Dia do Senhor 07

Leitura: Romanos 11.11-24
Texto: Dia do Senhor 07

Amada congregação do Senhor Jesus Cristo e demais ouvintes,
O Dia do Senhor 7 trata sobre o meio pelo qual somos salvos da ira de Deus.

A Escritura nos ensina que em Adão todos nós pecamos e nos perdemos nele. A perdição é um salário, ou seja, é o pagamento da nossa obra de desobediência contra Deus. A perdição é universal, pois todos pecaram. Por isso, todos os seres humanos destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23; 6.23).

A mesma Escritura ensina que a salvação não é universal. A salvação é um presente de Deus. O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23).

Jesus Cristo deixou muito claro que somente poucos entrarão no Seu Reino (Mt 7.14): “…porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Em outro lugar o Senhor Jesus Cristo disse que o chamado externo do evangelho é feito a muitos, mas há poucos eleitos (Mt 22.14): “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”. Então, nós podemos dizer que não há uma salvação universal (universalismo) que beneficie todos os homens.

Então, como podemos ser salvos por Cristo Jesus? Por meio de quê recebemos a salvação? A resposta a essas perguntas vem da Escritura. Sendo assim, com base nela proclamo o evangelho no seguinte tema:

Tema: A verdadeira fé é o meio pelo qual somos ligados a Cristo e recebemos dEle os benefícios salvadores

A salvação é um dom de Deus. Somente participa dela quem foi enxertado em Cristo Jesus pela verdadeira fé. Isso confessamos no Catecismo de Heidelberg na P e R 20.

Essa verdade vemos no ensino do apóstolo Paulo em Romanos. Ele ensinou à igreja em Roma sobre a eleição para a salvação graciosa em Cristo.

O apóstolo nesse tema explicou a incredulidade da nação Israel e combateu a soberba dos irmãos gentios contra os judeus.

O apóstolo exortou a igreja a ser humilde não olhando para os judeus com desprezo, como um povo que Deus houvesse rejeitado para sempre, pessoas indignas do evangelho da graça (Rm 11.16-21).
Para esclarecer mais sua exortação, então, o apóstolo Paulo usou uma ilustração retirada da agricultura. Ele falou de duas oliveiras. Uma oliveira frutífera e outra selvagem (brava) que não dá fruto. Essas oliveiras são usadas para compara nação com nação.

O apóstolo comparou o povo pactual de Deus a oliveira frutífera. A raiz da oliveira, o pai desse povo pactual, era Abraão. Deus fez uma Aliança com Abraão. Os descendentes de Abraão foram beneficiados com essa Aliança. O SENHOR santificou Abraão e a sua descendência. Ele separou para si um povo especial: representado na nação de Israel. Então, Deus deu a Israel uma posição especial diante das nações gentias. Essa posição não foi pelo mérito de Israel, mas foi fruto da eleição graciosa de Deus (Dt 7.6-10).

Os gentios foram comparados a ramos de uma oliveira infrutífera. De fato, Deus na Antiga Aliança desprezou as nações gentias. Os gentios não faziam parte do povo de Deus, salvo alguns casos especiais: Raabe por exemplo.

Então, os irmãos gentios não deveriam ser tomados de arrogância e soberba considerando os judeus sem dignidade. De fato, em Adão não temos nenhuma dignidade, somos iguais aos judeus e eles a nós (Rm 3.9). Mas, por causa da Aliança de Deus com Abraão, os judeus gozavam de privilégios graciosos (Rm 9.4-5; 11.28,29).

Os gentios foram muito beneficiados através do ministério dos judeus: A salvação vinha dos judeus. Abraão era o pai dos judeus. Dele veio o Cristo. Jesus, o Salvador das nações, era um judeu segundo a natureza humana dEle. Os apóstolos que pregaram o evangelho de Cristo eram judeus. Nesse sentido, nós, os gentios devemos muito a nação de Israel (Rm 11.11-15).

