Dia do Senhor 37

Leitura: Eclesiastes 5.1-7
Texto: Dia do Senhor 37

Amados irmãos no Nosso Senhor Jesus Cristo

“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus em vão…”. Com estas palavras, o Senhor nos deu o terceiro mandamento. Qual a importância desse mandamento para nossas vidas? O que Deus proíbe neste mandamento? Será que não podemos usar o nome de Deus de forma nenhuma? Meus irmãos! O Senhor não proíbe o uso do seu nome, mas proíbe o uso errado ou leviano (em vão) do seu nome. Há vários pecados que Deus nos proíbe de cometer em relação ao uso do seu nome aqui no terceiro mandamento. Por exemplo, Deus nos proíbe blasfemar o seu nome por meio de murmurações ou maldições; Deus nos proíbe usar o seu nome levianamente (em vão, à toa); Deus nos proíbe de envergonhar o seu nome com nossa má conduta; Deus nos proíbe a omissão diante do pecado contra o terceiro mandamento. Por outro lado, o Senhor exige de nós no terceiro mandamento que usemos o seu nome somente com temor e reverência, que confessemos o seu nome corretamente, que glorifiquemos o seu nome com atos e palavras e ainda que repreendamos com coragem e amor os que pecam contra o terceiro mandamento.

Já podemos ver que o terceiro mandamento é muito abrangente. Há várias maneiras de pecar contra este mandamento e também de obedecê-lo. Além destas que já vimos, outra maneira de pecar ou obedecer a este mandamento é através da prática dos juramentos e votos. A questão dos juramentos e votos é um assunto ligado ao terceiro mandamento. O catecismo oferece um domingo inteiro para tratar deste assunto (Domingo 37). Por quê? Por duas razões: 1) Porque juramentos e votos são coisas que fazemos na presença do Senhor e em nome do Senhor (tem a ver com uso do nome de Deus; 2) Há também uma razão histórica. Pois no século XVI, quando o catecismo foi formulado, havia um grupo de reformadores radicais (anabatistas) que negavam todo e qualquer uso de votos e juramentos por parte dos crentes. Eles excluíam o nome de Deus da vida pública do crente. O domingo 37 combate esse falso ensino, explicando qual é o lugar e o propósito dos juramentos e votos na vida dos crentes. Vamos ver que o juramento ou voto é um aspecto da vida cristã.

Irmãos! Quando fazemos juramentos ou votos, nós estamos chamando a Deus para que ele seja testemunha das nossas palavras, afirmações e promessas. Estamos nos colocando diante de Deus como nossa testemunha a fim de que ele, o único que conhece os nossos corações, nos abençoe se falarmos a verdade e nos castigue se jurarmos falsamente. Os juramentos ou votos têm a ver com o nome de Deus e dependendo da atitude dos que os fazem, podem honrar ou desonrar o nome do Senhor. Os crentes podem fazer juramentos e votos em nome do Senhor.

Uma coisa que temos de ter em mente é que o não uso ou o uso errado do nome de Deus não anula o seu uso correto. Os judeus tinham medo de proferir o nome de Deus. Muita gente hoje usa o nome de Deus à toa, em vão. E você crente? Como você deve usar o nome de Deus? O Senhor nos chama a usar o seu nome de modo piedoso, com temor e reverência, inclusive por meio de votos e juramentos. Seu coração deve estar cheio de temor e respeito por Deus quando for usar o Seu Nome nos seus juramentos e votos. O catecismo fala de juramentos e votos legítimos que podem ser feitos pelos crentes (ler pergunta e resposta 101). Observe que a instrução do catecismo não é uma invenção da igreja, mas está baseada na palavra de Deus.

