Dia do Senhor 11

Leitura: Mateus 1.18-25
Texto: Mateus 1.21; Dia do Senhor 11

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo

Só há um Deus, um Salvador e um povo de Deus. Quando o homem se lançou no pecado, no princípio, esse Deus Único e Salvador foi pessoalmente buscar o homem perdido e prometeu enviar seu Filho para redimi-lo do seu pecado e fazer dele Seu povo (CB 17; Gn 3.15).

Quando o Filho de Deus veio ao mundo, o mensageiro celestial disse a Maria: “porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).

O nome Jesus significa salvação. Jesus é a pronúncia em Português para o nome Grego Yesus, que corresponde à forma hebraica Yeshua ou Yehoshua – o nome de Josué, em nossas Bíblias.

Jesus é o salvador prometido desde Gênesis 3.15. Ele é um Salvador perfeito, completo. Nele, e somente nele devemos crer e confiar para sermos salvos. Vamos ver algumas passagens que deixam isso claro: At 4.12; 1Co 1.30; Cl 1.18-20; 2.10; 1Tm 2.5; Hb 12.2; 1Jo 2.1.

Em nenhuma dessas passagens e em nenhum outro lugar da Escritura, você vai encontrar que Jesus precisa da ajuda de alguém ou de alguma coisa para realizar a salvação do pecador.

Apesar do forte testemunho bíblico em favor da salvação soberana de Deus, muita gente está confessando outros meios de salvação, ou pelo menos, confiando em outros meios de salvação. Não se trata de pessoas que estão fora das igrejas, mas dentro das igrejas cristãs.

Vejamos alguns exemplos de pessoas que chamam Jesus de Salvador, mas que não confiam somente em Cristo para a sua Salvação.

Pessoas que geralmente se dizem cristãs (cristãos nominais). Algumas pessoas acreditam que abraçar algum tipo de cristianismo, ou seja, abraçar um conjunto de conhecimento sobre Cristo, vai salvá-las. Outras pensam que serem contadas entre os cristãos ou fazerem parte de um grupo cristão dão a elas o direito de salvação e de morar no céu com Deus.

Isso é um engano. Primeiro porque cristianismo de verdade é sinônimo de evangelho. E evangelho é poder de Deus para salvação daquele que crê (Rm 1.16; 1Co 4.20). O homem e a mulher convertidos desejam Cristo. Eles querem pertencer a Cristo e estar unidos a Cristo, por sua Palavra e Espírito. Os cristãos de verdade não querem simplesmente pertencer a um “ismo”. Eles rejeitam qualquer “ismo” que alegue possuir outro caminho para o céu, além de Cristo.

Em segundo lugar, não basta fazer parte de um grupo cristão; não basta frequentar um grupo cristão. Quem deseja ser salvo tem de se decidir por Cristo e estar ligado com Cristo, de verdade. Não podem ter o coração dividido entre Cristo e o mundo. Os indecisos estão debaixo da mesma advertência que Cristo pronunciou à igreja de Laudiceia “Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou pronto a vomitar-te da minha boca” (Ap 3.14-22). Essa gente se diz cristã, mas suas obras negam o que elas afirmam (Tt 1.16).

Os verdadeiros cristãos estão unidos a Cristo e manifestam as obras de Cristo. Eles experimentam renovação da mente; experimentam conversão do coração; experimentam transformação da vida.

Quem não experimenta a nova vida com Cristo e não espera por Ele, vigilantemente, como aconteceu com as virgens imprudentes, não entrarão no céu, pela porta (Mt 25.12).

Pessoas que foram batizados na infância. As palavras aqui são dirigidas tanto aos pais quanto filhos. Alguns pais que batizaram seus filhos pequenos, como também alguns filhos batizados que cresceram dentro da igreja, ambos têm confiado no batismo como fonte de salvação. Eles agem da mesma maneira como muitos judeus do tempo de Paulo. Estes judeus confiavam que eram salvos porque faziam parte do povo da aliança e eram circuncidados (Rm 9.6-13).

Os pais aqui da igreja, quando batizam seus filhos, fazem voto de ensiná-los o significado do batismo, como sinal da aliança entre Deus e o seu povo. Eles devem ensinar as promessas da aliança, mas também as obrigações da aliança, que o batismo aponta.

Temos o exemplo bíblico de Abraão. Quando ele circuncidou Isaque, seu filho, ele não pensava que a circuncisão garantia a salvação de Isaque. O próprio Deus testemunhou isso a respeito de Abraão (LER Gn 18.18,19). Abraão sabia que a salvação vinha de Deus. Por isso, ele instruía a seu filho e a todos os demais de sua casa que foram circuncidados, a temerem ao SENHOR. Abraão queria colocar Deus no coração de todas as pessoas que estavam em sua casa, e não apenas a marca da circuncisão sobre eles. Abraão ordenava a sua casa no caminho do SENHOR.

