João 10.01-18

Leitura: Ezequiel 34.01-31; João 10.01-21
Texto: João 10.01-18

Amada congregação do Senhor Jesus,
Jesus curou um cego de nascença que era mendigo (Jo 9.1-12). A cura do cego gerou um conflito sério entre Jesus e certos fariseus (Jo 9.35-41). Foi nesse conflito que Jesus começou a falar a parábola que encontramos nos vs. 1-5.

A parábola tinha ilustrações bem conhecidas pelos israelitas. A criação de ovelhas era uma cultura comum em Israel. Os judeus conheciam bem o que era um pastor, um aprisco (um curral) e ovelhas. Eles sabiam dos perigos para as ovelhas: os ladrões e salteadores, os lobos. O povo conhecia o que era um mercenário. Jesus usou ilustrações bem conhecidas. Os fariseus conheciam as ilustrações, mas eles não entenderam a mensagem que Jesus queira dizer com a parábola (v.6).

O que Jesus fez, então?

Jesus passou a explicar o significado da parábola:

Jesus começou, explicando o que era a porta do aprisco. Jesus disse que Ele era a porta do aprisco e das ovelhas. Jesus é a porta que é respeitada pelos verdadeiros pastores. Os fariseus eram os ladrões e salteadores, pois não respeitaram Jesus e nem conduziam as ovelhas a Jesus Cristo. Somente Jesus é a porta da salvação. Nele, as ovelhas recebem vida abundante. Quem, pela fé, entrar por Ele, é salvo. A missão do filho foi vir ao mundo para que todo aquele que n’Ele crer tenha a vida eterna.

A explicação sobre a porta do aprisco foi a porta de entrada para a mensagem principal do texto. Essa mensagem principal é o evangelho do Bom Pastor. Esse evangelho prego a todos no seguinte tema:

Tema: Jesus é o bom pastor que deu Sua vida pelas ovelhas.

Jesus é a porta e, ao mesmo tempo, é o pastor do enigma falado. Jesus disse (v. 11): “Eu sou o bom pastor …”. O adjetivo “bom” não é porque Jesus é bonzinho, mas porque Ele é o legítimo, o verdadeiro pastor. Jesus não é um mercenário.

O que é um mercenário?

O mercenário é um funcionário contratado. O mercenário não ama as ovelhas, mas o seu salário. Por isso, ele não arrisca sua pele pela vida das ovelhas. Se ele vir o lobo chegando, ele “dá no pé”. O mercenário deixa as ovelhas serem devoradas e espalhadas pelo lobo (v. 12,13).

A figura do mercenário pode ser associada com os fariseus. Estes não se comportavam como verdadeiros pastores. Eles amavam seus interesses egoístas e gananciosos (veja Jo 11.47,48). Os fariseus não se preocupavam com a salvação das ovelhas. Eles eram como o mercenário.

O mercenário é o contraste do bom pastor. O bom pastor dá a vida (v. 11). Não a vida no sentido físico somente. Dar o sangue pelas ovelhas e pronto. Mas, Jesus fala da vida no sentido do ser, do ego, sua vida inteira, a alma. Aquilo que o profeta Isaías disse sobre Jesus (53.12): “porquanto derramou a sua alma na morte”. Jesus se entregou em corpo e alma pelas ovelhas.

O bom pastor deu sua vida pelas ovelhas. A palavra “pelas” mostra não uma troca apenas. A vida do pastor em troca da vida das ovelhas. Mas, o bom pastor deu a vida “em favor” das ovelhas. Esse é o sentido da palavra. O que significa isso? Jesus é o sacrifício dado em favor, em benefício das ovelhas. Sem o sacrifício de Jesus as ovelhas não seriam beneficiadas com a salvação.
Agora, quem são essas ovelhas?

Jesus disse quem são suas ovelhas nos vs. 2-4,14,16. As ovelhas de Cristo são homens, mulheres, jovens e crianças que reconhecem a Jesus como o bom pastor, o Salvador, o Guia, o Protetor e Sustentador da Salvação.

As ovelhas são as pessoas que atendem a voz de Jesus. Essa voz de Jesus é o evangelho. Quando as ovelhas de Cristo ouvem o evangelho, então, elas não ficarão paradas, não ficarão escondidas. Elas atenderão e seguirão o bom pastor. Jesus disse claramente (v.14): “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim”. Jesus disse aos fariseus incrédulos (Jo 10.26): “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem”. Somente as ovelhas de Jesus crerão n’Ele, atenderão e seguirão a Ele. A fé e as obras de obediência são as marcas das ovelhas de Jesus!

