Leitura: Salmo 45; Isaías 45:18-25; Filipenses 2:1-11
Texto: Dia do Senhor 8
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
A partir de hoje, vamos começar estudando o Credo Apostólico.
O que é o Credo Apostólico? Simplesmente, é um resumo da fé Cristã. Logo nos primeiros anos depois que Cristo ascendeu ao céu—ainda no tempo dos apóstolos—as igrejas foram crescendo, Deus abençoou o crescimento da igreja, muitas pessoas se tornaram cristãos. E eles foram perguntados por seus amigo e seus familiares, “o que é que vocês acreditam?” Crianças, pensem por um momento: se alguém perguntar você, “o que é que vocês cristãos acreditam?”, o que você iria dizer.
Na época, não tinha um “credo apostólico”. Não tinha um resumo oficial. Só tinha a Bíblia—o Antigo e Novo Testamento—mas, não dá para ler a Bíblia inteira toda vez que alguém pergunta, “o que você acredita?” Você tem que resumir. Então o que você diria?
Talvez você iria começar dizendo, “Cremos em Deus.” Muito bem. Você percebeu que é assim que o Credo Apostólico também começa? Cremos em Deus. Mas quem é este Deus?
Então os cristãos diziam, Cremos em Deus Pai, que criou todas as coisas. O Céu e a Terra. E Cremos em Deus o Filho, Jesus Cristo, que nasceu da Virgem Maria, e morreu na cruz por nossos pecados, e ressuscitou dos mortos. E Cremos no Espírito Santo. E assim vai. Talvez você iria falar sobre a igreja. Talvez sobre o céu e a nova terra, depois que morremos.
Você percebeu que assim você já começou a falar o Credo Apostólico? O Credo é exatamente isso. Foi assim que os primeiros cristãos expressaram sua fé. Nem sempre foi nas mesmas palavras toda vez. Quando eles falaram com Judeus eles falaram mais coisas: que Jesus é o filho de Davi, que Ele cumpriu as escrituras e por isso não temos um templo. Mas com o passar do tempo, assim chegou o Credo Apostólico.
Agora, uma dificuldade que sempre temos quando falamos sobre Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo, é que isso não faz muito sentido para nós. Como é que Deus é Três pessoas, mas um só Deus? É isto que vamos estudar agora. Nós chamamos isso da “Trindade”. Você pode ouvir nesta palavra as duas palavras, “Três” e “Unidade”. Deus é Três (em um sentido), mas ainda é Um (em outro sentido).
Irmãos, a primeira coisa que precisamos enfatizar logo agora no início, que é importantíssimo, é que a doutrina da Trindade não é uma tentativa de explicar como Deus é. Nós não podemos explicar Deus. Nós somos criaturas. Deus nos criou. Então Ele é muito diferente de nós, muito mais glorioso, muito além do nosso entendimento. Então temos que aceitar isso. Não vamos conseguir entender tudo sobre Deus. E não precisamos entender tudo sobre Deus. O que queremos fazer é ser fieis ao que Deus nos diz em Sua Palavra.
Isso é muito difícil para nós. O ser humano quer entender as coisas, e não gostamos de aceitar coisas que não podemos entender. Mas isso é muito perigoso quando falamos sobre Deus, porque Ele é o Criador, e nós somos a criatura. Muitos falsos ensinos e heresias começam com a tentativa de “explicar” as coisas da Bíblia de uma forma que “faz sentido” para nós. Tem muitas coisas que podemos entender. Mas também tem muitas coisas que não podemos entender completamente, que nos parecem paradoxos ou até parecem contraditórios; e então a pessoa que dar um jeito para fazer tudo encaixar de uma forma lógica. E para fazer isso, ele acaba negando uma parte do que a Bíblia diz, or distorcendo esta parte, interpretando de uma forma que não é natural, porque não cabe no sistema dele. Não devemos fazer isso. Sim, temos que buscar entender, cada vez mais. Vamos crescer em nosso entendimento. Mas a única forma de fazer isso é em submissão à Palavra de Deus, aprendendo usar a linguagem bíblica sem receio.