Os pais daqui da igreja também aprenderam que deviam ordenar a seus filhos. Eles ouviram que somente o sangue e o Espírito de Cristo perdoam os pecados. O batismo dos filhos ensina, aponta e confirma essa promessa, mas não é o batismo mesmo que limpa o pecador. Os pais devem repetir esse ensino aos filhos muitas e muitas vezes. Eles devem colocar Deus no coração dos seus filhos, e não apenas a marca do batismo sobre eles.

Alguns pais não estão fazendo isso. Eles não estão usando o batismo para gerar Cristo no coração dos filhos. Eles estão se confiando no fato que seus filhos são batizados.

Por causa da negligência dos pais em ensinar sobre o batismo aos seus filhos, muitos filhos da aliança não sabem porque foram batizados; não sabem o significado do batismo, nem as responsabilidades do batismo. As crianças só conhecem a promessa de salvação ensinada no seu batismo. Por isso, eles pensam erradamente que serão salvos porque foram batizados.

O mau uso da doutrina do batismo infantil tem levado a consequências trágicas. Os filhos batizados não aprendem a viver conforme essa santa vocação. Não aprendem que o batismo ensina sobre a separação do pecado. Não aprendem que eles foram separados por Deus e devem dedicar-se a Deus. Eles simplesmente confiam que o batismo vai fazer o que é necessário para eles serem salvos.

Mas, como o batismo em si não tem poder de perdoar pecado; como ele não tem poder para transformar o coração da pessoa; como ele não transforma ninguém em filho de Deus, esses filhos da aliança que se confiam no batismo continuam vivendo vidas de pecado. Eles não abandonam o pecado, mas acreditam que são salvos, assim mesmo. Estão enganados.

A porta do céu não é tão larga, que possam entrar por ela todas as pessoas que foram batizadas. O caminho não é tão largo que possam caminhar por ele os pecadores que não se arrependem e colocam sua fé no Salvador Jesus. O céu é tomado à força (Lc 13.24; Mt 11.12; 1Pe 4.18; Mt 22.14; Rm 9.27).

Pais, ouçam só mais uma coisa sobre seus filhos batizados: às vezes, pais fiéis que lutam para manter o ensino da Palavra de Deus a seus filhos, sofrem por causa da rebeldia deles. Não desanimem. Não desistam de orar pelos seus filhos. Deus não despreza a promessa que fez a você e a seus filhos, no batismo deles.

Uma palavra de consolo também aos filhos batizados. Vocês estão crescendo na igreja, mas talvez percebam que não chegaram onde gostariam de chegar na vida de piedade cristã. Não desanimem. Continuem usando os meios de graça que Cristo deu à igreja. Leiam a Bíblia diariamente. Não deixem de orar. Ouçam as pregações dominicais com atenção e respeito. Deus vai ajudar vocês.

O terceiro grupo de pessoas que negam a salvação no único Salvador Jesus é o grupo das Pessoas que fizeram profissão de fé.

Para que uma pessoa seja recebida como membro desta igreja, ela passa por um cuidadoso acompanhamento dos oficiais. Ela recebe estudos para conhecer bem a igreja; ela aprende sobre as doutrinas da igreja; ela recebe visitas dos presbíteros; ela assume compromissos de amar a Cristo, por meio dos votos feitos solenemente diante de Deus e de sua igreja. Quando uma pessoa não demonstra ter fé verdadeira em Cristo, seja em doutrina ou seja na vida, os presbíteros não o recebem na membresia da igreja.

Mas, em geral, acontece que as pessoas mostram sinais de fé em Cristo e compromisso com Deus e com a igreja, e portanto são recebidas como membros. Mas, com o passar do tempo, às vezes rapidamente, às vezes muito tempo depois, algumas destas pessoas começam a mudar de opinião.

Aquela confiança em Cristo que dominava a vida do irmão ou irmã; aquela paixão que movia o seu coração para orar; aquela chama que ardia de desejo de estar nos cultos, de participar ativamente e com alegria das atividades da igreja; aquela chama perde força e dá sinais de desaparecer. Cristo perde aquela posição de excelência que tinha em sua vida.

Algumas dessas pessoas deixam a igreja. Outras continuam na igreja, mas suas vidas se mostram infrutíferas. Esse esfriamento do primeiro amor estava acontecendo com a igreja de Éfeso (Ap 2.4).

Prestem a atenção a três características que marcam a vida de pessoas que fizeram sua profissão de fé, mas deixaram o primeiro amor:

Primeira coisa: elas ainda cumprem os deveres da religião cristã, mas com objetivo diferente daquele que aprenderam no início da jornada da fé. Elas não buscam mais a glória do Salvador Jesus, mas buscam a sua própria glória. Passam a confiar em si mesmas. Olham com muito entusiasmo para as obras de justiça que têm praticado. Tudo elas fazem, a fim de que tenham em que descansar sua consciência. – Eu tenho orado; eu tenho ido aos cultos; eu tenho feito o bem; eu tenho evitado o mal. Elas até olham para os outros irmãos da igreja com desdém, porque elas não agem erradamente como os demais irmãos da igreja.

