Dia do Senhor 46

Leitura: Habacuque 3; Mateus 7.7-12
Texto: Dia do Senhor 46

Amada igreja do nosso Senhor Jesus Cristo,
Uma das primeiras palavras que uma criança começa a falar é a palavra pai ou papai. Esta palavra é carregada de significados. Ela significa amor, carinho e proteção. A palavra pai também mostra que há um relacionamento. Esse relacionamento entre pai e filho é inquebrável. Mesmo que o pecado enfraqueça este relacionamento, como podemos ver hoje em dia (filhos que não falam com os pais, ou o contrário), mas no fim das contas um filho ou um pai que se ofenderam nunca vão se esquecer um do outro.

A palavra pai dura até mesmo depois que aquela criança cresce, se torna um adulto e tem seus próprios filhos. Pai é tão forte que dura até mesmo depois da morte. Quando alguém pergunta pelo pai que já é falecido, então aquele filho se recorda dos bons momentos com aquela pessoa. Ele ou ela se lembra como o respeito era devido, e como podia confiar naquela pessoa.

É interessante pensar que cada criança tende a considerar que a palavra pai é um termo exclusivo do seu próprio pai. Elas geralmente pensam que seu pai é O pai. Quando os filhos tem os seus próprios filhos, estes pequenos agora ficam surpresos em descobrir que seu pai também tem um pai. Eles dizem: Pai, você também tem um pai!!.

Uma coisa curiosa a se pensar sobre as crianças é que elas não se importam se o seu pai tem um nome. Para elas o nome do seu pai é pai e ponto final. Eu posso testemunhar que a medida que meus filhos mais novos estão crescendo, eles de repente ouvem a minha esposa chamar o meu nome. Eles acham aquilo muito estranho. Ele tem um nome??(elas pensam) Mas o nome dele não é pai?? Eles então começam a repetir o meu nome só para fazer uma comparação. Eles verificam que há uma coisa estranha naquele momento.

Por que estamos falando em tudo isto já que hoje não é o dia dos pais? Neste Domingo chegamos no prefácio da oração que o Senhor nos ensinou. O Senhor Jesus Cristo nos ensinou a orarmos: Pai nosso que estás nos céus. O que esta frase significa? Quais as consequencias desta afirmação? Quais são os benefícios desta afirmação? Vamos ouvir a pregação da Palavra de Cristo que podemos resumir com o seguinte tema:
Cristo nos ensina a como começarmos a nossa oração

Queridos irmãos e irmãs, o Senhor Jesus Cristo nos ensinou a nos dirigirmos a Deus, lá em Mateus 6. 9, como o Pai nosso.
Por que Cristo nos ensinou a começarmos a oração chamando Deus de Pai? Por que Ele não nos ensinou a nos dirigirmos a Deus como o Criador? Ou o Deus Santo? Ou o Deus Justo?

Criador. Os salmos estão cheios de referencias a Deus como o criador. Talvez o Salmo 104 seja o mais marcante. Ele diz que Deus estendeu o céu como uma cortina. Que Ele lançou os fundamentos da terra. Que Ele colocou os montes mais altos.
Quanto a santidade de Deus. Podemos ver esta qualificação naquela visão de Isaías no capítulo 6. E a justiça de Deus? Podemos vê-la em Romanos 3.26, onde Paulo diz que Ele é justo e justificador.

O profeta Habacuque tem uma oração muito bonita lá no capítulo 3. Ao começar a sua oração, ele chama a Deus de SENHOR. Depois ele passa a enumerar os poderosos feitos de Deus. Sua oração é cheia de reverência e confiança no socorro de Deus. Mas Habacuque não chama Deus de pai.
Mas em Cristo somos ensinados Pai nosso. Por quê? Isto é muito significativo. Em Cristo fomos feitos filhos de Deus! Paulo em Gálatas 3.26 diz exatamente isto: Todos vocês são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Quando alguém crê em Cristo, tal pessoa passa do status de um filho do diabo (cf. João 8.44) para o status de filho de Deus.

