Jonas 1.4-17

Leitura e Texto: Jonas 1.4-17

Amada igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo,

Um atributo divino que se destaca no livro de Jonas é a misericórdia de Deus em salvar pecadores. Mas Deus não é somente compassivo para salvar. Ele também é poderoso para salvar. O livro de Jonas também nos ensina sobre a soberania e poder de Deus na salvação. Vemos neste livro o Deus Soberano agindo com poder na natureza, na história, no coração de Jonas, dos marinheiros e dos ninivitas para realizar o seu propósito redentor. Aqui no capítulo 1 encontramos alguns dos atos poderosos de Deus. Lemos que foi Deus quem chamou Jonas e o mandou pregar em Nínive. Mas vimos que Jonas foi desobediente e tentou fugir da presença do Senhor. Ele não queria pregar em Nínive e por isso resolveu ir para Társis. Jonas não só tentou fugir da presença de Deus. Ele também se opôs ao propósito de Deus. Mas será que ele iria se sair bem ao desafiar o Senhor? Será que Jonas faria uma viagem tranquila a Társis e ali encontraria tranquilidade longe da presença do Senhor?

De maneira nenhuma! Pois o Senhor tomou providências diante da desobediência do seu profeta! Deus agiu em busca de Jonas. Ele mandou uma tempestade atrás do seu profeta com o propósito de trazê-lo de volta ao cumprimento do seu chamado. Ninguém pode fugir de Deus. Ninguém pode resistir ao Senhor e lutar contra seus propósitos. Ele age para realizar seus propósitos porque ele é soberano e poderoso. O foi o próprio Deus quem disse: “O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade! Agindo eu, quem impedirá”? (Is.46.10). Podemos resumir a mensagem do nosso texto no seguinte tema: O SENHOR MANIFESTA O SEU PODER NO PROPÓSITO DE SALVAR PECADORES

Note em primeiro lugar, que Deus manifesta o seu poder na criação em busca do profeta Jonas. Jonas tentou fugir de Deus e buscar a paz longe do Senhor. Mas Deus veio ao seu encontro por meio de uma tempestade (ler v.4). Jonas tentou fugir de Deus no meio do mar, mas Deus o achou no meio do mar. O Senhor fez soprar os ventos sobre o mar a ponto de ameaçar e arrebentar o navio em que Jonas estava. Aquela não foi uma tempestade normal, mas um milagre de Deus. Deus tinha um propósito nisso. Ele move o céu, a terra, o mar e o vento para fazer prevalecer a sua vontade soberana de evangelizar Nínive por meio de Jonas.
Deus não enviou a tempestade para destruir Jonas, mas para fazê-lo refletir no seu erro e retornar ao caminho do Senhor. Aqui já aprendemos uma importante lição: É que Deus nos ensina por meio das tempestades da vida. Às vezes nós tornamos a vida difícil para nós por causa da nossa desobediência a Deus. O Senhor nos dá sua palavra, ele nos aponta o caminho a seguir, mas nós, com rebeldia, nos desviamos da sua vontade. Como Jonas tentamos fugir da presença e da vontade do Senhor. Isso é natural do pecador desde a queda de Adão e Eva. Mas é nessa hora que Deus vem ao nosso encontro. Ele envia tempestades, provações para nos trazer de volta pra ele. Aquela tempestade que Deus fez surgir no meio do mar foi primeiramente para ensinar a Jonas que ele não pode fugir de Deus. Ele haveria de aprender a ser obediente ao Senhor. Meus irmãos! Não podemos fugir de Deus nem se opor ao seu propósito! Não podemos prevalecer contra a sua vontade! Por que fugir do Senhor? Por que desobedecer a sua vontade? Isso é ilusão e tolice! O Senhor nos conhece e a vontade dele é boa para nós! A melhor coisa a fazer é viver na presença de Deus, obedecer a sua palavra, confiar nele, pois ele faz todas as coisas cooperarem para o nosso bem e salvação, até mesmo quando nos envia tempestades. Avalie a sua vida! Você está tornando a vida difícil para você mesmo por causa da sua desobediência? Será que Deus não está te ensinando por meio de tempestades? Lembre-se que de Deus não se zomba e que haveremos de colher aquilo que plantamos!

A segunda coisa que vemos é que Jonas, por sua desobediência trouxe problemas não só pra ele, mas também para todos que estavam naquele navio (vss. 4,5). Sabemos que a tempestade veio de Deus, mas Jonas foi quem a provocou. Os marinheiros se apavoraram diante da tempestade e lançaram toda a carga no mar tentando salvar suas vidas, enquanto Jonas dorme o sono da indiferença no porão do navio. O que vemos aqui? Vemos que Jonas é um causador de problemas não só para ele, mas também para todos que lhe cercam. Por sua desobediência ele trouxe a tempestade e como conseqüência trouxe também o desespero e o prejuízo material para os marinheiros. Jonas causou muitos problemas. Os marinheiros perderam seus bens e quase perderam suas vidas. Houve atraso na viagem e muita angústia no início daquela viagem. Jonas foi um transtorno para todos no navio. Sua desobediência não trouxe paz, mas perturbação e problemas para todos.

