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Números 01.01-03

Leitura: Números 1; Efésios 6.10-18; Mateus 5.38-48.
Texto: Números 01.01-03

Amados irmãos no Senhor,

As Sagradas Escrituras começam com os cinco livros escritos por Moisés. No primeiro livro, chamado de Gênesis, Moisés mostrou como Deus criou todas as coisas; como o pecado entrou no mundo; como à corrupção do homem levou à destruição por meio do dilúvio que inundou toda a terra; como Deus chamou Abraão, fazendo uma aliança com ele e com os seus descendentes; e como estes descendentes chegaram até o Egito.

No segundo livro, chamado de Êxodo, Moisés mostra que os filhos de Abraão se multiplicam no Egito e que, posteriormente, foram escravizados por aquela nação. Êxodo mostra o chamado de Moisés e a libertação dos judeus que aconteceu após 10 pragas que Deus lançou sobre o Egito. Este livro também mostra a primeira celebração da páscoa; a passagem do povo pelo mar vermelho; a entrega da lei no monte Sinal; o estabelecimento da aliança com a igreja do AT; e construção do tabernáculo.

No terceiro livro, chamado de Levítico, Moisés escreveu um manual de liturgia para os sacerdotes e levitas que iriam trabalhar no tabernáculo. Este manual de liturgia descreve os tipos de ofertas sacrificiais a serem oferecidas a Deus; leis acerca de coisas puras e impuras; a descrição do calendário religioso de Israel a ser celebrado todos os anos; várias proibições, tais como, não comer sangue e não se envolverem com casamentos ilícitos; a instituição das punições a serem aplicadas para diversos crimes; e diversas outras prescrições para uma obediência correta a Deus.

No quarto livro, chamado de Números, Moisés registrou alguns fatos históricos dos 40 anos da viagem do povo de Israel pelo deserto, entre o monte Sinai e as planícies da terra de Moabe. Neste livro, Moisés mostra o Deus da aliança conduzindo o seu povo em direção à terra de Canaã. Uma viagem marcada pela misericórdia do Senhor diante de tantos fracassos da igreja.

No quinto livro, chamado de Deuteronômio, Moisés anotou três grandes discursos que ele proferiu no fim da sua vida ao povo que estava acampado nas planícies de Moabe, defronte da terra prometida, após os 40 anos de caminhada pelo deserto. Em Deuteronômio, Moisés conta a história do povo desde a saída do Egito, repetindo a Lei, acrescentando prescrições e listando as bênçãos e as maldições da aliança.

E a partir de hoje, nós veremos uma série de sermões baseados no livro de Números. A história do povo de Deus no deserto registrada no livro de Números é muito importante para nós hoje em dia. O apóstolo Paulo disse na Primeira Carta aos Coríntios que aquelas pessoas no deserto eram os nossos antepassados espirituais; que eles também foram batizados assim como nós fomos; que eles também comeram e beberam de uma fonte espiritual; e que Jesus Cristo estava com eles (1Co 10.1-4).
Paulo também disse o seguinte sobre as experiências daquele povo no deserto: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (1Co 10.11-12). Portanto, atentemos para as lições do livro de Números, as quais são essenciais para nossa vida com Deus. E estas lições começam a partir do primeiro capítulo, o qual nós veremos agora.

Irmãos, o capítulo 1 faz parte dos preparativos para a marcha da igreja em direção à terra de Canaã. Todos os preparativos para a viagem estão registrados entre o capítulo 1 e capítulo 10. No capítulo 1, nós encontramos a ordem de Deus para levantar um censo em Israel. Depois nós temos os nomes dos assistentes de Moisés que executarão essa tarefa juntamente com ele e Arão, isto é, o nome dos chefes das tribos de Israel. Em seguida, nós lemos sobre o censo propriamente dito, onde aparecem os números que foram contabilizados. E, finalmente, o capítulo 1 termina com a explicação do motivo pelo qual os levitas não foram incluídos na contagem.

Irmãos, quando nós olhamos para este censo, nós percebemos que o seu objetivo era contar o povo no sentido de saber a capacidade militar do povo de Israel. É por isso que, na contagem, ficaram de fora as mulheres, as crianças, os adolescentes e os rapazes com idade inferior a 20 anos. Os levitas também ficaram de fora porque a responsabilidade deles era ajudar os sacerdotes no cuidado para com o tabernáculo do Senhor. O objetivo militar deste censo também fica claro pela repetição da frase “todos os capazes de sair à guerra” em cada relatório das famílias do povo de Deus.

Este censo do número de soldados era importante, pois Deus estava organizando o seu exército aqui na terra. Este exército seria responsável pela proteção da igreja contra o ataque dos seus inimigos. E lá na frente um exército semelhante a esse iria ocupar militarmente a terra de Canaã. A igreja precisava estar preparada militarmente para se defender dos seus inimigos. A idade mínima para o serviço militar era de 20 anos, pois o período que compreende entre 20 e 60 anos era considerado o período de maior maturidade e importância no Antigo Israel. E após a conclusão da contagem, o capítulo 1 registra os seguintes resultados:

Da tribo de Rubem: 46.500 soldados;
Da tribo de Simeão: 59.300 soldados;
Da tribo de Gade: 45.650 soldados;
Da tribo de Judá: 74.600 soldados;
Da tribo de Issacar: 54.400 soldados;
Da tribo de Zebulom: 57.400 soldados;
Da tribo de Efraim: 40.500 soldados;
Da tribo de Manassés: 32.200 soldados;
Da tribo de Benjamim: 35.400 soldados;
Da tribo de Dã: 62.700 soldados;
Da tribo de Aser: 41.500 soldados;
Da tribo de Naftali: 53.400 soldados.

