Dia do Senhor 46

Leitura: Mateus 06.09-15; 07:07-11
Texto: Dia do Senhor 46

Amados irmãos em Cristo e prezados visitantes

A oração é tão vital para a alma do crente assim como a respiração para os pulmões. Isso significa que a oração é uma coisa muito necessária na vida dos crentes. Já ouvimos sobre esta necessidade da oração na semana passada. A oração é necessária aos crentes porque ela é a parte principal da gratidão que Deus exige de nós, além de ser o único meio pelo qual podemos ser ouvidos e atendidos por Deus em tudo que necessitamos.

A oração não é somente um dever ou necessidade, mas também o maior privilégio que existe no mundo. Deus nos deu a benção da oração para nos comunicarmos com ele. Pela palavra, Deus fala a nós e pela oração nós falamos a Deus. Invocar o Nome de Deus e contar-lhe tudo o que está no nosso coração na certeza de que ele nos ouve é de fato um grande privilégio.

Porém, quando falamos de oração, ficamos tristes em perceber que há muita confusão em relação a esta importante atividade na vida dos crentes. Há orações erradas que não agradam a Deus. Exemplos: orações egoístas e vaidosas (Sl. 66.18); orações que ordenam a Deus o que ele tem de fazer; vãs repetições; orações desacompanhadas de fé e obediência (Pv. 28.9). Até mesmo existe a invocação a santos falecidos e falsos deuses.

Além disso, um fato triste que nos preocupa é a falta de oração na vida da igreja. Na verdade são poucos os cristãos que realmente oram. Deus se entristece com a nossa ingratidão que se manifesta na falta de oração. É preciso que nos voltemos arrependidos para o Senhor com plena confissão e abandono da nossa falta de oração. Precisamos orar mais.

Diante de toda essa confusão, Jesus ensinou muita coisa sobre a oração. Com palavras e com exemplo Jesus nos encoraja a orarmos e nos ensina a orarmos corretamente. Ele orava com perseverança. Em vários lugares ele nos ensina sobre oração. Aqui no sermão do monte ele nos dá instruções claras e práticas sobre a nossa vida de oração. Ele nos ensina o que não devemos fazer em nossa vida de oração (não orar com hipocrisia – Mt.6.5; evitar vãs repetições – 6.7).

Ele também nos ensinou a quem orar e como orar. Como orar: em secreto (humildade, reverência e atenção voltada para Deus) – Mt. 6.6; com perseverança e confiança na promessa de Deus – Mt.7.7,8. Ele também nos ensinou a orar ao Pai Nosso que está nos céus (6.9). Neste sermão, vamos atentar para estas poucas, mas importantes palavras que Jesus nos ensinou no início de sua oração dominical (Pai Nosso). Com base no ensino de Cristo, eu vos proclamo a palavra de Deus no seguinte tema:

O Crente Deve Orar ao Seu Pai que Está nos Céus

O domingo 46 do nosso catecismo trata do ensino bíblico acerca da primeira parte da oração que o Senhor Jesus nos ensinou. Essa primeira parte é chamada de invocação. Invocar é chamar ou clamar pelo nome de alguém para que ele venha em nosso socorro. Quando oramos invocamos o nome de Deus, chamamos por ele.

Mas como devemos fazer isso? De que maneira devemos nos dirigir a Deus em nossas orações? Jesus nos chama a invocar a Deus como o “Pai Nosso que estás nos céus”. Por que Jesus nos mandou orar assim? O que esta invocação significa para mim como crente? Será que todas as pessoas podem fazer esta invocação?

A oração do Pai Nosso é uma oração cristã. O incrédulo pode até orar o “Pai Nosso”, mas ele não conhece e nem tem Deus como seu Pai. Ele não está preocupado com a glória de Deus, o crescimento do seu reino nem com a submissão à sua vontade. Ele também não reconhece que depende de Deus pra ganhar seu pão nem pede perdão a Deus por seus pecados.

Esta oração que Jesus ensinou pertence somente aqueles que têm Deus como Pai, ou seja, aqueles que são seus filhos. E quem são estes? Todas as pessoas do mundo? Não! Pois nem todos são filhos de Deus. Somente aqueles que crêem verdadeiramente no Senhor Jesus Cristo são filhos de Deus (Jo. 1.12). Pela graça eles foram feitos filhos de Deus em Cristo e têm o privilégio de ter Deus como Pai. Portanto, eles podem orar a Deus dizendo: “Pai Nosso que estás nos céus”.