Notem que Jesus conhece quem é d’Ele, mas quem é de Jesus o conhece também. Agora, que conhecimento é esse? É um conhecimento, como Jesus disse, semelhante ao conhecimento que existe entre Jesus e Seu Pai (veja o final do v. 15). Um conhecimento experimental, de verdade e baseado no amor. Esse é o tipo de conhecimento que há entre as ovelhas e Jesus. Em amor, Jesus conhece suas ovelhas, chama cada uma pelo nome. Ele não olha para a igreja como uma massa, mas Ele olha e conhece cada umas de suas ovelhas. Ele ama cada uma delas. Assim também as ovelhas conhecem e amam Jesus. Esse conhecimento baseado no amor foi que levou Jesus a dar a vida d’Ele pelas ovelhas d’Ele.

Agora, onde estão essas ovelhas?

As ovelhas estão no aprisco e também espalhadas no mundo (veja o v. 16). Jesus explicou a figura do aprisco mencionada em Jo 10.1. O aprisco é o judaísmo. Jesus falava aos judeus. Primeiro Jesus veio buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel. Mas, Jesus tinha “outras ovelhas”. As palavras nos lembram a promessa de Deus a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Lembram as palavras do Salmo 100? Todas as terras celebram ao SENHOR, pois “foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”. Os povos que não pertenciam à Aliança de Deus provariam a salvação do SENHOR. Jesus faria pessoas desses povos serem ovelhas do SENHOR. Do meio dos gentios, Jesus iria chamar as suas ovelhas: ovelhas brasileiras, chinesas, canadenses, australianas, árabes, norte-americanas, ou seja, das nações debaixo do céu. Jesus disse (v. 16): “tenho outras ovelhas, não deste aprisco”.

Jesus falou mais uma vez sobre sua missão como bom pastor (v. 16): “a mim me convém conduzi-las;”. Jesus não caiu do céu. Jesus veio com um propósito definido: Ele veio do céu para salvar, buscar, reunir e liderar as ovelhas d’Ele. Em resumo: Ele veio cumprir a promessa de Deus dada através dos profetas. Jesus disse: “a mim me convém conduzi-las”. Não outro iria conduzir as ovelhas, mas o próprio Deus. O “Eu Sou”, veio conduzir Suas ovelhas. Notem que Jesus disse: Eu Sou o bom pastor (v. 11 e 14). Novamente Jesus usou o nome de Deus: “Eu Sou”. O “Eu Sou” é o bom pastor da igreja. Foi o “Eu Sou” quem disse: “a mim me convém conduzi-las;”. Então, Jesus é o cumprimento da profecia de Ezequiel 34.

O bom pastor, Jesus Cristo, o legítimo descendente de Davi, veio para conduzir as ovelhas do SENHOR. Essas ovelhas estavam sendo maltratadas, desprezadas e abusadas pelos líderes de Israel. Mas acabou o tempo de dor e sofrimento para as ovelhas. Chegou o Pastor de Israel, Jesus o Cristo. O bom pastor que não falta às Suas ovelhas. O bom pastor que guia, protege e alimenta Suas ovelhas na salvação! Esse é o nosso excelente, bom e legítimo pastor, Jesus Cristo, nosso salvador!

A vinda de Jesus para buscar as ovelhas d’Ele não seria em vão. Por quê? Por que Jesus disse: “elas ouvirão a minha voz;”. As ovelhas atenderão o chamado de Cristo, onde quer que elas estejam: em Israel ou entre os gentios. O chamado é eficaz. Ninguém e nada pode impedir a salvação dos eleitos de Deus. Jesus disse: “elas ouvirão a minha voz;”.

A obra de Cristo em formar a Sua igreja será completada. Jesus disse: “então, haverá um rebanho e um pastor”. O pastor é Jesus Cristo. O rebanho é a igreja. O rebanho são todos que confiam em Jesus e seguem a Jesus (judeus e gentios). Essa igreja está unida em Cristo Jesus pela fé e pelo Espírito Santo. A obra da igreja será bem sucedida. Não será frustrada. Jesus disse: “então, haverá um rebanho e um pastor”.

Nesses dias de apostasia, heresias e perseguições contra a igreja de Cristo, precisamos ouvir o evangelho do bom pastor. Ele nos garante que “haverá um rebanho e um pastor”. Nada e ninguém frustrará o plano de salvação que foi planejado pelo Pai e executado pelo Filho, na terra. Jesus Cristo veio para vencer e não para perder.

