1 Reis 18.20-40

Leitura: 1 Reis 18
Texto: 1 Reis 18.20-40


Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Quando lemos sobre esses confrontos que ocorreram entre os profetas de Deus e o povo que adorava Baal, pode ser muito fácil para nós pensar sobre os israelitas: “como eles podem ser tão tolos?” Parece tão óbvio para nós: como alguém poderia ser seriamente tentado a adorar uma estátua de madeira ou pedra? E imaginamos que nós nunca faríamos tal coisa.

Por isso, antes de entrar nos detalhes deste capítulo, acho que seria útil pensarmos honestamente sobre essa questão. Será que nós teríamos sido tentados a adorar Baal como os israelitas foram? Se queremos que estas histórias no livro dos Reis sejam benéficas por nós, temos que ser honestos com nós mesmos sobre a nossa capacidade de cair nos mesmos erros.

Então, quero apresentar cinco razões pelas quais provavelmente nós seríamos tentados também com este culto aos ídolos:

  • Primeiro, temos que lembrar que a retrospectiva é 20/20. É fácil olharmos para os israelitas e julgá-los por sua infidelidade, sabendo o que sabemos sobre como Deus os puniu por sua idolatria e os mandou para o exílio. Mas eles viveram o momento, não sabendo o que aconteceria no futuro. Entaõ pra eles, bem como pra a gente, era uma questão de confiar (ou não) na palavra de Deus que eles tinham em suas mãos.
  • Em segundo lugar, cada geração tem suas pressões culturais. No mundo deles, todos os povos adoravam Baal. É fácil para nós dizer que nós nunca faríamos isso, mas não devemos presumir isso, porque não vivemos no mundo deles. Em vez disso, devemos nos perguntar: será que nós resistimos às pressões culturais de nossos dias? Cada geração tem suas tentações e lutas únicas. Nossa fidelidade e nossa coragem não são determinadas por quão bem lutamos as batalhas de ontem, mas quão bem lutamos as batalhas de hoje. As gerações futuras podem olhar para trás, para nossas falhas em lidar biblicamente com as pressões culturais de nossos dias.
  • Terceiro, houve pressão política para adorar Baal. Foi a religião oficialmente sancionada sob Acabe e Jezabel. Não havia problema se você queria adorar a Javé e Baal, mas se você insistisse em adorar apenas a Javé, você era visto como um agitador pelo governo e pela sociedade, e você teria muitos problemas na sua vida, no seu emprego, nas suas relações com o governo. Veja o que aconteceu com os 150 fiéis profetas de Deus que Obadias teviram que se esconder nas cavernas. É o que estamos vendo hoje: todo mundo tem suas convicções, até a hora que elas afetam seus trabalhos e a facilidade de suas vidas. Quando nossas casas, nossas famílias ou nossas vidas estão em jogo, é muito mais difícil ser fiel à Palavra de Deus.
  • Quarto, a adoração a Baal foi ligada a economia. Baal era o deus da tempestade, o deus da chuva, do trovão e da fertilidade. E Israel era uma sociedade agrícola. Eles eram fazendeiros. Toda a economia e bem-estar do pais dependia na chuva. Então, o culto de Baal não era apenas uma questão religiosa, mas económica. E—bem como tempo de Roma pagão—muitos acreditavam naquela sociedade que a culpa pela seca era àquelas pessoas que não participam no culto de Baal. Então, entendam bem a polémica. Os adoradores de Javé estavam causando prejuízo no resto da sociedade por sua resistência ao culto de Baal. É por isso que Acabe chama Elias de um “pertubador de Israel.” Bem como no tempo da perseguição romana dos cristãos, neste tempo também muitos clamavam para o governo aumentar a perseguição dos adoradores de Javé, porque dentro da sua cosmovisão, eles eram a causa do problema.
  • E finalmente, a adoração a Baal foi ligado aos desejos carnais da população. A adoração a Baal envolveu a prostituição ritual no templo de Baal. Os homens podiam ir ao templo para dormir com as belas mulheres (ou moças) que trabalhavam lá, e podiam fazer isso como um serviço a Baal. Esse tipo de prática ainda existe em certas partes da Índia. Havia também prostitutos homossexuais masculinos. E toda a prática da adoração a Baal era considerada artística, bela, profunda e profundamente espiritual. E como sempre, quando a sociedade está com consciência cauterizada, o que eles não aguentam é a presença do povo de Deus, porque serve como testemunha contra suas más práticas.