Estes que estão unidos a Cristo pela fé e que, portanto são filhos de Deus devem se aproximar dele em oração com respeito e confiança. Não com o temor de um escravo diante do seu dono, mas com a confiança e o amor de uma criança diante do seu pai. Jesus quer despertar essa atitude de reverência e confiança em Deus em nossas orações quando nos ordena a se dirigir a ele como o “Pai nosso que estás no céu”.

Por que devemos nos aproximar de Deus em oração com uma atitude de respeito e confiança? Porque Deus é o Nosso Pai Perfeito. Jesus disse: “… Perfeito é o Vosso Pai Celeste” (Mt. 5.45). O que isso quer dizer? Que Deus é Santo, ou seja, Superior as suas criaturas em perfeição e pureza. Essa perfeição de Deus se manifesta nos seus atributos (perfeitamente Bom, Fiel e Poderoso). Neste Deus Perfeito e Glorioso que se tornou Nosso Pai por meio de Cristo podemos confiar. Ele é Bondoso, Fiel e Poderoso para ouvir nossas orações e cuidar muito bem de cada um de nós que somos seus filhos.

Nosso Pai Celeste é um Pai Bondoso porque não nos dá tudo que lhe pedimos, mas somente o que precisamos. Será que um bom pai é aquele que dá tudo o que seu filho pede? Claro que não! Um pai sábio e bondoso sabe que nem tudo o que seu filho pede ou deseja vai ser bom para ele. Pense por exemplo num filho de dez anos que pede uma moto a seu pai. Um pai sábio vai dar o que esse filho pede? Claro que não! Por isso, por amor ao seu filho ele lhe nega tudo aquilo que ele pede, mas que pode prejudicá-lo.

Nosso Pai Celeste age assim conosco. Nem sempre ele nos dá o que lhe pedimos porque ele é Bondoso para conosco. Devemos fazer nossas petições a ele. Não só pedir, mas pedir bem. Às vezes não sabemos orar como convém e pedimos mal (Tg. 4.4). Se pedirmos mal, Nosso Pai nos ouve, mas não nos atende, pois nos ama e quer sempre o nosso bem. Ele nos dá o que é melhor para nós, aquilo que é segundo a sua vontade e para o nosso próprio bem (I Jo. 5.14).

Jesus quer nos ensinar isso quando compara o Pai Celeste com os nossos pais terrenos (Mt. 6.11). Será que um bom pai é aquele que vai dar coisas para prejudicar a vida do seu filho? Será que ele vai dar uma pedra ao seu filho no lugar de pão? Ou uma cobra em lugar de peixe? Claro que não! Então, se nossos pais terrenos que são maus se esforçam para nos dar coisas, quanto mais nosso Pai Celeste que é perfeitamente bondoso? Com certeza, Ele nos dará as coisas boas que lhe pedirmos.

Que coisas boas são estas que Nosso Pai nos dará? É tudo aquilo que realmente necessitamos. Deus Pai nos dará tudo que for necessário ao nosso corpo e à nossa alma. Ele sabe do que precisamos e deseja suprir nossas necessidades (Mt. 6.8.32). O que você deve pedir a Deus? O que você precisa? Um carro do ano? Muito dinheiro no bolso? Não! Você precisa do pão de cada dia, de perdão de pecados, de livramento das tentações, de sabedoria para viver a vida cristã, do Espírito Santo para te ajudar a perseverar na fé (Lc. 11.13). Peça essas coisas básicas e necessárias para seu corpo e alma e seja grato ao Seu Pai pelas boas dádivas que ele te dá.

Nosso Pai do Céu, além de Bondoso, é um Pai Fiel para cumprir suas promessas em nosso favor (ler Mt.7.7,8). Nosso Pai Celeste não nos negará o que lhe pedirmos com fé e for útil para o nosso bem, pois ele é fiel. Pode acontecer que nossos pais aqui na terra não tenham sido tão fiéis quanto queríamos que fossem. Podem ter sido infiéis para conosco, não cumprindo com sua palavra, deixando faltar o sustento e até mesmo nos abandonando. Podemos até ficar decepcionados com nossos pais terrenos. Mas não com o Nosso Pai Celeste. Ele é sempre fiel e jamais nos desamparará. “Porque se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá” (Sl. 27.10). Confie neste Pai Fiel que você tem. Viva pela fé nas suas verdadeiras promessas e jamais serás envergonhado. Por que andar ansioso por comida, bebida ou vestes se tens um Pai Fiel que te ama e quer bem (Rm.8.32)?

