“Todo bem que pudermos pensar ou desejar encontraremos unicamente nesse mesmo Jesus Cristo, pois Ele
foi vendido para nos comprar de volta para Deus;
foi feito cativo para nos libertar;
foi condenado para nos absolver;
Ele foi feito maldição para sermos abençoados;
tornou-Se oferta pelo pecado para a nossa justiça;
foi desfigurado para nos tornar agradáveis;
Ele morreu para termos vida;
de forma que, por meio d’Ele, a fúria foi domada,
aplacou-se a ira,
as trevas tornaram-se luz,
em lugar do medo, veio a segurança,
em vez do desprezo, fomos aceitos,
cancelou-se o débito,
em vez do esforço, tivemos alívio,
em lugar de tristeza, alegria,
não mais desgraça, mas felicidade,
obstáculos transformaram-se em acessos,
a desordem se organizou,
a discórdia transformou-se em união,
a desonra deu lugar à honra,
a rebelião foi subjugada,
as ameaças se intimidaram,
as ciladas foram expostas,
as investidas contra nós foram contra-atacadas,
a violência foi rechaçada,
a luta foi combatida,
guerreou-se contra a guerra,
a vingança foi vingada,
o tormento foi atormentado,
a condenação foi condenada,
o abismo afundou no próprio abismo,
o inferno foi paralisado,
a morte morreu,
a mortalidade virou imortalidade.
Em suma, a misericórdia tragou toda a miséria e a bondade, toda a desgraça. Pois todas essas coisas que seriam as armas do diabo em sua batalha contra nós, e o aguilhão da morte para nos ferir, são transformadas para nós em exercícios que podem converter-se em nosso benefício. Se somos capazes de nos gloriar com o apóstolo, dizendo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?”, é porque, pelo Espírito de Cristo, não vivemos mais nós, mas Cristo vive em nós.”
— João Calvino, no prefácio ao Novo Testamento de Pierre Robert Olivétan.
Artigo original: Calvin: Every Good Thing in Christ Alone.
Tradução: Helio Kirchheim.
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