Então, quando estudamos textos como esses, é bom parar e ser honesto e realista sobre a tentação de adorar Baal e os outros deuses daquela época. É verdade, eles tinham a palavra de Deus. E eles deveriam ter confiado nEle e sido fiéis a ele. A Bíblia não dá desculpas para eles, e nós também não devemos. Fazemos certo em condená-los. Mas devemos também reconhecer nós mesmos nessas histórias, como somos sujeitos às mesmas tentações.

Dito isso, eis o nosso tema para este texto: Vemos neste capítulo como o Senhor graciosamente toma a iniciativa de levar Seu povo ao arrependimento. E podemos ver neste texto pelo menos 5 coisas que Deus faz para realizar isso, e vou listá-las agora, e então vamos voltar e vê-las no texto diante de nós. Esta lista não é exaustiva e Deus pode fazer mais ou menos em outras circunstâncias, mas aqui está o que podemos ver neste capítulo:

  1. Ele confronta nossa incredulidade com Sua palavra (versículo 21)
  2. Ele mostra a impotência de nossos outros deuses (versículos 23-29)
  3. Ele nos lembra quem somos (versículos 30-32)
  4. Ele nos mostra quem Ele é (versos 36-39)
  5. Ele nos abençoa quando voltamos para Ele (41-46)

1. Ele confronta nossa incredulidade com Sua palavra (versículo 21)

A história realmente começa alguns capítulos atrás, quando Acabe, o 7º Rei de Israel, subiu ao trono. O capítulo 16:30 nos dá uma descrição bastante sombria de que tipo de rei ele era:

1 Kings 16:30–33: “Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.”

Bem, se já aprendemos algo neste ponto no livro dos Reis, é que o Senhor só será provocado e zombado por um certo tempo. Já vimos isso com Salomão; com Roboão; com Jeroboão, que vimos da última vez.

E é aí que encontramos Elijah. Quando o país despreza a palavra de Deus, Deus nunca deixa sem um testemunho, mesmo que este testemunho também seja desprezado ou até visto como inimigo da sociedade. Então, no capítulo 17: 1, Deus envia o profeta Elias para dizer a Acabe que ele puniria Acabe e Israel fazendo com que o céu secasse para que não chovesse mais até que ele mandasse chover de novo. E foi o que aconteceu. Por três longos anos, a terra foi devastada pela seca.

Isso nos leva ao capítulo 18. O versículo 1 abre com estas palavras: “Muito tempo depois, veio a palavra do Senhor a Elias, no terceiro ano, dizendo: Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra.”

Já podemos ver a graça de Deus nessas primeiras palavras. É por isso que escrevi o tema da maneira que fiz. Deus toma a iniciativa de levar seu povo ao arrependimento. Deus não espera eles se arrependerem sozinhos, porque nunca vai acontecer. Arrependimento é um dom da parte de Deus. Os Israelitas não haviam mudado em nada ainda. Eles ainda adoravam Baal, até mais fervorosamente de que antes. Mas Deus enviou Elias a Acabe porque desejava levá-los de volta a Ele e abençoá-los mais uma vez.

Então Elias encontra Acabe no versículo 17. O texto diz: 1 Kings 18:17: “Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel?” Essa é a mentalidade do pecado. Em realidade, era Acabe que era o pertubador da sociedade, com a instituição do culto de Baal. A seca era consequência da suas ações. Mas na visão dele, ele ainda viu tudo isso como culpa de Elias. 

Mas o caminho do pecado é exatamente assim. Culpas Deus, ou a igreja, ou os presbíteros ou outros em autoridade, quando sofremos as conseqüências dos nossos pecados. É sempre a culpa dos outros.

E, como já falei, naquela sociedade, a culpa da seca era com aqueles obstinados ignorantes adoradores de Javé. A raiva, o ódio por tudo que a sociedade estava sofrendo, foi lançado no povo de Deus. Por isso Acabe já tinha mandando procurar Elias em todo canto e até nas nações ao redor, para matá-lo a acabar com a influência dele.

Mas Elias respondeu imediatamente, versículo 18:“Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins.”

Então esta é a primeira coisa que Deus faz por seu povo quando eles estão em pecado. Ele os confronta com sua Palavra. E precisamos reconhecer que era a graça de Deus que ele os confrontou. A intenção de Deus era abençoar Israel com chuva. Ele queria que a disciplina acabasse. Até a repreensão de Deus é um ato de graça.

