse ensino é humano? O ensino de Jesus é anti-humano. As palavras dEle vão contra a natureza humana caída em Adão. A nossa natureza caída não reconhece que é lucrativo buscarmos quem nos ofendeu. Ela deseja pagar ofensa com outra ofensa.

Por isso, apesar de claro e simples o ensino de Jesus, é uma luta contra a nossa velha natureza aplicarmos o ensino de Jesus na resolução dos nossos problemas de relacionamento, especialmente, dentro da igreja. Mas, o Senhor Jesus revela a vontade de Deus para nós. Ele deseja que vivamos como filhos do Seu reino de amor e graça. Para isso, ouçamos a Palavra de Deus no seguinte tema:

Tema: O SENHOR Jesus ensina aos seus discípulos a perdoarem seus irmãos ofensores

O apóstolo Pedro ouviu todo o ensino de Senhor Jesus sobre nosso dever de buscar o irmão ofensor. Então, ele chegou perto de Jesus para fazer uma pergunta sobre a prática do perdão. O apóstolo Pedro perguntou (v. 21): “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?

O apóstolo Pedro parece ter esquecido a Lei. A lei diz em Levítico 19.17,18 que não devemos guardar nos nossos corações ódio contra os nossos irmãos. A lei diz que devemos buscar o ofensor. Ela nos diz que quem guarda ódio peca. A lei nos proíbe a vingança, mas nos ordena a amar o nosso próximo como a nós mesmo. Esse era o ensino da lei que Pedro, possivelmente, ouvia na sinagoga. O apóstolo Pedro necessitou perguntar a Jesus: quantas vezes devo exercer esse mandamento da Lei? Sim. Talvez o legalismo dos fariseus tenha feito ele esquecer do espírito da lei, o amor a Deus e ao próximo.

Quantas vezes devo perdoar meu irmão? – Perguntou Pedro. Jesus já havia ensinado sobre o nosso dever de praticar o perdão. Por exemplo, Ele ensinou os seus discípulos a orarem ao Pai celestial (Mt 6.12): “… e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;”. Jesus reforçou essas palavras da oração, falando aos discípulos o seguinte (Mt 6.14): “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”

Mas, parece que no entendimento de Pedro, Jesus Cristo precisava falar quantas vezes nós devemos perdoar os ofensores. Parece que havia uma regra dos rabinos que “sete vezes” devemos perdoar nossos ofensores. Possivelmente, os rabinos ensinavam isso com base no Salmo 119.164 ou em Provérbios 24.16. Por isso, Pedro coloca o número sete na pergunta.

Não sabemos por certo a fonte desse número de vezes falado por Pedro. Mas, nós podemos ver o que Jesus ensinou aos seus discípulos. Jesus ensinou (v. 22): “… Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”

Essa declaração de Jesus deve ter deixado suspensa a mente de Pedro e dos demais ouvintes. Eles ouviram um ensino extraordinariamente grande. De fato era grande, pois de 7 para 490 vezes é uma diferença muito grande.

O Senhor Jesus notou a necessidade deles terem esse ensino esclarecido e reforçado por uma ilustração. Por isso, o Senhor Jesus usou uma parábola para melhorar o entendimento da doutrina dele sobre a prática do perdão (vs. 23-34).

A parábola do servo mau mostra a nossa necessidade de exercer o perdão para com os nossos ofensores. O SENHOR Deus perdoou todas as nossas dívidas, os nossos pecados. Então, nós, por gratidão a Deus, necessitamos exercer a bondade misericordiosa, perdoando o nosso irmão ofensor.

Sendo assim, ouvindo o ensino de Jesus e a parábola do servo mau, podemos entender que não devemos perdoar nosso irmão apenas 490 vezes (ou seja: “setenta vezes sete”). Não. A palavra de Jesus mostra que devemos perdoar nossos ofensores por completo e sempre. Como assim? Perdoar como Deus nos tem perdoado.

