Leitura: Lucas 07:36-50
Texto: Lucas 07:41-43
Amada congregação de nosso Senhor Jesus Cristo,
Os fariseus não ficavam felizes com as escolhas que Jesus fez a respeito das pessoas com quem Ele comia. Para eles, na cultura de Israel, comunhão da mesa foi um assunto muito sério. As pessoas com que você comeu disse muito sobre você. Pessoas estavam avaliadas por aqueles com quem elas tinham comunhão. Então, quando Jesus foi acusado de comer com publicanos e pecadores, essa acusação foi séria, e foi usada para difamar Jesus.
Então, há uma certa ironia na história de nosso texto. Porque nessa história, vemos o Senhor comendo com… um fariseu! Talvez o fariseu pensou que essa experiência aumentaria a reputação de Jesus. Em vez de jantar com os marginalizados, agora Jesus teve a oportunidade de aproveitar comunhão com o tipo de homem mais alto na escala social. Parece estranho, quando consideramos a oposição dos fariseus, que um dos fariseus comeria com ele e se associaria com Jesus. Mas a maneira em que o anfitrião tratou Jesus nos mostra que não foi um convite amigável a um convidado honrado.
A violação de boas maneiras de Simão o Fariseu
Então, o primeiro ponto que temos que considerar é a questão de boas maneiras no primeiro século na Palestina – a importância de boas maneiras à mesa, e hospitalidade numa cultura que levava a sério a honra e a vergonha.
Hospedar um jantar foi algo muito mais complicado que simplesmente convidar algumas pessoas a uma reunião informal. A responsabilidade do hospedeiro foi fazer convidados bem-vindos de um grupo de pessoas que foram anteriormente desconhecidas. Como hospedeiro, sua própria honra, o respeito que foi dado a você pelos outros, foi baseada na maneira em que você tratou os seus convidados.
A posição do hospedeiro em relação aos convidados foi como a posição do servo. Você tratou seus convidados com respeito, você colocou as necessidades deles no primeiro lugar em cada respeito, você lhes mostrou honra. E nessa maneira, você ganhou honra para si mesmo. Por outro lado, se você falhou em alguma coisa, você levou vergonha a si mesmo e a sua família. Seria mau hospedeiro, e ser mau hospedeiro significou ser membro de comunidade mau também.
Então, esse fariseu, Simão, foi mau anfitrião para o Senhor Jesus. Aprendemos isso das palavras de Jesus em versículos 44-46. Simão cometeu muitos erros graves. “Entrei em tua casa,” Jesus disse, “e não me deste agua para os pés.” Jesus não teria esperado que Simão lavasse os pés – isso seria mais que pode esperar. Mas como convidado, e particularmente como convidado honrado, ele teria esperado ter agua disponível para lavar os pés antes de colocar eles na cadeira. De novo, foi cortesia simples, e um beneficio prático pelas pessoas reclinando juntos ao redor da mesa.
“Não me deste ósculo,” Jesus disse ao Simão. Isso foi equivalente na cultura de não dizendo “Bom dia” a alguém quando ele chega a sua porta. Isso foi mais que um acidente – foi uma indelicadeza deliberada.
E finalmente, Jesus disse a Simão, “Não me ungiste a cabeça com óleo.” Óleo foi usado para limpar e refrescar o rosto – no clima quente, no ambiente poeirento, isso não foi um tratamento de luxo, mas foi simplesmente uma maneira em que uma festa poderia ser mais agradável por todos que participarem. Mas Simão nem fez isso.
Mas Simão, um dos fariseus, convidou Jesus para comer com ele, na sua casa. Jesus aceitou o convite de Simão, que mostra que a idéia de Jesus sobre comunhão não foi limitada a só um grupo de pecadores, mas incluiu pecadores como os fariseus também. Mas quando ele quebrou todas as regras de etiquete, Simão estava revelando a sua motivação em convidar Jesus a jantar. Ele não queria honrar o convidado. Em vez disso, parece que ele usou esse jantar como oportunidade de provar Jesus – para avaliá-lo. Mais uma vez, vemos um fariseu colocando-se acima de Jesus – se nomeando como avaliador de Jesus, em vez de se humilhar diante da avaliação de Jesus.
