2 Reis 13

Leitura: 2 Reis 13
Texto: 2 Reis 13


Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Os versículos deste capítulo que mais chamam a nossa atenção são provavelmente os versículos 20-21, que contam a história do homem cujo corpo foi lançado nos túmulos de Eliseu, tocou seus ossos e ressuscitou. Nós nos perguntamos: o que fazemos com histórias como essa?

Os católicos romanos por vezes apontam para isto como a base bíblica para a sua prática de venerar relíquias como os corpos de santos ou supostos pedaços da cruz. Se os ossos de Eliseu pudessem ressuscitar alguém dentre os mortos, por que eu não deveria fazer uma peregrinação para ver o Sudário de Turim na Itália, ou o cordão umbilical do nascimento de Jesus na Arquibasílica de São João Latrão em Roma?

A Morte de Eliseu

Antes de responder a estas questões, primeiro compreender bem o que está acontecendo neste capítulo. Este capítulo é obviamente significativo porque nos fala da morte de Eliseu; e, dessa forma, encerra um época na vida de Israel. Elias e Eliseu foram os maiores profetas que já viveram em Israel — nenhum profeta maior jamais havia surgido antes, e nenhum profeta maior viria depois. Foram eles que se opuseram à adoração de Baal – às vezes quase sozinhos – e foi sob a sua pregação que a comunidade da igreja (os “filhos dos profetas”) se reuniu.

E o ministério de Eliseu durou muito mais tempo de que o de Elias. Elias ministrou por um período de talvez 15 anos, mas Eliseu foi profeta durante vários reinados, por mais ou menos 60 anos!


Então, essa é uma dinâmica à qual devemos prestar atenção neste capítulo. O maior profeta que já viveu em Israel estava prestes a morrer, e certamente as coisas seriam muito diferentes sem a presença dele.

A diminuição de Israel

Outra realidade à qual queremos prestar atenção é a contínua diminuição do poder de Israel. Também nesse aspecto vemos que os tempos estão mudando. Israel não é mais o poder que era antes. As suas fronteiras foram erodidas por Hazael da Síria, e isso teve consequências. Versículo 7: “não se deixaram a Jeoacaz, do exército, senão cinquenta cavaleiros, dez carros e dez mil homens de pé; porquanto o rei da Síria os havia destruído e feito como o pó, trilhando-os.” Como Israel caiu daquela glória que teve como a nação de Deus! Como sua honra foi manchada e roubada! Trocou o Deus verdadeiro pelos deuses de Canaã, e se abaixou para uma posição inferior a todas as nações da Canaã!

Os tempos estavam mudando. Isso foi por volta de 800 aC, que foi o início da ascensão dos grandes impérios do mundo antigo. O primeiro grande império mundial, a Assíria (não confunda com Síria, inimiga de Israel na fronteira do Norte) — a Assíria estava a tornar-se mais poderosa a cada ano, e Jeoás seria o primeiro rei de Israel a pagar tributo a esse império. Temos até tábuas encontradas por arqueólogos da Assíria que registram o tributo que “Jeoás de Samaria” prestou a Adad-Nirari, o imperador em ascensão da Assíria. Então, estamos vendo uma grande mudança nos tempos em Israel.

A idolatria contínua

Finalmente, existe o padrão de idolatria contínua que não desaparece, mesmo com a presença de Elias e Eliseu. É o mesmo velho refrão do versículo 2 e versículo 11. “Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor e seguiu os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com os quais fez Israel pecar; ele não se afastou deles.” Isto importa, porque sabemos que isso não pode continuar para sempre. Cada capítulo que passa nos leva para mais perto do juízo final de Israel.

Então, com essa dinâmica geral em mente, o que podemos aprender com este capítulo?

