Hebreus 4.14-5.10

Leitura: Salmo 110
Texto: Hebreus 4.14 a 5.10

AMBIENTE

Amados irmãos no Senhor,

Hoje nós veremos mais uma exposição bíblica a partir do texto da carta aos Hebreus. Como eu disse antes, essa carta foi escrita para, entre outras coisas, admoestar e exortar os irmãos de maioria judaica a não abandonarem a sua fé cristã. De fato, alguns já tinham abandonado a igreja por causa de perseguições e de dúvidas quanto a veracidade da fé cristã. Eles fizeram isso para voltarem ao velho judaísmo ou para abandonarem definitivamente a fé no Deus das Sagradas Escrituras. Portanto, para firmar os passos dos que ainda estavam na igreja, de modo que eles compreendessem que estavam no caminho certo, o escritor escreveu essa carta mostrando a superioridade da nova aliança em relação à antiga.

Com o intuito de mostrar essa superioridade, o autor de Hebreus tem apresentado uma série de comparações que mostram que a pessoa e o ministério de Cristo são infinitamente mais gloriosos e eficazes do que as pessoas e as instituições que faziam parte da antiga aliança. Foi nesse sentido que nos capítulos anteriores, ele já mostrou em sua carta que:

  1. Cristo é superior aos profetas, pois ele é o maior de todos os profetas.
  2. Cristo é superior aos anjos, pois ele é o Filho Unigênito de Deus.
  3. Cristo é superior a Adão, pois todas as coisas foram sujeitas a ele, o maior de todos os seres humanos, e ele as reconquistou para os seus irmãos.
  4. Cristo é superior a todos os apóstolos, isto é, a todos os enviados por Deus, pois ele é o grande Apóstolo de Deus.
  5. Cristo é superior a Moisés, pois ele é mais do que um mordomo na casa de Deus.
  6. Cristo é superior a Josué, pois conseguiu dar o verdadeiro descanso para o povo do Senhor.

E, no sermão de hoje, veremos que Cristo é também superior a todos os demais sacerdotes que já foram estabelecidos por Deus nos tempos da antiga aliança: Ele é maior do que o sacerdote Arão e maior do que o sacerdote Melquisedeque. É isso que veremos a partir de agora.

MENSAGEM

Inicialmente, é importante destacar para vocês que o ofício sacerdotal de Cristo é o principal foco da carta aos Hebreus. Digo isso porque o escritor desta carta dedicou uma boa parte dela para focar justamente no ofício sacerdotal de Cristo. Sim, ele já mostrou que Cristo é superior aos profetas, aos anjos, a Adão como cabeça da raça humana, aos apóstolos, a Moisés e a Josué. Porém, tudo isso para mostrar as demais qualificações do nosso sumo sacerdote Jesus Cristo. Ele era um sumo sacerdote que tinha outras capacidades que o deixavam ainda mais eficiente para realizar a sua obra.

Assim sendo, era importante que além daqueles ofícios, ele exercesse o principal de todos: O ofício sacerdotal. Por que isso? Porque era importante que o Salvador expiasse definitivamente os pecados do seu povo. E para pagar os pecados do seu povo, esse Salvador precisava ser um verdadeiro sacerdote que pudesse entrar nos Santos dos Santos lá nos céus e pagasse a nossa dívida diante de Deus.

Para que vocês entendam que o foco do escritor de Hebreus estava mais centralizado no ofício sacerdotal, basta que vocês observem que ele já mencionou esse ofício sagrado em outros dois lugares nos capítulos anteriores: 2.17 e 3.1. E a partir do texto de hoje, nós veremos que ele vai dedicar mais palavras para falar de Cristo como o nosso Sumo Sacerdote. Ele vai dizer algo aqui, depois vai fazer uma breve interlúdio no capítulo 6, mas logo em seguida vai retornar a assunto do ofício sacerdotal do capítulo 7 ao capítulo 10.

Ao fazer isso, isto é, ao destacar com tanta ênfase o ofício sacerdotal de Cristo, o escritor desta carta mostra o quanto é importante a obra sacrificial de Cristo e o quanto é importante que os cristãos permanecem firmes na fé no Filho de Deus que se fez homem, viveu entre nós e morreu para a nossa salvação.

