Dia do Senhor 42

Leitura: Gênesis 1.26-2.17
Texto: Dia do Senhor 42

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo

Este Dia do Senhor 42 trata sobre as atitudes relacionadas com os bens. Atitudes certas e atitudes erradas; em relação aos nossos próprios bens e em relação aos bens do próximo.

Notem que a P&R 110 trata do aspecto negativo do mandamento, ou seja, o que é proibido em relação ao mandamento. Enquanto que a P&R 111 trata do aspecto positivo do mandamento, quer dizer, o que é ordenado em relação ao mandamento.

Quando o Catecismo trata da proibição do mandamento (P&R 110), ele fornece uma lista de pecados que devem ser evitados a todo custo: furto, roubo, além de falsificação de peso, de medida, de mercadoria e de moeda, juros exorbitantes, etc. Portanto todos os maus propósitos e práticas maliciosas. Qualquer artifício malicioso empregado para se apropriar de bens do próximo, é proibido por Deus.

Além disso, Deus também proíbe a avareza, a luxúria e o desperdício dos bens (Final da P&R 110).

E na P&R 111, quando o Catecismo trata da ordenança do mandamento, ele descreve a atitude adequada em favor do próximo, tanto no que diz respeito à proteção de seus bens como no que diz respeito ao aumento de seus bens. A igreja confessa isso também na Confissão Belga – artigo 36:

“Nesse assunto, rejeitamos os anabatistas e outros revolucionários, e em geral todos os que se opõem às autoridades e aos magistrados, e querem derrubar a ordem judicial, introduzindo a comunhão de bens, e que abalam os bons costumes que Deus estabeleceu entre as pessoas”.

A Confissão da igreja é contra a comunhão de bens porque ela despreza o que a Bíblia diz sobre os bens que Deus tem distribuído de maneira muito variada entre as pessoas.

Aquisição lícitas de bens, proteger o bem do próximo, contribuir para aumentá-lo, e usar o trabalho para ajudar os necessitados. Essa é a maneira como o Catecismo ensina os crentes a glorificar a Deus com sua riqueza. Ouçam sobre isso nesta pregação:

Use sua riqueza para a glória de Deus

Promovendo o seu próprio bem
Promovendo o bem do seu próximo
Geralmente, temos um certo receio de falar positivamente sobre riqueza, não é mesmo? Isso porque a riqueza muitas vezes está ligada com ilegalidade, perversidade, corrupção – especialmente por causa do que está acontecendo com parte dos políticos e dos empresários do nosso país. Por isso, falar sobre riqueza parece um pecado. Mas não é assim. Deus quer que os crentes desenvolvam e aumentem seus bens para o louvor de sua glória.

Primeiramente, é bom deixar claro que aumentar riqueza não é superar a marca do primeiro Milhão de Reais. Aumentar riqueza é aumentar aquilo que já se possui.

Ao longo dos anos, a maioria de vocês vem adquirindo mais e mais bens. Pense no que você possuía quando era mais jovem e no que você possui hoje. Os bens da maioria de vocês aumentaram. Isso faz parte do mandato que Deus ao homem da criação.

O SENHOR criou um ambiente riquíssimo para nossos pais, Adão e Eva: vegetação em abundância; animais numerosíssimos; rios, pedras preciosas, e deu também sabedoria ao homem e capacidade para gerar filhos e para governar sobre as criaturas. Para que Deus deu tudo isso a Adão e Eva? Para que eles cumprissem o mandato de dominar e promover toda a criação para a glória de Deus.

Deus havia criado céus, terra, mar e todas as coisa, mas o homem não havia participado dessa criação. No entanto Deus quis que o homem participasse do desenvolvimento da criação. Então, o SENHOR proveu as coisas necessárias ao homem a fim de que ele pudesse expandir o Édem para o mundo todo.