A Evidencia Bíblica Pela Trindade
Então, o que é que Deus nos revela sobre si mesmo, que nos leva a doutrina da Trindade?
Primeiro, Deus se revela claramente, sem nenhuma dúvida, como um só Deus.
- Deut. 6:4: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.”
- Is. 45:5: “Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus.”
E no Novo Testamento:
- 1 Tim. 2:5: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus.”
Poderíamos multiplicar exemplos, mas estes três já são suficientes. Deus se revela com um. Não cremos em muitos deuses igual aos pagãos da antiguidade ou os hindus ou outros povos. Existe um só Deus, Criador dos Céus e da Terra, Soberano, Todo-Poderoso.
O apóstolo Paulo pregou a fé cristã aos gregos politeístas em Atenas nestas palavras:
Acts 17:24: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.”
Assim, Deus se revela a nós, desde o primeiro versículo da Bíblia:
Gen. 1:1: “No princípio, criou Deus os céus e a terra.”
Mas já descobrimos, também no primeiro capítulo de Genesis, que este Deus não é como nós. É um Deus que fala no plural (“nós”) e tem comunhão dentro de si mesmo.
Gen. 1:26: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.”
E ao desenvolver a história da redenção, logo cedo já vemos esta “pluralidade” que talvez nos parece estranha. Quando Deus falou com Abraão em Genesis 18, ele apareceu em forma humana. Três homens falaram com Abraão, e um deles é chamado pelo nome de Deus, Javé, o Senhor.
Esta mesma revelação de Deus é chamado o “Anjo do Senhor”. Este “anjo do Senhor” é enviado por Deus, mas ao mesmo tempo ele é Deus. O Anjo do Senhor apareceu a Abraão quando ele foi sacrificar Isaac, seu filho. Ele apareceu a Moisés, na sarça ardente. Ele foi em frente das tropas de Israel. E quando olhamos perto, vemos que este “anjo do Senhor” que é enviado por Deus, é, ao mesmo tempo, o próprio Deus.
“Que estranho,” podemos pensar. Mas assim que Deus se revelou. Então nos contentemos com isto.
Passando o tempo, quando Davi foi feito Rei em Israel, Deus prometeu a Ele que um de seus filhos será Rei eternamente. Este é o “Messias”—o “ungido do Senhor”—que é também chamado em Salmo 2 do “Filho de Deus”. Alguns dizem que talvez este nome “Filho de Deus” é apenas um título majestoso, mas não significa que ele realmente é o Filho de Deus. Mas vamos olhar perto.
Vejamos Salmo 45, o que lemos agora há pouco. Preste atenção aos “pronomes”, e pergunte a si mesmo, “de quem o salmo está falando”. Quem é o “ele” em cada versículo?
Salmo 45:1–2: “De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor. Tu és o mais formoso dos filhos dos homens; nos teus lábios se extravasou a graça; por isso, Deus te abençoou para sempre.”
Então claramente o salmo está falando para o Rei, que é um homem. Ele é chamado o mais formoso dos filhos dos homens. Alguém que transborda de graça. E é abençoado por Deus.
Vss. 3–5: “Cinge a espada no teu flanco, herói; cinge a tua glória e a tua majestade! E nessa majestade cavalga prosperamente, pela causa da verdade e da justiça; e a tua destra te ensinará proezas. As tuas setas são agudas, penetram o coração dos inimigos do Rei; os povos caem submissos a ti.”
A linguagem é muito gloriosa. É linguagem que normalmente se usa só de Deus mesmo. Mas até agora, ainda está falando sobre o Rei.
Mas continuemos:
Vs. 6: “O teu trono, ó Deus”—
Eita, agora, estamos falando para Deus!
Vss. 6–7: “O teu trono, ó Deus é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros.”
Agora ficou confuso. O salmo é sobre quem? Sobre Deus, ou sobre o Rei? Ele está falando a Deus, e dizendo que “por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria..” (Esta palavra “ungiu” é importante, porque nos lembra que estamos falando sobre o Cristo, o prometido Rei que Deus enviará ao mundo.
Então vemos que o salmo é—como já vimos no primeiro versículo—sobre o Rei, o Messias, Cristo. E ele é Deus.