Concluindo:

Jesus encerrou a parábola afirmando o seguinte (veja vs 17,18): “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” Notem:

O evangelho do bom pastor é o evangelho do amor de Deus. O amor de Deus pelo Filho. Jesus disse: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. […] Este mandato recebi de meu Pai.” Jesus é amado pelo Pai por causa dos méritos d’Ele. Jesus amou perfeitamente a vontade do Pai. Por isso, Ele obedeceu ao Pai perfeitamente. Jesus amou o Pai acima de tudo. Jesus amou ao Pai, mais que a sua própria glória no céu e que a sua própria vida na terra. Ele aceitou o sofrimento proposto. Jesus veio sofrer a humilhação, a rejeição do Seu povo e a morte maldita na cruz. Por isso, o Pai Lhe amou com amor sem igual; e, deu ao Filho a suprema glória. O amor do Pai pelo Filho é baseado nos méritos do Filho.

O evangelho do Bom Pastor é a mensagem da vitória de Cristo Jesus sobre a morte, o mundo, o pecado e o diabo. Notem:

Jesus veio para morrer espontaneamente em favor das ovelhas. Jesus disse: “… porque eu dou a minha vida… Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou …. A morte de Jesus não foi um acidente. Jesus não foi à cruz arrastado por ninguém. Ele foi o pastor que quis morrer por Suas ovelhas. Se Jesus não quisesse, então, ninguém teria o poder de retirar a vida d’Ele.

Jesus veio para vencer a morte. Jesus disse: “… porque eu dou a minha vida para a reassumir. Tenho autoridade … para reavê-la. Este mandato recebi do Pai.” A ressurreição do bom pastor era certa. A vitória sobre a morte fazia parte do plano predestinado por Deus para nossa salvação. A morte não reteria Jesus na tumba. A morte não tinha autoridade sobre Jesus. Jesus não tinha pecado. Ele tinha poder para vencer a morte. Por isso, o bom pastor, ao terceiro dia, ressuscitou. Ele venceu a morte com a Sua autoridade. Ele venceu o pecado porque ressuscitou. Jesus venceu o diabo, pois cumpriu plenamente a vontade do Pai e conquistou a salvação para Suas ovelhas eleitas. Jesus, antes de morrer, já falou isso aos fariseus incrédulos.

O evangelho do bom pastor revela o amor de Jesus pelo Pai e por nós. Jesus veio para cumprir a vontade do Pai. Jesus disse: “Este mandato recebi do Pai”. Por amor ao Pai o Filho veio ao mundo para morrer e ressuscitar em favor das ovelhas. Jesus amou também a igreja. O bom pastor veio para morrer e ressuscitar. Sem a morte e a ressurreição não haveria salvação. Então, por amor a nós, Jesus veio e é o nosso Bom Pastor.

O Bom Pastor que ressuscitou para reunir n’Ele um rebanho; proteger e guiar esse rebanho para os céus. Por isso tudo, Jesus é o perfeito e excelente pastor. Não existe outro igual a Ele. Não existe salvador semelhante. Não existe outro nome pelo qual podemos ser salvos.

O evangelho do bom pastor revela a graça e traz consolo para as ovelhas. Que tipo de ovelhas são as ovelhas do bom pastor? São ovelhas rebeldes, fracas e fujonas. As ovelhas que se desviaram no Éden. Se nós somos ovelhas é porque Deus nos fez suas ovelhas. Nós seguimos Jesus porque Ele nos buscou.

O evangelho é a mensagem da graça de Deus. Foi o bom pastor que veio até nós. Foi Ele que morreu e ressuscitou por nós. Jesus é quem nos guia, protege e alimenta por meio do Espírito Santo e da Palavra. Jesus faz isso usando Seus pastores subalternos, os ministros da Palavra e os presbíteros.

O evangelho do bom pastor é consolador para nós, suas ovelhas, pois nos garante o cuidado necessário para nossa salvação. Jesus é quem nos guia, nos protege e nos alimenta para a salvação. Os ladrões e salteadores, os lobos, os abismos, a falta de comida nos matariam. Mas, Jesus, o bom pastor, nos salva dos perigos e nos garante a salvação eterna. Assim, nada ou ninguém pode nos arrancar dos braços fortes e amorosos de Cristo Jesus. Pois Jesus nos assegura (Jo 10.11,14 e 28): “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas … Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim … e dou a minha vida pelas ovelhas … Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”.

Amém.

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Adriano Gama

Ministro da Palavra das Igrejas Reformadas do Brasil (IRB). Mora em Curitiba e serve como missionário na Igreja Reformada Ebenezer (Colombo – PR)

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.