Primeiro, quero destacar que pela primeira vez no livro de Reis, é mencionada a compaixão que Deus teve sobre as tribos do reino do norte de Israel. Isso pode não chamar sua atenção se você estiver apenas abrindo sua Bíblia e lendo este capítulo; mas se você estivesse lendo os livros de Reis do começo ao fim, estes dois versículos realmente se destacam:

Depois que Hazael Rei da Síria assaltou as cidades de Israel, versículo 4 diz:

2 Kings 13:4: “Jeoacaz fez súplicas diante do Senhor, e o Senhor o ouviu; pois viu a opressão com que o rei da Síria atormentava a Israel.”

Finalmente, o rei Jeoacaz fez o que deveria ter feito muito antes. Ele clamou ao Senhor, como um Rei de Israel deveria fazer. Era a honra dele e o privilégio dele ser Rei sobre a nação santa de Israel, mas até agora ele nunca desfrutou deste privilégio, clamando ao senhor. Agora, já que todos os outros deuses não ajudaram, ele clama ao Senhor. E o Senhor ouviu o seu clamor. Como disse o puritano Matthew Henry: “É apropriado que os reis sejam mendigos à porta de Deus, e que os maiores dos homens sejam humildes suplicantes aos pés de seu trono.”

Quando diz aqui que “O senhor viu a opressão com que o rei da Síria atormentava a Israel,” A linguagem aqui é a mesma linguagem que você encontra em Êxodo 2, quando o Senhor viu a opressão e o sofrimento do povo de Israel no Egito e compadeceu deles.

É notável que Deus compadeceu sobre Israel, e mandou um salvador, mesmo que de fato,nada mudou em relação a idolatria do povo.

Versículo 5: “O Senhor deu um salvador a Israel, de modo que os filhos de Israel saíram de sob o poder dos siros e habitaram, de novo, em seus lares, como dantes. Contudo, não se apartaram dos pecados da casa de Jeroboão, que fez pecar a Israel, porém andaram neles; e também o poste-ídolo permaneceu em Samaria.”

Isto deve chamar a nossa atenção. Israel clamou ao Senhor, e o Senhor mandou um salvador. Mas infelizmente não houve arrependimento duradouro. Se lembra do padrão que a gente vê lá no livro dos Juízes. Aquele ciclo de Israel cair em idolatria, Deus os castiga, eles clamam a Deus e Deus envia um salvador, e então novamente eles caem em idolatria. Mas neste caso, não há nem evidência de arrependimento. Mas mesmo assim, Deus ainda se compadeceu por eles.

O mesmo acontece no versículo 23, e é ainda mais surpreendente:

2 Reis 13:23: “Mas o Senhor teve misericórdia deles e teve compaixão deles, e se voltou para eles, por causa de sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó, e não os destruiu, nem os lançou de sua presença até agora.”

Este é apenas uma de duas vezes no livro dos Reis que o livro menciona as antigas promessas que Deus fez a Abraão, Isaque e Jacó. Isso é significativo. Quando se trata o reino do Sul, a nação de Judá, o Reino do Sul, o livro de Reis fala bastante sobre a lembrança que Deus teve de suas promessas feitas a Davi.Mas agora, pela primeira vez em muito tempo, o livro menciona a lembrança de Deus das promessas que Ele fez, muito antes, a Abraão, Isaque e Jacó, aos quais as Dez Tribos do Norte ainda pertencem.

Por que isso importa? É importante porque as coisas estão prestes a piorar muito em Israel. Muito em breve, eles desaparecerão no exílio, e de fato, nunca retornarão como um reino novamente. Depois do exílio para Assíria, as dez tribos do norte foram essencialmente perdidos na história. (Normalmente quando nos referimos ao exílio, estamos falando do exílio de Judá, um século depois, para Babilónia—onde encontramos os profetas Daniel, Ezequiel, etc. Mas as dez tribos do norte foram levados para exílio uns 100 anos antes disso, e a grande maioria nunca voltaram.) É por isso que as pessoas ainda falam das “tribos perdidas de Israel” – isto se refere a estas dez tribos do Reino do Norte. No Novo Testamento (e até hoje), quando lemos sobre os “Judeus”, isso se refere ao povo de Judá. Até mesmo os “judeus” de hoje são quase todos descendentes de Judá, Levi e Benjamim. O Reino do Norte acabou se chamou Samaria – um lugar multiétnico e multirreligioso que os judeus evitavam. Eles eram uma mistura de antigos israelitas, babilônios, sírios e outros grupos étnicos de todo o mundo. Eles perderam completamente a sua identidade e efetivamente deixaram de existir.

