Hebreus 6.13-20

Leitura: Gênesis 22.16-18; Salmo 110.4
Texto: Hebreus 6.13-20

AMBIENTE

Amados irmãos no Senhor,

Nos capítulos anteriores da carta aos Hebreus, nós aprendemos muitas coisas. Vimos que Jesus Cristo é superior a todos os profetas, a todos os anjos, ao primeiro homem (Adão), a Moisés, a Josué e a todos os sumos sacerdotes do AT. Também aprendemos que as pessoas não devem negligenciar a palavra da salvação trazida pelo Filho de Deus; que o Senhor Jesus veio para restaurar todas as coisas; que os cristãos não devem endurecer seus corações quando ouvirem a voz do Senhor; que a igreja de todos os tempos e lugares está viajando em direção ao descanso eterno preparado por Deus; que Jesus Cristo é o Grande Sumo Sacerdote do povo de Deus; e que, infelizmente, muitas pessoas vão cair durante a caminhada cristã e nunca mais vão se levantar.

Todos esses assuntos eram muito importantes para aqueles irmãos. Vimos que a maioria deles era de origem judaica, e que eles estavam atravessando uma fase muito difícil: Eles estavam sofrendo perseguições do império romano; estavam sendo rejeitados pelos seus compatriotas judeus; e estavam sendo instigados a retornarem para sua antiga religião. E este último perigo era ainda mais sério. Os judeus diziam para eles: “Olhem para o templo de Jerusalém, para os sacerdotes e para os animais que são sacrificados lá! Nós estamos fazendo como Moisés disse! Nós estamos fazendo como a Bíblia manda! E vocês estão jogando tudo isso fora!”.

Essas são palavras muito perigosas, pois parecem ser palavras bíblicas. Os judeus queriam mostrar que, ao abraçar o cristianismo, aqueles irmãos estavam abandonando o próprio Deus. Então, o autor de Hebreus escreveu para proteger a igreja. Ele escreveu a fim de que aqueles irmãos se mantivessem firmes e não abandonassem a fé. É por essa razão que ele explica com tantos detalhes que a nova aliança é muito mais superior do que a antiga; ele mostra que todas aquelas coisas (como por exemplo, o templo, os sacerdotes e os sacrifícios) eram apenas sombras que apontavam para o Senhor Jesus Cristo. Assim, pensando no perigo da apostasia, o autor de Hebreus fica “batendo na mesma tecla”. Ele fica repetindo a lição de que Jesus Cristo é o Grande Sumo Sacerdote do povo de Deus.

Isso tinha que entrar na cabeça deles. Mas esse assunto não era fácil. Eles ainda eram crianças na fé, e essa verdade doutrinária era difícil de explicar (Hb 5.11). O ponto em questão era que eles não tinham evoluído no conhecimento do evangelho. Eles precisavam aprender mais sobre o sumo sacerdócio de Cristo. Esta é a razão porque ele reforça ainda mais este ensino no capítulo 6.13-20. Vejamos o que ele escreveu.

MENSAGEM

Meus irmãos, o texto de Hebreus 6:13-20 menciona o juramento que Deus fez a Abraão. O que aconteceu foi o seguinte: Quando Abraão tinha 75 anos de idade, Deus fez uma promessa para ele, dizendo (Gn 12.1-3): “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Então, depois de algum tempo, Deus repetiu essa promessa quando Abraão se separou do seu sobrinho chamado Ló. O que ocorreu foi o seguinte: Naquele tempo houve um desentendimento entre os pastores de Abraão e os pastores de Ló. E a solução para essa contenda foi que cada um daqueles líderes fosse para um lado diferente da terra de Canaã. E, naquele momento, Deus disse mais uma vez para Abraão (Gn 13.14-16): “Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. Farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência”.

Por esse motivo, Abraão ficou esperando pelo cumprimento da promessa feita pelo Senhor. Porém, o tempo ia passando… ia passando… e a promessa não se cumpria. E no meio desse tempo, Deus concedeu o filho que ele também tinha prometido para Abraão. Quando Isaque nasceu, Abraão já tinha 100 anos de idade. Então, até aquele momento foram 25 anos de espera. Mas, a espera valeu a pena, pois agora aquele patriarca tinha recebido o seu filho tão esperado. E certamente Abraão teve ter ficado muito alegre porque a promessa de ter seus filhos para sempre na terra de Canaã estava prestes a se realizar.

Todavia, quando o menino cresceu, aconteceu uma situação que parecia demonstrar que tudo “iria por água abaixo”. E que situação foi essa? O livro de Gênesis mostra que Deus mandou que Abraão sacrificasse Isaque. Aquela foi uma prova bastante difícil para o velho Abraão. Como assim? Como Deus vai cumprir a promessa da descendência de Abraão na terra prometida, se Ele iria destruir a vida de Isaque? Porém, o que ocorreu foi que na “hora H” Deus não permitiu aquele sacrifício. Aquele momento era apenas um teste para Abraão.