Os judeus não foram beneficiados pelos gentios. Os gentios são os beneficiados. Eles sendo feitos participantes da promessa dada a Abraão e recebendo a seiva das bênçãos da Aliança de graça. Os gentios é quem são sustentados pela raiz e não o contrário (Rm 11.17,18).

Por causa da eleição os crentes gentios de modo nenhum deveriam se ensoberbecer contra os judeus, os ramos naturais da oliveira do povo da Aliança. Os gentios não deveriam se achar especiais por que alguns os judeus foram cortados. Mas, deveriam ser humildes por que os gentios foram tirados do mundo e enxertados no povo de Deus. (Rm 11.19)

Nesse ponto da Escritura somos instruídos que somente podemos participar da salvação se estivermos ligados a Cristo por meio da verdadeira fé (vejam os vs. 20-24).

Os judeus não creram no evangelho de Cristo e foram cortados do povo de Deus. Não todo Israel foi cortado, mas alguns ramos (v. 17). Essa situação será revertida se abandonarem a incredulidade e crerem no evangelho da cruz. Quando um judeu crê em Cristo Jesus, então, ele é enxertado na oliveira, no povo pactual de Deus (v. 23).

Os gentios que não eram povo de Deus, que não faziam parte da Aliança da Graça feita com Abraão, que não eram herdeiros da promessa de Salvação, foram ramos enxertados no povo de Deus através da fé em Cristo. Quando cremos somos enxertados no povo de Deus, então, somos enxertados, batizados no corpo de Cristo, que é a igreja de Deus (1 Co 12.13).

Assim, aprendemos no Evangelho que é através da fé em Cristo que participamos do povo pactual cuja a raiz santa é o pai Abraão (o pai de todos os crentes –Rm 4).

É por meio da fé em Cristo Jesus que nos dá o direito da adoção de filhos de Deus. É através da verdadeira fé que nos faz participar dos benefícios salvadores que são prometidos na Aliança graciosa de Deus com o Seu povo: a remissão dos pecados, a justiça eterna, e salvação por pura graça e somente pelos méritos de Cristo.

Essa mensagem do apóstolo mostrou aos irmãos gentios em Roma. Eles eram pecadores miseráveis e indignos da graça de Deus, mas que por causa da eleição de Deus foram colocados dentro do povo de Deus. Essa inserção foi uma obra de Deus através da fé somente.

Essa doutrina teve um valor muito prático para os cristãos. Que valor? Essa doutrina esmaga toda soberba humana.

Os irmãos em Roma corriam o risco de se deixarem vencer pela soberba humana, que nos leva nos gloriarmos sobre nosso próximo, a desprezar e se vangloriar. Mas, os irmãos gentios aprenderam quem eles eram antes de provarem a bondade de Deus. Eles foram eleitos para fazerem parte do povo de Deus, a oliveira.

Essa eleição não foi por mérito deles, mas pela bondade de Deus, que escolheu gentios para gozarem da Salvação prometida a Abraão. Essa salvação que está em Cristo Jesus e que recebemos através da verdadeira fé.

A eleição para a salvação por meio da verdadeira fé é ensinada no Catecismo, pois confessamos que são salvos somente aqueles “os que pela verdadeira fé foram enxertados” (P e R 20). Essa expressão mostra a nossa passividade na salvação. Nós não nos enxertamos em Cristo. Mas, através da verdadeira fé, fomos enxertados em Cristo e aceitamos todos os Seus benefícios.

Esse aceitar os benefícios é fruto da verdadeira fé. Essa fé não é uma obra do homem. O Catecismo diz, “O Espírito Santo realiza essa fé em meu coração por meio do evangelho”.

