Uma das primeiras coisas em que pensei quando comecei a elaborar este artigo foi a seguinte pergunta: o que realmente me impede de cumprir o dever de interceder pelas ovelhas de Cristo?
Olhando para os meus próprios pecados e fraquezas, percebi que tenho falhado nesse dever por diversos motivos: preguiça, esquecimento, falta de disciplina, desinteresse e desconsideração para com “a parte mais importante da gratidão que Deus exige de nós” (Catecismo de Heidelberg, P&R 116). É duro ter de admitir minhas falhas, mas, por Deus saber perfeitamente quem eu sou, não posso ocultá-las nem transmitir a meus irmãos a imagem de que tenho sido um líder perfeito. Antes de tudo, preciso reconhecer minhas faltas e corrigi-las.
Sim, eu tenho o dever de orar pelos membros da igreja, não somente porque sou um ministro da Palavra, mas também porque sou um dos seus presbíteros. O dever de orar pelos membros da igreja está claramente exposto no texto de Atos 6.4. Nesse versículo, nós encontramos as seguintes palavras ditas pelos apóstolos quando decidiram ordenar os primeiros diáconos da igreja: “e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”.
Por falta de espaço, não tenho como discorrer amplamente sobre o contexto dessas palavras. No entanto, posso dizer que, quando Cristo ordenou os apóstolos, eles exerciam todas aquelas funções concernentes aos ofícios de presbítero e diácono. Podemos ver isso ao lermos que, além de pregar e orar, os apóstolos também eram responsáveis pela assistência material dos membros da igreja; por isso vemos, em Atos 4.32 a 35, os cristãos depositarem aos pés dos apóstolos os valores recolhidos para os necessitados da igreja. E, uma vez que essa tarefa diaconal ficou muito pesada, os discípulos resolveram ordenar diáconos para cuidar dessa área assistencial, também conhecida como “o ministério da misericórdia”. Os apóstolos entenderam que deveriam dar prioridade à oração e à pregação.
Não obstante, com a morte deles, coube aos presbíteros a tarefa de cuidar mais especificamente das necessidades espirituais das ovelhas do Senhor. Ao afirmar isso, não estou dizendo que o trabalho diaconal não é espiritual; o que estou fazendo é apenas enfatizar aquelas tarefas dentro da igreja que estão relacionadas com a supervisão espiritual dos cristãos, tal como o cuidado com a doutrina e com a conduta dos mesmos.
Portanto, se era dever dos apóstolos zelar pela oração em prol dos membros da igreja, então esse dever também pertence aos presbíteros, que ficaram no lugar deles. Os presbíteros devem orar em suas casas, no culto público (quando lhes é solicitado), nas reuniões do conselho da igreja e nas visitas pastorais. Para tanto, é muito proveitoso que eles possuam uma lista com os nomes dos seus irmãos. Olhando para essa lista, os presbíteros poderão se lembrar daquelas necessidades das quais ficaram cientes quando realizaram as suas visitas pastorais.
Além disso, é importante que os presbíteros lutem contra todos aqueles pecados e fraquezas que os afastam dos seus deveres. Eles devem clamar a Deus por auxílio para que não sejam preguiçosos, esquecidos, indisciplinados, desinteressados e ingratos. E quando eles pensarem em como devem orar pelos membros da igreja, façam isso olhando para o próprio dono das ovelhas, o Senhor Jesus Cristo, como sendo o seu modelo ideal. Eles podem olhar, por exemplo, para a oração sacerdotal de Jesus, conforme consta no capítulo 17 do evangelho de João.
Meus irmãos, Cristo é o nosso maior exemplo; todavia, nós também podemos aprender a interceder pela igreja observando as cartas do apóstolo Paulo. Nelas, nós encontramos vários exemplos de oração pastoral que servem de base para nossas súplicas. Lendo aquelas palavras e confiando na assistência do Espírito Santo, nós faremos o nosso trabalho de amor pelas ovelhas do nosso Mestre.
Para finalizar, eu gostaria de dar um último conselho. Tenham cuidado para não fazer promessas que não serão cumpridas! Estou dizendo isso porque, algumas vezes, nós nos comprometemos a orar por um determinado irmão e depois nos esquecemos de fazê-lo. Tenham cuidado com suas promessas, principalmente quando vocês se comprometerem a orar por alguém! Que Deus continue abençoando o ministério de oração dos presbíteros das nossas igrejas!
Revisão: Joaquim de Oliveira Neto.
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