Leitura: Provérbios 24.01-09
Texto: Eclesiastes 09.13-10.07
Amada Congregação de Nosso Senhor Jesus Cristo,
A tolice abunda em lugares altos. Não precisa ser cientista espacial para saber isso – só precisa de olhos para ver. Pense naqueles que têm posições de poder, até alguns dos homens mais poderosos no mundo hoje em dia. Não preciso mencionar nomes – eu acho que você pode pensar neles para si mesmo. Estes homens – eles são homens sábios, ou eles são homens chamados “tolos” na Escritura?
Lembre-se o que a Escritura diz como tolos, e tolice. O que é o tolo, ou o insensato? Salmo 14.1 diz, “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.”
Isaías 32.6 diz, “Porque o louco fala loucamente, e o seu coração obra o que é iníquo, para usar de impiedade e para proferir mentiras contra o SENHOR, para deixar o faminto na ânsia da sua fome e fazer que o sedento venha a ter falta de bebida.”
Salmo 74.22 nos diz que o insensato afronta a Deus todos os dias. E em Ezequiel 13.3, o profeta diz, “Assim diz o SENHOR Deus: Aí dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito, sem nada ter visto!”
Os insensatos são aqueles que não temem ao SENHOR, que não o honram e os Seus mandamentos, que não vivem, ou governam, ou falam, numa maneira que concorda com a sabedoria e a palavra de Deus.
Se eu incluísse os líderes do mundo que se enquadram nesses critérios, não teríamos tempo para um sermão esta noite. Na esfera pública, como Salomão diz em 10.5,6, “Ainda há um mal que vi debaixo do sol… o tolo posto em grandes alturas, mas os ricos assentados em lugar baixo.” Entre os líderes em outras esferas da vida – na religião, na filosofia, na educação, vemos o mesmo. Vemos os tolos postos em grandes alturas nessas esferas também. A insensibilidade é abundante, e vemos uma grande injustiça debaixo do sol – o homem sábio é ignorado, enquanto o tolo recebe toda a honra.
Esta noite Deus nos ensina, através de Salomão, que a sabedoria nem sempre prevalece “debaixo do sol.” Mas, apesar desse fato da vida, “melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.” Isso não significa que desistimos no caminho da sabedoria, porque é inútil de qualquer maneira. Significa que nós caminhamos pela fé, e não pela vista.
Há muitos exemplos na história onde a loucura prevaleceu – loucura prática e loucura moral – as as duas costumam andar de mãos dadas. Os líderes ignoram o conselho dos sábios conselheiros, e, em vez disso, tomam suas próprias decisões tolas – e as pessoas que lideram devem pagar o preço por sua tolice. Adolf Hitler era um homem maligno. Mas podemos agradecer o Senhor que ele não apenas faltou sabedoria piedosa – ele também não tinha sabedoria em termos de senso comum. Porque se ele tivesse ouvido conselheiros que sabiam melhor do que ele, nossa língua seria Alemão hoje. E a tolice não se limita aos exemplos mais óbvios da história. Tornou-se evidente desde a queda no pecado, e hoje é muito evidente.
Salomão fornece um exemplo de loucura que prevalece e sabedoria que é desprezada em versículos 14 a 16 – um exemplo, ele escreve, “que foi para mim grande.” Uma pequena cidade é sitiada por um grande rei. O grande rei usa toda a tecnologia e força disponível, mas seus planos são confundidos por um pobre sábio, que libera a cidade, de alguma forma, por sua sabedoria. Nalguma maneira ele encontra alguém que ouve o seu conselho. Mas o que acontece com este pobre sábio? Ninguém se lembra dele. Talvez o rei da pequena cidade aceitasse seu conselho, mas depois ele tomou o crédito para si mesmo, e todos os elogios que acompanhavam. A sabedoria do pobre é desprezada – ele volta para sua vida normal como um homem sábio e pobre, a quem ninguém presta atenção. É injusto. Este homem deveria ter sido recompensado por sua sabedoria. Mas sua sabedoria seria esquecida, e ele simplesmente desapareceria no fundo, onde ele sempre ficou.
