Leitura: Lucas 03:01-20
Texto: Lucas 03:18
Amada Congregação de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Tibério era o imperador de Roma. Pôncio Pilatos, o Romano, tinha sido apontado governador da província Romana de Judea. Herodes, o edomeu, era governador de um quarto de Israel. Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes – deveriam ser somente um sumo sacerdote, mas talvez Caifás era sumo sacerdote em exercício, enquanto Anás tinha título honorário, ou talvez não foi somente a situação política que foi bagunçada, foi a hierarquia religiosa também.
A nação de Israel foi recentemente vencida. Foi governada por Gentios e Edomeus, subdividida em províncias, a liderança religiosa foi numa situação má, e a voz de Deus tinha sido silenciosa ao longo de quatro séculos. Isso é a história escrita por Lucas nos primeiros versículos de Lucas 3, enquanto ele apresenta João, preparando o caminho para o início do ministério público de Jesus. João é introduzido com a formula que achamos nos livros proféticos do antigo testamento:
Isaías 1:1 – Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.
Jeremias 1:1,2 – Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim; a ele veio a palavra do SENHOR, nos dias de Josias, filho de Amom e rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado; e também nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei d Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, e ainda até ao quinto mês do exílio de Jerusalém. A mim me veio, pôs, a palavra do SENHOR, dizendo…”
Era uma época ruim em Israel. Deus ficou silencioso. A igreja estava corrupto. A nação ficou humilhada sob o Império Romano. Isso era o estado de Israel. Mas nesse mundo havia um grupo fiel, o remanescente, esperando a consolação de Israel. A luz de Deus não foi completamente extinguida. E nesse mundo veio João. E, mais importantemente, nesse mundo, veio a palavra de Deus a João. E João tinha boas novas para proclamar a Israel – boas novas que teriam impacto não somente em Israel, mas no mundo inteiro. Porque em realização das palavras de Isaías em Isaías 40, toda a carne veria a glória do SENHOR, e a salvação de Deus.
Ele avisou Israel que descendência física de Abraão não poderia salvá-los.
Mas quais foram as boas novas? A mensagem de João pode nos levar a redefinir o que nós realmente consideramos “boas novas” ser. Porque a primeira parte das boas novas de João foi um chamado a acordar, proclamado ao povo complacente de Deus. Foi uma advertência para Israel – eles não deveriam, não poderiam, imaginar que eles poderiam confiar no seu próprio status, como descendentes físicos de Abraão, acreditando que esse status poderia salvá-los. Nunca havia requisito genético para receber salvação e entrar o reino de Deus. Ser descendente físico de Abraão foi uma benção verdadeira – significou sendo parte do povo especial e único na historia do mundo. Significou sendo membro da nação eleita por Deus, abençoada por Deus, separada por Deus, cuidada por Deus. Mas ser membro do povo da aliança não foi suficiente por si só, e nunca tem sido suficiente.
Então, quando João disse, “Não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão,” ele estava seguindo os passos dos profetas da antiga aliança. Em Jeremias 7:3-8, o profeta disse:
“Assim diz o SENHOR dos exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar. Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este. Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo; se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre. Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam.”
Essa nação tinha que ser preparada, pela vinda do Senhor. E para ser preparados, os judeus tinham que ser lembrados do fato que eles não poderiam ficar presunçosos sobre a sua posição como o povo de Deus. Isso se tornou claro na mensagem proclamada por João (v.3): ele estava pregando o batismo de arrependimento para a remissão de pecados. O povo de Israel precisava ser limpo, e isso foi sinal que a situação no Israel não era boa. O batismo era rito de conversão – um rito para aqueles que queriam se juntar com Israel de fora – não um rito para os próprios judeus. Naquela época havia um outro grupo que batizava também – os essênios. Eles também entenderam que Israel tinha que ser limpo. Mas a diferença entre o batismo de João e as lavagens dos essênios foi que João enviou as pessoas de volta para casa – eles não ficariam no deserto com ele.