Dito isso de modo introdutório, vejamos, então o que o texto de hoje tem a nos dizer. Para que possamos entender essa passagem bíblica, eu pretendo falar sobre três assuntos que aparecem na mesma:

  1. O ofício sacerdotal de Arão.
  2. O ofício sacerdotal de Melquisedeque.
  3. O ofício sacerdotal de Jesus Cristo.

Assim sendo,

1 – O ofício sacerdotal de Arão.

Apesar do ofício sacerdotal de Melquisedeque ter vindo primeiro, ainda assim eu entendo que devo começar essa explicação primeiramente pelo sacerdócio de Arão, pois este está ricamente detalhado nos escritos de Moisés, e as palavras do autor de Hebreus para mostrar mais pormenorizadamente o ministério de Jesus Cristo foram baseadas nesse sacerdócio vivenciado por muitos séculos dentra da igreja do Senhor no AT.

Falando mais especificamente sobre o ofício sacerdotal de Arão, o autor de Hebreus disse assim (5.1-4): “Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados, e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo. Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão”.

Estas palavras mostram a natureza do ofício sacerdotal da linhagem de Arão. Sim, é verdade que o próprio Melquisedeque também se enquadra nesses padrões sacerdotais listados aqui. Porém, a linguagem do autor de Hebreus revela que ele está se referindo a um sacerdócio que vem sendo mantido por vários anos dentro da igreja, e não de um sacerdócio que ficou retido somente durante o período de vida de Melquisedeque, onde não apareceram outros substitutos ao longo dos anos no AT.

Ou seja, o escritor fala de um sacerdócio que vem sendo constituído por homens mortais que vão substituindo uns aos outros ao longo do tempo, pois as palavras que ele registrou no início do capítulo 5 foram estas: “Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus”. Sim, é dessa forma que o sacerdócio de Arão atuou por longos anos em Israel. A cada geração, Deus levantava para si um homem pecador para exercer esse importante ofício no seu templo em Jerusalém.

Para ser um sumo sacerdote em Jerusalém, era necessário que ele fosse da família de Arão. Sendo assim, isso significa que aquele homem era um pecador como todos nós. Por esse motivo, ele era um representante adequado para exercer esse ofício, pois ele tinha as mesmas fraquezas do que nós, e ele tinha pecados que precisavam ser expiados tal como os demais homens e mulheres do seu povo. E seu trabalho era apresentar ofertas de manjares e ofertas sacrificiais a Deus de modo contínuo no templo em Jerusalém.

Porém, como veremos mais à frente nesta carta, todas essas fraquezas e pecados, e toda essa repetição de homens ocupando o ofício sacerdotal de Arão, e toda essa continuidade ininterrupta de oferecimentos de ofertas e de sacrifícios, tudo isso era uma prova da ineficiência desse sacerdócio em realmente trazer a salvação para os filhos de Deus. O trabalho deles era necessário porque era preparatório e apontava para Cristo. Mas ele não possuía os efeitos de uma expiação superior e definitiva para salvar os homens porque era apenas simbólico e baseado em sangue de animais.

Sim, também é verdade que as fraquezas e os pecados daqueles sacerdotes ajudava bastante na intercessão que eles faziam diante de Deus em prol dos seus irmãos, pois eles padeciam das mesmas dores e das mesmas tentações que os demais. Todo sacerdote da linhagem de Arão podia entender e condoer-se da ignorância e dos erros das pessoas do seu povo, pois ele também era um pecador. Porém, era preciso muito mais do que isso para realmente salvar os homens. Era preciso que viesse um sumo sacerdote perfeito para entrar não no santuário terrestre localizado em Jerusalém, mas no Santos dos Santos localizado lá nos céus.

Agora devemos pensar: Será que aquele outro sacerdote chamado Melquisedeque conseguiu fazer isso? Será que ele era um homem sem pecado e exerceu um sacerdócio completo e definitivo? Será que ele conseguiu entrar nos Santos dos Santos lá nos céus a fim de oferecer o mais perfeito dos sacrifícios? Vejamos, então, como foi o ofício sacerdotal de Melquisedeque.

