João 13.01-20

Leitura: João 13.01-20
Texto: João 13.01-20

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

Quando chegamos ao cap. 13 do evangelho segundo São João, nos deparamos com aquilo que aconteceu um pouco antes da prisão e morte do Senhor Jesus Cristo.

Neste capítulo, João começa a descrever aquilo que aconteceu na noite de quinta-feira, quando Jesus e seus discípulos estavam reunidos celebrando a Páscoa. João cap. 13, descreve o que aconteceu durante esta celebração, antes de Jesus instituir a celebração da Santa Ceia.

Naquela noite, Jesus e seus discípulos estavam em um cenáculo em Jerusalém. Era um momento reservado, longe da multidão, um momento de instruções para os discípulos antes da morte de Jesus.

Jesus estava reunido com seus discípulos, preste a lhes ensinar uma preciosa lição, uma lição sobre o serviço humilde que devemos prestar uns aos outros. Por isso, ouviremos nesta noite a pregação da Palavra do Senhor, sob o seguinte tema: o humilde serviço de Cristo pelos seus discípulos.

  1. O exemplo é estabelecido;
  2. A resposta é requerida.
  3. O EXEMPLO É ESTABELECIDO.

Em primeiro lugar devemos observar o contexto em que este exemplo ocorre. O contexto é o contexto do amor de Cristo pelos seus. O texto nos diz: “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Essa expressão abrange tanto o tempo, Jesus amou os seus discípulos “até o final”, como também abrange a profundidade desse amor – Jesus amou seus discípulos “de modo absoluto”, inclusive dando sua vida por eles. Então, o que é descrito aqui, a atitude de Jesus de humilhar a si mesmo a fim de servir os discípulos é ainda uma demonstração do amor de Jesus pelos seus.

O que Jesus fez aqui, está vinculado ao seu amor pelos seus discípulos.

E o que foi que Ele fez? Ele levantou-se, tirou a veste de cima, tomou uma toalha e passou a lavar e enxugar os pés dos discípulos. Ou seja, Jesus assumiu a posição de um servo, fazendo o serviço que caberia ao servo mais humilde. Certamente, os discípulos estariam disposto a fazer o mesmo por Jesus, o Mestre, mas servir aos outros, seria se humilhar, seria se rebaixar diante dos demais. E isso, não combinava com disputa entre eles para ver quem seria o maior no reino de Cristo.

Então podemos entender um pouco como a atitude de Jesus deve ter pego os discípulos de surpresa. O mestre, o Cristo, estava fazendo um serviço que cabia ao servo mais inferior de uma casa. Jesus, estava fazendo um serviço que eles não estavam dispostos a fazer uns pelos outros.

Pedro, não pôde conceber tal coisa. Por isso, ele se recusa a permitir que Jesus lave seus pés. Ele diz a Jesus: “Nunca me lavarás os pés”. E só cede depois que Jesus lhe avisa que se Ele não lhe lavar os pés, Pedro não tem parte com Ele.

Mas qual era a intenção de Jesus ao lavar os pés dos discípulos? O que Jesus estava fazendo tinha um significado. Não era como muitos imaginam a instituição de uma cerimônia. Jesus não estava dizendo que temos de nos reunir para lavar os pés uns dos outros. Não era isso que Jesus queria ensinar, mas era algo mais profundo.

O significado do que Jesus estava fazendo não foi entendido pelos discípulos naquele momento. Na verdade eles só entenderiam depois.

O que Jesus estava fazendo, o seu ato de humilhar-se para lavar os pés dos discípulos foi uma figura de sua humilhação para nos limpar de nossos pecados. Jesus se humilhou para nos servir, esta é a lição. Ali naquele momento, o serviço de Cristo em sua humilhação, estava apontando para a vida e a obra de Jesus em nosso favor.

É importante notar o que o texto está apontando para o fato de que Jesus ao humilhar-se estava plenamente ciente de:
Sua autoridade – “o Pai tudo confiara às suas mãos”.
Sua origem divina- “que ele viera de Deus”.
Seu destino – “voltava para Deus”.

Além disso, Ele sabia quem haveria de traí-lo. De modo que quando somos informados a respeito do conhecimento que Jesus tinha a seu respeito e a respeito de Judas, podemos notar a profundidade de sua humilhação.

Não era um simplesmente um homem pecador, a lavar os pés de outros homens pecadores; mas era o próprio Filho de Deus, homem perfeito e Deus. Aquele para quem os anjos não podiam olhar conforme lemos em Isaías 6. Aquele que criou todas as coisas, Aquele que estava na glória com o Pai e para esta mesma glória voltaria. O Eterno Filho de Deus, que Criou todas as coisas e para quem são todas as coisas. Estava entre homens pecadores, que diante dele não eram nada. E Ele assumiu a posição de servo lavando-lhes os pés, inclusive daquele que lhe haveria de trair.

Jesus humilhou a si mesmo para servir. Não somente naquele momento. Mas sua vida toda foi um constante humilhar-se. Ele humilhou-se como diz o Espírito Santo em Filipenses 2.6,7: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou por usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, a morte de cruz”. Eis a profundidade da humilhação de Cristo.

Jesus se humilhou, para nos servir, para dar a sua vida por resgate de muitos. É isso que hoje o evangelho nos lembra. É isso que hoje o sacramento nos lembra. Jesus se humilhou para nossa salvação. Ele fez isso por nos amar.