O ministério de João no deserto incluiu simbolismo muito importante. Para ver e ouvir João, para ser batizado por ele, as pessoas precisavam sair das suas comunidades, sair de Israel. Eles precisavam viajar pelo deserto. E logo, eles precisavam passar pelas aguas do rio Jordão, e voltar para Israel. Na verdade, eles estavam repetindo o êxodo – mas o “Egito” desse êxodo foi realmente Israel. Israel tinha sido em escravidão em Egito por 400 anos até Deus quebrou o silêncio e ouviu as gritas do Seu povo. Durante a peregrinação no deserto, Ele formou essas pessoas num povo unido. E Ele trouxe o povo através do Mar Vermelho, e então através do Rio Jordão, para lhes dar a terra prometida.
Mas agora, eles não precisaram ser resgatados do Egito. O próprio Israel tinha se tornado a casa de escravidão. O povo de Israel viveu em exílio. Eles precisaram ser reformados, transformados para ser povo unido, limpos dos pecados, arrependidos, dedicados ao Senhor, para ser preparados para encontrar o Senhor.
As boas novas de João foram anúncio da chegada iminente do Rei. Ele estava como engenheiro de estradas, gritando ordens pela construção da estrada real do Senhor. E a chegada do Senhor foi iminente. Isso significou que a mensagem de João foi urgente. A situação era grave, e uma resposta imediata foi exigida.
Ele mostrou a urgência da situação
Porque, João disse, “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.” Mateus relatou a mensagem de João como, “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” E os dois, Mateus e Marcos, mostram a continuidade entre a pregação de Jesus e a pregação de João. Em Mateus 4:17, lemos, Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” E, em Marcos 1:14 – “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” Não havia tempo de perder. A situação era crítica. O machado estava à raiz das árvores; se essas árvores não começariam dar bons frutos, frutos que demonstrariam a realidade de arrependimento, a árvore seria cortada.
Boas novas – mas boas novas como? Não são boas novas para aqueles que ignoraram o chamado urgente de arrependimento! A mensagem dessas boas novas primariamente fez a vinda de julgamento bem clara. Uma advertência é boas novas para aqueles que ouvirem. A proclamação dessa advertência foi, em si, ato gracioso na parte de Deus. Ele não abandonou o povo nas trevas. Ele não deixou o povo no pecado, na complacência, na auto-satisfação. Ele não deixou o povo em ignorância feliz. Em amor, Ele preparou o povo. Isso em si faz a mensagem de João boas novas. Mas não foi somente uma advertência que algo foi vindo. Porque as boas novas de João também revelou que existia um caminho de escape da ira que viria. E esse caminho não foi difícil a encontrar, ou misterioso, ou escondido.
A vinda do Messias foi iminente. Aquela vinda teria dois lados distintos. Podemos ver isso no canto de Maria em Lucas 1. Deus exaltaria os humildes, mas, por outro lado, Ele derrubaria os poderosos de seus tronos. Ele encheria os famintos com comida boa, mas Ele mandaria os ricos vazios. Ele mostraria força com o braço – e isso seria benção grande pelos que se submeteriam a Ele – mas aquele braço dispersaria aqueles que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos.
E podemos ver a mesma coisa no cântico de Simeão em Lucas 2. Simeão sabia que “este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição… para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Os anjos declararam que o Salvador traria paz à terra – mas essa paz não seria paz universal – seria paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem. E o Senhor Jesus reconheceria esse fato na sua própria pregação – dizendo que Ele não tinha vindo para trazer paz à terra, mas a espada.