2 – O ofício sacerdotal de Melquisedeque.

Na verdade, o ofício sacerdotal de Melquisedeque será mais detalhado pelo autor de Hebreus no capítulo 7. Contudo, já podemos dizer algumas coisas referente a esse ofício a partir desse texto. E a primeira coisa que temos a dizer é que aquele homem chamado Melquisedeque não era o Senhor Jesus Cristo pré-encarnado como alguns podem pensar. Não. Ele era um homem normal. Ele era um rei de uma cidade muito antiga, chamada Salém, e que posteriormente veio a ser chamada Jerusalém.

Não sabemos muitos detalhes sobre o trabalho de Melquisedeque como sumo sacerdote. Sabemos apenas aquilo que está registrado no livro de Gênesis, de que ele se encontrou com o patriarca Abraão, que recebeu dízimos de Abraão, que trouxe pão e vinho para o patriarca e que o abençoou antes de ir embora para sua cidade. Outros detalhes não temos mais para falar sobre ele neste momento, pois, como eu disse, veremos mais informações sobre Melquisedeque no capítulo 7.

O que podemos compreender desde já, não somente pelo que ainda veremos na carta aos Hebreus, mas mais especificamente no Salmo 110, é que o sacerdócio de Melquisedeque era muito mais superior do que o sacerdócio da linhagem de Arão. Sabemos disso porque foi este tipo de sacerdócio que foi escolhido por Deus para ser exercido por seu Filho aqui na terra e também nos céus. Observe novamente o que diz o Salmo 110, versículos 1 e 4:

  1. Salmo 110.1: “Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Conforme Jesus Cristo mesmo explicou, Deus está falando aqui com o seu Filho, o Senhor de Davi.
  1. Salmo 110.4: “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. Aqui podemos ver que o Filho de Deus mencionado no versículo 1 é um sacerdote da ordem sacerdotal de Melquisedeque. Portanto, Deus escolheu essa ordem para ser a ordem ocupada pelo Senhor Jesus. E isso significa que a ordem de Melquisedeque era muito mais superior do que a ordem de Arão.

Essa ordem era superior porque Melquisedeque estava acima do patriarca Abraão; era superior porque o ofício sacerdotal de Melquisedeque não tinha um começo e nem um fim pré-estabelecido por uma lei veterotestamentária; era superior porque a pessoa de Melquisedeque representava Cristo de um modo muito mais claro, pois Cristo, assim como Melquisedeque, não precisava dos requisitos necessários para fazer parte da linhagem de Arão, isto é, de ser alguém dentre os levitas; era superior porque estava fundamentado num juramento estabelecido pelo próprio Deus. Portanto, vejamos…

3 – O ofício sacerdotal de Jesus Cristo.

Pelo que ouvimos até agora, nós já entendemos porque Cristo era da ordem sacerdotal de Melquisedeque. Entretanto, ele também era muito mais superior do que o próprio Melquisedeque. Melquisedeque era um pecador como os demais; Melquisedeque não entrou nos Santos dos Santos celestial; Melquisedeque não ofereceu a sua própria vida para salvar a igreja do Senhor.

Por sua vez, Jesus Cristo fez tudo isso de modo perfeito e completo. Ele não era um pecador como nós. Sobre Cristo, o escritor de Hebreus disse o seguinte: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.

Assim sendo, ao contrário do fraco e pecador Melquisedeque, Jesus Cristo é o eterno e natural Filho Unigênito de Deus. Portanto, ele é Deus juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Ao contrário de Melquisedeque, Cristo atravessou os céus e entrou na presença de seu Pai com o mais perfeito sacrifício que alguém poderia oferecer. Sim, mesmo não sendo um pecador como nós, ele sentiu em seu corpo as fraquezas da nossa carne.

Ele foi tentado em tudo, durante toda a sua vida aqui na terra, e não somente durante os 40 dias que passou no deserto. Ele foi tentado, mas não pecou jamais. E por isso ele sabe o que é sofrer aqui neste mundo, e por isso pode ser nosso representante diante de Deus e pode oferecer orações intercessórias por nós com o mesmo fervor (e até melhor) do que qualquer outro homem ferido poderia oferecer diante de Deus.

