Dia do Senhor 9

Leitura: Gênesis 1; Atos 17:16-34
Texto: Dia do Senhor 9

Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Esta semana, começamos a estudar o Credo dos Apóstolos, a mais antiga e básica confissão de fé da Igreja Cristã. Na semana passada, examinamos a doutrina da Trindade, que fundamenta todo o Credo e lhe dá sua estrutura básica. Agora, começaremos com o primeiro artigo do Credo.

Ao fazermos isso, devemos lembrar que nosso propósito ao estudar essas convicções fundamentais da fé cristã é firmar-nos nelas e, a partir daí, crescer no conhecimento de nosso Deus e de nossa fé, para vivermos mais plenamente e morrermos com mais confiança, na alegria do Evangelho. Queremos manter isso em mente ao estudar o Credo. Nosso objetivo é ver essas coisas na Palavra de Deus, ter confiança nelas, aprofundar-nos e aplicar essas verdades em nossa fé e em nossa vida, para que nossa fé e nossa vida cresçam em convicção e em um serviço ousado, alegre, sacrificial e dedicado a Cristo. Para isso, precisamos de convicções bem firmes e fundamentadas na Palavra de Deus.

O Credo Apostólico começa com a declaração: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.”

É aqui que a nossa fé começa. Vemos a mesma coisa na pregação do Apóstolo Paulo em Atenas. Falando para gregos que não tinham o mínimo conhecimento das Escrituras, ele introduz a fé cristã com estas mesmas palavras:

Acts 17:22–25: “Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais;”

Podemos ver, então, que toda a fé cristã começa com o ensino bíblico sobre a criação.

Mas hoje, tem pessoas que se chamam de cristãos que questionam a necessidade deste ensino. A razão é óbvia: a ciência moderna parece mostrar que a Terra é, na verdade, muita antiga. Os cientistas afirmam todas as espécies evoluíram gradualmente, e que os homens evoluíram dos macacos. E eles afirmam isso com tanta certeza, com tantas “provas”; e ensinam isso nas escolas, nos livros didáticos, nas universidades; ao ponto de muitos cristãos questionarem se ainda é possível acreditar na criação como a Bíblia ensina.

Sem dúvida, isto é um grande desafio para a nossa fé. Nossos jovens, se forem para faculdade e universidade, vão ouvir argumentos e evidências defendendo que a terra é muito antiga e que as espécies evoluíram ao longo de milhões de anos. E às vezes questionamos: será que nós podemos discordar com isso? Nós não somos cientistas. Quem somos nós para dizer que os cientistas estão errados? Eles são, de fato, pessoas muito inteligentes. Têm evidências e argumentos. E estas ideias da evolução e de um universo antigo permeiam todas as áreas da ciência moderna: a astronomia, a geologia, a biologia, a genética, etc.

O que o cristão deve acreditar, então? Os ateus dizem que a ciência já refutou a Bíblia.

Uma solução abraçada por alguns cristãos é tentar harmonizar a Bíblia com a ciência moderna. A solução é, temos que reinterpretar o livro de Gênesis. Talvez a nossa fé não depende tanto do que Genesis ensina. Talvez o livro de Gênesis não precisa ser interpretado literalmente. Eles dizem que Genesis ensina verdades “teológicas,” e não “históricas” ou “científicas”. Alguns dizem que é poesia. Outros, que é apenas simbólico. A lema é repetida que “a Bíblia não é um livro de ciência”.

Mas será que isso é realmente possível? Será que podemos fazer isso com o livro de Genesis? É assim que o livro de Gênesis se apresenta? (Lembremo-nos do que vimos na semana passada: a verdadeira fé não busca forçar as Escrituras em um molde que não lhes cabe, mas se submete, de coração e mente, à Palavra de Deus.) Portanto, precisamos perguntar: Será que Gênesis se apresenta como um livro simbólico ou histórico? E o que depende disso? Qual a consequência para a nossa fé, se interpretarmos Genesis como simbólico e não literal?

Para responder a isso, vamos olhar ao primeiro capítulo de Genesis.