Talvez uma das razões por que a gente às vezes tem dificuldade de ler a Bíblia—e não só ler, mas realmente pensar e falar sobre suas implicações para nossa vida—é por que ele faz a mesma coisa. Ele nos confronta e nos deixa desconfortáveis. E então nós pensamos: por que eu preciso que Deus perturbe a minha consciência quando já tenho o suficiente com que me preocupar?

A Palavra de Deus nos deixa desconfortáveis. Ele aborda nosso pecado. E isso exige confissão, arrependimento, e mudança. E assim o evitamos.

Mas Deus não envia sua palavra para nos punir. Ele envia Sua palavra para nos levar ao arrependimento, porque ele quer nos abençoar. Nosso pecado é o problema. Não é a Sua Palavra.

Mas já basta falar de Acabe. A partir deste ponto do capítulo, Acabe não fala mais. Ele teve a chance de se arrepender, mas não queria. Então a história continua. De agora pra frente, ele simplesmente se torna uma ferramenta nas mãos de Deus enquanto Deus continua atrás do arrependimento do Seu povo. Se Acabe pensava que Elias estava ali só pra falar com ele, ele estava errado. Elías não estava lá por ele. Elias estava lá para o povo de Deus. Então deste ponto em diante, Acabe não fala mais. Ele apenas segue as ordens de Elias, e Deus o usa como uma ferramenta.

Assim, Elias disse a Acabe no versículo 19: 1 Kings 18:19: “Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-ídolo que comem da mesa de Jezabel.” E assim Acabe o fez.

Na verdade, não exatamente. Acabe foi buscar os 450 profetas de Baal. Mas você observou que no resto do capítulo, você nunca ouviu nada sobre os 400 profetas de Asera (o posto-idolo)? No versículo 22, Elias diz ao povo: “Só eu fiquei dos profetas do Senhor, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta homens.” De novo, nenhuma menção dos profetas de Asera. E de novo, no versículo 40, quando a disputa termina, Elias diz ao povo para prender e matar os profetas de Baal, mas novamente, nenhuma menção dos profetas de Asera. O motivo disso? Podemos apenas especular, mas observe que Elias menciona que esses profetas de Asera comiam à mesa de Jezabel.

Provavelmente, Acabe mandou que todos os profetas de Baal viessem como Elias ordenou, e então, quando ele foi a Jezabel dizendo a ela que Elias lhe disse para fazer isso, ela perguntou o que diabos ele estava fazendo seguindo as ordens de Elias! Jezebel entendeu—mais do que o marido—o que estava acontecendo. Ela sabia que obedecer a Elias seria admitir que ele tinha autoridade de Deus. Então ela nunca apareceu e, aparentemente, esses profetas de Asera que estavam sob seu controle, também não apareceram. Você pode ver quem mandava naquela família.

Mas Acabe e seus profetas de Baal sim apareceram.

Então lá os encontramos, reunidos no Monte Carmelo. E até agora, ninguém, nem mesmo Acabe, sabia para que eles estavam lá. Elias não tinha contado a eles. E então, no versículo 21, “Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o.”

Irmãos, entendam bem o desafio de Elias: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?”

Aqui está uma verdade universal: contanto que você não tenha se decidido sobre quem ou o que é o seu Deus, você vai ser totalmente incapaz de servi-lo. Você não pode esperar correr bem se estiver aleijado por crenças conflitantes. Se o Senhor é Deus, siga-o; mas se Baal, siga-o. ” O agnosticismo – aquela posição de que “ninguém sabe” se Deus existe ou não – é realmente nada mais de que uma desculpa para a inação e recusa em se comprometer com sua vida. É isso que Elias está chamando os israelitas a fazerem: tome uma decisão e siga em frente até o fim. Vá grande ou vá para casa. Construa sua vida na convicção do que é verdade. Não tente ter Deus e também Baal, ou dinheiro, ou sexo, ou admiração, ou popularidade, ou prazer, ou o respeito deste mundi ou a virtude nos olhos deste mundo, ou qualquer outra coisa AMBOS sejam METADE seu Deus! Faça uma escolha e, em seguida, VIVA por ela!

Porque, no final das contas, se Deus é Deus, então ele não vai ficar satisfeito com apenas a metade do seu compromisso. Ele não vai aceitar a desculpa de que “eu não sabia.” Ele diz claramente na sua Palavra, “sim, você sabe muito bem.” E Ele não tolera uma posição entre os seus vários compromissos. O próprio Jesus diz: Luke 14:26: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, NÃO PODE ser meu discípulo.” Se Cristo não é TUDO para nós, então nossa fé será inútil e nossas vidas serão infrutíferas. Se Deus é Deus, então vale toda a pena VIVER por ele. Ele vale TUDO. E se não, então não perca seu tempo. Pense na parábola do tesouro escondido. Jesus compara o reino de Deus a um homem que descobriu um tesouro escondido em um campo e em sua alegria vende TUDO para obter este campo!