A veneração grata da mulher pecaminosa
Mas enquanto a festa continuava, os convidados estavam se reclinando à mesa, provavelmente no terraço perto da casa de Simão, a situação se tornou um pouco desconfortável, pode dizer. Porque nesse evento digno vem alguém que pareceu deslocada – uma mulher da cidade, conhecida publicamente como pecadora. Ela não tinha sido convidada, e uma mulher como ela nunca teria sido convidada. Simão tinha alguma razão para convidar Jesus para jantar com ele, mas não havia razão suficiente para convidar uma mulher como essa mulher na casa de fariseu.
Pode imaginar que a situação ao redor da mesa poderia ter começada a se tornar um pouco tenso quando a mulher apareceu pela primeira vez. E pode imaginar que daí a situação somente piorou. Ela aborda Jesus de atrás. Ele estava reclinando à mesa, com a cabeça próxima da mesa, e os pés longe da mesa, portanto ela poderia abordar de atras. E ela estava chorando – deve ter sido um tipo de choro bem inconsolável, porque ela estava regando os pés com as lágrimas.
A cabeça dela não estava coberta, e o cabelo dela estava solto. Isso foi sinal de lamentação. Normalmente uma mulher não teria sido vista em público com cabelo solto. Mas ela não somente tinha cabelo solto, ela também usou o cabelo para lavar os pés de Jesus. E, algo mais, ela também ungia os pés de Jesus com óleo.
Nessa mulher temos uma figura de humildade completa. Mas ela não estava envergonhada. Ela não estava preocupada com os pensamentos de qualquer outra pessoa na sala, ou no terraço. Visto que ela foi conhecida a Simão, e de fato conhecida em toda a cidade, como pecadora, é certo que ela sabia como os outros pensavam nela de qualquer modo. Ela não tinha nem um pouco de autoconsciência. O objetivo dela foi expressar gratidão humilde ao Senhor Jesus, e ela não tinha vergonha de mostrar isso na maneira mais radical possível.
Enquanto Simão não ofereceu Jesus nem o mínimo de hospitalidade, o beijo de saudação, essa mulher não cessou de beijar os pés de Jesus. Enquanto Simão não ofereceu Jesus água e uma toalha para lavar os pés, essa mulher usou o seu próprio cabelo para fazer essa tarefa servil. E enquanto Simão não ungiu a cabeça de Jesus com óleo, essa mulher trouxe óleo, que era bem caro, e ungiu não somente o rosto de Jesus, mas também os pés.
Então, o que é que o comportamento dessa mulher nos diz sobre a sua atitude? Ela entrou, chorando, com cabelo solto. Não somos ditos o que ela disse, se ela disse alguma coisa. Mas tudo sobre ela expressou uma atitude de tristeza, humildade, e gratidão. Tristeza nas lagrimas e cabelo solto. Humildade na posição servil nos pés de Jesus. E gratidão no uso de óleo precioso para ungir os pés de Jesus. Claramente essa mulher sabia Jesus de um encontro prévio. O que aquele encontro envolveu, não sabemos. Mas o que aconteceu foi claramente um evento que mudou a vida dessa mulher.
Ela estava marginalizada na sua própria comunidade – por qualquer razão. De novo, não somos ditos. Muitas pessoas pensam que ela era prostituta, ou adúltera, mas há um problema sério com esse tipo de avaliação. Porque isso é o cerne da questão que Jesus nos ensina nessa passagem.
Podemos pensar, “Ela era pecadora, sabida por todos, uma pecadora infame – ela deveria ter sido prostituta, ou sexualmente imoral.” Mas quando fazemos isso, na verdade estamos pensando erradamente. Estamos classificando ela na base de pecado que nós consideramos ser especialmente flagrante. E quando fazemos isso, poderia ser que nós, como o fariseu, estamos pensando que ela era diferente do que nós. Mas ela poderia ter sido uma empresaria desonesta. Ou talvez ela era uma mulher que gostou de fofoca, ou uma caluniadora. Quem sabe? O fato é, ela era pecadora – como Simão, como todos nós.
A resposta do Senhor Jesus
Mas a resposta do Senhor nos mostra que ela era diferente de Simão. Simão viu essa ação desconfortável acontecendo diante dele, e ele pensou a si mesmo que se Jesus realmente fosse profeta, Ele teria mandado essa mulher embora, Ele teria conhecido quem essa mulher era. Portanto, ele chega a uma conclusão: Jesus não está fazendo isso; então, Ele não é profeta.