Em Cristo recebemos o Espírito Santo! Este Espírito que é regenerador nos torna filhos de Deus por adação! No capítulo 4, versículo 6, Paulo repete para os crentes na Galácia as palavras que já tinha falado também para os crentes em Roma: …mas (vocês) receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: Aba, Pai.
“Aba” é um termo hebraico que significa “pai”. “Aba Pai” seria o mesmo que dizer pai pai, ou papai. Veja a boa notícia do evangelho. Por causa de Cristo, o Filho Eterno de Deus, podemos chamar Deus de papai.

Essa maneira de começar a oração (Pai nosso) não deixa de lado as qualidades de Deus: criador, santo, justo, SENHOR (Habacuque 3), perfeito, amoroso, etc.

Quando dizemos Pai nosso, não estamos nos limitando a um ou outro aspecto de Deus, mas estamos pensando e incluindo todos eles.

Pense, por exemplo, em como os filhos veem seus pais terrenos em suas casas. Quando eles falam pai, eles estão pensando em muito mais do que aquele que é o marido da sua mãe. Ou aquele que é o mecânico, ou o caminhoneiro, ou o agricultor. O pai é tudo em uma pessoa só! Portanto, as crianças estão pensando em todas as coisas que o pai é e o que ele faz. Tudo isto ao mesmo tempo.

Por consequência isso deve chamar a nossa atenção para o nosso comportamento. Pois eles podem ter uma imagem positiva ou negativa ao nosso respeito, dependendo do jeito como vivemos.

Pai nosso. É assim que Cristo nos ensina a nos dirigirmos a Deus! Deus se revelou muito mais a nós no Novo Testamento por causa de Cristo. Ele se revelou como um pai amoroso. E nós somos os seus filhos amados!

Talvez a ilustração mais bonita sobre Deus como o nosso Pai esteja lá em Lucas 15.20-32, na Parábola do filho pródigo. Uma parábola é uma história com um ensino dentro. Essa parábola do filho pródigo mostra como Deus age como um pai.

O que podemos aprender sobre Deus como um pai nesta parábola? Aprendemos que Ele é perdoador. Ele é compassivo. Ele é compreensivo. Ele é paciente e sábio. Esse pai muitas vezes nos permite seguirmos em nossa vontade rebelde para nos mostrar que não podemos viver sem Ele. Esse pai amoroso nos ensina que ele recebe todos aqueles filhos rebeldes que se arrependem dos seus pecados e se voltam para Ele.

Queridos irmãos e irmãs, o Deus que é SENHOR, criador dos céus e da terra, santo, justo, misericordioso, é o nosso pai fiel. Essa mesma verdade podemos ler também no Domingo 9, resposta 26: Creio que o eterno Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou, do nada, céu, a terra e tudo o que neles há e ainda os sustenta e governa por seu eterno conselho e providência, é meu Deus e meu Pai, por causa de seu Filho Cristo!

Agora, quais são as consequências desta afirmação Pai nosso? Essa oração deve despertar em nossos corações duas coisas: respeito e confiança.

Respeito. Em outra versão do catecismo lemos reverência. Essa reverência nos chama a atenção. Talvez alguém possa errar pensando que Deus é meramente como o nosso pai terreno. Muitas vezes não respeitamos os nossos pais terrenos, por causa das nossas fraquezas ou as fraquezas deles. Mas Deus é perfeito. Ele não é somente o Deus de amor e misericórdia, mas também é o Deus justo. Ele pude pecados. Tudo isto está numa só pessoa. Ele exige de nós um comportamento respeitoso para com ele.

