Marcos 16:01-08

Leitura: Marcos 15:40 – 16:20
Texto: Marcos 16:01-08

Irmãos,

O final do evangelho de Marcos é uma historia estranha. Há alguns detalhes estranhos. A gente vai ver isso, quando prestar atenção à posição das mulheres nessa história. Uma posição estranha. Se devêssemos descrever brevemente, seria mais ou menos assim: ELAS OLHARAM TUDO E NÃO DISSERAM NADA.

Quem ler os últimos capítulos regularmente encontrará algumas mulheres caladas. Isso já começa no capitulo 15. Lá Marcos fala sobre a morte de Jesus na cruz e finalmente ele diz: “ALGUMAS MULHERES ESTAVAM OLHANDO DE LONGE. ENTRE ELAS ESTAVAM MARIA MADALENA, MARIA, MÃE DE TIAGO O MENOR E DE JOSÉ, E SALOMÉ. NA GALILEA ESTAS MULHERES TINHAM-NO SEGUIDO E SERVIDO. ESTAVAM ALI TAMBÉM MUITAS OUTRAS MULHERES QUE TINHAM SUBIDO COM ELE PARA JERUSALÉM.”

Então, Marcos tira a nossa atenção para um grande grupo de mulheres, que estavam longe da cruz olhando…

Só olhando… Além disso, ele continua falando sobre o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia e de repente nós lemos: “MARIA MADALENA E MARIA, MÃE DE JOSÉ, VIRAM ONDE O PUSERAM”.

De novo Marcos tira a nossa atenção para as mulheres caladas, que ficam numa distância, olhando… Só olhando… Mais nada…

Primeiramente de longe, depois mais próximo e finalmente elas entram no primeiro plano. Isso acontece logo na manhã do dia da Páscoa. Dessa maneira Marcos está introduzindo essas mulheres mais e mais. Parece que essas mulheres ficam mais e mais importantes. Mas como? Qual é o papel delas? Elas não dizem nada, não fazem nada, só olhando… Por que? O que essas mulheres querem? O que elas estão planejando?

Vamos descobrir isso. Mas para descobrir isso, precisamos conhecer melhor essas mulheres. Marcos introduz brevemente três mulheres no capitulo 15: MARIA MADALENA, MARIA, MÃE DE TIAGO O MENOR E DE JOSÉ, E SALOMÉ. Especialmente essas três, porque elas vão voltar depois. Elas estavam presentes na crucificação de Jesus, no enterro de Jesus e elas serão as primeiras TESTEMUNHAS DA SUA RESSUREIÇÃO.

Então essas três mulheres são testemunhas importantes. Elas viram de longe que Cristo estava pendurado na cruz, que ele foi tirado, deitado e envolvido em lençóis por José de Arimatéia e levado para o sepulcro. Duas mulheres puderam dar testemunho que José o depositou no sepulcro e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro. E todas três são testemunhas do fato que o sepulcro estava vazio no dia de Páscoa. Então essas mulheres são testemunhas importantes da morte, enterro e ressurreição de Cristo e por isso Marcos as introduz. Elas não ficam anônimas, mas estão introduzidas com os nomes delas. Quem não cria, poderia fazer uma investigação com essas mulheres.

E agora, quem são essas mulheres? Marcos diz “NA GALILÉIA ESTAS MULHERES TINHAM-NO SEGUIDO E SERVIDO”. Então elas foram seguidoras de Jesus. Elas criam nele e o amavam. Todas três! Maria de Madalena foi livrada de sete demônios; a outra Maria, a mãe de Tiago o menino e José era provavelmente uma tia de Jesus. E Salomé é a esposa de Zebedeu e a mãe dos apóstolos João e Tiago. Elas criam que Jesus era o filho prometido da casa de Davi, o novo rei. Então, cheias de esperança elas seguiram Jesus para Jerusalém. Durante aquela viagem Salomé falou com Jesus para pedir os lugares mais importantes para os filhos dela: um a direita e o outro a esquerda. Elas conheciam Jesus e criam que ele seria o novo rei.

E agora elas estão lá. Numa grande distância. Olhando. Elas não estão vendo uma coroa real, mas uma coroa de espinhos; não um trono, mas uma cruz; não uma multidão com alegria, mas uma multidão com ódio; não um rei triunfando, mas um rei morrendo.

Caladas, assim elas estão olhando, de longe. Com uma tristeza silenciosa, porque o Senhor e Salvador, que foi tão importante na vida delas, está morrendo. O filho prometido de Davi está morrendo; O messias está morrendo, enquanto o povo está olhando, sorrindo e ridicularizando. Isso dói. E sem dizer nada, elas estão olhando como a mãe de Jesus, Maria, embaixo da cruz junto com João está olhando para cima e ouvindo as últimas palavras: Mulher, eis o teu filho; filho, eis a tua mãe. Sem dizer nada elas estão vendo os soldados chegando, quebrando as pernas dos criminosos, trespassando Jesus com uma lança; também elas estão vendo José de Arimatéia e Nicodemos tirando o corpo da cruz; lavando-o e o envolvendo em lençóis de linho e levando-o. Vendo isso, elas voltam para suas casas para se prepararem para o último serviço ao seu Senhor e Salvador; o último serviço para o seu corpo.

