Dia do Senhor 40 [Sermão 03]

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Novo Testamento - ovelhas

Pregação preparada pelo Pr. Adriano Gama
Leitura: Êxodo 20.13; Levítico 19.16-18
Texto: Dia do Senhor 40

Amados irmãos no Senhor Jesus,

O Brasil não vive um estado de guerra, de conflitos civis, raciais e religiosos. Mas, os índices de homicídios no Brasil são espantosos. De 1980 a 2010 produzimos mais de um milhão de homicídios. Somente em 2010 foram registrados 50.000 assassinatos. A média de homicídios no Brasil superou a média mundial dos 12 maiores conflitos armados que aconteceram entre 2004 e 2007. Em 2012 o número de homicídios tem baixado um pouco, mas ainda é muito alto (26,9 mortos por 100 mil habitantes). O número “aceitável” pela Organização das Nações Unidas (ONU) são 10 por 100 mil habitantes. Nessa estatística de homicídios não se inclui os suicídios, abortos, nem os acidentes de transito provocados por imprudência e nem as mortes produzidas por negligências no sistema de saúde. O Brasil é um pais violento, uma fábrica de cadáveres, um pais cheios de homicidas.

São tantos homicídios que o povo brasileiro está insensível para o assassinato. Mas, diante dos homicídios e da banalização da vida, temos a Lei de Deus que nos diz: “não matarás”. Nesse mandamento, O SENHOR Deus nos revela o seu amor pela vida. Ele nos ensina como devemos honrar o dom da vida. Chamo todos a ouvirem a pregação da doutrina do Senhor no seguinte tema:

Tema: O SENHOR da vida nos exige o respeito a vida: Esse respeito começa no coração.

Amados irmãos e irmãs, Deus é vida. A vida se origina nEle. A vida é um dom de Deus. Ele deu vida a Sua criação. Por isso, Deus ama a vida.

Agora, a vida do homem tem um valor especial para Deus. Por quê? Porque o homem é a coroa da criação. O homem é a imagem e semelhança de Deus. Por isso, Deus requer o devido respeito à vida de nosso próximo. Deus assim dá as bases do sexto mandamento.

O sexto mandamento fala contra o assassinato, o homicídio. Deus não aceita o homicídio. A proibição é clara: Não devo assassinar o meu próximo.

Agora, olhando a Escritura, o sexto mandamento é mais profundo e amplo. Por exemplo, o sexto mandamento determinou a arquitetura das casas (veja Dt 22.8). A construção do parapeito era para proteger a vida. Os construtores deveriam ser prevenidos e não negligentes, senão, seriam culpado pela morte da vítima da negligência deles. Deus proíbe em Dt 22.8 a negligência que leve a morte do meu próximo. Essa proibição é baseada no sexto mandamento.

O sexto mandamento regula a minha língua. Veja Lv 19.16: “Não andarás como mexeriqueiro; não atentarás contra a vida do teu próximo. A palavra “mexeriqueiro” fala do fofoqueiro, do leva e traz, do difamador, detrator, da falsa testemunha. A língua mata também. Ela tem veneno mortal. Por isso, Tiago diz: “De uma só boca procede bênção e maldição …” (Tg 3.10). O v. 16 diz que a minha língua não pode se levantar para matar o meu próximo. Especialmente, diante de um tribunal. O mandamento sexto é também a base desse mandamento.

O sexto mandamento regula meus sentimentos nas relações com meu próximo. Nas minhas relações devo condenar a ira, o ódio, o desejo de vingança, o rancor escondido e a inveja. Por quê? A ira, o ódio, o desejo de vingança e a inveja são as raízes do homicídio. O primeiro homicídio foi feito por Caim (Gn 4.1-7). Caim se irou grandemente contra seu irmão Abel. Se irar é ser tomado de raiva, enfurecer-se, indignar-se. É o contrário de ter misericórdia, ser paciente, de ser sereno, de ser favorável ao próximo. Caim se irou e matou seu irmão. A ira gerou o homicídio. Deus condena também o ódio. O que é sentir ódio? Ódio é mais forte que ira. Odiar é aborrecer, detestar, ter rancor, antipatia, inimizar-se, opor-se, não corresponder. É ter alguém como seu inimigo (a palavra hebraica “odiar” tem a mesma raiz da palavra inimigo). O contrário de odiar é amar (Lv 19.17): “Não aborrecerás (não odiarás) teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não devo detestar, antipatizar, ter como inimigo nenhum de meus irmãos. Pelo contrário, se alguém pecou contra mim, então, devo ir e tratar o problema como o meu ofensor. Exatamente, como Jesus ensinou em Mt 18.

Deus também condena o desejo de vingança e o rancor escondido no coração. Vejamos Lv 19.17,18: Não te vingarás (descontar, tirar a forra, fazer justiça com as próprias mãos), nem guardarás ira (guardar rancor) contra os filhos do teu povo; mas, amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.

Vocês acham que esses são novos mandamentos? Claro que não. Esses mandamentos tem a ver com o sexto mandamento. Temos essa conclusão, especialmente, ouvindo o ensino de Jesus e do apóstolo João. Jesus ensinou o sexto mandamento (Mt 5.21,22). Jesus disse que aquele que se irar injustamente contra seu irmão, que insultar e detrair o seu irmão quebra o sexto mandamento. Jesus disse que ira, insultos e detração faz o homem digno de condenação eterna. O apóstolo João disse também (1 Jo 3.15): “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”.