Meus irmãos! A Bíblia fala sobre juramentos e votos legítimos em nome de Deus (ler Dt 6.13; Dt 10.20). Além dessa ordem clara de Deus, podemos ver os exemplos bíblicos dos servos de Deus que fizeram votos e juramentos em nome do Senhor. Abraão fez juramentos em nome do Senhor (Gn. 21.24). Neemias fez o povo jurar diante de Deus que seriam obedientes conforme prometeram (Ne. 5.11-13). Paulo invocou o nome do Senhor para testemunhar a certeza das suas palavras (Rm. 1.9; II Co. 1.23). Além disso, Eclesiastes 5.4 fala da prática de votos que o povo de Deus fazia. Nesse momento é bom notar a distinção entre um juramento e um voto. Um juramento é uma invocação solene do nome de Deus para que ele testemunhe as declarações e promessas que proferimos e nos castigue se falarmos mentira. Por sua vez, o voto é um ato devocional voluntário ligado à oração, onde o crente promete mostrar sua gratidão a Deus pelos favores recebidos (Gn. 28.20-22; Dt. 23.21-23). O voto é uma coisa séria e deve ser cumprido a qualquer custo. É melhor não fazer um voto ao Senhor do que fazê-lo e não cumpri-lo (Ec. 5.4,5).

Em que situações o crente pode fazer votos e juramentos legítimos em nome do Senhor? Somente “quando o governo o exige de seus súditos, ou quando a necessidade o exige para que se guarde e se promova a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem do nosso próximo”. Aqui o catecismo coloca duas situações quando você pode fazer juramentos e votos em Nome do SENHOR.

A primeira situação é quando as autoridades o exigem de você. Um tribunal ou um juiz pode exigir que testemunhas façam um juramento de falarem somente a verdade num julgamento. As autoridades são ministros de Deus e podem exigir dos cidadãos juramentos para falar a verdade a fim de promover a justiça. Os crentes podem se submeter a estes juramentos. E quando isso acontecer, eles devem falar a verdade para a glória de Deus e para promover a justiça na sociedade. Isso pode acontecer também dentro da igreja, pois esta não é ainda perfeita. O que fazer, por exemplo, se um membro da igreja acusa outro membro usando mentiras que o acusado dificilmente pode contestar? Nesse caso é necessário que o membro acusado, a pedido do conselho, testifique sua inocência por meio de um juramento perante Deus e sua igreja.

A segunda situação é quando “a necessidade o exige para que se guarde e se promova a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem do nosso próximo”. Em que situações podemos pensar agora? Podemos pensar naquelas ocasiões em que fizemos um juramento ou voto solene diante de Deus e dos homens. Pense no contexto da sociedade em geral. Aquelas pessoas que assumem cargos públicos de grande importância para a sociedade, tais como governantes, médicos, professores, policiais, juízes e outros, todos estes são obrigados a jurar lealdade à constituição do país a fim de exercerem suas profissões fielmente para o bem das pessoas. Quando eles não o fazem, estão quebrando o seu juramento e pecando contra o terceiro mandamento da lei de Deus.

Podemos pensar também no contexto da igreja. Como cristãos, já fizemos, em ocasiões solenes, juramentos e votos em nome do Senhor. Por exemplo, quando você batizou seu filho. Naquele dia, o Senhor manifestou a sua fidelidade relembrando e garantindo a você as promessas e bênçãos que ele tem pra você e seus filhos no batismo. Ao mesmo tempo, vocês também fizeram um juramento de manifestar sua fidelidade ao Senhor dedicando-se à educação cristã dos seus filhos. Vocês, pais crentes, se lembram do seu juramento? Vocês têm se esforçado, com a graça de Deus, para cumprir a promessa que vocês fizeram a Deus de educar seus filhos nos caminhos do Senhor?

Pense também no dia em que você fez a sua pública profissão de fé. O Senhor foi testemunha da resposta positiva que você deu e do compromisso que você assumiu de ser um membro fiel da igreja de Cristo. O Senhor te dá muitas bênçãos como membro da igreja dele. Ele perdoa teus pecados, te dá o privilégio da comunhão dos santos e te ajuda a ser um crente fiel por Seu Espírito. Mas o que você tem feito? Você se lembra do seu juramento? Você tem sido um membro fiel da igreja? Tem se esforçado com a graça de Deus e o auxílio do Espírito Santo para ser um membro vivo da igreja dele?