O livro de Gênesis começa com uma declaração simples que, até onde sabemos, é histórica: “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” Isso significa que Deus é eterno—na verdade, está fora do tempo. Ele criou o próprio tempo. Tente imaginar o universo sem tempo e sem espaço. É impossível! Não dá nem para imaginar isso. Podemos imaginar um grande espaço vazio e preto, sem nada, existindo por anos e anos. Mas quando Genesis diz “no princípio”, isto significa o que o próprio tempo teve um começo. O tempo e espaço também são a criação de Deus. Antes que Deus criou isso, não existiram. Não somos nem capazes para entender isso.

Antes do tempo existir, Deus ainda existia. Vemos que Deus é simplesmente pressuposto. No princípio, Deus criou. Ninguém criou Deus. Deus não depende de ninguém. Ele é a fonte de todas as coisas.

E este universo—o tempo, o espaço, os céus e a terra, as estrelas, e tudo que existe, é a criação de Deus. Tudo depende dele. Sem ele, nada pode existir.

Vemos em Atos 17 que isto tem grandes consequências. Já que somos criação de Deus, também somos responsáveis perante ele. Ele que manda. Ele que determina nosso propósito.

Acts 17:26–27: “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus.”

Ele que determina nosso propósito, e ele determina o que é certo e errado. Mundo de Deus, regras de Deus.

Gênesis 1 também nos ensina que fomos criados **à Sua imagem**. Não somos apenas Sua criação, mas seus filhos, uma reflexão do próprio Deus. Isso nos dá valor e é o que torna a vida humana sagrada e distinta da vida animal.

Em Gênesis 1, também aprendemos verdades fundamentais sobre Deus:

– Aprendemos sobre sua bondade, pois, ao criar, declarou que tudo era “bom” e “muito bom”—um refrão repetido várias vezes.

– Aprendemos sobre sua generosidade, ao criar um mundo bom, colocar o homem nele e então criar a mulher como sua companheira—“osso dos seus ossos e carne da sua carne” (Gn 2).

– Nesta mesma linha, aprendemos sobre a diferencia entre os sexos e a natureza do casamento—e o Senhor Jesus, no Novo Testamento, baseia Seus ensinamentos sobre o casamento na criação de Deus.

– Aprendemos sobre o propósito do homem na Terra: cuidar e cultivar a terra, vivendo em relacionamento com Deus.

– Aprendemos sobre a justiça de Deus, que, como legislador, declara o que o homem pode ou não fazer.

Em Gênesis 3, aprendemos sobre a Queda no pecado—a origem do pecado e da morte. Vemos que a ruptura, a disfunção, a futilidade, a miséria e a morte—tanto em nossas vidas quanto na criação—são consequências do pecado do homem. São resultados reais do pecado de Adão e Eva. Paulo diz em Romanos 8 que “toda a criação foi sujeita à futilidade por causa do pecado do homem”. “O salário do pecado é a morte”—ou como Deus disse em Genesis 3 “do pó vieste e ao pó voltarás.” Isso prepara o cenário para toda a fé cristã—olhar para Deus como Aquele que nos liberta da morte e restaura esta criação quebrada.

É também em Gênesis que encontramos pela primeira vez a aliança de Deus com o homem, prometendo enviar um Salvador e esmagar a cabeça de Satanás.

Alguns capítulos depois, em Gênesis 7-8, lemos sobre o Dilúvio, o primeiro grande julgamento da humanidade, uma inundação global que cobriu toda a Terra, pela qual a antiga humanidade foi julgada. Assim, aprendemos sobre o justo juízo de Deus e um prenúncio do juízo futuro que ainda está por vir. Como Pedro diz em 2 Pedro 3: “Os céus existiam desde os tempos antigos, e a terra foi formada pela palavra de Deus, da água e por meio da água. Por essas águas, o mundo daquele tempo foi submerso e destruído. Mas os mesmos céus e a terra estão agora reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e da destruição dos ímpios.”

Continuando a história de Genesis, em Gênesis 11, lemos sobre a origem das diferentes línguas humanas, pelas quais a humanidade foi dispersa—para ser reunida novamente no dia de Pentecostes, quando o dom de línguas foi dado aos apóstolos, e eles saíram para reunir as nações ao Evangelho—missão que continua até hoje.