Ao olharmos para aquilo que Jesus fez no cenáculo, lavando os pés dos discípulos, podemos ver o amor de Cristo, sua humilhação e seu serviço.

De modo que quando olhamos para sua morte na cruz, quando Ele foi humilhado por pecadores, esbofeteado, tratado como mal feitor sem ter pecado algum, desprezado, chicoteado, escarnecido, ferido, colocado na cruz, fazendo-se maldito, nós podemos ver também estas três coisas juntas: o amor de Cristo por suas ovelhas até o último momento, até a última consequência, sua humilhação indo ao ponto mais baixo, seu serviço em favor de pecadores tão miseráveis como nós.

Portanto, amados irmãos a Escritura e o sacramento nesta noite nos lembram do grande amor de Cristo por nós. Ele nos amou até o fim, Ele nos amou até a última consequência a morte.

Ele nos amou tanto que para nos servir, dando-nos sua vida para nossa salvação, ele desceu de Sua glória, deixou seu trono eterno, esvaziou-se, humilhando-se ao máximo, tornando-se homem, padeceu sob o poder de Poncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno.

Portanto, não duvide Cristo lhe ama. Ele lhe ama com um amor que não há como medir. Ele lhe amou na cruz, Ele lhe ama agora. Não duvide, creia. É por causa do amor dEle que você está aqui. E Ele hoje lhe diz por sua Palavra e pelo sacramento: Eu te amo!

Você não sabe muito sobre o dia de amanhã, você pode não entender muitas coisas que estão acontecendo hoje. Mas uma coisa é certa sua vida está nas mãos daquele que deu sua vida por você, daquele que te ama perfeitamente. Então confie, tenha paz nEle, pois Cristo te ama.

  1. UMA RESPOSTA É REQUERIDA

Mas amados irmãos, o que Jesus fez na noite da ceia, não somente nos ensina sobre o amor de Cristo e sobre sua humilhação para nos servir, para nos salvar.

Nos ensina também sobre nossa resposta de gratidão a esta tão grande salvação que temos nEle.

Depois de ter lavado os pés aos discípulos, Jesus lhes perguntou: “Compreendeis o que vos fiz?” E esta mesma pergunta chega até cada um de nós nesta noite. Compreendemos o que Jesus fez?

Ele sendo Mestre e Senhor, Sendo o Filho Eterno de Deus, humilhou-se para nos servir. Nós não somos maiores que Ele. Portanto, sendo Ele quem é, se humilhou para servir, quanto mais nós devemos nos humilhar para servir uns aos outros e ao próprio Cristo.

Aqui está o caminho: os que foram salvos pela obra de Cristo, devem mostrar gratidão tendo a mesma disposição para servir.

Mas irmãos, só estamos dispostos a servir se estivermos dispostos a nos humilhar. Muitas vezes o que nos impede de servir uns aos outros é nosso orgulho. Temos conceitos muito altos a nosso respeito. Então imaginamos que todos devem nos servir, mas não temos disposição para servir.
Então é muito fácil achar pessoas que estão dispostas a reclamar sobre a falta disso ou daquilo, mas quantos estão dispostos a servir?
A cruz é um chamado a crucificarmos nosso orgulho e servirmos uns aos outros com toda humildade. Nesta noite quando nos achegamos à mesa da comunhão, quando lembramos que somos um só corpo, quando lembramos que nosso Salvador se humilhou para nos servir, temos também este chamado. O chamado para servir uns aos outros. O chamado para nos revestir de amor e humildade uns pelos outros a fim de servirmos uns aos outros.

Quando não temos essa disposição de servir é porque nosso coração está cheio de orgulho, e nos falta amor pelo próximo. Quando não temos essa disposição para servir estamos nos fazendo como se fôssemos superiores a Jesus. Estamos dizendo: Ele sendo quem é pôde se humilhar para minha salvação, mas eu não posso me humilhar para servir ao próximo.

Amados irmãos, o amor de Cristo deve nos constranger a servir uns aos outros. Não existe vida cristã sem serviço, pois onde não existe serviço, não existe amor, e onde não existe amor, não se conhece a Cristo.

Portanto, devemos rogar a Cristo que por Seu Espírito Santo encha nosso coração de amor, que por Sua Palavra nos torne cada vez mais humildes, a fim de que sejamos abundantes no serviço mútuo.

Tenhamos essa disposição amorosa, aproveitemos todas as oportunidades para servir. Não esperemos que outros peguem a toalha para lavar nossos pés, mas que venhamos a nos despir de nosso orgulho, e nos cingir da “toalha da humildade” a fim de sermos bons imitadores de nosso Senhor, dispostos a servir, sem murmuração, sem preguiça, mas cheios de amor.

Amados irmãos, que Cristo nos ajude a mostrar: mais amor, mais humildade, mais serviço uns para com os outros, para que o mundo possa ver em nós o nosso bendito Salvador.

AMÉM.

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Elienai Batista

O Pastor Elienai Batista está servido como ministro da Palavra desde dezembro de 1998. Até o momento, pela graça de Deus, ele tem contribuído para a plantação de três igrejas reformadas: Igreja Reformada em Cabo Frio-RJ (2001-2013); Igreja Reformada do IPSEP, Recife-PE (2013-2016); Igreja Reformada em Paulista-PE (2016-2019). Atualmente possue um trabalho missionário na cidade de Campinas-SP.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.