Mas aqui somos lembrados de que, embora tivessem tão perto do juízo final, Deus não se esqueceu das promessas da sua aliança, que foram feitos não apenas com o Reino de Judá, no sul, mas com Abraão, Isaque e Jacó, e todos os 12 filhos, que foram com Moisés para fora do Egito.

Com certeza, tem sim consequências para a desobediência. É possível ser cortado da aliança para sempre, e muitos israelitas foram. Esta foi uma das maldições da aliança, que vemos se realizando nestes capítulos. Mas, mesmo assim, Deus não esqueceu do seu amor para Israel, Sua herança. E podemos notar que quando Jesus veio à terra, ele não apenas viajou por Judá, mas nasceu na Galileia (no território do norte) e ensinou também na Samaria. E no livro de Atos, quando ele enviou os discípulos, ele disse-lhes que seria seus testemunhos na Judéia, Samaria, e até os confins da terra.

E assim, aqui, ao entrarmos na última parte da história de Israel (os reino do norte), vemos que Deus, na Sua misericórdia inescrutável, deixa-nos com este lembrete de que não se esqueceu da aliança que Ele fez, não somente com Davi, mas com Abraão, Isaque, e Jacó.

Em segundo lugar, queremos prestar atenção aos Reis. Afinal, este é o livro dos Reis. E este capítulo concentra nossa atenção especialmente na maneira como esses Reis interagiram com a Palavra de Deus, representado na pessoa de Eliseu.

  • Observe como todo o reinado de 16 anos de Jeoás é apenas resumido e passado por cima nos versículos 10-13: ele reinou 16 anos, fez o que era mau, morreu e foi sepultado – nada de interessante é dito sobre todo esse período de 16 anos.
  • Mas então a única coisa que Deus quer que vejamos sobre Jeoás é o que aconteceu no dia em que ele foi visitar o moribundo profeta Eliseu. A única coisa que importa em sua vida é a maneira como Ele interagiu com a Palavra de Deus por meio do profeta Eliseu. Isso é o que determina o significado da vida de um rei: como eles interagem e respondem à Palavra de Deus. Isto é o que importa, mais que qualquer coisa.
  • E isso é verdade, não apenas para os reis, mas para todos nós. O que determina o significado eterno de nossas vidas? Não são os negócios que construímos, o dinheiro ou os bens que acumulamos, ou o nome que construímos para nós mesmos. No reino de Deus e à luz da eternidade, a questão que importa antes de tudo é: como ele/ela respondeu à Palavra de Deus? Com obediência ou desobediência? Com fé e esperança, ou com incredulidade? Como eles responderam à Palavra de Deus?

Nos versículos 14-19, Jeoás foi visitar Eliseu em seu leito de morte. Foi um encontro estranho. Enquanto Jeoás chorava por Eliseu, o velho profeta ordenou-lhe que pegasse um arco e flechas e os atirasse pela janela em direção ao Oriente. E Jeoás fez o que lhe foi dito. Ao estender os braços sobre o arco, Eliseu também colocou as mãos nas mãos do rei. Como se fosse um pai ensinando seu filho a usar o arco e flecha—só que certamente o Rei ear muito mais habilitado em usar arco e flecha do que o velho profeta! Mas aqui nós vemos uma imagem de como as coisas deveriam ter sido. O Rei, governando seu reino com sabedoria, saindo para batalha com força, em obediência a Deus e com a benção do profeta de Deus. Como Davi disse em Salmo 18:34: “Ele adestrou as minhas mãos para o combate, de sorte que os meus braços vergaram um arco de bronze.”