Total: 603.550 soldados!
Aqui está uma igreja pronta para a guerra! Talvez isso choque algumas pessoas. Não foi o próprio Deus que disse “não matarás”? Sim, é verdade. Mas o mandamento “não matarás” foi escrito para que o povo de Deus não tirasse a vida de ninguém de um modo proibido por Deus. A lei de Deus também previa a morte de pessoas que cometesse certos pecados, nos casos de legítima defesa e nas guerras realizadas pelo povo de Deus. É justamente esse último caso que temos aqui: A morte de pessoas nas guerras do povo de Deus.

Irmãos, lembrem-se de que Deus colocou uma inimizade entre os filhos da mulher e os filhos da serpente. Foi por causa disso que Caim matou Abel. No AT, nós também encontramos inúmeros outros momentos de luta entre os filhos das trevas e os filhos da luz. Por conta dessa inimizade, a igreja foi perseguida pelos egípcios, atacada pelos amalequitas e enfrentaria a fúria dos habitantes de Canaã. Sem falar nos amorreus, moabitas e midianitas.

Uma igreja militarizada era uma questão de sobrevivência. Os filhos das trevas também não dariam trégua aos filhos de Israel quando estivessem morando na terra de Canaã. Além disso, é bom lembrarmos que Deus também é conhecido como o SENHOR dos Exércitos. E próprio rei Davi era um homem de guerra. Davi lutava as batalhas do povo de Deus sabendo que as vitórias vinham do SENHOR. No Salmo 144, versículo 1, Davi adorou a Deus com as seguintes palavras: “Bendito seja o SENHOR, rocha minha, que me adestra as mãos para a batalha e os dedos, para a guerra”.

A igreja de Deus precisava estar preparada para todas as investidas do diabo e de seus filhos. Em sua jornada aqui na terra, a igreja enfrentaria forças hostis que tentariam destruí-la. Assim como nos céus há guerra espiritual entre os anjos de Deus e os anjos do Diabo, assim também aqui na terra haveria guerra entre os seguidores de Deus e os seguidores de Satanás.

Agora, devemos nos perguntar: Como deve ser agora na igreja dos nossos dias? Será que a igreja de hoje também deve se organizar em exércitos? Para entendermos isso precisamos considerar que a situação da igreja do AT é diferente da igreja do NT. A igreja de hoje não é mais um país marchando para ocupar a terra santa. A igreja de hoje está distribuída em pequenas congregações pelo mundo inteiro. E, na nova aliança, a nossa terra prometida é a Canaã celestial.

É verdade que igreja de hoje ainda continua tendo inúmeros inimigos. Em muitos países ela é bastante perseguida. E já houve muitos casos na história onde a igreja cristã se defendeu militarmente contra os seus inimigos. Por exemplo, na época da Reforma Protestante, onde populações inteiras de cristãos se mobilizaram contra exércitos inimigos. E de fato não é errado exercermos o direito de legítima defesa. Mas, ainda assim, isso não foi feito de modo premeditado e predefinido como na igreja do Antigo Israel. E devemos lembrar que as circunstâncias que moveram a igreja cristã do tempo da Reforma foram outras. Portanto, de um modo geral, a regra primordial da Palavra de Deus é a de amarmos os nossos inimigos, orar por eles, ajuda-los em suas necessidades e não resistir àqueles que querem demandar conosco. (Mt 5.38-48).

Nós também devemos nos lembrar de que “a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Ef 6.12).

Irmãos, o diabo e o mundo se levantarão contra nós. Os cristãos estão nesta terra como ovelhas no meio de lobos. A inimizade entre os filhos da serpente e os filhos da mulher sempre existirá neste presente século. Nós sempre seremos odiados pelos homens por causa do nome de Cristo. Se eles perseguiram o nosso Mestre Jesus Cristo, quanto mais nós que somos os seus discípulos.

Portanto, estejamos preparados contra a guerra espiritual que enfrentamos todos os dias. Estejamos prontos para o ataque do diabo, dos demônios e dos homens maus. E como bons soldados de Jesus Cristo, usemos constantemente a nossa armadura espiritual: Sendo justos em nossas decisões e atitudes para com os demais; pregando o evangelho da paz com nossas palavras e com o nosso modo de viver; mantendo a nossa fé em Deus; confiando na nossa salvação; lendo as Sagradas Escrituras com zelo e temor; e fazendo nossas orações e súplicas por todos os santos (Ef 6.14-18). Com essas armas espirituais, nós seremos sempre “capazes de sair à guerra”.

Entretanto, meus irmãos, o livro de Números não lembra apenas da nossa batalha contra os nossos inimigos. A história da viagem do povo de Deus em direção à terra prometida também nos recorda que nós somos uma igreja viajante aqui na terra. Nós estamos caminhando pelo caminho apertado que conduz à vida eterna. A nossa peregrinação é em direção à Canaã celestial. E assim como Cristo estava com o seu povo naquela época, seguindo-os como uma pedra espiritual, assim também Ele está conosco nesta jornada.

O povo que saiu do Egito foi batizado e nós também fomos. Eles se alimentaram do pão celestial e nós também temos nos alimentado de Jesus Cristo. Eles beberam da água da rocha e nós igualmente bebemos da água da vida. Eles foram provados e nós somos provados por Deus todos os dias. Eles foram aperfeiçoados na escola do sofrimento e nós também temos aprendido a amarmos o Senhor em todas as circunstâncias. E assim com eles, nós também temos viajado debaixo do sangue da aliança, e na dependência exclusiva do nosso Pai celestial.

Que o SENHOR nos abençoe.

Amém.

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Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.