E, logo em seguida, Deus repetiu a sua promessa de que a descendência de Abraão herdaria a terra prometida. Entretanto, dessa vez, Ele reforçou a sua promessa por meio de um juramento! Deus disse assim (Gn 22.16-18): “Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedecestes à minha voz”.

Como podemos notar, foi esse juramento descrito em Gênesis 22 que o autor da carta aos Hebreus estava falando. Mas, mesmo com esse juramento, o tempo se passou. E quando Abraão morreu aos 175 anos, ele tinha somente um filho da promessa (Isaque) e um neto da promessa (Jacó). Isso significa que Abraão não viu a enorme descendência que viria depois do seu neto Jacó. Porém, como sabemos, a futura descendência de Abraão seria muito grande, pois ele é o pai dos judeus, e ele também é o pai de todos os que crêem.

O autor de Hebreus disse que Abraão alcançou a promessa, não porque ele viu todos os seus filhos, mas porque ele viu o começo de tudo! Ele viu seu filho Isaque, e também o seu neto Jacó. E por ter esperado tanto tempo para ver isso, Abraão é o grande exemplo de Esperança. O grande exemplo de alguém que confia na promessa e no juramento de Deus.

Notem que o autor de Hebreus fez questão de lembrar que Deus reforçou a sua promessa com um juramento. E esse juramento tornava ainda mais firme o propósito do Senhor, a sua vontade, a sua decisão, o seu plano. E aquilo que Ele prometeu com juramento com toda certeza ele iria cumprir. Observem que Deus agiu como os homens também agem quando eles querem mostrar que a palavra deles é verdadeira. Ou seja, por meio de um juramento, toda discussão é resolvida entre os homens. O juramento se torna uma garantia de que a palavra é verdadeira.

Agora, entre Deus e os homens existe uma diferença: Os homens juram por alguém ou algo superior a eles; mas Deus não tem ninguém, ou algo acima de si mesmo, para jurar. Então, por esse motivo, Deus jurou por seu próprio nome.

Mas, irmãos, por que o autor de Hebreus está falando sobre essas coisas? O que ele quer mostrar com a história do juramento de Deus feito a Abraão? A resposta está naquilo que eu disse no início do sermão. O autor de Hebreus está defendendo o sumo sacerdócio de Jesus Cristo. Notem que ele já falou do sumo sacerdócio de Jesus Cristo no capítulo 5 da sua carta. Por exemplo, vejam o que ele escreveu nos versículos 5 e 6 do capítulo 5: “Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.

Em seguida, no capítulo 6, que lembra do juramento de Deus para com Abraão, ele fala mais uma vez no sumo sacerdócio de Cristo. Vamos ler o versículo 20 do capítulo 6: “Onde Jesus, o precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.

E acontece que a defesa do sumo sacerdócio de Cristo não para por aqui. O escritor de Hebreus toca no mesmo assunto no capítulo 7 da sua carta. Prestem atenção na parte final do versículo 21: “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre”.

Como vocês estão vendo, irmãos, o autor de Hebreus está tratando do sumo sacerdócio de Jesus Cristo nos capítulos 5, 6 e 7. E é no capítulo 7 que nós encontramos a razão pela qual o escritor de Hebreus lembrou da história do juramento que Deus fez a Abraão. A razão é essa: Deus também fez uma promessa selada com juramento a respeito do sumo sacerdócio de Jesus Cristo. Deus jurou que Jesus Cristo é sacerdote para sempre.

Portanto, o escritor de Deus lembra do juramento feito a Abraão para mostrar que Deus cumpre aquilo que ele promete. Deus cumpre aquilo que ele prometeu com juramento. Por meio destas duas coisas: Promessa e juramento, Deus garante a sua palavra. Ele prometeu e jurou aos cristãos que Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote deles para todo o sempre. E os cristãos sabem que Deus não pode mentir. Isso é impossível. Assim sendo, o que ele disse sobre Jesus Cristo vai ser cumprido tal como aconteceu com a promessa a Abraão.

Por causa disso, os cristãos devem seguir o exemplo de Abraão. Os cristãos devem confiar na promessa de Deus. Eles devem manter firme a confiança de que Jesus Cristo entrou mesmo no Santo dos Santos Celestial. Ele entrou, e ainda está lá como sumo sacerdote para sempre. Ele foi o primeiro a entrar para que depois a sua igreja seguisse atrás dele.

Portanto, a entrada dele é a garantia de que a igreja também vai entrar na presença de Deus. Esta é a esperança dos cristãos. Essa esperança é muito firme, semelhante a uma âncora de navio lançada ao mar. Como vocês sabem, a âncora é um instrumento lançado no fundo do mar para que o navio não fique pra lá e pra cá no meio da tempestade. E como a finalidade de uma âncora é algo de entender, o autor de Hebreus escreveu o seguinte nos versículos 18 a 20 para falar da segurança que temos diante juramento de Deus: “… a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós”.