O que aprendemos aqui? Aprendemos que aqueles que são chamados para ser uma benção tornam-se uma maldição quando andam no caminho da desobediência. Um crente desobediente não traz benção, mas é um causador de problemas. É um provocador de tempestades. Ele traz aflição para todos que estão à sua volta. Um membro que dá mau testemunho na sociedade não só desonra o nome de Cristo, mas também traz escândalos para a igreja e pode se tornar uma pedra de tropeço para muitos. Um cônjuge adúltero, uma mulher infiel, um pai perverso, um filho rebelde, um patrão injusto ou um empregado negligente, todos que andam na contramão da lei de Deus trazem consequências trágicas não só para suas vidas, mas também para a vida de todos que estão intimamente ligados a ele, seja na sua casa ou vizinhança, na sua igreja ou no seu trabalho.
O contrário disso também é verdade! Quando andamos de modo digno do evangelho, seguindo a vontade do Senhor não só agradamos a Deus, mas também seremos uma benção para nossos irmãos na fé e familiares, seremos um cidadão útil na sociedade e traremos refrigério e alegria para todos que nos cercam! Que Deus nos livre de seguir na rota da fuga da sua presença e vontade, pois isso traz sofrimento para nós e para todos que estão perto de nós! Que Deus nos ajude a ser obedientes à sua vontade para que ele seja glorificado por nós e o nosso próximo abençoado!

Note em terceiro lugar que Jonas é apontado por Deus como culpado e confrontado pelos pagãos (vss.6,7,10). Deus revelou a todos no navio que Jonas era culpado. Os pagãos lançaram sortes e essa caiu sobre Jonas. Isso não aconteceu por acaso, mas foi uma intervenção divina. Foi Deus quem entregou Jonas aos marinheiros. O lançar sortes estava debaixo da direção de Deus conforme podemos ver em outras ocasiões na Bíblia (ex: Acã –Js.7.16; At.1.26; ver Pv.16.33). Essa era uma maneira de Deus revelar a sua vontade para o seu povo em ocasiões específicas no AT! No NT só aconteceu uma vez na ocasião da escolha de Matias como apóstolo no lugar de Judas! Nada mais se fala sobre isso nas epístolas bíblicas! Hoje não temos mais necessidade de lançar sortes hoje, pois temos a palavra de Deus completa e a iluminação do Espírito Santo para compreender a sua vontade!
O ponto aqui no nosso texto é que pela intervenção divina, Jonas é apontado como culpado. Jonas é descoberto e agora ele passa a ser confrontado pelos pagãos do navio. “Levante-se e clame ao seu Deus! (v.6). O que você fez?” (v.10). Jonas é repreendido pelos pagãos por fugir de Deus. Enquanto os pagãos invocam seus deuses e se esforçam para salvar suas vidas, Jonas dorme o sono da indiferença, é um homem insensível aos acontecimentos. Aquele que conhecia o Senhor, que fora chamado para falar a palavra de Deus, estava agora calado, não tinha uma oração nos lábios, uma palavra para proclamar, pois estava fugindo de Deus, era um homem em desobediência. Foi até repreendido pelos ímpios. Note a trágica ironia aqui: Aquele que foi chamado para pregar contra a rebeldia dos ímpios, foi repreendido pelos ímpios por sua própria rebeldia.
Meus irmãos! Aqui aprendemos que um cristão que está em pecado não consegue orar, compartilhar a palavra de Deus e muito menos dar um testemunho de Deus diante dos pagãos! É muito triste quando acontece! Que Deus nos livre da indiferença de Jonas e nos conceda a graça de viver em obediência à sua vontade para termos ousadia de proclamar seu evangelho aos pagãos com nossos atos e palavras! O mundo precisa ver na igreja crentes comprometidos com a palavra de Deus e dispostos a fazer a sua vontade! Somente assim eles podem ser alcançados pela graça de Deus! Como está o seu testemunho diante dos ímpios? Você tem sido indiferente para com eles ou tem se preocupado em levar a eles o conhecimento de Cristo?