Mas a Bíblia ensina que não é suficiente tentar ser moralmente justo, para ser salvo. A justiça do crente precisa ser maior do que a justiça dos fariseus (Mt 5.20; Lc 18.11). O apóstolo Paulo entendeu isso e jogou sua justiça própria no lixo, para abraçar a justiça de Cristo (Fp 3.6). A justiça de que você precisa vem de Cristo. Não confiem em vocês mesmos.

Segunda coisa que marca a vida daqueles que fizeram profissão de fé, mas esfriaram no primeiro amor: algumas dessas pessoas se esforçam para se conformar às normas externas de piedade. Elas querem manter a aparência de piedade. É mais fácil um crente fiel vacilar do que tais pessoas mostrarem fraqueza. Elas não deixam passar uma oportunidade para indicar que são crentes fiéis.

O problema com essa piedade é que ela não tem eficácia de salvação (2Tm 3.5). Não importa o quanto suas orações sejam longas ou frequentes (Mt 23.14); não importa se balançam a cabeça e dão amém ao fim da pregação (Mc 6.20); não importa se praticam todos os exercícios da religião cristã (Is 1.11). Não há serviço exterior de piedade que um hipócrita não consiga imitar (1Co 1.3).

O cristão fiel a seu salvador não busca se conformar com padrões externos de piedade. Ele busca se conformar a Cristo. Ele não finge ser um transformado, ele experimenta transformação (Ef 4.24; Cl 3.10). Ele vive piedosamente como resultado da nova vida que tem em Cristo.

Terceira coisa que marca a vida daqueles que fizeram profissão de fé, mas esfriaram no primeiro amor: são pessoas bem intencionadas. Elas tentam controlar seus impulsos malignos por meio da educação na justiça, por meio dos exercícios da religião, e até por meio de regras e padrões humanos. Estas pessoas não são hipócritas. Eles querem viver corretamente diante de Deus. Mas aí está o problema. O importante para elas fazer a coisa certa, é agradar a Deus. Elas transformam os meios em fins em si mesmos. É daí que nasce o ativismo.

Essas pessoas são ativas em sua vida de piedade. Elas não aceitam não fazer coisas para Deus. Elas se envolvem com tudo que for possível. Mas com o passar do tempo, esse envolvimento acaba escondendo Deus de suas ações. As coisas que elas fazem são tão importantes em si mesmas, que elas não param para pensar como Cristo está sendo glorificado em suas vidas super ativas.

O importante para estas pessoas é fazer. Ainda que seu slogan seja: “Estou fazendo para a glória de Deus”, elas não se perguntam se Deus está mesmo sendo glorificado com suas ações. – Mais vale fazer do que saber o porquê!

Amados irmãos e irmãs, qual o problema com todos estes exemplos de pessoas que nós avaliamos até agora? O problema é que estas pessoas não estão mostrando confiança segura somente em Jesus Cristo. Apesar de se dizerem cristãs; apesar de repetirem o nome Jesus; elas confiam em si mesmas ou em muitas outras coisas, mas não em Jesus, somente.

Essa é a diferença entre as pessoas que confiam em seu batismo, as que confiam na sua vida moral irrepreensível, as hipócritas que somente se preocupam em mostrar sua piedade, as de boa intenção, e os verdadeiros cristãos. Os verdadeiros cristãos confiam somente em Jesus, para a sua salvação.

Muitas das características dos verdadeiros crentes estão presente nessas pessoas, mas apenas como sinais superficiais promovidos pela própria natureza corrompida delas. A Bíblia fala de pessoas assim: LER Hb 6.4; At 24.25; Mc 6.20.

“uma coisa é alvoroçar o pecado por convicção; outra coisa é crucificá-lo pela graça da conversão.” Joseph Alleine

É disso que vocês precisam: de conversão. De verdadeira conversão. Conversão não é uma coisa que aconteceu com você no passado. A conversão não é uma experiência de momento. Conversão continua acontecendo durante toda a sua vida. A conversão é uma obra contínua de Cristo, por meio do Espírito Santo. Cristo transforma você, diariamente, à sua imagem (Ef 4.24; Cl 3.10).

Não se contente em visitar a igreja; não se contente em ser um membro batizado; não se contente por ter feito sua profissão de fé; ore a Deus pela graça diária da conversão. Deus prometeu dar o Espírito Santo a quem lhe pedir (Lc 11.13). Rogue ao Pai, pelo Espírito Santo.

Não busque salvação em nada nem ninguém. Não busque salvação em você mesmo. Não busque salvação nos pretensos salvadores deste mundo. Busque salvação somente em Cristo. Somente no Salvador Jesus, você encontra tudo de que precisa para a sua salvação.

Amém.

Voltar ao topo
Pr. Lúcio Manoel

Lúcio Manoel

Pr. Lúcio Manoel é bacharel em Divindade pelo Instituto João Calvino, colaborador do Projeto Dordt-Brasil. Missionário da Igreja Reformada do Grande Recife trabalhando na congregação em Caruaru-PE. 

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

Este curso é gratuito. Por isso, apreciamos saber quantas pessoas estão acessando cada conteúdo e se o conteúdo serviu para sua edificação. Por favor, vá até o final dessa página e deixe o seu comentário.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.