A pergunta de Pedro é muito prática para nós. Nossa vida é pós Queda no Éden. Nós caímos no Éden. Na queda nos tornamos ofensores. A nossa queda foi a nossa primeira ofensa contra Deus.

Depois da Queda não pararam as nossas ofensas mas elas só aumentam a cada dia. Todo dia nós ofendemos Deus e aos nossos próximos. Sendo assim, a nossa queda em Adão é o motivo das ofensas feitas também contra nós.

Se alguém ofendeu você é por que houve a Queda no Éden. Então, a pergunta de Pedro é bem prática e atual.

Quem de nós nunca foi ofendido?

Quantos de nós não sofremos ofensas vindas de um mesmo irmão?

Nesse caso, muitas vezes, ficamos nos perguntando: Quantas vezes devo perdoar fulano ou sicrano?

A resposta a essas perguntas está nas seguintes perguntas:

Quantas vezes ofendi ao SENHOR Deus?

Quantas vezes o SENHOR Deus me liberou da minha dívida com Ele?

Quantas vezes Deus, apesar das minhas fraquezas, fez-me participar da Ceia do Seu Filho?

Então, quantas vezes devo perdoar o meu irmão?

O Nosso Senhor respondeu a Pedro, mostrando a graça de Deus para conosco: “Setenta vezes sete”, ou seja, perdoar completamente e sem limite. Jesus nos ensinou a perdoar de coração os nossos irmãos. Ele disse que o Pai nos perdoou por bondade e graça. Então, devemos perdoar os nossos ofensores, especialmente, nossos irmãos na fé.

A pergunta de Pedro nos leva a ouvir de Jesus a doutrina do Sola Gratia. Essa doutrina nos ensina a tratarmos os problemas de relacionamento na igreja.

Como assim?

Pense: Nós confessamos que somos salvos pela graça somente? Sim!

Nós não fomos salvos com base nas nossas obras. Foi Jesus que foi morto e ressuscitou para a nossa salvação. Nós fomos perdoados por Deus com base na obra graciosa de Cristo Jesus. Assim, nós provamos a graça de Deus em Cristo. Então, você lembra dessa doutrina quando sofre ofensas? A doutrina do Sola Gratia deve ser lembrada quando somos ofendidos!

Portanto, meus irmãos, o que confessamos quando buscamos nossos irmãos que nos ofenderam? O que confessamos quando perdoamos os pecados deles contra nós? Em verdade, confessamos a doutrina do Sola Gratia! Estamos mostrando que, de coração, cremos que recebemos o perdão pela graça de Deus somente! As nossas obras revelam a nossa fé. Se perdôo o meu irmão, então, confesso que creio que Jesus Cristo me salvou por pura graça somente!

Não adianta falar de Sola Gratia se tenho um coração cheio de ódio, de rancor e de amargura contra meu irmão. Uma vida cheia da graça de Deus manifesta graça diante dos homens, especialmente, a graça do perdão.

Nós temos que ser realistas e reconhecer que ofensas acontecem, doem muito, criam ira, ódio e nos amarguram profundamente. Somos tentados e caímos pagando mau com mau. Talvez alguns de nós esteja sendo ofendido por um irmão. Esse irmão pode ser seu cônjuge, seu filho, seu pai, seu oficial, ou qualquer outro membro da igreja. Isso torna a ofensa mais dolorida e difícil para você perdoar.

Além disso, não sei o quanto e quantas vezes esse irmão possa ter ofendido você. Não sei o quanto essa ofensa desestabilizou sua vida. O que sei, pela Escritura, é que Jesus Cristo não está alheio aos nossos sentimentos.

O nosso coração está diante dos olhos de Jesus. O Espírito dEle vive em nós. Mas, Jesus não só vê e sabe os nossos sentimentos. Ele sabe o quanto dói uma ofensa.