Então ele atirou a flecha, e Eliseu deu sua bênção: aquela flecha será um símbolo da flecha de vitória do Senhor sobre os invasores sírios, até que fossem derrotados.

Mas então Eliseu ordenou que ele pegasse as flechas e golpeasse o chão com elas. E Jeoás fez o que Eliseu disse: pegou as flechas e feriu o chão três vezes. Mas então o velho profeta se irou, e disse: “Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então, feririas os siros até os consumir; porém, agora, só três vezes ferirás os siros.”

Agora, quando você lê isso pela primeira vez, parece muito arbitrário. Como Jeoás poderia saber que deveria atingir o chão cinco ou seis vezes?

Mas pense bem. Este negócio com o arco e flechas é o que se chama uma “lição objetiva,” um meio muito comum que os profetas usaram para ilustrar uma verdade espiritual, usando objetos físicos. Então o profeta já havia falado que estas flechas representavam a vitória do senhor contra os Sírios. É compreensível que o Rei talvez se sentiu bobo, batendo as flechas no chão. Talvez até pensou que o profeta estava perdendo seu equilíbrio mental. Mas, ao desprezar o sinal, o Rei Jeoás perdeu o significado, muito para a tristeza do profeta.

E quando você considera o quadro mais amplo, você vê que as ações de Jeoás aqui refletem todo o resto de sua vida, que se caracterizava por uma “obediência dividida” à Palavra de Deus. Mesmo que ele fala com tanto afeto sobre o profeta, chamando-o de “carros e cavaleiros de Israel,” será que ele obedeceu o profeta? Durante todos os anos que Eliseu ministrou em Israel, ele sempre se opôs à idolatria, e aos bezerros de ouro em Dã e Betel. Será que Jeoás, que tanto “amou” o profeta, obedeceu ao profeta? Não. Porque, politicamente, isso não daria bem. Sempre quando Jeoás foi mandado a fazer algo que parecia tolo e sem sentido, ele vacilou. Ele deu-lhe obediência dividida, com um pé atrás, assim como sempre a obediência dele é dividida, mantendo por um lado a adoração a Javé, mas ao mesmo tempo se recusando a ir até o fim e remover os bezerros de ouro. 

É por isso que Eliseu se indignou. É a mesma indiferença que Eliseu testemunhou em todos os reis de Israel durante toda a sua vida, que estavam contentes em adorar a Javé e até em colocar nomes “bíblicos” em seus filhos como Jeoacaz e Jeoás, mas que apenas obedeceram na medida em que fazia sentido e trouxe alguma vantagem a eles.

E é aqui que vemos a profunda relevância deste texto, de tanto tempo atrás, para a igreja de hoje. Quantos cristãos hoje se contentam com esta mesma obediência dividida? Em ir pra igreja de vez em quando, em ter seus filhos batizados, em fazer o mínimo que é necessário, mas ao mesmo tempo, durante toda a sua vida, não prestar a Deus mais do que uma obediência dividida e indiferente. Certamente é diferente do homem de Salmo 1, que se deleita na lei do Senhor, e nela medita dia e noite. É diferente de Davi, que disse (Sl 63): “a tua graça é melhor do que a vida; por isso os meus lábios te louvam.” É apenas uma obediência mínima. Obedeço à Bíblia quando faz sentido para mim e não obedeço quando não faz.

Esse é o tipo de reação à Palavra de Deus que você vê durante o reino de Jeoás. Ele tinha um certo afeto pelo profeta: ele chama-o de “carros e cavaleiros de Israel”. Mas quando mandado a fazer algo que não fazia sentido para ele, ele o fez com metade do coração. Essa atitude para com a Palavra de Deus caracterizou todo o reinado de Jeoás. Ele adorou a Deus em nome, mas seu reino estava dominado pela idolatria em todos os lugares secretos. Faltou-lhe a reverência sincera por Deus que leva à obediência de todo o coração.

