Leitura: Romanos 14:01-23
Texto: Romanos 14:21
Queridos irmãos em Cristo Jesus,
Este capítulo fala sobre um aspecto da vida da igreja, que todo mundo reconhece. Qualquer igreja tem irmãos fracos e irmãos fortes. Um crê que pode comer ou beber tudo, enquanto o irmão mais fraco acredita que não pode comer tudo, nem pode beber. Essas opiniões diferentes sempre existiam, não somente hoje, mas também antigamente. O apóstolo Paulo experimentou isso na congregação de Coríntios e ele sabe que existe o mesmo problema na igreja em Roma.
Paulo trata este assunto e na primeira parte ele enfatizou que os mais fortes devem acolher e abraçar o mais fracos na fé; Os irmãos devem respeitar um ao outro. Não julgar, nem condenar o outro, mas respeitar as opiniões diferentes. Paulo mesmo não entra nos assuntos, mas ele fala sobre a comunhão fraternal. Como devemos tratar o irmão que tem outra opinião? Ele falou sobre este aspecto na primeira parte: os versículos 1-12.
Agora, na segunda parte ele se aprofunda mais no assunto e começa a falar sobre a liberdade cristã e o amor fraternal. A nossa liberdade cristã pode ser limitado pelo amor fraternal. Pode ser que me sinto livre para comer ou beber tudo, mas se isso enfraquece meu irmão mais fraco, eu devo pensar duas vezes. O que eu amo mais? A bebida alcoólica ou o meu irmão mais fraco a favor de quem Cristo morreu? A palavra de Deus nos ensina aqui que o amor fraternal deve dominar a minha vida. A conclusão encontramos em vs. 21: É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer].
Observando isso, eu lhes prego o evangelho, que diz:
Irmãos, EVITEM OS ESC NDALOS E TROPEÇOS
Essa exortação serve
1) Para os fortes;
2) Para os fracos;
3) Para que amemos uns aos outros.
Essa exortação serve para os fortes.
Quem são os fortes na congregação?
Isso é um pouco difícil para dizer, porque o texto não cita nomes. Mas vou tentar explicar este ponto. Observando os evangelhos, podemos dizer que Jesus é um bom exemplo de um irmão forte. Jesus conhecia as escrituras. Ele tinha um bom conhecimento dos mandamentos; ele dominava este assunto e sabia o que ele podia fazer e não podia fazer. Ele conhecia os limites, mas conhecia também a liberdade que o amor de Deus lhe tinha dado. O amor não tem limite, só não pode amar o que é errado.
Jesus é forte. Ele com certeza observou as leis da alimentação pura e impura, mas ele não era tão rigoroso como os fariseus que criaram várias regras além dos mandamentos do Senhor. Eles tinham dias especiais em que não podia comer, nem beber. Jesus não observava essas regras dos fariseus e isso causou um escândalo do lado dos fariseus. Eles reclamaram sobre o estilo de vida de Jesus. E o chamaram um “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Luc. 7,34).
Jesus era forte e por causa disso ele não teve nenhum problema de fazer um milagre num casamento, transformando setecentos litros de água num vinho de primeira qualidade no meio da festa, para que a festa fosse uma verdadeira festa.
Então Jesus bebia e os discípulos também. Quem sabe disso e quem tem este conhecimento, sabe que faz parte da liberdade cristã beber bebidas alcoólicas, com essa observação que tudo isso seja feita com moderação.
Então isso não é um problema. O forte sabe disso e ele pode comer e beber tudo com moderação. Sem problemas. O problema não está na comida, nem na bebida. Ele sabe que tudo é criado por Deus. Tudo é puro para os puros.
O problema é que não tudo é puro para os impuros. Os impuros são os fracos na congregação. Eles conhecem a sua fraqueza. Eles conhecem também o poder do pecado. Eles sabem quando eles bebem um copo de vinho que isso pode levá-los a uma situação escandalosa. Quem bebe demais, ficará bêbado e começa a dizer besteiras e começa a fazer coisas erradas. Ele age como um tolo e se torna um escândalo para toda a sua família e para todos os seus irmãos na igreja. É melhor evitar isso. Então para eles a escolha é assim: tudo ou nada. Eles conhecem a sua fraqueza e sabem quando começam a beber, facilmente bebem demais, então é melhor beber nada!
