Leitura: Hebreus 10.25-31
Texto: Hebreus 2.1-4
AMBIENTE
Amados irmãos em nosso Senhor,
Nos últimos domingos, nós estamos aprendendo os ensinamentos da carta aos Hebreus. Hoje nós vamos considerar o início do segundo capítulo desta carta. No entanto, antes de entrarmos diretamente no texto, é bom relembrarmos os motivos pelos quais esta carta foi escrita. O aconteceu foi o seguinte: Os seus destinatários, isto é, os seus primeiros leitores, eram em sua maioria pessoas de origem judaica. Elas viviam no primeiro século da era cristã. Elas tinham deixado o judaísmo e abraçado o cristianismo.
Porém, alguns anos depois, certos irmãos estavam vacilando na fé. Eles estavam sendo ameaçados por judeus e pagãos, e assim o medo bateu na porta do coração deles. Junto com o medo, veio também a dúvida. Então, eles começaram a questionar a decisão que tinham tomado. Será que eles fizeram certo em abandonar os preceitos e as práticas religiosas dos seus pais? Será que eles agiram corretamente em deixar de lado o culto tal como estava prescrito na lei de Moisés?
Com esses pensamentos, aqueles que estavam com medo, dúvidas e inseguranças começaram a ter dificuldades de aceitar a simplicidade da nova aliança. Então, eles começaram a criticar a maneira humilde e dolorosa pelo qual o Messias veio a este mundo. Eles também ficaram desiludidos por não verem logo a salvação final com a restauração de todas as coisas. Por tudo isto, um certo número de irmãos estava titubeando na fé. A dúvida e o desengano estavam ameaçando a igreja de Deus.
Em resposta a esse problema, um certo homem, um certo discípulo de Jesus Cristo, movido pelo Espírito Santo, escreveu esta carta para mostrar a excelência da nova aliança; para mostrar que Jesus Cristo e sua obra eram superiores ao sistema sacrificial do Antigo Testamento; para mostrar que eles deviam permanecer firmes na fé, guardando os ensinos de Jesus Cristo em seus corações.
Desta forma, ao sabermos o que estava acontecendo naquela época, nós podemos entender as palavras da carta aos Hebreus. Claramente, nós percebemos que o autor fez várias comparações para mostrar a excelência de Cristo. No primeiro capítulo, o escritor lembrou tanto dos profetas quanto dos anjos, mostrando que Cristo é superior a todos eles. Pois Jesus, o Messias, é o Filho Unigênito de Deus.
E agora, no capítulo dois, ele faz uma outra comparação entre a antiga e a nova aliança. O objetivo do escritor não é apenas ganhar aqueles irmãos medrosos e duvidosos, mas ele também deseja firmar a fé do restante da igreja. Vejamos, então, qual é a mensagem do início do capítulo dois de Hebreus.
MENSAGEM
O texto de hoje mostra as implicações (as consequências) daquilo que o escritor disse anteriormente. Se Jesus Cristo é superior aos profetas e aos anjos, então as palavras que ele disse devem ser levadas a sério. Eles deviam prestar bem atenção nas coisas que eles ouviram para que eles nunca saíssem da estrada da vida. O perigo de se perderem era grande, caso eles rejeitassem a Palavra da Salvação.
O escritor de Hebreus falou nesse tom ameaçador porque ele não podia distinguir quem eram os fiéis e quem eram os hipócritas que viviam juntos dentro da igreja (Art. 29 – Confissão Belga). O que ele sabia era o seguinte: Aqueles que já tinham a verdadeira fé jamais se perderiam ao longo do caminho. Mas mesmo assim ele também sabia que os demais membros da igreja precisavam ser exortados e evangelizados a fim de serem ganhos para o reino de Deus.
Ele fez isso porque ele se lembrou da igreja do Antigo Testamento, onde havia crentes e descrentes convivendo juntos. E por isso ele falou de um modo abrangente, demonstrando amor para com todos eles. Eles os alertou do perigo de se aproximarem da mensagem da salvação por um certo tempo, e depois deixarem de lado o caminho da vida.
Uma vez que eles eram majoritariamente de origem judaica, o escritor fez uma comparação entre a mensagem do AT e a mensagem do NT. Ele trouxe à memória deles a lembrança da palavra que foi transmitida pelos anjos. E que palavra era essa? Ele estava falando da Lei dada no monte Sinai.
Em Atos 7.53, o diácono Estêvão disse o seguinte para os judeus: “vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes”. E em Gálatas 3.19: “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador”.
Portanto, Deus usou os seus anjos para transmitir a sua santa Lei para a igreja do deserto. Aquela Lei serviu de base para todo o Antigo Testamento. Aquela Lei se tornou firme e segura, de tal modo que os castigos prescritos na Lei foram cumpridos terrivelmente contra a igreja de Deus.
Ao desprezarem o caminho da vida, apresentado na antiga aliança, a igreja do Antigo Testamento sofreu as consequências da sua desobediência. Deus castigou a sua igreja com mão forte, de modo justo e merecido. Isso fica claro quando nós lemos, dentre outros textos, o livro de Números. O livro de Números registra os acontecimentos que se deram durante os 40 anos que a igreja de Deus peregrinou pelo deserto.