Ou pense no que Paulo diz em 1 Cor. 15:19: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” Imagine quantos sofrimentos ele teve que passar para dizer isso. Você ousa correr esse tipo de risco? Você ousa colocar toda sua vida nesta esperança? Você ousa ser um homem ou mulher de convicção?

Então é assim que Elias confronta o povo de Israel: “Por quanto tempo você continuará mancando entre duas opiniões? Se o Senhor é Deus, siga-o; mas se Baal, siga-o. ”

As pessoas não lhe responderam nada. Eles não responderam porque entendiam que era exatamente isto que eles estavam fazendo, mas ainda não tinham a coragem de tomar posição.

Então essa é a primeira coisa que Deus fez para obrigar seu povo ao arrependimento. Ele os confrontou com Sua Palavra.

2. Ele mostra a impotência de nossos outros deuses (versículos 23-29)

A segunda coisa que Deus fez foi mostrar a impotência dos outros deuses. Não é por acaso que Deus tirou especificamente a chuva, porque isso era pra ser a área de especialização de Baal.

E agora, depois de três anos, e ainda sem arrependimento, Deus chama seu povo para um confronto. Novamente, veja como Deus é gracioso em fazer isso. Ele não precisava provar nada para Israel.

Elias propõe uma confrontação aos profetas de Baal no versículo 23. E o texto diz que todo o povo concordou: “É boa esta palavra.”

O que será que o povo estava pensando? Talvez até ali estavam pensando: “Finalmente, vamos ver que poder estes deuses realmente tem”. Provavelmente, um bom número deles não achava que nenhum deus iria responder com fogo. Imagino que eles estavam fiscalizando com muito cuidado pra ver que ninguém estava trapaceando.

Então Elias mandou os profetas de Baal que preparassem o novilho e o colocassem no altar. E notamos como eles apenas obedeceram. É claro quem está no controle, aqui. Deus é soberano até mesmo sobre as mentes dos sacerdotes descrentes, e dirige suas decisões de acordo com Sua vontade, assim como fez com Faraó.

Os sacerdotes de Baal fizeram o que Elias ordenou e invocaram Baal de manhã até o meio-dia, clamando: “Ó Baal, responde-nos!” Você tem que admitir que pelo menos eles realmente acreditaram que Baal estava lá e iria respondê-los, para fazer todo esse esforço. Mas é claro, não houve resposta. O texto conta a história da forma mais dramática possível. “Não houve voz e ninguém respondeu.”

E assim, o texto diz, eles “saltavam” ao redor do altar que haviam feito. Na verdade, no Hebraico, a palavra é “coxearam.” É a mesma palavra que Elias usou no versículo 21. Provavelmente o texto usa essa palavra porque eles estariam dando alguns passos, caindo de joelhos, andando e caindo, como uma pessoa aleijada. Então o texto pega esta imagem e diz: “olhe”, você se torna aquilo que você adora. Pessoas que adoram um deus impotente tornam-se pessoas impotentes.

Agora olha como Elias ridicularizou cruelmente estes sacerdotes. Acredito que se fosse hoje em dia, muita gente irar pra ele repreendê-lo por sua falta de respeito. Cristãos não devem falar assim. Mas isso é mais um reflexo da nossa cultura de que um ensinamento bíblico. Sim, no dia-dia, devemos tratar todos quanto mais possível com respeito e mansidão. Mas também existem horas em que precisamos desrespeitar as loucuras com merecem desrespeito. Até Deus em Salmo 2 ri contras as nações que conspiram contra ele, e zomba-as.

E antes que você sinta pena desses profetas, não se esqueça, essas são as pessoas que queriam que todos os profetas de Deus fossem executados, e que fizeram da sua vida o trabalho de desencaminhar o povo de Deus; que comprou essas escravas para trabalhar como prostitutas no templo e que fez tais afirmações sobre o poder de Baal às custas do povo. Eles são vigaristas, pegos em flagrante. Então Elias diz a eles no versículo 27: “Ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades (em outras palavras, talvez ele precisasse ir ao banheiro!), ou de viagem, ou a dormir e despertará.”