E veja, no último versículo, como o salmo termina. Ainda falando ao Rei, ele diz:
“O teu nome, eu o farei celebrado de geração a geração, e, assim, os povos te louvarão para todo o sempre.”
Este salmo não é uma anomalia, uma exceção, um salmo estranho. Na verdade, vemos esta mesma identificação do Cristo como Deus em muitos lugares.
Isaías 9 fala sobre este prometido Rei nestes mesmos termos:
Is. 9:6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Salmo 110 fala também sobre esta posição muito exaltada do Rei:
Psa. 110:1: “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”
Este salmo é um Salmo de Davi. Mas neste Salmo, Deus diz ao “meu senhor” (o senhor de Davi!), “Assenta-te à minha direita”. Quem é este “senhor” de Davi? Davi já era o Rei do povo de Deus. Não tinha ninguém por cima dele, a não ser o próprio Deus. Mas aqui ele fala do Senhor dele.
E veja no final do salmo, vss. 5-7:
Psa. 110:5–7: “O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis. Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra. De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida.”
Fala de quem? O Senhor, de caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida? Isto aqui é claramente um homem. Mas ele é chamado de “o Senhor”, e toda a linguagem sobre ele é a linguagem que pertence a Deus. “No dia da sua ira, esmagará os reis.” “Ele julga entre as nações.”
Não é por nada que os judeus—pelo menos antes do Novo Testamento—falaram sobre o Cristo em termos divinos. Você pode ver isso na literatura inter-testamentária, por exemplo o livro de 1 Enoque. O “filho do homem” é uma figura divina. Mesmo que eles não compreenderam totalmente, eles reconheceram que o Messias seria diferente de todos os demais homens, uma figura divina, ou melhor, uma extensão do próprio Deus. Você lembra a pergunta do Sumo-Sacerdote a Jesus, em Marcos 14:61: “Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” Na época, os judeus ainda entenderam isso sobre o Messias. Não é um mero homem. É o homem-Deus, o Filho de Deus.
Um outro termo muitas vezes usado para o Cristo é o “braço do Senhor.”
Is. 53:1–2: “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse…”
Não falamos em detalhe, mas poderíamos observar algo semelhante sobre o Espírito de Deus. Ele é enviado por Deus, mas Ele mesmo é Deus.
Sl. 104:30: “Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra.”
Psa. 139:7–8: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?
Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;”
Então o que temos, até agora?
- Temos o claro ensino da Escritura que existe um só Deus. Deus é um.
- Mas ao mesmo tempo, vemos o Anjo do Senhor, que é enviado por Deus, mas ao mesmo tempo ele é Deus. E depois, vemos isto também no Messias, o prometido Rei e Salvador. É enviado por Deus, mas ao mesmo tempo, ele é Deus.
- E vemos o mesmo sobre o Espírito de Deus. Ele é enviado por Deus, mas Ele é, ao mesmo tempo, o próprio Deus.
Chegando ao Novo Testamento, isto se torna mais claro e explícito ainda.
No Batismo de Cristo, vemos todas as três pessoas da Trindade operando juntos: Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo. Jesus foi batizado, o Espírito desceu sobre ele, e Deus o Pai falou do céu, “este é meu filho Amado, em quem me comprazo.” Todos sendo manifestações de Deus.
Cristo em suas obras se revelou como muito mais de que um mero homem. Ele comandou o vento e a tempestade, e eles lhe obedeceram. Ele andou sobre as águas—que talvez não nos pareça muito impressionante, até que lembremos que isto é linguagem que o Antigo Testamento usou para Deus, Javé:
Job 9:8: “quem sozinho estende os céus e anda sobre os altos do mar,”
Psa. 65:7: “que aplacas o rugir dos mares, o ruído das suas ondas e o tumulto das gentes.”
Ele multiplicou o pão, como Deus fez no tempo de Moisés, dando pão para seu povo.