É isso que o escritor de Hebreus deixa ainda mais claro no capítulo 5, versículos 7 a 9:  “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.

Quando o autor de Hebreus escreveu isso, ele certamente se lembrou do Senhor Jesus Cristo quando estava orando no jardim do Getsêmani, quando o Senhor suou gotas de sangue. Sim, Cristo realmente sofreu em sua carne para demonstrar sua obediência à vontade de Deus. Ele passou pela escola do sofrimento para ser o Autor da nossa salvação. Esse sofrimento deixou ainda mais perfeito o seu trabalho como sacerdote do seu povo, e esse sofrimento o capacita a compreender as dores e os sofrimentos do seu povo.

ATUALIZAÇÃO

Em primeiro lugar, diante do que aprendemos hoje, devo afirmar que nós não devemos aceitar essa nova ordem sacerdotal estabelecida pelas igrejas gregas e latinas, além da ordem sacerdotal já exercida e cumprida pelo Senhor Jesus Cristo. Sim, nós somos um reino de sacerdotes. Porém, o nosso sacerdócio não é uma imitação da linhagem sacerdotal de Arão. Quem procura inventar uma linhagem sacerdotal semelhante ao sacerdócio de Arão são os gregos e latinos.

Observem que eles desenvolveram um culto que procura reproduzir o ofício dos sacerdotes do AT. Eles fabricaram ritos, cerimônias, roupas e instrumentos litúrgicos para se assemelharem aos antigos sacerdotes. Em outras palavras, além do sacerdócio de Melquisedeque e do sacerdócio de Arão, essas igrejas criaram o sacerdócio de Pedro. E ao criarem o sacerdócio de Pedro, elas desenvolveram toda uma estrutura de ordem sacerdotal dentro de suas igrejas.

Porém, quando elas fazem isso, elas estão tentando imitar algo que já passou e que já foi cumprido pelo Senhor Jesus Cristo. Portanto, o que esses falsos pastores fazem é uma profanação do sacerdócio de Cristo. E é por isso que essas igrejas devem ser rejeitadas por todos nós. Sim, essas igrejas já foram fiéis lá no passado, mas agora elas são igrejas apóstatas. Elas caíram em grande apostasia, e Cristo removeu o candeeiro dessas igrejas. Elas não estão mais em torno de Cristo (Apocalipse 1.12-13).

Elas profanaram as coisas santas e por isso andam por si mesmas, sem Cristo e sem Deus no mundo. Sua religião traz apenas alguns traços do seu velho cristianismo. Mas, esses vestígios de uma religiosidade cristã são apenas os resquícios de um tempo em que elas realmente amavam o Salvador.

Em segundo lugar, nosso dever, assim como foi para os primeiros leitores dessa carta, é conservarmos firmes a nossa confissão (Hebreus 4.14). Ou seja, nós devemos segurar bem firme a nossa confissão, devemos guardar bem juntinho de nós, “em nosso peito”, a nossa confissão. Mas, que confissão? O autor de Hebreus estava falando daquela boa confissão que fizemos diante de Deus e de muitas testemunhas. Ele estava falando da nossa pública profissão de fé. Portanto, manter firme a confissão pública da nossa fé implica em dizer que:

  1. Devemos continuar na mesma fé, na mesma esperança de vida eterna e no mesmo amor para com Deus e para com os homens. Não devemos mudar de posicionamento doutrinário, não devemos ficar titubeando de um lado para o outro com dúvidas sobre o evangelho. O que devemos fazer é ficar firmes até o fim, crendo na sã doutrina sem sombras de variação ou de mudanças.
  1. Devemos professar essa fé todos os dias aos olhos deste mundo. Não devemos esconder a nossa fé, não devemos nos acovardar diante das perseguições dos homens, não devemos deixar de anunciar a nossa fé a todo aquele que pede a razão da nossa religião. Devemos nos manter firmes no mesmo evangelho, custe o que custar. Nós não devemos ser crentes fracos que, quando enfrentam problemas, querem logo sair da igreja. Sair da igreja e ir para outra não vai adiantar de nada, pois outros problemas vão surgir por lá. E como você vai reagir nessa nova igreja? Vai abandonar o barco como fez da primeira vez? Meus irmãos, esta igreja prega o verdadeiro evangelho. Portanto, fique satisfeito com o que Deus tem dado para você. Não reclame da boa comida que o Senhor está lhe dando. A única razão para sair de uma igreja é quando ela se torna infiel, ou seja, quando ela não está mais manifestando as três marcas da verdadeira igreja: A pura pregação do evangelho, a administração correta dos sacramentos e a aplicação da disciplina cristã.