Surpreendentemente, os profetas de Baal novamente seguiram a sugestão de Elias, e eles gritaram mais alto, e começaram a se cortar e a profetizar diante do altar como loucos. E de novo, é claro, nenhuma resposta. “Não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu.” Deus demonstrou como Baal era absolutamente impotente para ajudar.

Perceba, congregação, foi tanto a justiça de Deus como a sua misericórdia mostrar a Israel a impotência de Baal. Ele poderia tê-los deixado para seu Deus impotente. Eles tinham sua Palavra, e era o suficiente. Eles deveriam ter sabido melhor. Mas ele graciosamente interveio, porque era sua intenção levá-los ao arrependimento. Esse é o Deus que Ele é. E assim também quando Ele mostra a impotência dos deuses que nós somos tentados a adorar, seja dinheiro ou prestígio ou o respeito do mundo. Quando Deus derruba nossas idolatrias, Ele o faz como um ato de graça, para nos levar ao arrependimento.

3. Ele nos lembra quem somos

Em terceiro lugar, Deus lembrou a seu povo quem eles eram.

Quando chegou a hora do sacrifício noturno, Elias determinou que já basta. Baal teve sua chance, e não conseguiu. Era óbvio que ele não era nenhum deus. Apenas uma invenção de mentes idólatras.

Então Elias chamou todas as pessoas para si. Mas antes de chamar a Deus para mandar fogo, ele faz uma coisa que merece notar. Até que versículo 31 interrompe a história para acrescentar um comentário. Ele diz, “Elias tomou doze pedras, de acordo com o número das tribos dos filhos de Jacó, a quem veio a palavra do Senhor, dizendo: “Israel será o teu nome.” Por que o autor destaca este detalhe a acrescenta esta referência à vida de Jacó?

Ele faz isso porque Elias escolheu essas doze pedras deliberadamente, para lembrar ao povo de quem elas são. Ele não apenas reconstruiu o altar de qualquer forma, mas fez questão, ao reconstruir o altar do SENHOR, de fazê-lo com doze pedras, assim como Deus havia feito uma aliança com as doze tribos de Israel. Talvez algumas pessoas começaram a pensar sobre isso: realmente, o que aconteceu para nós? O que aconteceu para nosso senso de identidade como o povo escolhido de Deus?

Sua perda de convicção e de adorar a Deus levou à perda de identidade. Eles se deixaram esquecer no que acreditavam e, como resultado, se esqueceram de quem eram.

Mas Elias os lembrou de quem eles são: são os filhos de Jacó, que andou com o Senhor. Com quem o Senhor fez uma aliança. E eles podem ter esquecido, mas Deus não. Ele não os havia cortado, simplesmente para ser o deus de Judá, embora pudesse. Ele ainda era o Deus de todos os doze. E eles eram seu povo. Então, quando Elias construiu o altar dessa maneira, ele estava chamando Israel de volta ao Senhor. Eles ainda pertencem a ele. E as promessas de Deus ainda são deles, caso se arrependam.

Será que a igreja de hoje se lembra quem ela é? Ou será que nosso desejo de ser respeitados pelo mundo já minou a nossa fé até o ponto de perder a nossa identidade. Certamente, e tristemente, muitas igrejas já foram por este caminho.

Mas Deus não esquece. Quando Deus faz um pacto, Ele o guarda. As promessas que recebemos no batismo são nossas por toda a vida. Podemos esquecer quem somos, mas Ele não.

Quarto: Deus nos mostra quem Ele é

Elias construiu uma grande trincheira ao redor do altar. Ele então colocou a lenha e o touro no altar, como normalmente seria feito. Mas então ele deve ter surpreendido a todos com o que aconteceu a seguir. Ele lhes disse: “Encha quatro jarros com água e despeje sobre o holocausto e sobre a lenha”. E então ele os faz fazer de novo, mais duas vezes. Doze jarros de água, tanta água que transbordou e correu ao redor do altar e encheu as trincheiras que Elias cavou. Ninguém pode acusá-lo de trapaça, se esgueirando por trás do altar e acendendo-o em segredo nem nada. Não teria adiantado nada em um sacrifício encharcado.

Então, na hora da oferta, Elias se aproximou do altar e orou. Apenas uma oração simples. Deus não exige serviço ou penitência dramático, cortando-nos ou caindo sobre nós mesmos. Ele não espera que nós o impressionemos com o que nós podemos fazer. Ele espera que venhamos a Ele confiando nEle para o que Ele pode fazer.