A pergunta e resposta 121 nos chama a dar mais atenção ao aspecto do respeito ou reverencia quando fala onde é o lugar de habitação deste nosso Pai. Ele está nos céus! E por causa disso, a resposta diz que nós não devemos pensar na majestade de Deus de forma terrena. Deus é aquele que está diante dos anjos nos céus. Todos eles se curvam diante da sua majestade. Assim como os anjos devemos honrar a Deus. Devemos nos curvar diante dele em nossas vidas. Devemos procurar viver uma vida santa. Sem escândalos. Todo o pecado cometido por nós é uma ofensa ao Deus Santo Santo Santo que está nos céus.

Quando um filho de Deus vive uma vida de pecados, ele está desrespeitando o Pai Celestial. Está desonrado este Pai amoroso.

Todos aqueles que já foram ou tem filhos sabem como isto funciona. Quando uma criança vive uma vida de pecados diante das outras crianças, então alguém dirá: Ele ou ela é o filho de fulano! E a outra responderá: Que vergonha! Aquele pai não deu educação ao seu filho? Então, pense nisso! O seu comportamento ou glorifica ou traz vergonhas para o nome de Deus. O nome disso também é blasfêmea.

É melhor que a pessoa assuma de vez que não tem relação com Deus, do que dizer-se um cristão, um filho de Deus, e viver envergonhando seu Pai que está nos céus! Tenha respeito por Deus! Não viva como se sua vida fosse uma coisa desligada do seu Pai. Tudo o que você faz está dizendo alguma coisa sobre seu pai.
Outra coisa. Respeitar a Deus tem uma relação estreita com obediência as suas ordenanças. Se você diz honrar a Deus, mas não tem interesse pela obediência então sua confissão é falsa. Uma das coisas que faz parte da obediência a Deus é atender aos dois cultos no Domingo. Isto faz parte do quarto mandamento. É Deus quem convoca o seu povo, pelo conselho da igreja.

Por que preciso tocar neste ponto? Se você tem dificuldade em obedecer a Deus no que diz respeito a vir aos cultos, isto só mostra que você tem dificuldades em obedecer a Deus durante a semana inteira. O culto no domingo é uma consequência do resto da semana. Faltar aos cultos ou um deles regularmente, sem um motivo justo, é apenas como a ponta do iceberg. O problema de tal pessoa é muito mais profundo. Na verdade tal pessoa tem de verificar como vai sua honra e obediência a Deus durante a semana.

Se você é tal pessoa e tem Deus como o seu Pai, então pense sobre isto. O seu Pai que está nos céus repreende e corrige a todo filho a quem ama, conforme Hebreus 12.5-6,10-12 (ler). Arrependa-se e viva em respeito a este Deus que é cheio de amor.

Outro aspecto que Deus quer nos despertar nesta oração é a confiança. Se você entende bem que Deus é seu Pai e quem Ele é, então a consequencia é confiar nEle. Ele é o Todo Poderoso, criador de tudo. Será que ele vai deixar faltar algumas coisa que atrapalhe seus filhos de servirem a Ele?

Quanto a este ponto é preciso refletirmos sobre uma coisa contra a qual precisamos lutar. Devemos lutar contra um tipo de ateísmo chamado de ateísmo prático. O que é o ateísmo prático? O atéu prático diz confiar em Deus, mas a sua prática de vida diz o contrário.

Por exemplo, vamos voltar para o exemplo do Domingo. O domingo é um dia para pararmos com os trabalhos cotidianos. Fazemos apenas os trabalhos de necessidade neste dia. O domingo é um dia para demostrarmos confiança em Deus. É ele quem cuida de nós. Mas então, imagine que alguém falta um dos cultos para fazer algum trabalho da segunda-feira. Ela está preocupa que se não fizer aquilo no domingo, então não vai ganhar o dinheiro da segunda-feira.
Tal pessoa não estaria sendo um ateu prático?

Hebreus 13. 5 nos diz algo sobre o amor ao dinheiro e a confiança em Deus: Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: Nunca o deixarei, nunca o abandonarei. Podemos pois dizer com confiança: O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens.