Adão e Eva, primeiramente, usufruíram de todos os bens da criação para seu próprio benefício. E eles começaram bem nessa vocação. Eles usavam os recursos da criação para se alimentarem; eles se recreavam como casal; eles desfrutavam da companhia de Deus; eles tinham prazer em seus trabalhos.

Adão também usou a inteligência que Deus lhe dera para colocar nome em cada um dos animais que Deus tinha criado; ele usou a autoridade para dominar sobre os animais; ele usou os recursos que recebera de Deus para promover a criação.

Mas, veio a queda, e o trabalho do homem foi afetado gravemente. O pecado afetou, mas não destruiu a boa criação de Deus. Tanto nossos primeiros pais como as pessoas hoje em dia ainda conseguem fazer muita coisa boa.

Agora, deixe-me explicar que coisas boas não é a mesma coisa que boas obras. Boas obras só podem ser feitas pelo Espírito Santo, enquanto que coisas boas são aquelas ações humanas que não são reprovadas pelas Escrituras. Por exemplo: um homicida ainda pode ajudar um velhinho a atravessar a rua. Isso é uma coisa boa. Ajudar o velhinho é uma coisa certa feita por um pecador condenado por seu pecado de homicídio.

Apesar disso, depois da queda nenhuma coisa boa que os seres humanos fazem está livre de pecados e fraquezas. Por exemplo: Adão e Eva receberam um mandato para gerar filhos e para governar sobre a criação. Eles ainda podiam fazer isso, mesmo depois da queda. Mas os filhos que geraram foram pecadores iguais a eles; e o resultado foi irmão matando irmão (Caim a Abel), amigo matando amigo (Lameque a seus companheiros). Além disso, dominar sobre toda criação passou a ser um grande peso para o homem. O trabalho passou a ser cansativo; a autoridade do homem sobre as outras criaturas ficou enfraquecida. Tudo ficou mais difícil para o homem, depois da queda.

Mas Deus não tirou dos homens a capacidade para adquirir mais bens, desenvolver e criar outros bens, usando os recursos da criação. Os homens podiam adquirir mais bens, e ficar mais ricos.

Temos exemplos importantes de crentes, no AT, que eram riquíssimos. Abrão tinha poucos bens quando saiu de Ur, comparado com o que ele veio a ter quando se estabeleceu em Canaã (Gn 13.2). Outro exemplo é Jó. Ele era o mais rico do oriente, em sua época (Jó 1.1).

Estes homens de Deus são exemplos de que a riqueza pode ser empregada adequadamente para cumprimento do mandado de glorificar a Deus.

Jó era reconhecido como homem rico, não em função de artimanhas fraudulentas, mas de sua piedade e honestidade: “Homem justo, reto, íntegro e que se desvia do mal” (Jó 1.8). O mesmo pode ser dito de Abraão (Gn 13.2). Ele não adquirira sua riqueza de modo ilícito. Certa vez, quando Abraão saiu vencedor de uma guerra, o que lhe dava direito a possuir os bens dos derrotados, ele abriu mão desse direito para que seus amigos não dissessem que o haviam enriquecido (Gn 14.23).

Ao longo do tempo existiram muitas famílias e muitos reis ricos em Israel. Deus continuou abençoando o seu povo com prosperidade: fartura de alimento; aumento de bens; aumento de sabedoria (até livros de sabedoria temos na Bíblia). Quando o povo de Deus pecava ou usava a riqueza de modo errado, uma das maneiras como Deus castigava o povo era diminuindo sua riqueza.

Duas coisas importantes podemos destacar, até aqui, nesta pregação: primeira: Deus não é contra a riqueza; Segunda: Deus quer que usemos a riqueza do modo adequado.

É verdade que, nesta vida, uns terão mais do que outros. Mas Deus prometeu que vai cuidar do seu povo para que nenhum dos seus filhos sofra por não ter o que comer (Sl 37.25).