Em terceiro lugar, nosso dever, o qual também era o dever daqueles cristãos hebreus, é  Achegarmo-nos “confiadamente junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.16). Quando o autor de Hebreus usou o verbo “achegar”, ele fez uso de uma palavra usada na versão grega do AT para falar da aproximação dos sacerdotes junto ao templo de Deus. Portanto, considerando que somos um reino de sacerdotes (não do jeito católico romano), e que o autor de hebreus estava falando do trabalho do sumo sacerdote diante de Deus, então fica óbvio pensarmos que ele estava falando primeiramente do nosso acesso direto ao trono de Deus a cada domingo.

Sim, pois, a cada domingo, os céus se abrem diante de nós aqui no culto, e pelos olhos da fé nós vemos o trono de Deus lá nos céus. E diante do trono de Deus, nós nos aproximamos do Senhor em verdadeira adoração. Isso é algo que somente os crentes podem ver e entender. Não estamos numa simples reunião de caráter religioso. Nós estamos diante do Deus Vivo. Estamos, por assim dizer, diante do trono de Deus neste momento. E cabe a nós nos aproximarmos desse trono agora com grande confiança.

Sim, devemos ter tremor e temor, mas não devemos ter medo de sermos destruídos. Nós hoje podemos levantar nossas vozes para o trono da graça de Deus, e ele vai nos receber e nos ouvir: Ouvir nossos louvores, ouvir nossas orações, ouvir nossos pedidos de socorro. E na ocasião certa, no tempo certo, Deus vai responder às nossas orações e às nossas lágrimas.

Mas, não devemos limitar o nosso acesso a Deus somente aqui nos cultos dominicais. Deus também está disposto a nos receber diante do seu trono celestial quando estivermos, por exemplo, orando em nosso quarto. Deus está nos vendo e ouvindo as nossas palavras. Nossas orações de pedido de socorro estão sim chegando aos céus, estão chegando ao seu trono de graça, misericórdia e amor. Confie nisso. Estabeleça religiosamente uma vida de oração em sua vida, em sua casa. Deus ouve as orações do seu povo.

Em quarto e último lugar, nós também devemos imitar a Cristo ao nos compadecer dos nossos irmãos. Observem que o texto de hoje falou da capacidade de Cristo em se compadecer de nós. Ele sofreu muitas dores quando esteve neste mundo. Ele foi tentado de diversas formas e em diferentes ocasiões. Ele sabe o que é ser um ser humano neste mundo. Ele sabe das nossas fraquezas e das nossas necessidades. Mas, ele nos ama. Ele é bondoso e paciente conosco. E nós 一 como bons sacerdotes que somos, como bons cristãos que somos, que devemos não somente amar as pessoas com boas palavras, mas também de fato e de verdade 一 também devemos fazer o mesmo.

Cada um de vocês deve igualmente se compadecer uns dos outros. Somos uma igreja de pecadores. Vamos falhar uns com os outros. Mas somos cristãos e devemos ter paciência e devemos compreender que todos estamos seguindo na mesma direção. Uns são mais fracos do que os outros; uns precisam crescer mais em santidade; uns precisam aprender mais a como lidar com os demais; mas todos fazemos parte da mesma família. E nesta família deve haver amor, deve haver tolerância, deve haver paciência.

Na verdade, somos tão diferentes uns dos outros; e vivemos constantemente pecando contra Deus e contra o nosso próximo. Mas, ao mesmo tempo, devemos ser como Jesus Cristo, que nos amou mesmo assim. E se você quer ser um verdadeiro discípulo de Cristo, também deve amar aqueles que ele também amou. Lembre-se disso e viva em paz com seus irmãos nesta igreja.

Amém.

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Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.