Em verdade, o evangelho diz que Ele levou sobre si todas as nossas ofensas (Is 53). O Senhor Jesus Cristo sofreu por causa dos pecados de seus irmãos, a igreja. Jesus Cristo sabe o quanto dói o pecado. Ele foi ferido por nossos pecados. Então, Jesus Cristo sabe o quanto você está sofrendo por causa das ofensas contra você. Porém, mesmo Jesus sabendo quanto o pecado dói, Ele mandou você perdoar seus irmãos ofensores.

É muito difícil para nós perdoarmos. Em verdade, em nós mesmos, não há força para perdoar. Os apóstolos quando ouviram o ensino de Jesus sobre o perdão, pediram a Ele que lhes acrescentasse fé (Lucas 17.3-5). Em verdade, para perdoarmos precisamos ter a fé que Jesus dá e fortalece.

Nós precisamos orar para que essa fé nos seja acrescentada. Nós carecemos que nossa confiança em Jesus seja reforçada. Sem essa verdadeira fé reforçada não temos força para enfrentarmos a nossa velha natureza. Esta velha natureza nos força a vivermos no mundanismo que nos leva a pagar mau com mau, na hipocrisia, no ódio, na inimizade e na amargura contra os nossos irmãos.

Meus irmãos, a velha natureza somente nos mostra a ferida que foi feita em nós. Ela não nos mostra as feridas feitas em Cristo Jesus. As feridas pelas quais nós fomos sarados. As feridas que foram feitas em Cristo para que nós pudéssemos sermos perdoados e sermos recebidos por Deus em graça.

Por isso, temos que pedir mais fé a Jesus Cristo para que possamos perdoar os nossos irmãos. Nós precisamos estar debaixo da pregação da Palavra. Necessitamos, com fé, usar os sacramentos, especialmente, a Ceia do Senhor. Ela nos mostra o sacrifício sangrento de Cristo. Esse único sacrifício nos trouxe o perdão gratuito de Deus. Pela pregação e os sacramentos o Espírito Santo nos fortalece a fé em Cristo Jesus, dá-nos a força para buscarmos e perdoarmos os nossos irmãos.

Conclusão:

Encerro dizendo que precisamos meditar na pergunta de Pedro e na resposta de Jesus. Especialmente, quando vem se aproxima a Ceia do SENHOR. Por isso, cada um de nós, antes de tomar a Ceia do SENHOR, precisa fazer o exame sincero.

Nós precisamos sermos conscientes de nossos terríveis pecados contra Deus, confiantes na graça dEle em Cristo e determinados a mostrarmos gratidão a Deus por meio de uma vida dedicada a Ele. Uma nova vida que mostra que estamos resolvidos “a amar o próximo e deixar toda a hipocrisia, inveja, inimizade e raiva”.

Nós precisamos desse exame sincero, a fim de não tomarmos a Ceia para o nosso juízo e condenação. Nós carecemos estar resolvidos a perdoar nossos irmãos, a fim de não sermos semelhantes ao servo mau da parábola que Jesus nos ensina.

Sendo assim, se você está sendo corroído por causa de alguma ofensa feita contra você. Não carregue esse pecado sobre você. O Senhor Jesus não sofreu em seu lugar para que você viva sofrendo por causa do pecado.

Se você está sofrendo por causa de algum pecado contra você, então, peça fé na palavra de Cristo Jesus. Ore para que Deus encha seu coração com a doutrina da graça. Coloque-se debaixo da pregação do evangelho da graça e medite na mensagem nos sacramentos. Assim. você receberá força para cumprir a vontade de Deus: Perdoar seu irmão ofensor.

Lembre-se da pergunta de Pedro: Quantas vezes devo perdoar meu irmão? Mas, viva a resposta de Jesus. O SENHOR Jesus ensina: sempre devemos perdoar nossos irmãos ofensores.

Amém.

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Adriano Gama

Ministro da Palavra das Igrejas Reformadas do Brasil (IRB). Mora em Curitiba e serve como missionário na Igreja Reformada Ebenezer (Colombo – PR)

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.