Leituras: Salmos 42.07; 18.06; Mateus 12.38-41
Texto: Jonas 02.01-10
Amada igreja de nosso Senhor Jesus Cristo,
Introdução
Temos diante de nossos olhos uma das mais belas história das sagradas escrituras. Uma obra prima da literatura antiga que é contada e recontada até hoje. Por outro lado, este capítulo tem sido alvo de ataques por parte dos liberais ao longo dos tempos. Dizem que é um mito, que é uma ficção, que é uma parábola, alegoria ou que foi acrescentado depois na bíblia.
Jamais, um fato histórico verdadeiro ocorrido de forma milagrosa pelo poder do Deus Criador. Ao lermos esta oração, podemos notar que ela é o centro do livro. Pois, sem ela, não entenderíamos os relatos antes (da tempestade com os marinheiros), e o depois (Jonas pregando o arrependimento em Nínive).
Jonas fez esta oração do ventre do grande peixe, e o SENHOR o ouviu o clamor. Por causa disso, o profeta rende graças ao SENHOR que lhe trouxe livramento através de um peixe. É comum as pessoas olharem para o papel do peixe nesta história, como se fosse uma punição de Deus. Mas, na verdade, o grande peixe veio como uma benção, como um instrumento de sua misericórdia para livra-lo da morte por afogamento.
Então ele posteriormente escreve esta oração, como ação de graça pelo livramento recebido. Jonas reconhece que só ao SENHOR é que pertence o livramento. Sendo assim, ouviremos uma pregação no seguinte tema: Ao Senhor pertence a salvação!
E vermos esse tema, olhando para duas etapas na vida do profeta de Deus.
1) Na descida.
2) Na subida.
- Na descida, (vv. 1-6a).
Jonas que era filho de Amitai, profetizou no reinado de Jeroboão II, no oitavo século lá no reino do Norte.(IIRs. 14.25). Seu livro e o quinto dos profetas menores. Nele, o Senhor Deus demonstra a sua misericórdia estendida aos gentios arrependidos. A misericórdia e o amor de Deus têm aspectos universais conformo a promessa feita a Abraão. Ao.
Lermos este livro podemos perceber o governo soberano de Deus sobre todas as coisas. Ele é o Criador que fez o céu, a terra, o mar e principalmente o homem. Ele controla não só a natureza, mas até o próprio homem, tendo domínio sobre a vida e a morte.
Por isso, Jonas não pôde escapar dos desígnios de Deus. Afinal de contas quem pode escapar? O profeta não gostava do povo de Nínive. Nínive era a capital do malvado império Assírio que posteriormente levaria o povo de Deus em cativeiro. Este povo era um sanguinário, idolatra e extremamente cruéis. Então, um dos motivos era o povo.
Outro motivo, era o próprio Deus. Jonas conhecia o caráter misericordioso, amoroso e clemente de Deus. (Jn.4.2) o próprio profeta revela esta verdade quando orou pela segunda vez dizendo: “Ah! SENHOR!” … “pois sabias que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal”. Não só por causa da maldade do povo, mas por causa da bondade de Deus em salvar é que Jonas resolve fugir da presença de Deus para Társis.
Ele começa descendo geograficamente da cidade de Jope, e lá pega um navio com destino a Társis onde desce e viaja no porão do navio. Tudo isso, revela que Jonas não está apenas se afastando de um lugar para outro, mas está se afastando do próprio Deus. Fugir da presença de Deus, ir para bem longe da presença do SENHOR era na mente dele a solução para não cumprir com o seu chamado missionário. Mas quem pode fugir de diante do SENHOR?
O salmista no salmo 139.7-10 diz: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?
Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”.
Jonas havia feito sua cama no fundo do navio, no porão. Mas até ali ele não estava oculto aos olhos de Deus. O patriarca Jó disse: “Bem sei eu que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. Quem era Jonas para dobrar e desfazer os planos de Deus? Que homem pode aniquilar o decreto do SENHOR?
É o SENHOR quem dobra a vontade de Jonas. Aqui vemos claramente a negação da falsa doutrina do livre-arbítrio, onde diz que o homem possui uma vontade livre, que nem Deus é capaz de viola-la. Neste texto é prevalece a vontade de Deus e não a do profeta que prevalece.
Vemos a soberania de Deus na grande tempestade que se levantou, também usando o sistema de lançar sortes que caiu em Jonas e o grande peixe. É do porão que ele é jogado no mar e estando no mar ele desce ainda mais para as profundezas do abismo.
Lá Deus revela sua misericórdia quando lhe envia um grande peixe (não baleia), para engoli-lo e salvar a sua vida da morte. Nos diz o texto: “e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe”. Isso se deu quando ele estava no profundo do coração dos mares, as correntes das águas lhe cercaram, as ondas de Deus passavam por cima dele.
Seu sentimento foi de estar lançado de diante dos olhos de Deus, as águas lhe cercaram até à alma, ele estava rodeado pelo abismo (o mundo dos mortos), até as plantas aquáticas se enrolaram na sua cabeça. Ele desceu até a região onde estão os fundamentos dos montes, o mundo dos mortos (Sheol), os portões deste mundo tenebroso já estavam fechando seus ferrolhos sobre sua cabeça.
Porém, o Senhor é livramento, é salvação, e a cena começa a mudar. Quando todas as forças do homem estavam indo embora, Deus revela seu poder para reverter todo esse quadro. O peixe não veio como punição, mas como salvação. Da sepultura saiu a vida e Jonas começa a subir e tornar a vida pelo poder de Deus. Ao Senhor pertence a salvação!
- A subida, (vv. 6b-9).