Lembre-se! Você prometeu permanecer fiel na doutrina da palavra de Deus! Você prometeu usar os seus dons com vontade e alegria na igreja! Você prometeu contribuir alegremente com suas ofertas para manter a obra diaconal e o ministério da palavra! Você prometeu guardar fielmente o dia do Senhor, prestando culto a ele e não deixando de adorá-lo por motivos banais. Você prometeu sujeitar-se à supervisão e disciplina dos oficiais da igreja, caso erre em doutrina e vida. Não se esqueça do juramento que fez, mas avalie a sua vida. O que você tem feito? Tem andado de acordo com a vocação que recebeu? Tem se esforçado para manter a sua promessa? Tem usado seus dons com alegria para edificar a igreja? Tem contribuído bem com suas ofertas? Tem se alegrado no dia do Senhor prestando culto a ele? Tem recebido com humildade a exortação e repreensão dos seus oficiais? Meus irmãos! Se nós já dissemos “sim” na presença de Deus, a nossa vida de cada dia não deve falar uma linguagem diferente. Nosso viver deve ser coerente com aquilo que cremos e confessamos.

Podemos pensar também em outras situações. Aqueles que foram ordenados oficiais da igreja, devem lembrar do seu juramento e se esforçar para servir fielmente ao Senhor e à sua igreja como prometeram. Aqueles que se casaram, devem lembrar do seu voto de ser fiel um ao outro até que a morte os separe e se esforçar para cumprir sua promessa. É isso que Deus espera de cada um de nós na vocação que nos deu. Ele está presente na nossa vida. Lembre-se que em cada uma destas situações, nós fizemos um juramento em nome do SENHOR. Nós o invocamos para testemunhar a veracidade dos nossos votos e juramentos. Nunca esqueça que o Senhor conhece tudo na sua vida. Ele sabe de tudo que está no mais íntimo do seu coração. Então, você não pode viver escondido dos olhos do Senhor. Ele ouve e se lembra de cada palavra que você fala e observa cada passo que você dá. Meus irmãos! Nós vivemos diante do SENHOR! Estamos conscientes disso? Temos honrado o Senhor com nossos votos e juramentos?

Talvez você se desanime consigo mesmo ao ouvir estas coisas e reconheça: “Realmente, eu não tenho me esforçado para servir fielmente ao Senhor! Não tenho sido fiel ao juramento que fiz! Não tenho me esforçado e gastado tempo pra ensinar a palavra de Deus aos meus filhos! Não tenho sido um membro fiel da igreja! Tenho desprezado a palavra de Deus e os sacramentos! Não tenho contribuído fielmente com minhas ofertas! Enfim! Tenho falhado como membro da igreja, como trabalhador, como pai, mãe, marido, mulher ou como filho! O que devo fazer?” Não se desespere da misericórdia de Deus nem continue vivendo na infidelidade. Mas olhe para Cristo. Ele é a sua esperança! Ele pode mudar a sua vida e renovar as suas forças! Ele morreu para perdoar todos os teus pecados! Ele viveu para cumprir perfeitamente todos os mandamentos de Deus, inclusive o terceiro, em teu lugar a fim de te dá a sua justiça. Ele foi fiel em todos os seus atos e palavras e como resultado disso, ele garantiu a tua salvação. Alegre-se em Cristo e confie nele. Somente dele vem o perdão e a graça pra você ser fiel às promessas que fez e viver para a glória de Deus e o bem do próximo (Jo. 15.6).

É isso mesmo, meus irmãos! Quando mantemos nossa palavra e cumprimos as promessas que fizemos em nossos juramentos e votos com o auxílio de Cristo, o nome de Deus é glorificado em nossas vidas e promovemos o bem do nosso próximo. Não é assim mesmo que acontece, irmãos? Quando cumprimos as promessas que fizemos no batismo, nossos filhos são abençoados com uma boa educação. Quando cumprimos as promessas que fizemos na profissão de fé, contribuímos para a edificação e o crescimento da igreja e o nosso próximo é abençoado com nosso bom testemunho. Quando somos fiéis aos votos do casamento, nosso cônjuge e filhos são todos abençoados e o resultado disso é um lar feliz em Cristo. Que o Senhor Jesus nos ajude a honrar o seu nome em todas as áreas da nossa vida e nos dê forças para cumprir nossos votos e juramentos para sua glória e o bem do nosso próximo!

Amém!

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.