Este tipo de confiança é igual a confiança que um filho tem na provisão do seu pai terreno. Uma criança confia no seu pai e ponto final. Ela confia que ele vai providenciar tudo o que é necessário. Uma criança não se questiona: será? Ela não sai pela rua pedindo emprego por causa das dúvidas sobre seu pai.

E quem é Deus em comparação com nossos pais terrenos? Deus é muito maior do que eles. Esse pai perfeito diz em Mateus 7 que podemos confiar nEle: Peçam, e lhes será dado; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.

Os pais terrenos são pecadores. Mesmo assim eles são sensíveis a necessidade dos filhos. Os pais pecadores geralmente sabem dar o que os filhos precisam. Mas e o Pai Celestial? Versículo 11: Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês , que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem.

O nosso Pai está nos céus. Essa é uma afirmação muito forte. A resposta 121 fala que este Pai Celestial é onipotente. O que é ser onipotente? É ter todo o poder! Ele é o SENHOR! Ele é o Criador! Ele é dono de tudo! Ageu 2.8 Deus fala ao profeta: Tanto a prata como o ouro me pertencem, declara o SENHOR dos EXÉRCITOS.

Será que este pai deixará seus filhos em falta? Certamente que não vai!

Ter Deus como o nosso Pai é cheio de benefícios. Ele sem dúvida nenhuma não deixará faltar nada que precisamos! O catecismo fala que ele nos dará o que precisamos para o nosso corpo e a nossa alma. O catecismo quer fazer referencia a coisas necessárias para a nossa salvação.

Talvez você esteja orando por algo e este algo não chegou até você ainda. Você já pensou se isto o que você está pedindo vai cooperar para a sua salvação?

O que você tem pedido? Já se perguntou porque Deus ainda não te deu o que você pede? Você já se perguntou se está pronto para receber estas coisas? Pergunte-se se estas coisas vão ajudá-lo ou prejudicá-lo? Pergunte-se se é o tempo de receber estas coisas?

Em Provérbios 30 a sabedoria manda orar da seguinte forma: não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Senão, tendo demais, eu te negaria e te deixaria e diria: Quem é o SENHOR? Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus.

Outra coisa importante para ter em mente também ao orar é que Deus não vai atende a sua oração se você está em pecado contra alguém. Ou vive em inimizade com alguém. Este princípio está em 1Pedro 3.7. Ali o Apóstolo Pedro fala que quando um marido maltrata a sua esposa, suas orações ficam interrompidas. Ou Isaías 1.15. Ali o profeta fala que Deus escondia de seu povo o seu rosto, quando este povo em pecado levantava a mãos em oração. Faça-se estas peguntas para você mesmo!

O nosso Deus é muito sábio em todas as coisas. Outra coisa que devemos confiar é no silêncio de Deus. O seu silêncio também faz parte do seu cuidado por nós. Seu silêncio nos ensina. Até quando Ele não fala, continua sendo sábio.

Pai nosso nos chama a esperarmos pelo Senhor. Nosso Pai Celestial conhece as nossas necessidades muito mais do que nós mesmos. Salmo 139, Ele revela que nos conhece por completo: SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos…antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, SENHOR.

O nosso Pai quer que confiemos nEle. Especialmente nos tempos de dificuldades. Não devemos perder a fé nEle, mas desenvolvermos a nossa fé nEle em meio as dificuldades. Devemos orar como o profeta Habacuque lá em Habacuque 3.17-19: Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; ele me faz habilitar e a andar em lugares altos.

Concluindo meus amados irmãos e irmãs, Cristo nos ensina a começarmos nossa oração com este entendimento de quem é o nosso Pai. Que o nosso Pai que está nos céus nos faça crescer como seus filhos. Que conheçamos, vivamos conforme a vontade dEle,e confiemos cada vez mais nEle. Espere nele conforme o profeta Isaías, no capítulo 40: Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão;Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.

Amém!

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Marcel Tavares

É pastor na Igreja Reformada em Cabo Frio. Licenciado em matemática e foi professor por muitos anos. Bacharel em Divindade pelo Instituto João Calvino.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.