Nosso Pai é Poderoso para suprir todas as nossas necessidades. Além de Bom e Fiel, nosso Pai Celeste é o Deus Todo-Poderoso, pois ele está nos céus. Por que Jesus chama o Nosso Pai de Pai Celeste ou que está no céu? Por que Jesus acrescentou que nosso Pai está nos céus? Não simplesmente para indicar o céu como lugar da habitação de Deus, pois Deus é Espírito e Onipresente preenchendo os céus e a terra. Mas para apontar o poder de Deus; para afirmar que o Nosso Pai é Altíssimo e Soberano sobre todos e que tem todo poder nas mãos (perg. 121). Nosso Pai está nos céus. Isso significa três coisas:
Em primeiro lugar, que não devemos pensar na majestade de Deus de modo terreno. Deus não é um tipo de Papai Noel ilusório que aparece no natal para dar presentes. Também não é um escravo que deve seguir nossas ordens e fazer tudo que queremos. Ele é o Deus Todo Poderoso e Soberano que merece o nosso respeito e nossa confiança.

Em segundo lugar, que devemos esperar com confiança do seu poder tudo que precisamos. O Deus Todo Poderoso é também o Nosso Pai e por isso vai suprir as nossas necessidades por seu poder. Ele é um Pai Poderoso para nos proteger dos inimigos e nos guardar na salvação. Por seu poder, ele fará com que todas as coisas cooperem para o bem na vida dos seus filhos (Rm. 8.28).

Em terceiro lugar, o fato de Nosso Pai está nos céus nos lembra que somos peregrinos nesta terra e que nosso lar não é aqui, mas na pátria celestial que o Senhor está preparando para cada um de nós. É consolador saber que não só os filhos desejam estar onde o Pai está, mas o próprio Pai junto com Cristo desejam que os filhos estejam onde ele está, isto é, na glória dos céus (Jo. 17.24).

Na oração devemos nos lembrar de quem estamos orando. Não oramos a um Deus distante, mas um Deus presente que é Nosso Pai. Como um Pai Amoroso e Bom, Ele nos compreende e consola; Como um Pai Fiel e Poderoso, ele sempre nos protege. Não esqueça que Ele está nos céus, ou seja, Ele é o Deus Altíssimo e Poderoso que pode suprir todas as nossas necessidades aqui na terra.

Você está sofrendo por causas das aflições? Está desanimado na fé? O pecado tem te incomodado? As tentações são fortes demais? Corra para os braços do Seu Pai. Abra o seu coração para ele e conte-lhe tudo. Conte-lhe da sua aflição, suas tristezas, sua dor, dos seus pecados e fraquezas. Fale das suas alegrias e renda-lhe graças. Apresente-lhe suas reais necessidades (sabedoria, perdão, fé, santidade, pão). Conte-lhe tudo o que está no seu coração, pois o Senhor se importa com você, ele sabe de tudo e ele te ama e estar de coração aberto para atender suas orações e te dar tudo aquilo que você realmente necessita para seu corpo e alma (Hb. 4.16).

Ele te dá pão e água a cada dia para que fortaleças teu corpo e tenhas condições de viver e trabalhar. Mas ele te dá também o pão da vida e a água da vida. Ele te dá Cristo, seu único Filho. Pela vontade graciosa de Deus Pai, Jesus entregou o seu corpo e derramou o seu sangue na cruz para te salvar corpo e alma.

Quando celebramos a santa ceia comemoramos nossa salvação em Cristo. Ele alimenta nossa alma para a vida eterna pelo seu Espírito. A mesa do Senhor é uma evidência clara do grande amor de Deus Pai para conosco que somos seus filhos. Contemple a bondade de Deus por você na ceia do Senhor. Por causa da obra de Cristo ele se tornou teu Pai Celestial. Você é filho de Deus e ele te ama muito. Ame-o também e o busque em oração, pois ele é o teu Pai que está no céu. Você não precisa recorrer a ninguém mais, mas somente ao Seu Pai Celeste. Pois Ele é um Pai Bondoso, Fiel e Poderoso para cuidar de você nesta vida e te conduzir para a vida eterna.

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.