Você está contente com o que Deus tem dado a você? Se você precisa de alguma coisa, peça a Deus. Se você planeja adquirir alguma coisa, submeta o plano a Deus. E se tem oportunidade para trabalhar um pouco mais para aumentar seus bens, faça-o. Mas não deixe que o trabalho seja o seu senhor – somente Deus é Senhor absoluto da sua vida.

O trabalho sempre deve ser um servo que deve ajudar você a servir a Deus. Se ele está afastando você da família e da igreja, e está prejudicando você mesmo, significa que ele está controlando você; ele está se tornando seu senhor. Isso é pecado. Somente Deus é seu Senhor (Dt 6.4).

Não há nada de errado em trabalhar. Você até pode trabalhar bastante: pense sobre o que Deus diz no Quarto Mandamento: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra” (Ex 20.9). Não tem problema nenhum se você dedica bastante tempo ao trabalho. Isso será muito útil para a sua família, para a igreja e para a sociedade.

Com o lucro do seu trabalho, você terá condições de oferecer um ambiente alegre e sem grandes preocupações para os de sua casa. Você terá o alimento, você terá roupa, você terá com que se recrear com a família. Você até poderá cuidar melhor da beleza dos seus familiares.

Trabalhando um pouco mais você pode ajudar também a igreja. Suas ofertas darão condições para que a Diaconia realize bem o seu trabalho no meio dos santos e até aos de fora da igreja; suas ofertas manterão o ministério da Palavra, não apenas dentro da igreja, mas até para a evangelização dos descrentes; suas ofertas até servem para conservar e melhorar o prédio da igreja.

Trabalhando um pouco mais, você pode contribuir com o progresso da sociedade. Quando você aumenta os seus bens significa que a sociedade também está ficando mais rica. Cinquenta famílias mais ricas na cidade (o leitor deste sermão deve considerar sua própria cidade), significa que a cidade tornou-se mais rica.

Não devemos pensar apenas em riqueza material, mas também riqueza intelectual. A sabedoria e o conhecimento que você tem adquirido, promove a educação e várias outras áreas, na cidade; o comércio que vocês venha a possuir promoverá bens para a cidade; a capacidade política que você venha a possuir ajudará a administrar a cidade.

Vejam, irmãos, quanto uso bom vocês podem dar aos bens que Deus lhes tem acrescentado dia a dia. Vocês têm usado suas riquezas para glorificar a Deus? Vocês não precisam tratar a riqueza como uma coisa má. Vocês podem ter uma compreensão adequada da riqueza e usá-la de maneira apropriada.

Apesar disso, a riqueza pode ser um grande perigo para alguém que tenha um coração cobiçoso, luxuriento, desperdiçador. Se a riqueza tomar o lugar de Deus em seu coração e se tornar o seu senhor, ela vai destruir você. Foi isso que Jesus ensinou quando disse “é mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que entrar um rico no céu” (Mt 19.24).

Se você está acumulando riqueza e não a está usando da maneira correta, isso é pecado.

Se você está adquirindo riqueza de maneira ilícita, isso é pecado.

Se você está adquirindo riqueza, arrancando-a do seu próximo, isso é pecado.

Se você não está contente com a porção que Deus lhe deu e só pensa em aumentar suas posses, isso é pecado.
Se você possui riqueza, mas a usa de maneira egoísta, e não pensa no seu próximo, isso é pecado.
Se você está colocando sua confiança na riqueza, como se ela suprisse suas necessidades, isso é pecado.
Meus amados irmãos e irmãs,
Não deixe que a riqueza se torne a sua ruína, mas que ela seja um motivo de louvor e glória ao Senhor do céu e da terra.

Amém.

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Pr. Lúcio Manoel

Lúcio Manoel

Pr. Lúcio Manoel é bacharel em Divindade pelo Instituto João Calvino, colaborador do Projeto Dordt-Brasil. Missionário da Igreja Reformada do Grande Recife trabalhando na congregação em Caruaru-PE. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.