Em tudo que Cristo fez durante o seu ministério na terra, ele se revelou como muito mais de um homem. Suas obras são as obras de Deus. Os demónios o reconheceram como o Filho de Deus. Ele falou com a autoridade de Deus. Ele perdoou os pecados, o que somente Deus pode fazer. O povo maravilhou, dizendo, “ele faz todas as coisas bem.”
E especialmente depois de sua ressureição, não sobra nenhum resquício de dúvida.
John 20:28: “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!”
Assim, os primeiros cristãos não tiveram nenhuma dificuldade em reconhecer que Jesus Cristo é Deus.
Titus 2:13: “Aguardamos a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.”
A carta aos Hebreus enfatiza que Jesus é muito mais de que qualquer anjo, e é nada menos de que Deus:
Hb. 1:8: “Acerca do Filho, [ele diz]: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e:
Cetro de equidade é o cetro do seu reino.”
E—uma prova que é muitas vezes esquecida—muitas, muitas vezes o Novo Testamento cita textos do Antigo Testamento que claramente se referem a Javé, Deus, e aplicam-os a Cristo. (Acabamos de ver um, de Isaías 45, citado em Hebreus.) E, permanecendo em Isaías 45, versos 22-23:
Is. 45:22–23: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.”
Veja como o apóstolo Paulo cita este texto em Filipenses 2. Falando sobre como Jesus estava na forma de Deus, ou seja, na majestade de Deus, ele se humilhou por nós, em obediência ao Pai, obediência até a cruz. E então Paulo diz em versos 9-11:
Fp. 2:9–11: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
Claramente ele cita Isaías 45, que falava sobre Javé, e aplica isto a Cristo.
Poderíamos multiplicar tais exemplos, mas está claro. Cristo é o Filho de Deus. E poderíamos mostrar o mesmo sobre o Espírito Santo.
Agora, isto nos apresenta um dilema, porque vemos que Jesus Cristo não é o Pai. Ele foi enviado pelo Pai. Ele obedece ao Pai. Ele ora ao Pai. Ele ama o Pai. E o Pai também o ama.
Vocês podem ver, daqui, a doutrina da Trindade.
- Existe um único Deus.
- Este Deus se revela como Pai, Filho, e Espírito Santo.
- Os três não são apenas manifestações de Deus em diversos momentos, mas são distintos e se relacionam um com os outros.
São três…. o que? A igreja não tinha uma boa reposta a isso. Entre as igrejas que falavam grego e as que falavam latim, tinha muitas controvérsias sobre isso. Finalmente, a igreja aceitou a terminologia de três pessoas. Não é uma palavra perfeita, mas mostra que O Pai, Filho, e Espírito Santo são verdadeiramente distintos e se relacionam.
O que fazer com isso? Podemos resistir o que as Escrituras dizem, e daí vem todas as seitas e heresias, desde o tempo de Ário no quarto século, até o dia de hoje: os Testemunhas de Jeová e outros que negam a divindade de Deus. Para fazer isso, eles precisam, em fim, distorcer certos textos, forçá-los de uma forma que se encaixam no seu sistema, ou de outra former subvertê-los.
Ou podemos, humildemente, reconhecer que Deus não é como nós. Ele se revela como Pai, Filho, e Espírito Santo, e assim deve ser louvado. E é isso que a igreja cristã, desde os tempos antigos, fez, em obediência às Escrituras. Não é tão agradável para nossas mentes que querem entender e explicar tudo, mas deixe Deus ser Deus. Seus caminhos não são nossos caminhos. Ele é Santo, Santo, Santo, e quem somos nós para subverter a Palavra dele?
Para uma criatura tentar explicar Deus, é igual uma pequena bactéria, dentro de uma placa de petri, olhar de volta pelo microscópio e tentar explicar o cientista que está o examinando. Boa sorte.
Então, quando somos confrontados nas Escrituras com um Deus que está além da nossa compreensão, devemos resistir ao impulso de sacrificar algumas partes das Escrituras às custas de outras para encaixá-lo em uma caixa lógica e, em vez disso, devemos simplesmente confessar o que as Escrituras nos ensinam, sabendo e, de fato, esperando que Deus estaria, e deveria estar, além da nossa compreensão. É isso que a doutrina da Trindade se propõe a fazer.