No deserto, o povo de Israel pecou gravemente por diversas vezes. Certa vez, a igreja começou a se queixar de Deus, e Deus mandou fogo sobre eles. O incêndio consumiu uma determinada parte do acampamento da igreja. Outra vez, as pessoas olharam para trás e desejaram a comida dos egípcios. Então, Deus mandou codornas para eles comerem. Mas junto com as codornas, Deus mandou uma praga muito grande, e muitos morreram ao comer daquela carne.
Mais à frente, quando a igreja estava prestes a entrar na terra de Canaã, ela não gostou do relatório dos homens que foram espiar a terra prometida. A igreja ficou com medo do relatório porque ele dizia que na terra havia gigantes. A igreja ficou com receio de enfrentar os gigantes e recebeu aquele relatório com incredulidade. Com exceção de alguns, aquela igreja não confiou em Deus. Então ela gritou e chorou a noite toda reclamando de Moisés, de Arão e do próprio Deus. Vendo tudo aquilo, Deus ameaçou destruir todos eles com pestilência. Isso só não aconteceu porque Moisés intercedeu pela igreja.
Porém, mesmo assim, a igreja não ficou sem castigo. Deus resolveu aprisionar os israelitas durante 40 anos no deserto. Mas, ao ouvirem a sentença de Deus, e vendo a tolice que tinham feito, o povo tentou consertar a situação, procurando entrar na terra prometida de todo jeito. Mas, já era tarde demais. Deus já não estava abençoando-os naquele momento. E novamente eles desobedeceram a Palavra de Deus, e assim muitos deles foram mortos pelos amalequitas e cananeus.
Em outro momento, um grupo da igreja se rebelou mais uma vez contra Moisés e Arão, e por esse motivo Deus fez o chão se abrir debaixo dos desobedientes. A terra abriu a sua boca e os engoliu vivos. Todavia, quando o restante da igreja viu aquilo, ela não gostou. A igreja culpou Moisés e Arão pelo que aconteceu. Por causa disso, Deus mandou uma praga que matou 14.700 pessoas da igreja.
Irmãos, esses são apenas alguns exemplos de como a palavra anunciada pelos anjos no monte Sinai foi confirmada por Deus através de grandes castigos. A igreja do deserto devia saber que ninguém deve zombar de Deus. Na verdade, eles não levaram a sério a Palavra da Salvação. Eles não levaram a sério a Lei dada por Deus. Eles desprezaram a Palavra de Deus, e por isso eles foram castigados por diversas vezes.
Agora, se Deus garantiu assim a palavra anunciada no Antigo Testamento, trazendo juízo sobre os ímpios, então quanto mais ainda será isso em relação à palavra anunciada por Jesus Cristo e por seus apóstolos? Se a igreja do Antigo Testamento devia levar a sério a mensagem trazida pelos anjos, então os crentes da nova aliança também deveriam levar a sério a mensagem do Filho de Deus. Portanto, como aqueles irmãos para quem a carta foi escrita poderiam escapar do juízo de Deus, caso deixassem de lado a mensagem que foi anunciada primeiramente por Jesus Cristo e depois pelos apóstolos?
Todos eles deveriam lembrar de que a mensagem trazida por Jesus Cristo também foi atestada e garantida por Deus. Deus garantiu a veracidade das palavras de Cristo por meio de sinais, prodígios e diversos milagres. Coisas essas realizadas por Cristo e pelos apóstolos. Os quatro Evangelhos e o livro de Atos estão recheados de milagres que atestam a veracidade da Palavra de Cristo e dos seus apóstolos.
E os primeiros leitores daquela carta também sabiam disso, pois eles ainda viviam na época apostólica. Uma época cheia de sinais e maravilhas. E esses sinais e maravilhas eram inquestionáveis. Eles mesmos podiam enxergar o poder da mensagem da salvação. O próprio Espírito de Deus tinha distribuído dons extraordinários, claramente perceptíveis pelos cristãos daquela época. Então, como eles teriam coragem de abandonar a mensagem da nova aliança? Uma mensagem que fala do amor de Jesus Cristo, o qual também morreu em prol da vida deles?
O que eles deviam fazer era afugentar o medo, as dúvidas e as inseguranças dos seus corações por meio de uma confiança firme no evangelho que já tinham ouvido, e que agora também era confirmado pela carta que tinham recebido. Eles deviam permanecer firmes no caminho da vida. Um caminho estreito e difícil, mas ele é o caminho da salvação, pois ele foi aberto diante dos homens pelo próprio Filho Unigênito de Deus.
ATUALIZAÇÃO
Irmãos, o texto de hoje nos ensina a olhar com bastante atenção para a nossa Bíblia. Pensem nos exemplos bíblicos de desconsideração, de irreverência e de desobediência a Deus. Meditem na possibilidade de nós cometermos os mesmos erros do passado.