Então, esses filhos de Abraão precisaram ficar preparados. O clímax da obra de Deus foi perto. Não havia tempo de perder. Ação imediata foi necessária. Porque o ministério de João não foi o fim em si mesmo. Foi somente uma preparação para o ministério do maior que estava vindo. Quando as pessoas ouviram a pregação de João, eles se perguntaram se ele era o Messias. Mas João deixou claro que ele era secundário nessa história. Ele era nada em comparação com ele que estava vindo. João disse, “Vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias.” Foi a tarefa mais baixa, mais servil, do que um escravo poderia fazer – mas João admitiu que Ele que viria seria tão maior que ele não foi digno de fazer até isso.
E o Messias estava vindo, não com uma mensagem de paz e amor universal, com uma mensagem de consolo gentil e encorajadora para um povo oprimido e afligido, uma mensagem que alegraria as pessoas. Ele seria oposto e rejeitado, porque, como Simeão disse, ele estava destinado tanto para a ruína como para o levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
O ministério de Messias seria uma linha divisória. “A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível.”
Irmãos, isso foi a proclamação de João, isso foi a proclamação do Senhor Jesus, e isso é a mesma mensagem que a Igreja deve proclamar hoje em dia. João proclamou para preparar o povo para a primeira vinda do Senhor Jesus. Nós, vivendo no outro lado da encarnação de Cristo, e ministério terreno de Jesus, pregamos a mesma mensagem de uma perspectiva diferente. O chamado continua a ser urgente. Continua a ser crucial. Continua a exigir uma resposta. Quando ouve essa mensagem, tem que tomar uma decisão. Ou você submeter ao Rei, ajoelhar diante dEle, confiar nEle, amar Ele, ou você rejeitar a mensagem, e continuar em rebelião contra Ele. A mensagem continua a revelar o que vive nos corações – você tem a vontade de se humilhar, você tem a vontade de reconhecer seu próprio pecado? Você tem vontade de abandonar a ilusão de auto-suficiência e liberdade pessoal?
Ele mostra a maneira em que eles deveriam viver na luz da situação
Em resumo, você fica pronto a arrepender? “Arrependimento,” no grego original, se refere a “mudança do pensamento.” Mas é uma mudança do pensamento muito mais profundo que “aceitar Jesus como seu salvador pessoal,” ou “permitir Jesus a entrar o seu coração,” como se temos o poder de permitir o Senhor fazer qualquer coisa que Ele quer fazer. Porque quando as pessoas perguntaram a João, “Que havemos, pois, de fazer?” a resposta de João foi bem concreta.
Às multidões, ele disse, simplesmente, “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo.” Ajude os pobres. Compartilhe o que você tem. Dê da sua riqueza pessoal para providenciar assistência àqueles que têm necessidades. Guarde o segundo grande mandamento: Ame o seu próximo como a si mesmo. E demonstre aquele amor, não somente com palavras piedosas, mas com ação concreta, na vida real.
Logo os publicanos fizeram a mesma pergunta. E os publicanos eram um grupo bem especial – mas não numa maneira boa. Eles eram coletores dos pedágios Romanos. O trabalho deles financiava o Império Romano. E esses homens tinham dinheiro, mas não tinham nada mais. Isso explica por que eles estavam lá, ouvindo a mensagem de João, e por que eles sabiam que eles precisaram ser batizados. Eles estavam marginalizados – mas aquela marginalização foi auto-infligida.
Esses publicanos trabalhavam nos centros comerciais na Palestina. Eles colectavam os pedágios, impostos. Os impostos que nós temos que pagar são ruins suficientes – mas a situação no Israel ocupado por Roma era muito pior. Porque esses homens precisaram pagar para a sua posição, e logo, quando eles receberam a posição como publicano, eles poderiam explorar os contribuintes. Contanto que o Império Romano recebia a porcentagem dos impostos que queria, todo o resto ficaria nos bolsos do publicano.