Assim sendo, devemos lembrar que a âncora da esperança dos cristãos não foi lançada no fundo do mar. A âncora da esperança dos cristãos está fixada em Jesus Cristo. Ela está com ele lá no Santo dos Santos Celestial. E isso não é uma coisa temporária, que pode se acabar de repente. Não, não é assim. Jesus Cristo não vai largar a nossa âncora, pois a obra dele não é temporária. Não é temporária porque ele é Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque! Deus jurou que será assim! E se Deus jurou, então sua promessa vai se cumprir irremediavelmente!

ATUALIZAÇÃO

Vamos pensar um pouco em nós agora:

O texto de Hebreus mostra que todos nós devemos aprender bem este assunto: O assunto sobre o sumo sacerdócio de Jesus Cristo. Nós somos gentios por natureza. Nós vivíamos distantes de Deus e do seu povo. E essa realidade dificulta um pouco o nosso entendimento sobre o AT. Pois, é lá no AT que nós encontramos os fundamentos da nossa salvação.

Por isso, precisamos conhecer o significado do templo, dos sacrifícios e dos sacerdotes. Estas coisas falam da obra da salvação realizada pelo Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso Sumo Sacerdote. Precisamos aprender mais sobre o significado do sumo sacerdócio de Cristo.

Em outras palavras, o nosso erro pode ser basicamente o mesmo erro daqueles cristãos hebreus. Eles tinham dificuldade para aprender esse assunto porque eles não avançaram no conhecimento da Palavra de Deus. Então, vamos nos esforçar para aprendermos mais sobre o Senhor Jesus Cristo, sobre a sua obra, e sobre as suas palavras. Se não fizermos isso, nós seremos levados de um lado para outro por todo vento de doutrina (vento de doutrina que vem de vídeos, de livros e outros). Precisamos avançar. Precisamos aprender mais. Precisamos crescer espiritualmente.

O texto de Hebreus também nos adverte sobre o mesmo perigo daquela época. O perigo da apostasia (do desvio da fé). É verdade que não temos judeus perturbando os nossos ouvidos, lançando dúvidas em nossas cabeças e mostrando a superioridade da religião deles. No entanto, existem outras pessoas fazendo esse tipo de trabalho.

De um lado, temos os romanistas afirmando que são a primeira, a única e a verdadeira igreja, uma igreja totalmente organizada, respeitada e espalhada pelo mundo todo. Do outro lado, temos os anabatistas e os pentecostais mostrando que possuem sinais e maravilhas, e que são melhores nisso e naquilo outro.

Todos estes, romanistas e anabatistas, ficam mostrando vantagens religiosas em relação a nós. E quando olhamos para nós mesmos, o que enxergamos? Enxergamos que somos rejeitados pelos demais grupos religiosos; que somos poucos em nosso país; que muitos de nós nos reunimos num prédio alugado; que a nossa igreja nem é conhecida entre as demais. Por tudo isso, podemos ficar desanimados.

E é nesse momento que o diabo se aproveita. É aí que ele manda suas flechas envenenadas, e envia seus ministros para semear dúvidas em nossas cabeças. Mas eu exorto a todos vocês: Não se deixem levar por eles. Esses mestres que colocam caraminholas em nossas cabeças são inimigos de Cristo. Eles farão de tudo para nos afastar dos caminhos do Senhor. Portanto, tenham cuidado com eles.

O texto de Hebreus também nos ensina a ter a mesma esperança de Abraão. É verdade que ele esperou um bocado de tempo para ver cumprida a promessa de Deus, e que, mesmo assim, ele não viu tudo o que aconteceu depois. Abraão não viu a multidão de pessoas que são seus filhos. Ele também não viu o seu principal descendente — o Senhor Jesus Cristo. Mas, mesmo assim, ele creu até o fim.

Lembrem-se de que Abraão, o nosso pai na fé, andou neste mundo de sofrimento tal como todos nós também temos andado. Ele passou por muitas dificuldades, mas ele venceu. E assim também será conosco. No final da nossa história, veremos que as nossas frustrações, as nossas perdas, os nossos sofrimentos físicos, a nossa solidão, os nossos momentos de angústia, o nosso cansaço físico e mental, os poucos recursos que temos para viver, as dificuldades que um dia enfrentamos quando éramos crianças e jovens, os problemas que surgiram em nosso trabalho, a rejeição dos nossos parentes, a difícil luta para educar os nossos filhos, as inúmeras decepções diante da infidelidade das pessoas que estavam junto conosco, e muitos outros sofrimentos, tudo isso vai passar.

Vai passar porque, embora a nossa vida seja marcada por muitas provas e tentações, ainda assim devemos manter firme a nossa esperança no nosso Salvador Jesus Cristo. Pois Ele está na presença do seu Pai. E em breve ele virá para renovar todas as coisas. Assim sendo, sejamos pacientes até a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, pois saibam que Deus cumpre as suas promessas, e de que a âncora da nossa esperança está segura e inabalável lá nos céus.

Amém.

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Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.