E como já vimos muitas vezes, a obediência dividida é, em última análise, infrutífera. Não é que produz a metade da fruta. É infrutífera. Quando realmente importa, quando somos chamados a fazer o que é difícil, por nenhuma outra razão a não ser porque Deus exige isso de nós, então falhamos. Toda vez. Abraão nunca teria deixado Ur se não acreditasse verdadeiramente que Deus o estava chamando para isso. Os discípulos de Jesus nunca teriam proclamado o Evangelho, que levou à morte de cada um deles, se não acreditassem nele de todo o coração. A obediência dividida é infrutífera.

——

Finalmente, vejamos agora o milagre da ressurreição que aconteceu no túmulo de Eliseu. O texto não relata como Eliseu finalmente morreu e como foi o funeral. Mas ele foi enterrado neste túmulo perto da fronteira com Moabe.

E assim aconteceu, alguns anos depois (desde que Eliseu já foi reduzido a ossos), que um grupo de israelitas estava enterrando alguém no mesmo túmulo, ou próximo a ele, e durante o funeral, perceberam alguns bandidos moabitas vindo em sua direção para assaltá-los, e então jogaram o corpo do homem no túmulo de Eliseu e fugiram.

E quando o corpo rolou para dentro do túmulo, ele tocou os ossos do profeta morto, e o homem ressuscitou.

O que devemos entender disso?

Quanto ao argumento dos católicos romanos, deixe-me começar apontando o óbvio de que ninguém em Israel estava fazendo este tipo de coisa que os católicos romanos tentam justificar com este texto. Apenas aconteceu por acaso que estas pessoas estavam passando por perto em uma procissão funerária, e sendo assaltado por uns bandidos, jogaram o corpo lá no túmulo de Eliseu, por não ter outro lugar onde poderiam colocar na pressa. Não foi uma peregrinação. Eles não estavam beijando os ossos dele. Eles não fizeram um santuário ali. Foi apenas uma situação emergencial que eles jogaram o corpo do homem ali. Nem depois disso nós ouvimos sobre algum santuário edificado ali, o que talvez esperaríamos. Não, em nenhum lugar das Escrituras você encontra o tipo de veneração dos corpos dos santos que você encontra no Catolicismo Romano ou na Ortodoxia Oriental. A tentativa de justificar essa prática com apelo a este texto é o que se chama a falácia a priori – que acontece quando você já tem uma ideia predeterminada e depois você busca uma justificação ou fundamento.

Mas então, como devemos entender isso?

Podemos começar com o óbvio e observar o poder de Deus localizado especificamente em Seu profeta ungido. Isso é claramente o ponto. Tão grande era o poder de Deus em Eliseu, Seu profeta escolhido e ungido, que mesmo após sua morte, ele ressuscitou um homem.

Mas o que é mais surpreendente aqui é que o poder de Deus não partiu de Israel quando o profeta morreu. Jeoás lamentou a morte de Eliseu como os “carros de Israel e seus cavaleiros” deixando Israel. O que seria de Israel agora que Eliseu se foi?

Mas neste milagre, Deus mostrou que Ele ainda estava presente em Israel. Ele ainda se associa ao profeta ungido, e não se afastou completamente de Israel. A morte de Eliseu não é o fim da presença de Deus.

E assim Eliseu, em sua morte, nos ensina uma lição que nos aponta para Cristo. Eliseu morreu e, em sua morte, trouxe um outro para a vida. Ele nos dá um vislumbre do poder de Deus investido em Seu profeta ungido. Mas Eliseu ainda era apenas um precursor. Uma imagem do profeta que virá. Sua morte levantou apenas um homem à vida, e esse homem, com o tempo, morreria novamente.