Assim nós vemos essas mulheres bem cedo na manhã da páscoa andando para o sepulcro. Elas esperaram o fim do sábado e saíram logo depois. Primeiramente para comprar aromas; e depois para levar os aromas para o sepulcro para ungir o corpo de Jesus. Bem cedo, logo depois do nascer do sol, elas saíram. Tão forte foi o desejo delas para ver Jesus. Elas sentem falta do Senhor. Cheias de tristeza elas estão andando. Parece que elas estão tão preocupadas com os seus pensamentos que não pensaram na grande pedra que está em frente do sepulcro. Só quando estão na metade do caminho elas se lembram da pedra. “Quem removerá a pedra da entrada do sepulcro?” Umas dizem às outras. Ninguém sabe, mas apesar disso elas continuam. O desejo delas é mais forte do que essa preocupação. Assim elas vão. Cheias de amor, cheias de tristeza, cheias de preocupações, pois o seu Senhor e Salvador morreu. Toda a aparência delas fala sobre isso. Elas são testemunhas caladas da morte de Cristo.

E quando elas chegam perto do sepulcro e estão subindo, elas descobrem que a pedra, que era muita grande, já estava revolvida! Que surpresa! O sepulcro está aberto… O que isso quer dizer? Há outras pessoas no sepulcro? Cuidadosamente elas entram no sepulcro escuro; e lá uma surpresa está esperando. Lá elas vêem um jovem… assentado à direita, vestido com um manto branco. Que susto! Elas param! Se perguntam. Quem é aquele homem?

É estranho que elas logo não descobrem que aquele homem é um anjo. Muitas pessoas acham que os anjos têm asas grandes e que nós podemos reconhecer os anjos pelas asas nas costas. Mentira! Nem todos seres celestiais têm asas. Os Serafins e os querubins têm, mas há anjos que não tem. Esses anjos não têm. Se tivesse, nós não poderíamos explicar a surpresa das mulheres. Elas logo não pensam: olha, um anjo! Não tem asas que tiram a atenção. Só um manto branco… “um jovem vestido com um manto branco”, assim está escrito.

Sabemos que foi um anjo, porque Mateus está dizendo que houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, chegou, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste branca como a neve.

Branco e brilhante, assim é o seu aspecto. Muitíssimo branco. Um branco anormal. É impressionante para elas; até terrível. O anjo quer acalmá-las dizendo: “Não vos assusteis. Sei por que vocês estão aqui. Estão buscando a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado… Não está aqui… olhe com os seus próprios olhos… Vede, o lugar onde o puseram…

Assustadas os olhos delas vêem o lugar onde Jesus foi posto. E com os seus próprios olhos elas verificam o sepulcro e vêem que Jesus não está. Ele não está… Mas, se ele não está lá, onde ele está? Onde eles puseram o corpo?

O anjo continua e diz: “ide… dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia. Lá o vereis, como ele vos disse…? O que é???? Jesus…. está indo para Galiléia?????? Como????? Jesus está vivo??????

As palavras do anjo quase entram na cabeça delas. Elas ainda não reconhecem a autenticidade das palavras do anjo porque realmente Jesus tinha falado sobre o seu caminho para Galiléia depois da sua ressurreição. Ele tinha falado sobre isso só com os seus discípulos, logo depois da santa ceia. Então foi um segredo. Ninguém podia saber isso. Quando as mulheres chegassem com aquela mensagem, isso daria uma prova da verdade. Seria impossível se elas ouvissem isso de outras pessoas. Só o Mestre mesmo poderia ter dito a elas.

Os discípulos deveriam crer que Jesus foi realmente ressuscitado e que estava à caminho da Galiléia. Eles deveriam crer isso ouvindo as palavras das mulheres. Deveriam crer no testemunho das outras, que foram testemunhas. Testemunhas assustadas, caladas. Elas não reagem, não dizem nada, não perguntam nada. Elas estão assustadas sobre o que elas NÃO vêem…

E finalmente nós lemos que as mulheres saem do sepulcro, fugindo. Tremendo e assombradas. Os nervos delas não podem suportar mais. O aparecimento do anjo assustou-as. Elas descobriram que o homem não era humano. O aparecimento brilhante as acordoou. O aparecimento celestial. Céu e terra parecem estar muito longe um do outro, mas isso mostra o quanto estão perto. Numa distância dum braço elas vêem a glória celestial. Por isso elas têm medo, por que elas estão descobrindo a presença de Deus. Deus está trabalhando aqui. E Deus está mandando-as trabalhar. Ele manda essas mulheres para anunciar a novidade daquele dia para os discípulos. É uma mensagem para o mundo: CRISTO REALMENTE RESURGIU. Se isso acontecesse hoje, os jornais mostrariam com letras grandes na primeira pagina.

Essas mulheres podem ser as primeiras a proclamar essa novidade. E podemos dizer: elas são as melhores para fazer isso, por que elas viram tudo: a morte, o enterro e agora a ressurreição. Ninguém podia pegar o corpo no sábado. Os judeus não faziam porque era sábado, e os soldados não deixariam. Então! Essas mulheres são as primeiras. Assim trabalha o nosso Deus: as últimas ficam as primeiras!

A apresentação não é importante, só a mensagem. Deus humilha as pessoas grandes e dá honra as pequenas. Assim também. Elas que eram as últimas no grupo dos discípulos, agora são as primeiras.

Diaconisas ficam evangelistas. Essas mulheres recebem a honra para serem as primeiras a proclamar a mensagem alegre da ressurreição de Cristo. Mas o que aconteceu? Elas saíram, fugiram depressa, desceram da montanha tropeçando, assustadas, atemorizadas, tremendo, confundidas, totalmente traumatizadas. Assim elas saíram do sepulcro. Não puderam falar nenhuma palavra mais.

Quando uma pessoa entra assim na nossa casa, a nossa primeira reação seria: o que aconteceu? Pois é, essa pergunta é crucial aqui. O que é que aconteceu? CRISTO REALMENTE RESSURGIU!

Amém.

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Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.