Amados irmãos e irmãs, notem os textos lidos. Quando Deus proíbe o homicídio, ele também proíbe a ira, o ódio, o desejo de vingança, a inveja. O SENHOR Deus considera homicídio a ira injusta, o ódio, o desejo de vingança, o rancor no coração. Para Deus esses sentimentos são as raízes da árvore que produz o homicídio. Portanto, o “não matarás” é muito mais que não assassinar.

O nosso catecismo segue o ensino da Escritura. Na P e R 105 temos o que o mandamento proíbe, ou seja, o que não devemos fazer. Na P e R 106 confessamos que Deus condena as raízes do homicídio (veja P e R 106). Por fim, o catecismo diz o nosso dever de amor segundo o sexto mandamento (veja P e R 107): “amar o nosso próximo como a nós mesmos, a demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele, a protege-lo do mal o tanto que pudermos e a fazer o bem até mesmo aos nossos inimigos”. No DS 40 temos o resumo do ensino bíblico sobre o sexto mandamento.

O sexto mandamento revela a fonte do homicídio. A origem do homicídio não está na sociedade, não está na falta de educação, ou, na pobreza; nem na cor da pele. A origem do homicídio está no coração do homem caído. Jesus disse (Mc 7.21): “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios”. Está escrito também que as obras da carne, da velha natureza, são (Gl 5.20) “…inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, facções, invejas”. De onde vem os homicídios? O homicídio vem da natureza corrompida do homem. O homem é um homicida desde do ventre. O homem caído faz parte da gangue do grande homicida, o diabo. O diabo foi o primeiro homicida. Caim assassinou Abel pois era do Maligno.

Concluindo:

Amados irmãos e irmãs, o sexto mandamento nos leva a vermos a graça de Deus em Cristo, pois pergunto: Segundo a Lei de Deus, quem pode dizer que cumpre o sexto mandamento? A Lei cala nossas bocas. A doutrina e a experiência mostram que somos assassinos diante de Deus (Rm 3.9-20). Em verdade, por comissão ou omissão, temos quebrado o sexto mandamento. Então, nenhum de nós poderia escapar da pena de morte.

Não falo da pena de morte que o estado tem o direito e dever bíblico de aplicar (confessamos isso na R 105). A pena de morte que falo é o inferno eterno. O inferno está reservado para os homicidas, os iracundos, os detratores, os odientos, os vingativos, os amargurados.

Mas, onde está a nossa esperança e felicidade eternas? Em Cristo Jesus somente.

Se não fosse Jesus Cristo todos nós estaríamos perdidos. A vida e a morte de Jesus cumpriu o sexto mandamento. Jesus somente fez o bem ao próximo. Jesus foi agredido, mas não revidou com agressão. Quando detratado não detratou. Jesus sofreu como um cordeiro mudo na mão de seus tosquiadores. Jesus deu a Sua vida em nosso favor. O dar a vida em favor de outra pessoa é a maior prova de amor. Jesus deu sua vida por nós.

Jesus morreu em nosso lugar e por nossos pecados. Jesus ressuscitou para nossa justiça. Os nossos homicídios foram perdoados pelo sangue de Cristo. A obediência e justiça de Cristo é nossa através da fé no evangelho. Somos aceitos por Deus por causa de Cristo Jesus somente. Assim, podemos ter o consolo da salvação, estar no culto e podemos amar nosso próximo. Pois, Jesus cumpriu perfeitamente o sexto mandamento: Jesus se deu por nós. Somos salvos nEle.

O catecismo nos ensina as exigências no mandamento para nos ensinar a vida gratidão. O ensino da lei está na parte do catecismo que trata de nossa gratidão pela salvação. O evangelho diz (1 Jo 3.16-19): “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, nas de fato e de verdade”. Corações gratos a Deus não se fecham para a necessidade de seus irmãos. Corações gratos a Deus mostram disposição para doar o bem mais precioso do homem, a própria vida. Quando buscamos cumprir o sexto mandamento, então, são confirmadas a nossa eleição, a nossa fé em Cristo; e, o mundo pode ver o amor de Cristo por nós.

O ensino do sexto mandamento nos esclarece a maior necessidade do Brasil. Pergunto: O que Brasil precisa para abominar o homicídio?

O Brasil precisa do SENHOR Jesus Cristo. Cada brasileiro e brasileira precisa de um novo coração. Enquanto Cristo não reinar no coração de cada brasileiro e brasileira, então, iremos de mau a pior. Por isso, como igreja, devemos orar e trabalhar para que o Evangelho alcance mais vidas no Brasil.

O Brasil precisa muito mais do evangelho que da pena de morte. A pena de morte é um dever do estado. A pena de morte refreia o homicídio grosseiro e faz justiça. Mas, a pena de morte não muda corações. Quem muda corações é Cristo Jesus. Somente Ele nos concede corações novos. Jesus faz pelo poder do Espírito e de Sua Palavra essa operação cardíaca. O evangelho é o poder de Deus para mudar vidas e nações inteiras.

Portanto, se desejamos um país que abomine o homicídio, que respeite a vida conforme a vontade de Deus, então, devemos investir tempo na oração e recursos na evangelização do Brasil. O respeito a vida começa no coração. Somente corações transformados pelo evangelho podem amar a Deus e amar o próximo. Somente corações regenerados por Cristo buscam, pela graça de Deus, respeitar a vida.

Amém.


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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.

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