O desemprego ainda é um grande problema em algumas partes do país. As pessoas têm habilidades, treinamento e vontade de trabalhar, mas devido às condições gerais econômicas, não podem encontrar uma boa posição. É triste ouvir sobre tais situações! Mas, na minha opinião, é ainda mais triste quando os empregadores procuram trabalhadores com certas habilidades e descobrem que não há nenhuma opção disponível. Neste caso, há muito trabalho, porém não há trabalhadores. E isso é uma má notícia, uma vez que a vida econômica não pode prosperar sem trabalhadores qualificados.
Pergunto-me se o Senhor Jesus Cristo tem o mesmo sentimento tal como o empregador que acabei de descrever. Nunca há falta de empregos em seu local de trabalho. Mas, muitas vezes, parece haver uma escassez de trabalhadores. E os trabalhadores que estão presentes, frequentemente, parecem ter problemas de comportamentos. Todos eles podem pensar que é a hora de desistir.
Claro, percebo que a maioria de nós, realmente, tem trabalho de um jeito ou de outro. Temos trabalhos para fazer, tarefas para completar e assim por diante. Muitos de nós encontramos nosso trabalho ou vocação na sala de aula. Mas a questão que eu gostaria de perguntar é: Estamos no melhor emprego? Ou, estamos talvez sendo subempregados? Estamos trabalhando da maneira que deveríamos e buscando alcançar o objetivo correto?
Nós devemos lutar (ou labutar) ardentemente para o cumprimento de nosso potencial. Talvez você pense que isso soa um pouco pagão. Afinal, não temos que resistir ao movimento que potencializa o homem e glorifica as possibilidades humanas e que praticamente desafia a humanidade? Sim, é verdade que devemos nos opor a todas as formas de humanismo.
Todavia, ainda assim, argumento que devemos buscar o cumprimento de nosso potencial. Devemos ter certeza de que não estamos sendo subempregados. Especificamente, devemos nos observar de perto com o objetivo de descobrir se estamos usando todos os dons que Deus nos deu ao seu potencial máximo.
Afinal, tudo o que temos e tudo o que somos pertence a Deus. Ele é o dono dos nossos corpos e almas; vontades e mentes. Sim, um fato básico para a vida cristã é que Deus possui nosso tempo, nossos talentos, nosso dinheiro, nossa energia. E ele possui todas essas coisas em todo o tempo – não somente quando estamos muito velhos para fazer alguma coisa.
Somos chamados a servi-Lo com tudo o que Ele tem dado porque pertencemos a Deus. Sim, claro, o bom Senhor quer que você se regozije também. Mas a felicidade e a verdadeira alegria são encontradas ao longo do caminho de dedicar-se a Deus. Encontramos o gozo da vida somente quando nos lançamos em prol do serviço do nosso Grande Rei que têm nos abençoado com tantos dons.
Deus espera que usemos os dons que Ele tem dado, que os empreguemos ao máximo. Por dons quero dizer tudo o que você tem e é. Quero dizer, suas habilidades naturais; as oportunidades que aparecem em seu caminho; o conhecimento do Evangelho que está em seu coração; sua energia, sua saúde, sua força. Os dons de Deus incluem o tempo que você gasta na sala de aula e no local de trabalho. Eles incluem o dinheiro que você poderá possuir e outros recursos sob seu controle.
Deus realmente nos confiou um grande negócio. Mas com essa confiança vem a responsabilidade. Somos chamados para administrar Seus dons, para gerenciá-los da melhor maneira possível para que a glória do Doador seja magnificado. Somos agraciados para que possamos nos tornar trabalhadores, buscando o Reino do Senhor. Sim, nós nos tornamos completamente envolvidos nas atividades e projetos do Reino de Deus, porque com nossos dons, somos chamados a ser cooperadores do Senhor Jesus Cristo. A excelência confiada a nós pelo Senhor, os nossos dons, devem ser colocados em prática, para que eles possam ser devolvidos a Deus de uma forma maior ainda.
Mas, muitas vezes, as pessoas olham seus dons, de maneira egocêntrica. Para elas, o objetivo da vida resume-se no máximo de prazer pessoal e satisfação. Elas realmente usam suas habilidades, mas, apenas com o propósito de melhorarem a si mesmas. A ideia de que o autoaperfeiçoamento é o principal objetivo da vida é tomada como garantida por quase todos, mas isso não é bíblico. Deus diz que primeiro devemos buscar o Reino de Deus. Nós devemos primeiro, construir a Casa do Senhor.
Isso implica que, quando somos jovens, devemos nos examinar cuidadosamente e observar as oportunidades que temos para servir no Reino de Deus. Por exemplo, considere o fato bem conhecido de que precisamos de ministros e professores. Não é vergonhoso que, durante um período de trinta anos ou mais, que muitas das Congregações Reformadas Canadenses1, nunca produziram nem mesmo um estudante para o ministério? Claro, esse ofício não é de modo algum a única maneira que um jovem pode servir ao Senhor com seus dons. Mas é a mais importante. Se os dons estão presentes, o ministério deve sempre ser considerado. E onde estão os jovens voluntários para o trabalho de Missões, divulgação, visitação e tantos outros?