Então, aqueles judeus, ficaram ricos, mas eles foram odiados pelos irmãos judeus. Os judeus acreditaram que os publicanos eram traidores que estavam ajudando o inimigo, os opressores. E não somente isso, eles também tinham a reputação de desonestidade – o testemunho deles não foi aceitado nos tribunais. Então, o que foi que eles deveriam fazer? De novo, a resposta de João é bem claro. Ele não diz que eles devem deixar os empregos. Mas de fato ele diz que eles devem fazer esse trabalho honestamente. Não cobreis mais do que o estipulado. Não roube o povo. Não engane os outros. É bem simples.
O terceiro grupo que aborda João foi os soldados. E a mensagem de João aos soldados é bem parecida: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo.” De novo, ele não diz que eles deveriam deixar o emprego deles. Provavelmente eles eram polícia militar – também judeus, talvez trabalhando para proteger os publicanos. Mas João lhes diz que eles deveriam ficar contentos com o salário, e não usar a sua posição ilegalmente para se enriquecer à custa de outros.
Três grupos de pessoas, representantes de cada seção de sociedade – o militar, o governo, e a gente comum. Mas para cada grupo, a mensagem foi igual: Produzi frutos dignos de arrependimento. Palavras não são suficientes. Sentimento não é suficiente. Sentindo mal não é suficiente. Temer não é suficiente.
Tendo passado pelas águas do Rio Jordão, tendo entrado a terra prometida de novo, tendo arrependido, o arrependimento deles seria provado real se a vida deles realmente mudou. A submissão deles ao rei, e o seu lugar no reino, se isso for realidade, se isso for mais do que palavras, seria mostrada pelo compromisso a justiça, pela rejeição de opressão e injustiça, por uma vida viva como filhos de Deus Todo-Poderoso, que é, Ele mesmo, o epítome de justiça e retidão.
O conteúdo da mensagem de João não era diferente do conteúdo da mensagem dos profetas que vieram antes dele. Mas a mensagem foi muito mais urgente. Miquéias proclamou, “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:8). Isaías o profeta declarou essas palavras do SENHOR: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito de órfão, pleiteai a causa das viúvas” (Isaías 1:16,17).
E, irmãos, nós já vimos que a mensagem proclamada pelo Senhor Jesus foi construida na mensagem dos profetas. Ele não proclamava nada diferente. A mensagem para nós é clara também: nosso coração deve ser mudado, vivificado, pelo Espírito Santo. E se nosso coração tem sido mudado, vai ficar claro. A religião verdadeira é uma questão do coração, mas não é somente uma questão do coração. Nós vamos aprender a fazer o bem. Nós vamos atender à justiça. Nós vamos defender o direito de órfão, a viúva, o pobre. Nós vamos viver no amor que confessamos. E se não fazemos isso, não somos vivendo a religião pura. Somos palha, e não somos o trigo.
Não pode ser recolhido no celeiro do rei por simular ser trigo, por imaginar que você é trigo. Não pode evitar o machado por pensar em dar fruto. Não pode escapar o fogo por passar tempo com fruteiras, ou porque você é filho de fruteira! Todos nós devemos produzir frutos dignos de arrependimento. Porque esses frutos mostram o objeto de nossas lealdades. Se não somos leais ao rei, o rei proclamado por João, o rei que tem vindo, que ganhou a vitoria, que reina agora e para sempre, nós vamos ser deixado fora do reino. E aquele “fora” é lugar assustador – as trevas de fora, onde haverá choro e ranger de dentes.
Irmãos, isso é o evangelho – as boas novas. E existem verdadeiramente boas novas. Existe fogo eterno, sim. Mas Deus mesmo forneceu o caminho de fuga – não somente fuga de fogo, mas também entrado no reino de Deus. João preparou o caminho para a chegada do redentor. Esse redentor, o Senhor Jesus, veio. E Ele vai voltar. “Recolherá o seu trigo no celeiro” (Mateus 3:12). Enquanto nós antecipamos aquele dia, vamos produzir muito fruto, no serviço dEle, para a Sua glória.
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.