E Deus respondeu à curta oração de Elias, e o fogo do Senhor caiu do céu, e consumiu o sacrifício encharcado, e não só isso, mas até a água da trincheira, e até as pedras e o pó. Os israelitas ficaram olhando para uma cratera fumegante onde antes havia um altar. Deus mostrou a Seu povo quem Ele é, não apenas com seu poder, mas também com sua ira. Nesse altar estava um touro que representava Israel, em baixo da ira de Deus. Certamente muitas das pessoas, quando viram o fogo, e viram tudo reduzido as cinzas, entenderam. Isso é nós.

As pessoas imediatamente caíram de cara no chão, como qualquer um faria quando confrontado por esse tipo de poder. E eles finalmente confessaram o que Elias estava tão ansioso para ouvir, palavras que talvez não tivessem sido faladas em 20 anos: “Javé, Ele é Deus. Javé, Ele é Deus. ” Essa foi a única reação apropriada.

E os profetas de Baal? Podemos apenas imaginar o medo que de repente atingiu esses vigaristas que viram os profetas de Deus serem executados. Portanto, no versículo 40, Elias imediatamente ordenou ao povo que executasse todos os 450 deles. Ele não lhes deu oportunidade de escapar, assim como fizeram com os profetas de Deus.

E foi exatamente isso que as pessoas fizeram.

Esse final da história pode ser chocante para nós. Podemos pensar: isso foi realmente necessário? Deus precisava ir a tais medidas extremas?

Irmãos e irmãs, este é o Deus que adoramos. Os caminhos de Deus não são os nossos, e seus pensamentos não são os nossos pensamentos. A vida humana que cospe em seu rosto, ele tem todo direito a retirar. Ele coloca um preço no pecado. A santidade da vida humana não é absoluta. Deus é aquele que nos fez, e Deus pode, em Seu justo julgamento, determinar destruir o que Ele fez, se não cumpre mais o designo dele. Este é o Deus vivo e verdadeiro, e quando lemos histórias com finais como este, é um lembrete para nos humilharmos e aceitar o fato de que Seus caminhos são muito mais elevados do que os nossos.

O que deve nos surpreender é que qualquer pessoa sobreviveu. Ninguém merecia sobreviver. O surpreendente é que Deus deu a seu povo a oportunidade de se arrepender – e eles demonstraram esse arrependimento ao fazerem a justiça de Deus contra os sacerdotes de Baal.

Quinto e finalmente: Deus nos abençoa quando voltamos para Ele

Nos últimos versículos do capítulo, vemos que as pessoas sobem para comer, mas Elias, ao invés, se curva para orar a Deus. O povo se arrependeu. O que significa que a maldição de Deus pode ser suspensa. Mas você percebe que Elias ainda não considerava isso garantido. Ele implorou ao Senhor, com o rosto no chão. Ele reconheceu que embora Israel tivesse se arrependido, eles não mereciam chuva, e Deus não foi obrigado a dar. Então Elias, em vez de considerar isso natural, orou a Deus e implorou a ele que abençoasse Seu povo novamente.

E vemos, no final do capítulo, Deus realmente manda chuva. Chuva abençoada e imerecida.

Se você pensar sobre isso, a verdadeira bênção não é realmente a chuva. A bênção é o arrependimento. A bênção é que Deus impeliu seu povo a voltar para Ele, quando poderia tê-los deixado em sua idolatria. A verdadeira bênção é a comunhão com Deus. O amor e o favor de Deus são infinitamente mais valiosos do que a chuva. Muito melhor morrer de fome no deserto, com Deus ao seu lado, do que viver em abundância, sem ele.

Mas Deus abençoou Israel também com chuva, como testemunho de suas promessas. Ele é um bondoso Pai, que ama seus filhos e deleita em dar o bom para eles. O verdadeiro bom, que é sua próprio presença e favor—e todas as outras coisas boas, que são testemunhas à sua bondade. 

Portanto, aprenda com o Deus que você vê aqui em 1 Kg 18. Este é o nosso Deus, e nós somos o seu povo em Cristo. Por sua graça, ele não nos deixa nas travas, mas traz para a luz. Ele nos chama para si. Ele destrói nossos ídolos. Ele nos lembra quem somos. Ele nos mostra quem ele é. E ele nos abençoa quando voltamos para ele. Que Deus nos preserva para que não caímos tão profundamente no pecado e idolatria como eles caíram; mas se o fizermos – visto que não há ninguém que não peque – que Deus graciosamente nos traga de volta a ele. “Em sua presença há plenitude de alegria; à sua direita estão os prazeres para sempre.”

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.