Mas aqui vemos uma ironia mais nessa história. Simão disse isso “consigo mesmo.” Ele não falou com voz alta, ele somente pensou aquelas palavras. Mas Jesus respondeu aos pensamentos de Simão. Com certeza, Jesus de fato tinha a habilidade de ver os pensamentos dos outros. Ele sabia os pensamentos de Simao, e Ele se dirigiu a Simão por nome – “Simão, uma coisa tenho a dizer-te.” E agora Simão entendeu que ele tinha sido apanhado nos pensamentos. E finalmente, Simao respondeu a Jesus pela primeira vez com uma palavra de respeito – “Dize-a, mestre,” ele disse.
E Jesus responde com outra parábola breve. Um homem tem dívida de quinhentos denários. O outro devedor tem dívida de cinquenta denários. O credor perdoou as dívidas dos dois. O valor do dinheiro nessa história não é importante. O que é importante é a diferença entre as duas dívidas. O primeiro homem devia dez vezes mais do que o segundo. Então, a pergunta de Jesus é bem simples: “Qual deles, portanto, amará o credor mais?”
E Simão entendeu que ele estava sendo levado numa direção em particular com sua resposta. Mas ele não tentou escapar responder à pergunta. Ele não mudou o assunto. Ele não fez uma pergunta ao Mestre em resposta. Ele respondeu, com um pouco de ressentimento, com um “Suponho que,” mas, mesmo assim, ele respondeu. A resposta é clara. Aquele a quem mais perdoou amaria mais. E Jesus respondeu a Simão, “Julgaste bem.” Até agora, Simão tinha sido julgando erradamente. Mas o Senhor Jesus, na sua resposta, estava levando Simão, numa maneira indireta, a entender onde ele tinha errado. E Ele corrigiu Simão.
“Vês esta mulher?” Ele pergunta. É claro – Simão viu aquela mulher. Eles estavam na casa dele, à festa dele, como poderia não ver ela? Mas a pergunta de Jesus implica que, na verdade, Simão não tinha visto ela. Ele não tinha visto ela como Jesus a viu. Ele não a sabia como Jesus a sabia. Ele compara a falta de educação de Simão, a falta de hospitalidade, a falta de amor, a falta de humildade, com o ato dessa mulher, o ato de serviço humilde e gracioso.
Então Jesus faz essa declaração: os pecados dela são perdoados. Literalmente, os pecados dela têm sido perdoados. Precisamos entender a segunda parte do que Jesus diz corretamente, ou podemos interpretar mal. Os pecados dela não foram perdoados porque ela muito amou. Ela não foi salva através das boas obras, através das ações. Jesus disse, literalmente, os pecados dela, quais são muitos, tem sido perdoados. E por isso, ela muito ama.
Essa mulher e Jesus deveriam ter tido uma interação prévia. Provavelmente, ela tinha ouvido Jesus ensinando, ou talvez ela tinha experimentado uma experiência mais direta – uma cura, ou talvez Jesus tinha falado com ela pessoalmente. Mas em qualquer caso, Ela tinha entendido o seu próprio pecado. Ela tinha entendido quem ela era. Ela entendeu a grandeza da sua dívida a Deus. Mas também, ela entendeu que ela poderia receber perdão. Então, ela se arrependeu. Ela deixou o estilo de vida pecaminoso para trás.
Ela tinha sido uma pecadora notória – em qualquer maneira. A dívida que ela devia a Deus foi imensa, e ela sabia disso. Mas agora, sabendo o perdão de Deus, sabendo que a dívida imensa tinha sido apagada, deixada para sempre, agora ela sabia a profundidade incrível do perdão de Deus. E aquele conhecimento, aquela compreensão, levou ela a fazer essa demonstração pública de humildade absoluta. Ela tinha que expressar a alegria a Jesus, e nada ficaria no caminho disso.
E Jesus concluiu por virar de Simão, e em direção à mulher. Ele fez um pronunciamento público: “Perdoados são os teus pecados.” De novo, uma melhor tradução dessa frase é: “Seus pecados têm sido perdoados.” Os pecados dela tinham sido perdoados antes da sua chegada. Agora Jesus faz uma declaração aberta, para informar todas as pessoas presentes – o status dela como pecadora tinha mudado. Ela não seria considerada pecadora flagrante não mais. Ela não seria excluída da sociedade, desprezada. Os pecados dela tinham sido perdoados, de uma vez por todas.