Então, esse é exemplo de sabedoria de um homem sábio, mas mesmo assim, mesmo com esse resultado positivo, o homem sábio ainda é deixado de lado. Mas a Escritura nos fornece outro exemplo de loucura em lugares altos, e esse é o exemplo de Roboão, filho de Salomão, em 1 Reis 12. Roboão herdou o trono depois da morte do seu pai. E depois de se tornar rei, ele consultou com os anciãos que serviram o seu pai Salomão. Roboão reuniu estes anciãos sábios, e pediu o seu conselho. “Como devo governar este povo?”
Os anciãos deram bom conselho a Roboão: “Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre.” É conselho bom e piedoso – o líder deve ser servo do povo. É a maneira do reinado exemplificada pelo Grande Rei, pelo Senhor Jesus – que veio, Ele disse, não a ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. Ele disse aos Seus discípulos que os Seus seguidores deveriam seguir a Ele por espelharem aquela maneira de liderança do servo:
“Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo” (Mateus 20.25-27).
É assim que Deus quer que nós governarmos – não importa qual a nossa posição – se o papel do pai como cabeça da família, ou o papel do presbítero na liderança da igreja, ou o papel do presidente na governança do país. E a coisa boa sobre a maneira de Deus é que funciona. A sabedoria piedosa é a sabedoria prática. E aqueles anciãos sábios que serviram Salomão sabiam isso – eles sabiam que, se Roboão servisse o povo de Israel, e falasse boas palavras a eles, eles seriam servos leiais ao rei.
Mas Roboão rejeitou o conselho sábio destes conselheiros velhos:
“Ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado e tomou conselho com os jovens que haviam crescido com ele e o serviam. E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs? E os jovens que haviam crescido com ele lhe disseram: Assim falarás a este povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu alivia-o de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos impôs jugo pesado, eu ainda vo-lo aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.”
Em outras palavras, “Meu pai não era nada em comparação comigo – eu sou o homem.” Roboão parece o tipo de fanfarrão imaturo, ignorante, tolo que ele era na verdade quando ele conclui usando o tipo de linguagem que um adolescente usaria para comparar-se com seu pai – é puro machismo, sem limite que os conselheiros antigos poderiam ter fornecido.
E nós sabemos o resultado da tolice de Roboão – é explicado no resto dos livros de primeiro e segundo Reis. Roboão reinou sobre os Israelitas que moraram em Judá, mas lemos em 1 Reis 12.19,20, “Assim, Israel se mantém rebelado contra a casa de Dai, até ao dia de hoje. Tendo ouvido todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, mandaram chamá-lo para a congregação e o fizeram rei sobre todo o Israel; ninguém seguiu a casa de Davi, senão somente a tribo de Judá.” Por causa da recusa deste homem imaturo de ouvir conselho sábio, e sua preferência para ouvir a insensatez dos jovens do seu próprio grupos o reino foi dividido em duas partes, para nunca mais se unir.
Este tipo de história não é único na história da humanidade. Os corredores da história estão repletos de este tipo de tragédia – decisões loucas tomadas por homens com autoridade, apesar do fato de que o caminho sábio estava aberto e clara para eles. Pensar sobre isso demais pode apenas se levar a voltar para a cama, puxar o cobertor sobre sua cabeça, e dizer a sua família para chamá-lo quando o mundo terminar, porque fazer qualquer outra coisa seria simplesmente inútil de qualquer maneira. A insensibilidade vai prevalecer, e não há nada que possamos fazer sobre isso.
Mas há algumas coisas que precisamos levar em mente quando consideramos o fato que a loucura existe em grandes alturas. Antes de tudo, precisamos lembrar o que Salomão diz em versículo 16: “Ainda que a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas, melhor é a sabedoria do que a força.”