Já vimos antes que Eliseu é um tipo e sombra especial do Messias que virá. Os dois profetas, Elias e Eliseu, são um par, assim como Moisés e Josué antes deles eram um par. Elias é o precursor, e Eliseu recebeu uma porção dobrada do espírito de Elias – a porção do filho primogênito. Elias (como Moisés) conduziu o povo ao deserto para uma renovação da aliança, e Eliseu começou o seu ministério cruzando o Jordão novamente e entrando de volta na terra prometida como uma nova conquista espiritual.

E, claro, sabemos que os Evangelhos apresentam João Batista e o Senhor Jesus depois dele como outro par que segue o mesmo padrão. João Batista conduziu o povo ao deserto para uma renovação da aliança, e então Jesus iniciou seu ministério, após ser batizado no Jordão, reentrando na terra prometida. Todos os três nomes também – Josué, Eliseu e Yeshua – carregam o mesmo significado: “Deus (ou Javé) salva”.

E em Cristo podemos agora compreender o significado desta ressurreição no túmulo de Eliseu. Eliseu era apenas um homem. Ele morreu e nunca mais ressuscitou, embora em sua morte tenha ressuscitado outro homem. Mas quando Cristo morreu, os túmulos foram abertos por todo Israel. Mateus 27 registra que, em sua morte, a cortina do templo rasgou-se em duas, as rochas partiram-se e “os corpos de muitos santos que haviam adormecido foram ressuscitados e, saindo dos túmulos depois de sua ressurreição, foram para Jerusalém e apareceu a muitos.”

E isso foi apenas o começo. Porque, diferentemente de Eliseu, o Messias Jesus Cristo não ficou no túmulo. O poder de Deus que era visível por apensas um momento em Eliseu, é visto em toda a sua glória em Jesus Cristo, quando Ele ressuscitou do túmulo e, depois de quarenta dias, ascendeu ao Céu – onde Ele ainda reina, e de onde Ele esteve, por dois mil anos, reunindo Sua igreja, em poder, com sinais e maravilhas por todo o mundo, e derrubando todo poder que se opõe a Ele.

E o poder de Deus não termina com a ressurreição dEle, porque através dele, todo aquele que nele crê, e confia em Suas palavras, e O segue com a reverência da qual Ele é digno – eles também, por Seu poder, passarão da morte para a vida eterna. Estarão, no interino, com Cristo no Céu; e então, no último dia, seus corpos também ressuscitarão dos túmulos – desta vez, para nunca mais morrer.

Assim, ao chegarmos ao fim da vida e do ministério de Eliseu, e olharmos para os dias sombrios em Israel, certamente há lições deixadas aqui neste capítulo que são dignas de nossa reflexão: lições sobre a fidelidade de Deus à aliança e Sua compaixão para com Seu povo; lições sobre a seriedade de responder de todo o coração a Deus quando Ele vem até nós com Sua Palavra; e lições sobre a esperança que é nossa, e o poder de Deus que é dado para o nosso bem e nossa cura, em Jesus Cristo.

Então, irmãos e irmãs, considerem essas verdades durante a semana que tem pela frente. Deem graças a Deus por Suas misericórdias. Examinem também seus próprios corações e vidas, orando para que o fogo do Seu Espírito queime a escória da indiferença e obediência dividida que ainda existem em seus corações, e que Ele vivifique você novamente para Ele e o faça novamente disposto a segui-Lo e obedecê-Lo. E lembre-se de que toda a nossa esperança, todo o nosso futuro, toda a nossa vida, está no Filho de Deus, o profeta dos profetas, nosso Salvador Jesus Cristo. Se Ele está conosco, então Deus está conosco; se estivermos agarrados a Ele pela , então a promessa de Deus é que Ele nunca nos deixará ou nos abandonará, e Ele nos tornará vivos para Ele, agora e para sempre.

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.