Essa é a opinião deles. E considerando a sua fraqueza, podemos dizer que essa opinião é boa. Mas o problema é que esse irmão vai se ofender ou se enfraquecer se ele observará o irmão mais forte bebendo. Ele não entende isso e acha isso errado. O princípio é tudo ou nada. Esse princípio é bom para ele, e conseqüentemente também para os outros. Ele defende isso que todos devem se abster do vinho.
Mas o forte não reconhece isso. Ele pode concordar com o fraco, mas ele sabe também que ele mesmo pode beber vinho. Isso faz parte da liberdade cristã. Cristo fez isso, Paulo tomou um copo de vinho; Ele até exortou Timóteo a tomar um copo de vinho de vez em quando. Então isso não deve ser um problema.
Então. O que fazer? Deixar uma coisa que é boa, por causa de uma opinião fraca, que vem de um coração impuro? Eu digo isso, não para julgar o coração do fraco, mas para mostrar que o coração dele não está puro. Ele não está livre. Ele não tem domínio próprio. A fraqueza é a sua impureza. O forte sabe se controlar; ele tem o domínio próprio. Ele está realmente livre e por causa disso pode beber um copo de vinho sem problemas.
Mas o que ele deve fazer agora? Ele sabe que pode beber. O vinho não é impuro. Ele pode beber. Se estiver em casa e quer tomar um copo de vinho, ele pode fazer isso sem problemas. Com a consciência livre. Mas ele não pode beber o mesmo copo de vinho com a consciência limpa, se o seu irmão fraco está presente. Não, porque o vinho se tornou impuro, mas por causa do tropeço que isso causa no seu irmão mais fraco, que não bebe de jeito nenhum.
O que fazer? Tem que abrir a mão para a liberdade cristã e seguir o estilo da vida do irmão fraco, que tem uma opinião impura? Isso parece um absurdo, mas a palavra de Deus nos ensina aqui, que a nossa liberdade cristã não vale nada se não vem com amor. Paulo diz: Se, por causa de comida (ou bebida,ou qualquer outra coisa),o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida (ou bebida, ou qualquer outra coisa), não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. O Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, e paz e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo SERVE a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer].
Essa conclusão é clara, irmãos. O que é mais importante para nós? O que eu amo mais? A bebida alcoólica ou o meu irmão mais fraco a favor de quem Cristo morreu? A resposta é clara: eu devo amar o meu irmão fraco, mais do que um copo de vinho. Se o meu beber ou qualquer outra coisa venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer] meu irmão, eu vou deixá-lo.
Existem pessoas que consideram isso como hipocrisia. Uma pessoa deixa de beber quando o irmão mais fraco está presente, mas ela faz isso sim quando o irmão mais fraco não está presente. Muitas pessoas não entendem isso e consideram isso como hipocrisia. Uma fé falsa.
Quem pensa assim é o fraco. Mas tem que observar, que para o forte o amor fraternal é muito mais importante do que aquela bebida. Seria injusto julgar o forte que faz isso. Seria melhor condenar o justo que bebe e continua a beber quando o seu irmão mais fraco está presente. Ele não ama seu irmão mais fraco. Ele ama mais a bebida alcoólica. Isso é errado! Mas não o irmão que deixa de beber por causa do seu irmão mais fraco. Isso tem nada a ver com hipocrisia! Ao contrario Ele vive de acordo com o grande mandamento: amar o próximo como a si mesmo.
Temos que andar de acordo com o amor fraternal. É isso que Cristo nos ensina. Cristo MORREU para salvar o seu irmão; Ele deixou de beber, deixou de comer, e deixou de viver para salvar você. Para Cristo o amor prevaleceu. Ele renunciou a sua liberdade cristã para nos salvar. O amor prevalece sobre tudo. Como Paulo diz em 1 Cor. 13: o amor não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Até o irmão mais fraco.
Amém!
Abram de Graaf
O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.