E poderíamos dizer muito mais. Mas o que fica claro é que Gênesis—o livro das origens—é apresentado como história. É o começo da história da humanidade, e da história da salvação. Vemos, ao longo deste livro, que todos os fundamentos da nossa fé se encontram aqui. Se Genesis não for histórico—se for apenas “mito” ou “historiazinha”, então todo o resto da fé Cristã é também. O livro de Êxodo pressupõe os fatos históricos contados em Genesis. O livro dos reis e profetas são a continuação desta história. E Cristo veio—na história—em cumprimento das promessas de Deus, dadas na história. Não tem como separar Genesis do resto da Bíblia e tratá-lo como mito sem ser histórico.

– Se Deus não fosse nosso Criador, não estaríamos sujeitos à Sua lei.

– Se Deus não fosse nosso Legislador e Juiz, não poderíamos falar de pecado nem de juízo—e então, temos que perguntar, para que Cristo morreu?

Também não podemos dizer que Gênesis ensina apenas uma verdade “teológica” sem afirmar sua verdade histórica. Isso não passa de um degrau para a incredulidade total. Claramente, Gênesis (sem mencionar Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) se apresenta como história.

Devemos observar também que todo o resto da Bíblia fala sobre os eventos de Genesis como sendo história verdadeira.

Por exemplo:

– Quando Deus deu os Dez Mandamentos a Moisés, e especialmente o quarto mandamento (guardar o Sábado), qual foi a base para obedecê-lo? Porque Deus descansou no sétimo dia.

– Quando o Senhor Jesus ensinou sobre o casamento, em que baseou Seus ensinamentos? Nas verdades da criação em Gênesis. O mesmo vale para Paulo.

– Quando Pedro falou do juízo vindouro, ele citou como prova o fato de que Deus já havia feito isso antes—no Dilúvio literal dos dias de Noé.

Essa tentativa de reinterpretar Gênesis 1 (e depois Gênesis 1-3, depois Gênesis 1-10, e então todo Gênesis e Êxodo…) como “verdade teológica, mas não histórica” é apenas uma tentativa desesperada de harmonizar o que não pode ser harmonizado. A raiz do problema não está no livro de Gênesis, mas nas teorias científicas que têm sua base na incredulidade e na rejeição das Escrituras. Não há como harmonizar os dois. E isso importa, porque se insistirmos em harmonizá-los mesmo assim, o que estamos realmente fazendo é rejeitar a verdade das Escrituras. Estamos forçando a Bíblia em um molde que não lhe cabe e demonstrando que não nos importamos mais com isso. É por isso que muitas vezes acontece de uma geração aceitar o evolucionismo teísta, e a próxima geração—seus filhos—simplesmente rejeitar a Bíblia por completo, porque sabem que os dois são incompatíveis.

——

Agora, o que fazer? Será que isso significa então que os cristãos precisam rejeitar a ciência? Não, não podemos fazer isso. Vivemos no mundo que Deus criou, e devemos ver seu poder e sua sabedoria em tudo que ele fez—em seu desenho maravilhoso, sua beleza e seu propósito.

Mas devemos ser sábios e perspicazes. Devemos reconhecer a diferença entre a verdadeira ciência, que trabalha com a criação de Deus, e meras filosofias e especulações. Devemos reconhecer a diferença entre as evidências e as interpretações dessas evidências, e também as pressuposições que fundamentam essas interpretações. Devemos aprender a pensar criticamente.

Mas, acima de tudo, devemos começar com o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria. A verdadeira razão pela qual muitos cristãos tentam harmonizar as Escrituras com a evolução não é porque foram convencidos pelas evidências, mas porque têm medo da opinião dos homens e não suportam ser vistos como tolos aos olhos do mundo. Eles se deixam influenciar pela opinião da maioria e têm respeito excessivo pela credibilidade institucional e por títulos acadêmicos, esquecendo que por trás dessas instituições e diplomas estão homens mortais, que um dia prestarão contas a Deus.

Na verdade, existem centenas, senão milhares, de cientistas cristãos com doutorado em astronomia, cosmologia, geologia, paleontologia, biologia, genética e muitas outras áreas—que rejeitam a teoria da evolução e defendem a criação bíblica. Muitos deles são brilhantes e bem-sucedidos, especialistas em seus campos.