Quando está sem fôlego quase e morrendo, nos diz o texto que ele se lembrou do SENHOR, e fez uma oração (talvez silenciosa) e ela subiu a Deus no seu santo templo (o céu). Verdadeiramente, ele pode dizer: “Tu (enfaticamente) fizeste subir da sepultura (linguagem figurada) a minha vida”. Enquanto os idólatras abandonam aquele que lhes é misericordioso, ele (o profeta), com voz de agradecimento promete oferecer sacrifícios de gratidão.
Onde seriam estes sacrifícios? No Templo! Ele confiava que Deus o faria ver novamente o santo templo. Por isso ele disse: “o que votei pagarei”. Sua conclusão é que ao Senhor pertence o livramento (que é a palavra salvação).Deus livrou os marinheiros, a Jonas e a grande cidade de Nínive do juízo.
Essa oração é recheada de linguagem bíblica. Jonas era um profeta que conhecia os salmos. Aqui nesta oração nos vemos literalmente seu conhecimento, citando o salmo 42.7b: “…todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim”. Não só este salmo, mas outros como salmo 88.6 que diz: “…puseste-me na mais profunda cova, nos lugares tenebrosos, nos abismos”. Os Sl. 18.6; 69.1-2;118.5;e o 120.1 onde se vê claramente semelhanças na linguagem.
Esse evento histórico, foi mencionado três vezes por Jesus nos evangelhos, perante os escribas, fariseus e outros. Isso, reforça-nos a verdade deste fato. Pois se Jonas não existiu Jesus se enganou. Mas, na verdade Jonas de fato existiu e Cristo ratificou tal acontecimento. Existem vários paralelos entre este evento e o ministério e vida de Jesus.
- Tanto Jonas quanto Cristo têm uma comissão especial. Jonas tentou fugir, mas Jesus foi até o fim;
- Jonas é desobediente, mas Cristo obedeceu perfeitamente em tudo no nosso lugar;
- Jonas clamou e foi ouvido; mas Jesus clamou e foi abandonado por seu Pai na cruz para que nunca mais pudéssemos ser abandonados.
- Jonas passou 3 dias e 3 noites no ventre do grande peixe; mas Jesus passou 3 dias e 3 noites no ventre da terra, e ressuscitou com poder e grande glória para nossa justificação;
Vejamos Mateus 12.38-42, aqui temos os escribas e fariseus replicando a Jesus: “Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal”. Observemos a resposta de Jesus: “…Uma geração má e adúltera pede um sinal”. Esse pedido de um sinal era inacreditável em face das demonstrações que Jesus tinha acabado de fazer. Jesus não realizava milagres a pedido para satisfazer curiosidades publicas, ele realizava os milagres para a glória de Deus.
Jesus faz uma relação entre sua ressureição com a história do profeta Jonas no ventre do grande peixe. Assim como Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre do peixe assim será com o filho do homem. Ele não fez nenhum milagre, mas respondeu apoiando-se nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento. Ele traz mais luz para aquele acontecimento na vida do profeta Jonas.
O autor do livro profético de Jonas estava narrando algo que aconteceu de fato e que se aplicaria muito tempo depois na vida de Jesus Cristo. Ou eles criam na palavra de Jesus, e no evento de sua ressurreição ou de nada iria adiantar chover milagres a vista deles.
Assim, a ressurreição de Cristo foi o maior sinal de todos e era uma prova de que o reino havia chegado através de seu grande Rei que venceu a morte. Em outras palavras Jesus estava mostrando-lhes que de nada adiantava, curar cegos, mudos, paralíticos, leprosos, ou até mesmo ressuscitar mortos se eles não cressem na ressurreição.
Logo após, Jesus fala do juízo e da pregação. Jonas pregou e houve arrependimento e o juízo não veio. Agora o Filho do homem está pregando àquela geração má e adúltera, e qual será o resultado? Se todos eles não se arrependerem com a pregação de quem é maior do que Jonas eles serão condenados. Naquele dia, até os Ninivitas se levantarão contra a geração que rejeitou a pregação de Jesus.
Jesus diz a eles: “eis aqui está quem é maior do que Jonas”. Por que Jesus é maior do que Jonas?
- Porque Ele era perfeito em sua obediência a missão que recebeu de seu Pai;
- Porque todos os profetas falaram dEle, mas seus ministérios passaram e foram imperfeito. Cristo é o profeta de Deus, que trouxe a mensagem definitiva de salvação para nós;
- Porque Ele também é igual em poder ao Pai e criando também o céu, a terra e o mar. foi ele quem acalmou o vento e o mar com sua ordem gloriosa; ele pôde andar por cima do mar;
- Ele diferente de Jonas morreu e venceu a morte com a própria morte, ressuscitando ao terceiro dia com poder e grande glória;
- Jonas retornou a terra firme sendo vomitado pelo peixe, mas depois morreu, Jesus vive, vive, vive!
- Sua pessoa, sua obra, sua vida, sua pregação, seu caráter, seu amor, sua misericórdia e sua infinita e maravilhosa graça distinguem claramente que Jesus é maior do que Jonas.
Nesta grande verdade – a da ressurreição de Cristo – é que a igreja está firmada, e pode confessar sua fé com as palavras do credo apostólico: “… ao terceiro dia ressurgiu dos mortos…”.
É na ressurreição de Cristo que temos a base da nossa ressurreição presente (o novo nascimento) e a futura. Porque Ele venceu a morte, o mundo e o diabo e trouxe salvação a nós gentios. As melhores notícias que o mundo já ouviu vieram de um túmulo. A sepultura vazia é o berço da igreja, pois sua ressurreição é o amém a todas as suas promessas. Ao Senhor pertence a salvação.
Amém!
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.