O Catecismo de Heidelberg professa a doutrina bíblica que ensina que a salvação é fruto da eleição de Deus. O SENHOR Deus que escolheu judeus e gentios para, pela verdadeira fé, ligá-los a Cristo Jesus.
Os irmãos gentios não tinham motivo de orgulho e arrogância contra os judeus. Se Deus ligou gentios ao Seu povo, então, quanto mais com aqueles que eram descendentes naturais de Abraão? Deus não rejeitou todo Israel. Mas, Ele tem seus eleitos entre os judeus e salvará a estes. Isso por causa da Aliança feita com Abraão (vs 24).

Por isso, nenhum cristão gentio deve desprezar os judeus só porque são judeus. Deus ainda tem um plano salvador para Israel. Ele não rejeitou os judeus (Rm 11.28-32).

O SENHOR é bondoso e tem formado Sua igreja com os seus eleitos tirados de Israel e de outras nações do mundo. Pois, o evangelho pregado por Deus a Abraão foi (Gl 3.8): “Em ti, serão abençoados todos os povos”.

O evangelho ensina que devemos ser mais humildes que os crentes judeus. Não éramos povo de Deus. Não éramos herdeiros naturais da promessa, pois não viemos da semente de Abraão. Nós estávamos debaixo da maldição de Deus. Mas, pela graça e misericórdia de Deus, elegeu gentios para dar a Seu Filho Jesus Cristo.

Se hoje cremos em Cristo Jesus não foi uma obra de nossa vontade humana caída. Cremos em Cristo por causa da eleição de Deus. A verdadeira fé é o resultado da eleição graciosa do Senhor, pois assim diz a Escritura (At 13.48): “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”. Essa declaração confirma que muitos são chamados, mas poucos, escolhidos (Mt 22.14).

Foi o Espírito de Deus quem nos enviou os mensageiros de Sua Palavra para que nós ouvíssemos o evangelho, crêssemos em Cristo e invocássemos o Seu nome para sermos salvos, pois diz o apóstolo (Rm 10.14-17): “… Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas, nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”.

Essas partes da Escritura nos dá a segurança de dizer que a incredulidade, de judeus e gentios, é culpa do pecador (Rm 10.16-21). Mas, a verdadeira fé é uma obra soberana do Espírito Santo. Ele opera poderosamente em nós essa fé usando o evangelho de Cristo.

Por isso, quando vemos um pecador convicto que tudo na Escritura é a verdade de Deus revelada ao homem, então, ali vemos um pecador que recebeu de Deus a verdadeira fé. Quando vemos um pecador confessando com a boca o evangelho da cruz, então, podemos ver que no seu coração dele há a verdadeira fé. Quando confessamos que nossa salvação depende somente da graça de Deus, da obediência e dos méritos de Cristo Jesus, então, podemos confiar que o Espírito Santo nos tem dado a verdadeira fé. Pois, essa fé nos leva a confiar que Deus concedeu, por pura graça, não só a outros, mas também a mim a remissão dos pecados, a justiça eterna e a salvação somente pelos méritos de Cristo.

Agora, você pode estar perguntando: Como sei que tenho essa verdadeira fé?

Pergunto a você: Qual a sua consideração pela Escritura? Para você tudo na Escritura é a Palavra revelada de Deus? Qual a sua consideração por Cristo e pela obra dEle na cruz? Você confia que somente a obediência de Cristo e os méritos dele são suficientes para sua salvação? Em quem você somente confia para salvação? Em santos falecidos, nas suas boas obras, ou, somente em Cristo Jesus, o Filho de Deus?

As respostas a essas perguntas ajudarão a você ver se a verdadeira fé está no seu coração. Pois, a verdadeira fé vai dizer: Amém para toda a Escritura! A verdadeira fé vai fazer você negar outros mediadores e somente abraçar a Cristo Jesus, o único mediador. A verdadeira fé vai levar você a crer que a obediência perfeita de Cristo é nossa, quando cremos nEle!

Outra coisa sobre essa verdadeira fé é que nem sempre ela é forte nos eleitos de Deus. Muitas vezes, por causa de nossa fraqueza humana e tribulações, podemos achar que não temos certeza da verdadeira fé. Por isso, o SENHOR Jesus nos concedeu a palavra e os sacramentos para fortalecer a fé dos seus eleitos.