Saibam que o mesmo Deus que castigou a igreja do Antigo Testamento é o mesmo Deus que matou Ananias e Safira, os quais eram membros da igreja do NT, conforme Atos 5.1-11. Compreendam que o mesmo Deus que feriu os nossos antepassados espirituais durante a travessia deles no deserto é o mesmo Deus que matou alguns irmãos da igreja em Corinto, por causa do desprezo que alguns deles demonstraram para com o corpo de Cristo apresentado na Santa Ceia.
Deus não mudou, meus amados irmãos! Hoje em dia, muitas pessoas que estão na igreja têm sofrido bastante, mas não sabem porque estão padecendo. Mas saibam essas pessoas que em muitas ocasiões elas estão sofrendo por causa da sua desobediência.
Este texto também é uma advertência para todos os que andam cambaleando na fé. Para aqueles que estão ziguezagueando, para lá e para cá, questionando a mensagem do evangelho que estão ouvindo, o escritor da carta aos Hebreus diz o seguinte (Hebreus 2.3): “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”.
Existiam pessoas em nossa igreja que não aguentaram a pressão de andar pelo caminho estreito, e por esse motivo desistiram. Por causa disso, hoje eles estão sofrendo as consequências do seu erro. Infelizmente, muitos já deixaram de se congregar na igreja de Cristo e estão vivendo no pecado. É o mesmo erro cometido por alguns daqueles para quem a carta foi escrita. Vamos ler, novamente, a advertência que foi dada a eles: Hb 10.25-31. Estão vendo, meus irmãos! A Palavra de Deus anunciada pelo Senhor Jesus Cristo é uma coisa muito séria.
Ai daqueles que se achegaram ao verdadeiro evangelho e depois saíram. Ai daqueles que estavam conosco e não querem mais voltar. Ai daqueles que, hoje em dia, abandonam o Senhor Jesus Cristo e a igreja dele, e passam a viver numa vida de pecado. Ao fazerem isso, como diz o texto, eles estão pisando no Filho de Deus! Eles estão profanando o sangue da aliança – o sangue de Cristo! Eles estão insultando o Espírito Santo!
Irmãos, quanto a nós que estamos aqui, vamos nos apegar com mais firmeza às verdades que nós já ouvimos (Hebreus 2.1). O Espírito Santo inclinou o nosso coração para tomarmos uma decisão muito importante ao lado de Jesus Cristo. É muito perigoso olhar para trás. Qualquer desvio no caminho provocará sérios danos espirituais para nós.
Portanto, ouçam com bastante seriedade a Palavra de Deus que é anunciada a vocês todos os domingos. E, se puderem, anotem os textos que foram lidos em cada sermão a fim de que vocês possam rever esses textos durante a semana. Se vocês fizerem isso, não somente vão se lembrar do que ouviram no domingo passado, mas também poderão meditar mais amplamente sobre como a Palavra de Deus que vocês ouviram no último domingo tem a ver com a sua vida.
Da mesma forma, sejam obedientes às exortações e às correções efetuadas pelos presbíteros da igreja quando eles vos visitarem. O dever deles é cuidar de vocês por meio das exortações e admoestações que vêm das Sagradas Escrituras. Ao mesmo tempo, tenham grande consideração pelo trabalho dos diáconos da nossa igreja. Lembrem-se de que os diáconos nos ajudam a exercer obras de misericórdia para com o nosso semelhante, obras que serão cobradas de cada um de nós no tribunal de Cristo, conforme lemos em Mateus 25.31-46.
Não deixem de vir aos cultos todos os domingos, pela manhã e pela tarde. Deixar de vir aos cultos, sem um motivo justo (doença, por exemplo), é pecar propositadamente contra Deus.
O nosso compromisso com Deus é muito sério. Todos os domingos, Deus aguarda a vinda do seu povo para estar na sua presença. Isso significa que você deve fazer todo o esforço possível para não chegar atrasado.
Quando chegamos atrasados, nós deixamos de ouvir a voz de Deus através da chamada à adoração no início do culto; quando chegamos atrasados, nós deixamos de confessar a nossa dependência em Deus; quando chegamos atrasados, nós deixamos de ouvir a saudação que vem da parte de Deus, e assim por diante. Tudo isso se configura num certo desprezo pela Palavra de Cristo lida e anunciada durante o culto.
Irmãos, lembrem-se do compromisso que vocês têm para com Deus. Não relaxem nos seus deveres religiosos. Não permitam que a carne, o mundo e o diabo os dominem e os impeçam de continuar firmemente na estrada da vida. Lembrem-se de que Deus castiga os desobedientes. Pois está escrito em Hebreus 12.6: “O Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”. Portanto, mantenham-se firmes no caminho do Senhor. Um caminho que é estreito, que é apertado, mas que no final nos levará para estarmos para sempre com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Amém.
Laylton Coelho
É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE).
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
Este curso é gratuito. Por isso, apreciamos saber quantas pessoas estão acessando cada conteúdo e se o conteúdo serviu para sua edificação. Por favor, vá até o final dessa página e deixe o seu comentário.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.