Então por trás desta nova leitura de Gênesis é muito temor do homem, e isso tem que ser eliminado pelo temor de Deus.

No final, qualquer tentativa de harmonizar a Palavra de Deus com ensinamentos contrários a ela terminará em fracasso. Mais cedo ou mais tarde, serviremos a um e rejeitaremos o outro.

E devemos lembrar as palavras solenes de Jesus a Nicodemos em João 3:12:

“Se vos falei das coisas terrenas, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”

Então, qual é o caminho a seguir?

1. Em primeiro lugar, devemos permanecer, pela fé, confiantes na veracidade da Palavra de Deus. É isso que a fé faz. Confiamos que a Palavra de Deus é verdadeira porque confiamos que Deus, que inspirou a Palavra, é fiel. Vez após vez, a Palavra de Deus provou-se fiel diante dos críticos. Mas, em cada geração, o povo de Deus precisa aprender a confiar nela. Abraão não deixou sua terra em Ur para seguir Deus para uma terra desconhecida, com a promessa de descendência que ele era velho demais para ter, por isso ser fácil de acreditar. Os cristãos do primeiro século eram frequentemente ridicularizados por sua fé—por adorar um Deus que não se vê e seguir um Salvador crucificado. Em cada geração, os cristãos precisam aprender a confiar na Palavra de Deus e segui-Lo pela fé. E, com o tempo, Deus vindica Seu povo.

2. Em vez de evitar as ciências por medo do que possamos encontrar, devemos aprender a olhar para o mundo a partir da perspectiva da fé, sabendo que este é o mundo de Deus, e que Sua sabedoria, criatividade e propósito podem ser vistos em tudo o que Ele fez.

3. A partir dessa perspectiva, precisamos também ver o nosso próximo como um ser humano, criado à imagem de Deus, mas caído no pecado—com o coração fechado para Deus e o entendimento obscurecido pelo pecado. Não deve nos surpreender que, quando ele olha para este mundo, ele não vê razão para crer em Deus. Nenhuma evidência será suficiente para ele, até que seu coração, mente, vontade e afetos sejam transformados.

Por exemplo, quando olhamos para Charles Darwin, descobrimos rapidamente que ele não “descobriu” a teoria da evolução. Não foi algo que ele aprendeu por meio de estudos científicos. Na verdade, seu pai e seu avô já acreditavam na evolução, como muitos outros na elite da sociedade, mesmo antes de terem qualquer explicação para como isso funcionaria. Isso é ciência, ou religião? O que Darwin fez foi propor uma “explicação” para como a evolução funcionasse. Se esta teoria realmente se sustenta é outra questão. Na verdade, está cheio de falhas fatais e impossibilidades que a ciência moderna não tem como explicar. Mas o que fica claro é que a crença veio antes de qualquer explicação científica para ela. Começa com uma rejeição de Deus, especialmente o Deus da Bíblia; daí partiu-se para buscar alguma explicação para a origem da vida humana e animal.

Os defensores da evolução citam suas evidências e argumentos, mas a teoria da evolução nunca foi—nem hoje é—baseada em descobertas científicas, mas nas especulações vãs do homem incrédulo. É por isso que, não importa quantas impossibilidades e improbabilidades existam na teoria, ela continua a ser sustentada e ensinada nas instituições seculares. E permanecerá assim até que encontrem outra explicação que não envolva a mão de Deus.

Quando examinamos essas teorias e as evidências apresentadas, precisamos lembrar que estamos lidando com os argumentos de homens que, nas palavras de Paulo, “detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1:18). Quando lembramos disso, podemos começar a distinguir entre as evidências e fatos, e as interpretações dos mesmos. Pode soar muito impressionante dizer, com tanta precisão, que o tiranossauro rex vivia 88,6 milhões de anos atrás ou que o homem se separou dos macacos há 6,5 milhões de anos. Mas de onde vem estes números? Vem de cálculos baseados em muitas pressuposições dos próprios cientistas. O que temos são rochas, fósseis e ossos—e as medições que fazemos dependem de nossos pressupostos iniciais. O que não se encaixa em suas interpretações dos fatos é descartado.