As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos, apesar do fato de que o tolo com microfone muitas vezes ganha mais seguidores do que o homem sábio sem microfone. E a sabedoria permanece melhor do que as armas de guerra. Não porque homens que negam Deus e rejeitar Deus e a Sua sabedoria sempre vão falhar nesta vida – o fato é, muitas vezes eles vão suceder. Mas porque a sabedoria piedosa é bom e justo e traz a glória a Deus, independentemente de falhar ou ter sucesso nos olhos dos homens.
O homem mais rejeitado e mais desprezado na história do mundo está num lugar melhor do que o tolo rico e poderoso, se ele tem a sabedoria que somente vem do Espírito Santo, a sabedoria de seguir nos passos de Jesus Cristo. Porque ele vive, ele faz as escolhas, ele fala, em concordância com o Criador Todo-Sábio, que “fez a terra pelo seu poder,” que “estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jeremias 10.12).
Se você é sábio, ate quando você não pensa em si mesmo como uma pessoa sábia, mas quando você sabe que pela graça de Deus você está crescendo em sabedoria, você não tem que desesperar, até quando a sua vida não é um exemplo brilhante de sucesso e realização. Não há nada errada, não falta nada na sua sabedoria – o problema não é o seu problema, mas é o problema do mundo, e a loucura do mundo, e a vontade humana de amar a loucura em vez da sabedoria.
E isso me leva à segunda coisa que precisamos levar em mente quando pensamos no sucesso da loucura que vemos e experimentamos muitas vezes nesta vida – e que também encontramos na história de Roboão, em 1 Reis 12.15. “O rei, pois, não deu ouvidos ao povo,” nós lemos. Mas por que? No final das contas, não por causa de Roboão, porque Roboão não tinha autoridade sobre os eventos da história. O escritor nos diz: “O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque este acontecimento vinha do SENHOR, para confirmar a palavra que o SENHOR tinha dito por intermédio de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.”
O profeta disse a Jeroboão que Deus removaria o reino da mão de Salomão, e lhe daria dez tribos – e isso seria o resultado do pecado de Salomão.
Em 1 Reis 11.9, lemos, “Pelo que o SENHOR se indignou contra Salomão, pois desviara o seu coração do SENHOR, Deus de Israel, que duas vezes lhe aparecera. E acerca disso lhe tinha ordenado que não seguisse a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que o SENHOR lhe ordenara. Por isso, disse o SENHOR a Salomão: Visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reino e o darei a teu servo. Contudo, não o farei nos teus dias, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o tirarei. Todavia, não tirarei o reino todo; darei uma tribo a teu filho, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, que escolhi.”
O plano de Deus estava sendo realizado, através da tolice de Roboão. O povo de Israel estava sendo lembrado que algo maior viria – algo maior do que um reino político, um rei maior do que qualquer rei meramente humano. O plano de Deus não se limitou à nação de Israel, e seu reino atinge mais do que quaisquer limites terrestres. Qualquer israelita que visse o sucesso mundial e o poder mundial seria lembrado pela dissolução da nação, e logo depois de ter começado, eles precisariam pensar em termos muito maiores.
E o mesmo é a verdade para nós. Quando a insensatez parece reinar neste mundo, somos lembrados do fato que a nossa esperança não é apenas para esta vida. Quando a loucura está em muitos lugares altos, somos lembrados que a nossa salvação não vem destes lugares altos – nosso socorro está em nome do Senhor, Criador dos céus e da terra. Quando parece que a sabedoria é ignorada, quando os tolos controlam os meios de poder e os meios de promover a si mesmos e a sua tolice, somos lembrados que os caminhos de Deus não são os caminhos do mundo, e não precisamos usar esses meios mundanos para ganhar a vitória final.