Todo jovem deve avaliar-se. O quê Deus tem dado para mim? O quê necessita ser evidenciado? Como eu posso servir à Igreja de Cristo? Como posso ser um melhor cooperador de Jesus Cristo? Como Cristo pode obter o melhor retorno possível dos dons que Ele tem confiado a mim? Se você vê várias possibilidades abertas para si mesmo, e não tem certeza de qual delas deve seguir, pergunte a si mesmo: como posso servir melhor?
Pelo menos, a fidelidade a Jesus Cristo, o Doador de todos os dons, deve nos motivar a trabalhar muito duro em sala de aula. Afinal, ele nos responsabilizará pela forma como desenvolvemos e usamos o Seu Talento. Ele quer desenvolver em nós, nossas habilidades, para maximizar o potencial do Seu Reino. A preguiça deve ser vista como o pior dos vícios. O lazer e o entretenimento são sempre secundários na vida cristã. Afinal de contas, Deus não disse: “Seis dias trabalharás?”
A raiz do problema de subemprego no Reino de Deus vem da juventude. Se conscientemente ou não, os jovens costumam tratar sua juventude como um período de tempo reservado para seu comodismo. Eles perdem seus anos no ensino médio, acreditando que nada importante acontece até sexta-feira à tarde. Afinal, eles têm um emprego de meio expediente que lhes permite ter um estilo de vida muito bom. Quem precisa de escola? Por que deveríamos estar preocupados com o futuro? O que conta é como eu me sinto agora – Se sou ou não popular e se estou curtindo a vida.
Entretanto, alguns anos depois, quando essas mesmas pessoas estiverem com vinte e um ou vinte e quatro anos, elas estarão presas. Eles terão um emprego. Elas podem ganhar algum tipo de vida. Mas eles estão sendo subempregados. Eles poderiam ter feito algo mais. Eles poderiam ter cumprido um chamado mais adequado às suas habilidades. Mas agora Eles têm uma família. Eles têm restrições financeiras. Certamente, às vezes eles ainda poderão fazer mudanças em suas vidas profissionais – mas apenas com muita dificuldade. E muitos, simplesmente, não encontrarão uma oportunidade de mudança absoluta.
Estes jovens não, apenas, sofrem consequências pessoais pela apatia de sua juventude, mas também privam a Reino de Deus de seus dons totalmente amadurecidos. Muitas pessoas na Igreja de Jesus Cristo estão subempregadas porque eles não conseguiram trabalhar duro quando eram jovens.
Isso pode soar muito grave e possivelmente até mesmo deprimente. Apenas trabalho? Isso é tudo o que existe na vida? Não, mas é o mais importante meio de gastar o nosso tempo. E, de mais a mais, somente trabalhando, fielmente, nós realmente aproveitaremos a vida. Uma vida egocêntrica baseada no entretenimento não é satisfatória.
Sim, Deus quer que nós maximizemos nosso potencial. Ele não quer que sejamos subempregados simplesmente buscando uma vida fácil ou trilhando o caminho da menor resistência. Em vez disso, Deus está seriamente desagradado quando escondemos nossos dons, desperdiçamos nosso tempo ou trabalhamos somente para nós mesmos. O seu chamado para nós é: trabalhe para mim!
Isto significa fazer o melhor que nós pudermos. Significa, além disso, desenvolvermos, para que nossos dons sejam úteis.
Deus nos diz: eu tenho um povo. Sirva-os! Eu tenho uma causa. Trabalhe para isso! Eu tenho uma igreja. Ame-a! Você estão aqui para fazer o meu trabalho. E é por isso que eu os abençoei com dons.
Os dons podem ser diferentes. Um serve a Deus no Ministério. Outro é chamado para ser missionário. Outros servem ao Senhor quando oferecem serviços confiáveis aos seus semelhantes: construindo casas, limpando fornos, cuidando de crianças pequenas e muitos outros. Servimos a Deus na vida familiar, assegurando que as nossas famílias sejam comunidades santas. Servimos a vivendo ante os incrédulos como verdadeira luz e sal.
Somos pessoas que vivemos na expectativa de algo. Esperamos e vigiamos pelo Senhor Jesus Cristo. Mas este período de espera deve ser caracterizado por trabalho. Pois Jesus Cristo vem novamente e Ele avaliará pessoalmente a qualidade de nossos esforços. E a pergunta que Ele fará, será algo assim: o que você buscou em seus dias terrenos – uma vida de facilidade e comodismo ou o Meu Reino?
Nota:
1 O autor fala no contexto das Igrejas Reformadas Canadenses, no entanto a situação atual nas Igrejas Reformadas do Brasil é similar. [N. do E.]
Artigo publicado originalmente na Clarion Magazine, 1990.
Tradução: Sidnei Lugão.
Revisão: Rachel van de Burgt.
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