Note também que Jonas é um homem que tem uma confissão de fé diferente de sua prática (8-10). Jonas é interrogado pelos pagãos do navio. As perguntas são curtas e diretas, pois não havia tempo para muita conversa. Estavam no meio de uma tempestade. Jonas não responde todas as perguntas. Ele omite sua ocupação, de onde está vindo e qual é a sua terra. Mas ele revela que é um hebreu e afirma que teme ao SENHOR que fez os céus e a terra. Jonas crê que o Senhor fez o mar e a terra. Ele sabe que aquela tempestade foi uma obra de Deus. Ele sabe que foi Deus quem o apontou como culpado! Ele testemunhou o poder de Deus naquele navio! E ele até fala coisas corretas sobre Deus!
Jonas tem um credo, ele crê no Criador do céu e da terra. Ele não nega que crê em Deus. Ele não se envergonha da sua fé. Porém, ele é, ao mesmo tempo, incoerente. Pois não mostra nenhum temor a Deus. Ele conhece a Deus, mas não obedece a Deus. Ele afirma temer a Deus, mas o desafia ao tentar fugir dele. Chama Deus de Senhor, mas se rebela contra ele. É triste dizer mais há muitos crentes como Jonas nos dias de hoje. Há muitos que conhecem a Deus e sua palavra, afirmam crer no Senhor, mas o negam com suas obras (Tt.1.16; II Tm.2.20; Mt.7.21). De nada adianta para nós ter boa doutrina e conhecimento bíblico, se a nossa vida está errada, se não andamos em obediência e no temor do Senhor. Não separe o homem aquilo que Deus uniu, ou seja, a doutrina e a vida. Sejamos cristãos coerentes com a fé que pregamos e confessamos)! Falemos corretamente do Deus que fez o céu e a terra, mas também temamos o seu Nome! Que o nosso Deus seja honrado com nossas palavras e ações.

Observe ainda que Jonas prefere morrer a voltar atrás com suas atitudes (vss.11,12). Jonas não queria pregar de jeito nenhum em Nínive. Ele até tentou fugir, mas Deus o achou na tempestade. Jonas sabia que a tempestade era um chamado de Deus para ele se arrepender. Quando os marinheiros lhe perguntaram o que deviam fazer, Jonas logo disse que o lançasse ao mar. Os marinheiros corajosamente se esforçam para salvar suas vidas e a de Jonas. Mas Jonas prefere morrer a obedecer a Deus. Ele prefere ser castigado a voltar atrás e cumprir a ordem que o Senhor lhe dera de pregar em Nínive. Ele preferia a morte própria do que a salvação de muitos pagãos. Era um homem egoísta e orgulhoso. Muitas pessoas têm morrido em seus pecados porque o seu orgulho não as deixa se voltar para o Senhor. Preferem morrer em seus pecados a se arrepender dos seus pecados. Temos de ter coragem e ousadia não para persistir na desobediência, mas para confessarmos a Deus os nossos pecados e voltarmos a cumprir a sua vontade com alegria. Jonas até confessou o seu pecado, mas não se dispõe a cumprir a missão que Deus lhe dera.

Ele pede para ser lançado no mar e é isso que acontece (vss13-15). Apesar dos marinheiros não desejarem fazer isso, eles lançaram Jonas ao mar e suplicaram ao Senhor o seu perdão por este ato. Note que assim que Jonas é lançado nas águas, o vento aquietou-se e fez-se a bonança (15). Com o mar acalmado, os marinheiros pagãos ficaram admirados, temeram muito ao Senhor e lhe prestaram culto (v.16). Deus novamente mostrou o seu poder. Tanto a tempestade quanto a bonança foram obras de Deus. E note também como a vida daqueles marinheiros mudou pelo poder de Deus. No começo da tempestade eles invocaram seus deuses e temeram a tempestade. Mas agora eles temem o Senhor e o adoram. O poder de Deus mudou não só o tempo, mas também a vida e os corações daqueles marinheiros.

Isso mostra que Deus não precisa de nós para realizar seus propósitos. Ele deseja nos usar na sua obra, mas não precisa de nós. Deus age por meio de nós, sem nós e apesar de nós. Deus não precisaria de Jonas pra fazer sua obra, mas mesmo assim deseja usá-lo. É por isso que o Senhor não desistiu de Jonas. Por sua misericórdia Deus o salvou para que ele pudesse cumprir sua vocação de pregar em Nínive (v.17). Jonas desistiu de Deus, mas Deus não desistiu de Jonas. Jonas abandonou sua missão, mas o Senhor não abandonou o seu propósito de levar Jonas a cumprir seu mandato. Jonas se dispôs a morrer, mas Deus se dispôs a salvá-lo da morte. Jonas é lançado ao mar, mas o Senhor envia um grande peixe para salvá-lo. Jonas precisa aprender que Deus é soberano e misericordioso. Ele precisa reconhecer que Deus quer usá-lo na sua obra. Ele tem de se dispor a fazer a obra do Senhor. Meus irmãos! Deus nos salvou por meio de Cristo! Deus nos colocou na sua igreja como membros vivos do seu corpo! Fomos chamados por Deus não para vivermos acomodados na fé, não para trazermos problemas a todos que nos cercam com nossa desobediência e muitos menos não para sermos incoerentes com a fé que confessamos! Cristo nos escolheu para dar frutos, para trabalhar para o Senhor e ser uma benção a todos que estão ao nosso redor! Para proclamar que Deus é Poderoso e misericordioso para salvar pecadores! Amém!

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.