A Importância da Doutrina da Trindade
Mas mesmo que a doutrina da Trindade está além da nossa compreensão, isso não significa que é irrelevante para nossa vida e nossa salvação. Muito pelo contrário! Tudo que Deus nos revela, ele revela para nossa salvação. Assim como Deus se revelou, assim O adoramos: adoramos o Deus Triune, três em Um, e assim também nos relacionamos com Ele.
Adoramos o Pai que é o Criador de Todas as Coisas. Adoramos o Filho, que foi enviado pelo Pai, e se sacrificou por nós em obediência ao Pai. E adoramos o Espírito Santo, que habita conosco, e pelo qual temos comunhão com Ele.
Assim também somos batizados em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
E vemos nisso que não adoramos um Deus que é solitário e isolado, mas o Deus que tem nEle mesmo perfeita comunhão e relacionamento. Podemos ler a oração de Cristo em João 17, e vemos uma expressão muito íntima de amor e fidelidade entre o Pai e o Filho. E isto nos mostra a beleza, a doçura, da nossa salvação: não vamos habitar eternamente com um Deus que é solitário e precisa da nossa companhia; mas por meio de Cristo, vamos participar na comunhão perfeita e maravilhosa do Deus que é amor. O Deus de comunhão.
Quando Deus nos criou em sua imagem, ele nos criou com um pequeno reflexo desta realidade. Ele nos criou homem e mulher.
Gen. 1:27: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Não existe nenhuma analogia que perfeitamente reflete a realidade da Trindade, mas talvez a reflexão mais próxima se encontra no casamento. Deus criou o homem (sg.) à sua imagem; homem e mulher (pl.) os criou. Na aliança do casamento, o homem e mulher permanecem dois indivíduos; mas ao mesmo tempo, experimentam a realidade de ser uma só carne, unidos um a outro. Marido e mulher são, de uma forma profunda e misteriosa, também verdadeiramente um. Na Trindade, o Filho se submete ao Pai; mas sua submissão não é algo forçado ou demandado, mas espontâneo, livre, confiante, e amoroso. E vemos que a submissão da esposa ao marido é semelhante: voluntária, alegre. Quando o marido ama a sua mulher como sua própria carne, e ela se submeta a ele alegremente, os dois funcionam como uma só carne, e refletem algo do próprio ser de Deus, em cuja imagem fomos criados.
Novamente, não é uma analogia perfeita. Não existe uma analogia perfeita. Mas é um verdadeiro reflexo. O nosso Deus é o Deus de amor.
E vemos isso também na história da salvação. No devido tempo, Deus o Pai enviou o Filho para nossa salvação, assim provando seu amor por nós. Cristo, o Filho de Deus, obedeceu ao Pai pelo poder do Espírito, e morreu por nós. O Pai, aceitando seu perfeito sacrifício, o ressuscitou dos mortos. E Cristo, ascendido ao Céu, sentado à direita do Pai, envia o seu Espírito, que habita em nós, e pelo seu poder nós cremos e vivemos.
Não precisamos compreender tudo da Trindade para poder adorar a Deus e viver em comunhão com o Deus triune. Mesmo que não o compreendemos, por sua graça nós sim o conhecemos, e amamos, e adoramos. Somos batizados em Seu Nome, e temos comunhão com Ele. Pertencemos ao Pai, sendo comprados pelo sangue de Cristo, e sendo santificados pelo Espírito. Assim, nós oramos a Deus o Pai, em nome de Cristo, e pelo poder do Espírito Santo. Vivemos para o Pai, obedecendo ao Filho, cheios do Espirito. Confiamos no Pai, segurando a Cristo, e consolados pelo Espírito.
A Trindade não deve ser apenas um “mistério” para nós. Deve orientar todo o nosso relacionamento com Deus. Isso que nós vamos ver em todo o resto do credo apostólico, que vamos ver nas próximas semanas. A Trindade é a confissão mais básica da Fé cristã, porque ela molda toda a vida cristã. Assim, o Apóstolo Paulo dá a sua benção à igreja em Coríntio:
2 Cor. 13:13: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.”
Amém.

Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.