Sendo assim, quando você sentir que a sua confiança em Jesus Cristo está fraca e parece ser perdida, então, ouça o evangelho da cruz que garante a você que a obediência e os méritos de Cristo são nossos por meio da fé. Peça que Deus use o evangelho e os sacramentos (batismo e Ceia do Senhor), para pela pregação acrescentar e pelos sacramentos fortalecer a fé que o Espírito deu a você.

Mas, a coisa mais confortante é que essa verdadeira fé nos traz consolo na vida e na morte, pois ela produz no coração a convicção que não pertencemos a nós mesmos, mas somos, corpo e alma de Cristo Jesus! Aleluia!

Amados irmãos, o evangelho nos ensina que através da verdadeira fé judeus e não judeus (gentios) são enxertados em Cristo e são libertados da severa e justa ira de Deus. Essa ira repousa sobre todos que não creem no evangelho da cruz (Jo 3.36).

O desejo revelado de Deus é que todos, especialmente os cristão, creiam em tudo o que nos é prometido no Evangelho. Em tudo e não somente em partes do evangelho. Em tudo que é revelado no evangelho e não somente o que nos é conveniente crer.

Agora, onde podemos aprender o evangelho?

Claro que o evangelho está em toda a Escritura (do Antigo e do Novo Testamento). Mas, a igreja de Cristo resumiu a fé cristã em 12 artigos de fé. Esses artigos da fé cristã são confessados no Credo Apostólico (Catecismo, P e R 22).

A palavra “credo” é repudiada por muitos cristãos. Mas, esse repúdio é somente ignorância e uma reação infundada contra a atual igreja de Roma. Por quê? Por que a palavra “credo” somente significa “creio” (em latim).

A igreja sempre foi um povo que confessa a sua fé. A igreja no Antigo Testamento, entre as nações gentias, confessava que Yahweh é o único SENHOR (Dt 6.4). No Novo Testamento essa igreja de Deus confessou Cristo Jesus e a salvação pela fé, pois, como disse o apóstolo Paulo (Rm 10.9,10): “Se , com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação”.

A igreja de Cristo não tem receio de dizer: “creio”. A igreja desde o tempo dos apóstolos tem escrito credos, confissões e catecismos cristãos. Esses escritos não são a Palavra de Deus, mas confessam a Escritura.

A igreja escreveu credos e confissões para deixar clara a fé cristã ao mundo pagão, para manter a unidade entre os cristãos, para instruir os seus membros, para evangelizar as nações pagãs e se proteger das heresias nocivas ao cristianismo bíblico.

Sendo assim, o Credo Apostólico não é um documento do Papa de Roma, mas é um resumo da fé cristã, católica (universal), apostólica (ensinada pelos apóstolos). Essa fé cristã é indubitável (não pode ser duvidada), pois é baseada na Palavra de Deus revelada.

Assim, amados irmãos continuemos a viver a verdadeira fé. Essa fé que nos liga a Cristo e nos faz participar de todos os benefícios salvadores dEle: Sua justiça e a vida que somente encontramos nele. Por isso, terminemos esse sermão confessando o credo apostólico conforme está em nosso Catecismo:

  1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
  2. e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
  3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
  4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao reino dos mortos;
  5. no terceiro dia ressurgiu dos mortos;
  6. subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso;
  7. donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
  8. Creio no Espírito Santo;
  9. na santa igreja universal de Cristo, a comunhão dos santos;
  10. na remissão dos pecados;
  11. na ressurreição da carne
  12. e na vida eterna. Amém.
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Adriano Gama

Ministro da Palavra das Igrejas Reformadas do Brasil (IRB). Mora em Curitiba e serve como missionário na Igreja Reformada Ebenezer (Colombo – PR)

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.