E somos lembrados, mais uma vez, que andamos por fé, e não pela visão. Nós vemos, como Salomão viu, “servos a cavalo, e príncipes andando a pé como servos sobre a terra,” vemos as coisas viradas de cabeça para baixo, fora do seu lugar, não como deveriam ser. É um lembrete de onde estamos, e como chegamos aqui. Vivemos no mundo caído. Tudo – tudo dentro de nós, tudo ao nosso redor – foi terrivelmente impactado pela queda no pecado. Precisamos olhar além deste mundo para encontrar o significado. A nossa esperança precisa ser definida em algo, alguém, além deste mundo. Talvez não vejamos a justiça; talvez não vejamos os justos prosperando enquanto os ímpios falham, mas nossa fé não se baseia no que nós vemos, no que nossos sentidos nos dizem – nós confiamos no Senhor é na Sua Palavra.
E Ele nos disse que a sabedoria é melhor do que as armas de guerra. Ele nos disse que é melhor para nós falar palavras sábias em silêncio do que gritar e fazer muito barulho na companhia dos tolos. Ele nos disse que, apesar do que vemos, a sabedoria é melhor do que o poder.
A mensagem que ouvimos e confiamos pode não ser a mensagem mais retórica, gloriosa, ou impressionante que o mundo vai ouvir. Os mensageiros em quem confiamos podem não ser os falantes mais eloquentes, mais confiantes e mais poderosos que o mundo conheceu. Mas o ministério do apóstolo Paulo, feito “em fraqueza, temor, e grande temor,” caraterizado por a pregação que “não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1 Coríntios 2.2-5).
A mensagem de sabedoria que o apóstolo pregou, a mensagem transmitida pela verdadeira pregação da Palavra de Deus hoje em dia, não é a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, mas não há problema com isso, por que esses “poderosos” vão ser reduzidos a nada junto com sua suposta sabedoria. “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória – sabedoria que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1 Coríntios 2.6-8).
A insensatez daqueles governadores, e o fato que os sábios de Israel, pessoas como Ana e Simeão, estavam nas margens da sociedade, fora dos corredores do poder, enquanto os homens perversos estavam sentados em posições de poder, também faziam parte do plano de Deus – o plano de Deus de trazer à salvação ao mundo, através da morte do Seu Filho. Essa tolice permaneceu loucura; os líderes perversos carregam sua culpa; mas a loucura e a maldade foram usadas por Deus para fazer o que precisava ser feito, de modo que a Sua sabedoria ganharia a vitória no fim.
Então, irmãos, apesar do fato de que os sábios são frequentemente ignorados enquanto os tolos mantêm poder, apesar do fato de que mesmo quando a voz do sábio às vezes é ouvida, os sábios são muitas vezes esquecidos, essas realidades não devem nos lever a desespera. Andamos por fé. Confiamos no Deus da sabedoria e na personificação da sabedoria, o Senhor Jesus Cristo. Confiamos que mesmo quando não compreendemos o curso de história, o Senhor está operando com os Seus propósitos – como fez com Roboão, como fez com os fariseus e o sinédrio e os escribas durante a encarnação do Senhor Jesus, como Ele continua a fazer hoje. Todas as coisas funcionarão juntas – talvez não possamos ver, ou entender como isso está acontecendo – mas acreditamos nisso. Não nos desesperamos, porque sabemos que o grande enigma da vida tem significado, e foi planejado perfeitamente pelo Deus de sabedoria. Ao longo da história da redenção, Ele usou a loucura dos homens para realizar os seus próprios propósitos. E podemos confiar que Ele continuaria a fazê-lo.
Irmãos, confie nele. Não desista da sabedoria, mesmo quando parece falhar aos olhos do mundo. E não se desespere quando os tolos parecem ter sucesso – porque na plenitude dos tempos, tudo se tornará claro. Quando nosso Senhor Jesus voltar na glória, o enredo da história será completo. Os mistérios dos propósitos de Deus serão conhecidos por nós. E acredite – será perfeito. Deus provou isso no passado, Ele prova isso hoje, e Ele provará isso novamente no futuro. Confie na Sua Palavra; ande por fé, não por vista. E ande na sabedoria que somente Ele oferece.
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.