Esse pronunciamento leva a perguntas. Quem é esse homem, que até perdoa pecados? E também leva a um pronunciamento final de Jesus: “A tua fé te salvou. Vai-te em paz.” Mais uma vez, não eram os atos justos dessa mulher que a salvou. Era a fé dela que levou ela a fazer esses atos justos. A fé dessa mulher, não o ato de humilhação pública, salvou ela.
E nós não sabemos onde Simão acabou em tudo isso. Não lemos que ele endureceu o coração, mas nem que ele chegou a um tipo de auto-conhecimento. Mas o resultado indeterminado por Simão nessa história deveria nos levar a olhar a nós mesmos na luz da história. Nós somos mais como Simão, ou nós somos mais como a mulher pecaminosa? Nós sabemos que temos sido perdoados de muito? Essa verdade nos levou a amar muito também? Ou nós imaginamos que somos pessoas que, sim, precisamos de um pouco de perdão, porque, no final das contas, todos nós somos pecadores? Nós imaginamos que temos sido perdoado um pouco? Por isso nós amamos só um pouco também?
Irmãos, cada um de nós naturalmente seria mais como Simão do que como a mulher pecaminosa. Todos nós temos a tendência de pensar em nós mesmos mais altamente do que deveríamos. E se vemos, em nossa vida, que não somos produzindo fruto, o tipo de fruto que essa mulher mostrou, pode ser possível que isso seja nosso problema?
Se estamos um pouco indiferentes em nossa vida espiritual, se não somos emocionantes sobre sermos Cristãos, sermos discípulos, seguidores, sujeitos, servos, amigos de Cristo, é um problema muito grave. E é um problema muito grave que começa com a falta de entendimento da grandeza de nossa dívida a Deus, e a grandeza da obra do Senhor Jesus, o que Ele fez por nós.
Você se lembra que aparte da obra salvífica do Cristo, seria morto nas transgressões e pecados em que você andou, como seguidor do curso desse mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência? Você se lembra que você era, por natureza, um filho de ira, que significa que Deus teria sido correto se Ele tinha decidido derramar a sua ira sobre você, em vez de te dar uma nova vida em Cristo? Ou você pensa, talvez na mente subconsciente, que você não é tão mau, na verdade?
A maior a dívida que tem sido paga, a maior a gratidão será. Quando nosso entendimento desta verdade cresce, vai se mostrar na nossa vida. Quando crescemos em proximidade a Deus, quando crescemos em santidade, vamos entender mais e mais quão ofensivos a Deus nós somos, por natureza. E então, e somente então, vamos entender as riquezas imensuráveis da graça de Deus em bondade a nós em Cristo Jesus.
“Lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2:11,12). Precisamos lembrar isso, e meditar nisso!
Essa mulher sabia que ela era todas essas coisas. Mas quando ela conheceu a Cristo, essa carga foi removida. E ela conhecia paz. Então Jesus poderia dizer a ela, “Vai-te em paz.” Aquela paz é paz verdadeira – a paz que vem quando uma pessoa é mudada em concidadão com os santos, e membro da família de Deus, habitação por Deus no Espírito (Efésios 2:22).
Busque conhecimento sobre si mesmo. Ore que Deus abrir seus olhos a essa verdade difícil. Porque sem reconhecimento dessa verdade, sem olhar no espelho e nos ver como nós somos em realidade, nós nunca vamos ser os ramos frutíferos que devemos ser. Quando faltamos auto-conhecimento, não apreciamos a imensidade do que já recebemos. Como nós confessamos, Ele nos salva de todos os nossos pecados. Em ninguém mais devemos buscar ou podemos encontrar salvação.
Precisamos reconhecer nosso pecado – a necessidade desta salvação que somente pode ser encontrada em Jesus. Quando não temos este reconhecimento, essa falta nos leva a ser Cristãos irresolutos. Precisamos da obra de Deus, para entender a profundidade de nosso pecado e nossa miséria. Quando sabemos essas realidades, nossa gratidão será como a gratidão da mulher dessa história – gratidão emocionante, a nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo.
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.