Temos ossos de dinossauros com tecidos moles—coisa que até eles admitem jamais poderia sobreviver por milhões de anos. Quando foram primeiramente encontrados, eles não acreditavam que era real. Agora que muitos desses ossos foram encontrados em diversas partes da terra, qual a resposta deles? A reposta é: “não sabemos como é possível que tecido mole sobreviva tanto tempo, mas aparentemente é possível”. O que prevalece é a teoria, o que tem que se submeter é a evidência.

Portanto, não devemos nos impressionar demais com títulos e credibilidade humana. O que é considerado sábio em uma época é descartado na próxima. A sabedoria do homem é volátil e muda de geração em geração. O que é proclamado com grande autoridade como “fato científico” em uma época é desmentido e considerado ultrapassado na seguinte—e outra ideia, igualmente baseada na incredulidade, a substitui. Em vez de nos deixarmos mover pelas opiniões mutáveis dos homens, devemos dizer com o Salmista,

Psa. 40:4: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança e não pende para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira.”

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Quando começamos com o temor do Senhor, então, como Hebreus 11:3

Heb. 11:3: “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.”

Essa fé não nos cega, nem nos torna incompetentes como cientistas. Pelo contrário, ela nos permite ver o mundo com maior clareza e também enxergar a cegueira e a futilidade daqueles que detêm a verdade pela injustiça.

Quando começamos com o temor do Senhor, vemos claramente que, não importa o quanto o mundo tente reinterpretar as evidências para suprimir o conhecimento de Deus, o fato permanece que nós fomos criados por Deus, distintos dos animais, feitos para conhecê-Lo, amá-Lo e viver com Ele para Sua glória. Toda a criação testifica a essa verdade, em um coro de mil vozes, cores e complexidades inimagináveis que a ciência apenas começou a descobrir. Não importa quantos detêm essa verdade, a criação a proclama em voz alta. Vivemos no mundo de Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Sl 19:1).

Fomos feitos para Deus, com a consciência de Sua presença escrita em nossos corações e em toda a Sua criação. E quanto mais vemos isso, mais reconhecemos: Quão terrível é nosso pecado, quão feio ele é aos olhos de Deus, e por que Ele o detesta e o julga com um juízo eterno.

E essas são coisas que precisamos saber para entender o evangelho, as boas novas, que—como Paulo diz em Atos 17—o Deus que criou o mundo estabeleceu um dia em que ele julgará o mundo e ordena a todos os homens que se arrependessem para que não pereçam na sua ira. Ele chama todos os homens a arrependimento e fé em Cristo para que participem na ressurreição e na vida eterna.

Somente quando abrimos os nossos olhos e enxergamos a majestade de Deus revelada no mundo que ele Criou—quando vemos que este mundo é de Deus—então finalmente iremos tremer diante dele e buscar o seu perdão e restauração. Assim, sem dúvida, precisamos segurar firme esta doutrina da criação. Não podemos permitir que a incredulidade de alguns seja a causa de nós duvidarmos desta verdade. Pelo contrário, devemos cultivar em nós um senso de maravilha e adoração a Deus por tudo que vemos na sua criação, para que a própria criação nos dirija a Ele e nos ensine a nos refugiar nele.

Vemos também muito que está quebrado e triste nesta criação. A morte e os efeitos do pecado permeiam tudo que nós vemos, e às vezes é isso também que leva alguns a questionar se Deus realmente pode ser o criador de um mundo tão sofredor. Mas devemos ver nisso os tristes efeitos do pecado, o julgamento de Deus sobre a criação, tendo sujeito a criação a futilidade. Mas Deus a sujeitou desta forma em esperança para o dia que os filhos de Deus sejam revelados. E nós—a igreja, os filhos de Deus—já temos as primícias desta renovação. Cristo declara que ele faz todas as coisas novas. Então nós, os cristãos, os filhos de Deus, podemos amar e cuidar da criação, sendo não somente a obra de Deus o nosso Pai, mas também o objetivo da restauração e renovação de Cristo, pelo poder do Espírito.

Que a nossa confissão sempre seja, “O nosso socorro está em nome do Senhor, o Criador dos Céus e da Terra.” E (Rom. 11:36): “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”

Voltar ao topo
Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.